(Bill)

            A noite estava linda, e junto de Giovanna na piscina deserta do hotel ficou perfeita, depois que tive coragem suficiente para o primeiro beijo eu não podia mais ficar com ela no meio de tanta gente, eu queria privacidade pra conversar melhor. Uma champagne pra acalmar os nervosos, e tudo foi perfeito.

            A melhor parte foi o nascer do sol, foi a primeira vez na vida que uma cena daquelas aconteceu comigo. Poder ficar ali, ao lado da Giovanna, ver o sol aparecer aos poucos no céu e iluminar aquele lado da terra era tudo o que eu queria pra completar a noite.

            Mas o pior ainda estava por vir, David apareceu de repente, com uma cara horrível de fúria, e quase gritou comigo, parecia estar se controlando.

            - Bill, você sabe que iremos pra São Paulo em duas horas certo? – Eu assenti. – Então cadê as suas malas?

            - Estão quase prontas, faltam só algumas coisas que usei ontem e já as termino. – Menti.

            - Ótimo, então as termine e ligue pra recepção ir buscá-las, não podemos atrasar, ainda hoje haverá o show em São Paulo e amanhã em Curitiba e depois temos que ir pra outros paises terminar esta turnê, ok? – Ele parecia ter se acalmado, por achar que eu estava quase pronto.

            - Ok! É David, você viu o Tom e a Any? – Ele voltou a ficar bravo.

            - Vi, estão tomando café. – Virou de costas e sumiu.

            - Nossa o Tom acordado tão cedo, deve ser milagre, que horas são?

            - Então era isso que eu queria falar, já são sete horas, eu tenho que ir pra casa logo, se não minha mãe liga até pra polícia atrás de mim... – Ela não tinha celular? – Eu sei que deve estar pensando no meu celular, mas é que deixei em casa, sabe pra minha mãe não liga e acaba com a minha noite... – Ela sorriu sem graça.

            - Ok, entendo! Então quer tomar café com a Any e com o Tom? Daí você já encontra com a Any, que deve ta querendo saber onde você esteve a noite toda, não é mesmo?

            - Sim deve mesmo, mas Bill... – Ela estava com uma carinha triste, parecia estar prevendo o que aconteceria, coisa que eu mesmo queria não pensar. – Você já vai pra São Paulo daqui a pouco e depois pra Curitiba, e então vai pra outros paises, mas e eu e você? – Encarei o chão, seria mais fácil assim do que olhar pra ela. – Nós podemos manter contato, sei lá conversar por telefone, pelo que for, eu queria apenas saber que esta noite foi real...

            - Giovanna, eu também não quero perder o contato, mas e se tudo que aconteceu aqui for descoberto? E no que esse contato nos levará? Eu adorei essa noite que passamos juntos, mas estaremos longe e seria difícil podermos ficar juntos...

            - Bill, eu tenho um sonho sabe, ir morar na Alemanha, e eu estou buscando isso há muito tempo, e sabe estou quase conseguindo, tem um parente da Any que mora lá, e ele está vendo um visto pra irmos pra lá trabalhar e estudar, começaremos a fazer curso de alemão ainda este ano...

            - Mas você acha mesmo que conseguiríamos nos contentar com telefonemas durante o tempo que não pudermos nos ver? – Eu estava com medo, tinha medo de que a paixão que eu estava sentindo diminuísse com a distância, que eu esquecesse seu rosto, e se ela não conseguisse ir pra lá? Como seria? Meus medos eram enormes.

            - Você confia em mim? – Eu não sabia a resposta pra essa pergunta, mas tinha que confiar nela, eu me forcei a confiar.

            - Sim.

            - Então pegue meu telefone, - ela o anotou em um papel que tirou da bolsa, me entregou, eu nem olhei apenas guardei – e me ligue sempre que precisar, e não se preocupe com o horário, pois eu vou lhe atender sempre.

            - Giovanna, você tem certeza? – Ela me deu um selinho rápido.

            - Tenho, tudo dará certo você vai ver, pois não foi o destino que quis que nos conhecêssemos? – Eu sorri – então, não vamos deixar os medos falarem mais alto, eu irei atrás de conseguir me mudar pra Alemanha, e enquanto não pudermos nos ver novamente você me liga, e assim mantemos contato, ok?

            - Ok! – Ela estava certa, o destino nos uniu de um jeito tão diferente e louco, pra depois nos separar? Não, com certeza não. – Então vamos tomar café?

            - Claro! – Nos levantamos e ela segurou minha mão, e eu apertei a sua, não queria mais soltá-la. Quando entramos no salão do café nos deparamos com uma cena incrivelmente incomum, Any e Tom estavam em uma mesa no canto, um dando bolo, pão e frutas na boca do outro, pareciam um casal em lua de mel.

            - Eu sabia que ela conseguiria deixar a sua marca nele... –Giovanna sussurrou.

            - Quê?

            - Ela tinha um sonho, uma vontade sabe, de ficar com o Tom e deixar um marca nele, tipo pra ele não esquecê-la. E ai esta, a marca foi deixada. Não é mesmo?

            - Sim é verdade, ele nunca age assim com as meninas que fica, geralmente no outro dia ele a deixa em casa e nem se lembra o nome dela... – Andamos em direção a mesa, quando nos viram se assustaram.

            - Gi, Bill onde vocês estavam? – Any perguntou de cara, sem dar bom dia antes.

            - Bom dia né! – Giovanna parecia ler meus pensamentos. – Depois conversamos, nós temos que ir...

            - Ah não, a Any não vai embora, eu não deixo, ela só poderá sair quando eu sair também... – Tom parecia aquelas crianças birrentas, e todos nós rimos, mas o que mais me impressionou foi que ele lembrou o nome dela.

            Tomamos café e em seguida eu fui devolver o tênis da Giovanna, enquanto Tom e Any se despediam, nós batemos uma foto em sua câmera e uma em meu celular, e ela pegou o tênis, olhou e me devolveu.

            - Fica com você, é uma lembrança de como tudo isso aconteceu, sei que vai te fazer bem... – Ela estava certa.

            No hall do hotel batemos uma foto junto com Any e Tom, então nos despedimos e eu a vi sair pela porta, e olhar pra mim antes de entrar no carro. E eu não sabia quando a veria novamente.