(Bill)

             Havia chegado o grande momento, eu disse pro David que iria fazer uma pergunta ao público, e precisava que essa pergunta aparece-se traduzida no telão, ele me perguntou o que era pra aparecer e eu lhe disse. A curiosidade tomou conta dele, não parava de me perguntar o porquê, mas eu não disse.

            Tom esteve o tempo todo do meu lado, e dizia pro David confiar em mim. Incrível como ele era simplesmente ótimo quando queria. Gustav e Georg estavam curiosos também, mas eu não lhes contei.

            Entramos no palco, e assim que começamos a tocar o estádio inteiro vibrou, foi lindo ouvir os fãs gritando nossos nomes, e dizendo que nos amavam. Mas eu fiquei muito mexido quando os ouvi cantando as poucas músicas que tocamos em alemão, é sempre bom saber que nossos fãs curtem o que somos em nossa essência, no caso as nossas musicas em alemão.

            Eu andava pra todos os lados do palco, mas não enxergava direito os fãs, e nem conseguia ler seus cartazes, o fato de estar todo iluminado não ajudava a enxergar quem estava no escuro. E o show foi correndo normalmente, não houve falhas e ninguém escorregou e nem caiu.

            Então chegou a grande hora de fazer a pergunta, eu olhei pro Tom e ele sorriu e assentiu, me dizendo pra prosseguir com o nosso pequeno plano. Ele sabia que eu estava com medo de que o David não deixasse eu levar as fãs pra dentro do camarim, mas eu tinha que tentar.

            - Obrigado a todos vocês por virem ao nosso concerto, mas eu tenho uma pergunta a fazer pra cada um de vocês então perguntarei a todos os lados do palco. – Me encaminhei pra começar pelo meu lado esquerdo - quem aqui mora no Rio e esteve no aeroporto pra nos receber?

            Todos os fãs gritaram com a primeira pergunta, mas depois que apareceu no telão a tradução eles se calaram, então eu pude perceber que seria mais difícil do que eu imaginava, e se ela não tivesse ficado na frente do palco? Aquilo me doía.

            Eu me virei pro meio do palco e repeti a pergunta, novamente todos gritaram, mas depois apenas algumas garotas do meio se mantiveram gritando, um holofote rapidamente as iluminou eu pude observar seus rostos. Eu me animei um pouco e acabei sorrindo, e se alguma daquelas meninas fosse a Giovanna?

            Eu olhei pro Tom enquanto me encaminhava pro meu lado direito do palco, ele sorriu, me encorajando. Eu parei a poucos passos dele, e repeti a pergunta, novamente aqueles gritos e depois o silencio, mas assim que se fez o silencio uma menina levantou um cartaz e começou a gritar, uma outra guria ao seu lado também gritava. O holofote rapidamente as encontrou e eu não conseguia acreditar no que estava vendo, um cartaz preto com uma foto do tênis, e ao lado estava escrito “Bill Ich Bin Giovanna” eu não conseguia parar de olhá-la, seus olhos brilhavam.

            Tom teve que pigarrear pra eu acordar do meu transe, então resolvi mudar o meu plano, eu já sabia que ela estava ali e sabia quem era, não precisava mais chamar todas as fãs que estiveram no aeroporto pra ir no camarim, apenas a Giovanna, e sua amiga também, não poderia deixá-la esperando.

            - Obrigado a todas vocês que foram nos receber, nós adoramos o carinho recebido. – Me virei e disparei pra baixo do palco, David veio ao meu encontro assim que me viu.

            - Agora você pode me explicar pra que tudo isso? – ele estava impaciente.

            - Claro posso, eu encontrei a fã que estava procurando a Giovanna, um tênis dela foi parar na minha bolsa, e debaixo do tênis tinha um nome e um verso. Eu sabia que o tênis tinha ido parar na minha bolsa no aeroporto, então eu ia chamar todas as fãs que estiveram no aeroporto pra virem no camarim. Mas a Giovanna fez um cartaz com a foto do tênis e dizendo que era ela, então eu decidi muda de idéia e quero chamar apenas ela e a amiga dela pra virem ao camarim. – Eu falei rápido demais, pois David e todo mundo que estava perto ficaram de boca aberta.

            - Mas... Como? – Ele ainda não havia entendido.

            - Não posso explicar agora, tenho que terminar o show, eu quero apenas que assim que eu cantar a próxima musica algum segurança preste atenção na menina que eu apontar, então eu quero que ele vá lá e a traga pro camarim junto com sua amiga. – Ele pareceu entender que não havia como me negar isso e apenas assentiu – ah e eu vou cantar “Zoom Into Me”, subam o piano assim que eu anunciar a musica.

            Então eu corri de volta pra cima do palco e parei bem no meio, respirei fundo e anuncie a ultima musica, e o piano subiu. Tom me encarava sem entender o porquê de tocar aquela musica de novo, mas seguiu pro piano.

            Eu precisava daquela musica, pra ela saber que eu a queria próxima de mim, que eu queria conhecê-la, e seria também a musica ideal pra apontar pra ela e o segurança a encontrar, era o plano perfeito.

            Tom começou a tocar a música e eu a cantá-la, já me direcionando pro local em que eu estava quando fiz a pergunta, então assim que cantei “I will be there zoom into me...” eu apontei pra ela, e a encarei. Ela parecia estática, então ela chorou e sorriu, e me encarava também.

            Não demorou muito e o segurança surgiu no meio da multidão e eu o vi chegar do lado de Giovanna, ele me olhou e eu assenti. Pronto eu a conheceria, o segurança a cutucou, demorou um pouco pra ela perceber, mas o olhou e ele falou algo ela apenas assentiu e o seguiu no meio da multidão, puxando sua amiga pelo braço.

            Eu não conseguia acreditar, parecia que tudo tinha sido armado pelo destino, eu ter a idéia de fazer a pergunta pra todos os lados do palco, ela ter levado aquele cartaz com a foto do tênis e com o nome dela, a única coisa que eu não entendia era como o tênis tinha ido parar na minha bolsa. Mas logo eu iria descobrir, eu ira vê-la.