Burcas não sorriem escrita por CHER
Notas iniciais do capítulo
♥ O Oriente manda seus lamentos...Boa Leitura.
Um dia engaiolaram-me sob um tecido pesado e denso com a promessa divina, daqueles que tem boa intenção. "Vai lhe proteger" foi o que disseram. Muros de linho, espadas de algodão. Há uma cela que cobre minhas pupilas, que impede de ser livre. Prossigo com andar trôpego, anônima e tolerada, sem saber ao certo o destino que me reserva a próxima esquina.
Burcas não sorriem.
Nem mesmo o Mar das Arábias pode alucinar-se com a curva dos meus lábios. A Lua esqueceu-se da cor da minha pele, e eu me esqueci do resto. Minha prisão colou-se ao meu corpo como doença contagiosa; meu rosto não se reconhece mais. Eu quero desfazer essa lei, porque, me protegeram do mundo, mas esqueceram-se de proteger-me de mim. Quem me socorrerá da minha própria fúria? Quem teria coragem de erguer o muro de panos, para secar o rosto vertendo mágoa? Essa é a resposta: ninguém.
Burcas não sorriem, não derramam lagrimas, não cantam ao entardecer e nem olham-se no espelho. São fantasmas vivos, que abrigam mulheres mortas...São a sombra na parede, o rastro na poeira. São o nada proibido, protegido e silenciado... A noite sem estrelas...
...O grito não gritado.
Há muitas de mim por aí, todas são almas penadas que caminham temerosas.
Todas são como eu: sem sorrisos, sem brilho...aprisionadas dentro si.
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