Mais uma festa escrita por Literate


Capítulo 1
Mais uma festa




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Applejack estava nervosa, sentada na almofada roxa próxima à comoda no canto esquerdo de seu quarto, que dava para uma das janelas, a égua alaranjada sorria para um pequeno espelho circular que guardava em uma de suas gavetas sem que ninguém soubesse. Nunca fora extremamente vaidosa, apenas o suficiente para se considerar apresentável, não ligava muito para ser a mais bela de todas. Naquela noite, porém, sorria para o espelho à procura de algum resquício de comida entre o dentes, queria impressionar, virava a cabeça de um lado para o outro, procurando algum defeito, uma sujeira; por sorte, não estava com olheiras, o trabalho no pomar havia sido muito tranquilo, e ela não se cansara. A lua estava alta no céu, e nessa noite, seria comemorado seu aniversário. Da janela de seu quarto, via a grande movimentação que tomava conta dos arredores de sua casa, e do celeiro. Seria uma grande festa, muita comida, boa música, brincadeiras para os pequenos, aquela noite não acabaria cedo. Pinkie Pie provavelmente teria convidado Ponyville inteira, e, além dos amigos da cidadezinha, boa parte da família Apple iria comparecer. E Applejack se arrumava para um pônei naquela noite.

“Braeburn…” suspirou, ainda com os olhos voltados para o espelho.

A égua gostava do primo, mas, não havia se dado conta do quanto até alguns meses atrás, quando começaram a trocar cartas. Braeburn falava de sua vida em Appleloosa, de seu dia-a-dia, do que sentia e pensava, e em cada carta, dizia que Applejack era sua prima mais querida e que a amava muito, certa vez falou sobre como gostava dela desde pequeno, e como isso o frustrara de certo modo, pois ela nunca ligara muito para ele. As cartas do primo eram sinceras, e não havia, de forma alguma, falta de carinho nelas; logo, a égua começara a considerar o que o primo sentia por ela. Em sua última carta, o garanhão dizia que levaria uma surpresa para o aniversário da prima.

Os dois nunca haviam engatado um relacionamento de verdade, muito pelo contrário, o garanhão apenas roubara-lhe um beijo, e esse beijo não havia sido muito mais que um encostar de lábios, e aconteceu apenas uma vez; naquela época os dois eram bem mais novos, e Applejack não dera muita atenção ao ocorrido. Porém, nunca esquecera seu primeiro beijo.

Toc! Toc! Toc! um casco bateu à porta, fazendo com que a pônei saísse de seu torpor. “Pode entrar!” gritou em resposta.

A maçã talhada na porta amarelada se moveu enquanto uma pônei colocava a cabeça para dentro do quarto, sua crina arroxeada, muito bem cuidada e brilhante, como sempre. Rarity deu um sorriso para a amiga.

“Tudo bem aí, querida? Você estava demorando, então vim dar uma olhada.” disse, ainda na porta.

“Ah, é, sim… tava me arrumando.” a pônei terrestre respondeu sem jeito.

“Quer ajuda?”

Em outra ocasião, Applejack teria recusado, Rarity tinha uma percepção muito diferente de beleza, e às vezes passava um pouco dos limites. Mas, naquela noite, não poderia recusar algo que a ajudasse a ficar mais bonita. Balançou a cabeça positivamente. A unicórnio entrou no quarto, trazia consigo uma caixa circular de cor rosa, de tamanho médio, que era enfeitada com um grande laço vermelho de seda.

“Eu tenho um presente para você, querida. Mas antes, precisamos dar um jeito nessa sua crina, está bem?” indagou, enquanto se dirigia à cama de Applejack, no canto do quarto que era oposto à comoda. Sentou-se na cama e esperou enquanto Applejack tentava guardar seu espelho sem que a amiga visse. Em seguida, a égua laranja trotou pelo quarto calmamente, o som de seus cascos batendo no piso de madeira ajudou a acalmar seus nervos. Subiu na cama, bagunçando o lençol rosa que a cobria. Rarity se posicionou atrás da amiga. Com o chifre brilhando em uma aura azul, levitou o chapéu de Applejack para uma das escápulas na parede, que eram usadas para segurar as cordas que a amiga usava em seus rodeios. Em seguida, Rarity levitou uma escova que estava em cima da mesa de cabeceira de Applejack, ao lado do abajur e de um porta-retratos que possuía uma fotografia da família. Começou a pentear a crina de Applejack com cuidado.

“Quer ver o que eu trouxe para você, querida?” a unicórnio perguntou, feliz.

“Ah, claro.” respondeu a pônei terrestre, segurando com seus cascos, a caixa que Rarity havia trazido, e que acabara de colocar na frente da amiga com sua magia. Ao abrir a caixa, a pônei teve uma grande surpresa, dentro dela, havia um chapéu, muito parecido com o chapéu que usava costumeiramente, apenas uma coisa os diferenciava. Onde o chapéu comum de Applejack não possuía detalhe algum, o que Rarity trouxera tinha apenas uma faixa dourada, que, curiosamente, não era extravagante. Não parecia o tipo de presente que a unicórnio branca daria. Mas, era o tipo de presente que Applejack adoraria ganhar.

“Brigada!” disse, com os olhos brilhando em felicidade, seu sorriso, maior que o normal.

“Não há de quê. Sabia que gostaria. Apesar de ser… simples.” retrucou Rarity, passando a escova pela crina da amiga repetidas vezes, de forma firme e cuidadosa. “Então, que tipo de penteado você quer?”

“Acho... que tá bom, como tá.”

“Oh, querida, pode deixar, eu vou fazer alguma coisa que você vai gostar.” disse, revirando os olhos.

O tempo passava, Rarity trabalhava com a crina de Applejack e era possível começar a ouvir alguma música vinda do lado de fora da casa. A aniversariante voltou a ficar nervosa, Braeburn já podia ter chegado. E ela estava perdendo tempo ali, fazendo um penteado.

“Pronto, terminei.” anunciou a unicórnio, jogando a crina da amiga por cima de seu ombro, para que esta visse o que havia sido feito com seu cabelo. A égua laranja tinha agora uma bela trança em sua crina, presa por sua pequena liga vermelha. Era simples, da forma como ela gostava, mas, tão bem feita que poderia chamar a atenção de qualquer um.

“Tá perfeita.” Applejack disse, passando um casco pela própria crina com cuidado, para não correr o risco de estragar o penteado.

“É claro que está, querida. O melhor para minhas amigas, sempre.” Rarity desceu da cama e trotou em direção à porta. Abriu-a, e antes de sair do quarto, virou-se para a amiga que ainda estava sentada, admirando a trança, e disse “Pode fazer uns retoques finais, se quiser, estamos esperando por você lá embaixo.” , fechando a porta com cuidado, deixou Applejack sozinha em seu quarto mais uma vez.

*** *** ***

A pônei terrestre não sabia o que esperar ao descer as escadas de casa, surpreendeu-se ao ver a sala de estar vazia. Passou rapidamente em direção a porta que levava para o lado de fora. Ao abri-la, notou que Pinkie Pie havia se superado, e muito. Toda a área em volta da casa dos Apple estava lotada do pôneis, que conversavam, riam, dançavam ao som das melhores músicas country, comiam à vontade, retirando variados pratos de longas mesas dispostas próximas aos galinheiros que ficavam no canto oposto do terreno. A crina e o chapéu novo de Applejack logo começaram a chamar atenção, alguns pôneis começavam a se virar para dar-lhe os parabéns.

A égua trotava nervosa entre os convidados, agradecendo a todos que se dirigiam à ela com educação; seus olhos se moviam de um lado a outro, procurando um certo alguém. Dando a volta no terreno, as portas abertas do celeiro revelaram uma pista de dança improvisada, onde pôneis dançavam em duplas, e de forma ritmada, conforme ordenava Canned Apple, um garanhão cinza, de crina e cauda vermelhas, que era cantor e, primo de quarto grau da parte do tio Apple Strudel; sua Marca era uma lata aberta, dentro dela haviam pedaços de maçã picados. Applejack continuou caminhando pelo chão de terra batida da fazenda, alguns pôneis lhe falavam brevemente sobre presentes e tortas.

Próximo aos galinheiros, encontrou Rainbow Dash e Pinkie Pie, que disputavam entre si para ver quem conseguia pegar mais maçãs de uma bacia de madeira cheia de água, usando a boca. Pinkie tinha uma maçã nos dentes quando viu Applejack se aproximar. Engoliu a maçã de uma vez, e jogou-se em direção à outra pônei terrestre, que tentou esquivar-se, sem sucesso. As duas caíram no chão, Pinkie abraçava Applejack com a maior força que tinha, fazendo com que a amiga perdesse o ar por alguns instantes.

“Parabéns! Feliz aniversário! Parabéns! Parabéns! Parabéns!” dizia, agarrada à Applejack. Pinkie sorria de orelha à orelha.

“Opa, brigada docinho. Mas, será que você pode sair de cima de mim? Vai bagunçar o penteado…” Applejack só se deu conta do que havia dito quando ouviu a voz de Rainbow, que dizia “Oi? Como é que é? Você disse isso mesmo?”

A pégaso parecia estar indecisa entre a graça e a incredulidade, nunca poderia imaginar Applejack falando algo desse tipo. Pinkie saiu, confusa, de cima da amiga. As duas pôneis se levantaram, a égua laranja tirava o pó de seu pelo usando os cascos. “Então… quer pegar maçãs?” Rainbow Dash indagou, com um casco apoiado na bacia.

“Ah, não. Tenho umas coisas pra resolver. Talvez depois, tá?” e, sem esperar uma resposta das amigas, virou-se para a multidão e se afastou, enquanto Pinkie balbuciava “Mas… mas… ela nunca dispensa essa brincadeira.”

*** *** ***

Já se aproximava das onze horas quando Applejack foi chamada pela vovó Smith para um pequeno palco de madeira, montado às pressas, ao lado do celeiro. Em cima do palco, encontravam-se Applebloom e Twilight Sparkle, que pediam silêncio para os convidados que se amontoavam para ver o que aconteceria.

“Atenção! Atenção! Agora vamos trazer o bolo da AJ!” gritou Applebloom, sua vozinha se fazendo ser ouvida por cima do burburinho da multidão. Em seguida, o chifre de Twilght brilhava com a sua característica coloração violeta incandescente, fazendo com que um enorme bolo, de três andares, com cobertura de maçãs caramelizadas e glacê, aparecesse magicamente, ao lado de Applejack, que tomou um susto, no palco.

“Agora você pode cortar o primeiro pedaço, e fazer um discurso.” disse a alicórnio, sorrindo ao levitar uma faca em direção à aniversariante. Applejack pegou a faca com a boca, cortou um pedaço generoso de bolo, tomando cuidado para não se sujar na absurda quantidade de glacê, ofereceu o primeiro pedaço à Applebloom, que agradeceu com um sorriso no rosto e brilho nos olhos; fez um discurso breve, agradecendo a presença de todos, falando como estavam fazendo daquela noite, uma noite especial e foi agraciada com o som de vários cascos sendo batidos no chão. Mas, tudo isso foi automático. Ofereceu o pedaço à irmã, porque era ela quem estava mais próxima; seu discurso, foi vago e não teve nenhum nome citado em momento algum. A égua observava a multidão à procura de Braeburn. Finalmete o vira. Ao longe, ele a observava, usando seu colete marrom, como de costume, o mesmo chapéu de sempre, mas, alguma coisa o fazia parecer mais belo, pelo menos, aos olhos de Applejack, naquela noite. “Ah, Twi, docinho, você pode ir distribuir o bolo pro pessoal por mim? Eu preciso… falar com alguém.” falou enquanto descia do palco.

“Claro.” respondeu a alicórnio, com certo estranhamento.

Os pôneis começavam a se afastar, voltando a conversar, dançar e comer. Alguns formavam uma fila para pegar um pedaço do bolo que era distribuído por Twilight. Applejack trotava em direção ao lugar onde vira o primo em meio a multidão. Ele já não estava mais lá. Viu-o entrando no celeiro, acompanhado de vovó Smith.

A pônei teve que se forçar a não galopar a toda velocidade em direção ao celeiro, não queria chamar ainda mais atenção para a forma como estava agindo naquela noite. Braeburn encontrava-se ao fundo do celeiro, com um pequeno grupo de pôneis que Applejack nunca tinha visto. De um ponto à outro do recinto, casais de pôneis tentavam não esbarrar uns nos outros enquanto dançavam. Num canto, a banda da família Apple fazia seu show, os sons fortes de violinos e bandolins enchiam o lugar de animação. A voz forte de Canned Apple havia sido substituída pela voz aveludada de uma égua rubra, com crina e cauda rosas, sua Marca era uma pimenta e uma maçã, lado a lado; Spice Apple, irmã de Canned, fez questão de anunciar, entre um verso e outro da música que cantava, a presença de Applejack no recinto.

A aniversariante virou o centro das atenções dos pôneis do celeiro, que pararam de dançar para dar-lhe uma salva de cascos. Applejack trotou devagar entre os casais, Braeburn olhava a prima do fundo do celeiro, acenou para ela. A égua laranja começou a rebolar (apenas um pouco, e muito timidamente) enquanto ia em sua direção. Com um meio sorriso no rosto, Applejack não tirava os olhos do primo. No entanto, o sorriso sumiu de seu rosto tão rapidamente quanto havia aparecido, ao ouvir o garanhão que traria para ela uma surpresa dizer para vovó Smith “Devemos nos casar no final do semestre.” enquanto se encostava carinhosamente em uma égua prateada, de crina e cauda roxa, cuja a Marca era uma rosa negra. A pônei aniversariante tentou não deixar transparecer o estado de choque no qual se encontrava. Estava exatamente na frente de Braeburn, balbuciou com a voz trêmula “O-olá? Eu ouvi direito?”

“Prima, queria muito falar com você desde que cheguei. Essa aqui é Fine Rose. Eu aproveitei a ocasião e trouxe ela e sua família para conhecer a nossa, e apresentar oficialmente o nosso casamento…” e continou a falar sobre coisas que Applejack não faria questão alguma de lembrar no futuro; coisas como a ocasião em que se conheceram, como se apaixonaram, como planejavam sua vida futura, como pretendiam nomear seus potrinhos. Um discurso piegas que manteve alguns Apples entretidos com tamanha mostra de amor e afeto que poderia deixar os maiores românticos enjoados. Applejack, pelo menos, estava muito enjoada. Logo, começava a ficar um tanto frustrada com a forma com a qual o primo falava daquela outra égua em sua frente. Depois de um tempo, começou a se irritar. Como ele teve a coragem de trazer essa mula pro meu aniversário?! pensava.

“Primo, eu tava querendo muito falar com você, será que você pode vir um instantinho comigo?” perguntou a pônei laranja, que se esforçava para não escoicear o ar (ou alguém) para dar vazão à sua raiva. Applejack não deixaria as coisas como estavam, precisava tirar algumas satisfações com o primo. Virou-se e trotou em direção à saída do celeiro, enquanto Braeburn pedia licença para os convidados, para que pudesse ir conversar com a prima.

*** *** ***

Primo e prima trotaram para fora do celeiro, em silêncio, iam lado a lado, Applejack tentava não chamar muita atenção, Braeburn parecia distraído. Dando a volta na propriedade, foram para traz do celeiro, onde a égua poderia falar com o primo, longe dos olhos dos convidados. Applejack parou, virou-se para o primo e o olhou nos olhos.

“AJ, tá com algum problema?” indagou Braeburn.

“Eu? Com um problema? Não, é você que tá com um problema.” respondeu a pônei, colocando um casco no peito do primo e empurrando-o contra a parede do celeiro. “Que história é essa de casamento? E quem é aquela mula pateta que você trouxe com você?” a aniversariante bufava de raiva, encarando o rosto do garanhão confuso.

“Epa, que jeito de falar é esse? Ela é minha noiva. O que deu em você, AJ?”

“Como assim o que deu em mim? - AJ perguntou revirando os olhos, e continuou - Todas aquelas cartas, e você disse que me ama. Eu me arrumei toda e você aparece aqui acompanhado de outra, e sorri pra mim, e pergunta se eu tô com algum problema. Você é idiota, ou endoidou?” e a cada palavra, encostava um casco furioso no peito do primo, que se perguntava onde Applejack queria chegar.

“AJ, eu acho que você tá confundindo as coisas, porque…” a égua o beijou antes que ele pudesse completar a frase. Não foi um beijo como Applejack esperaria, foi sem jeito, e o garanhão se limitou a não retribuir. Logo, afastou-a com um casco. Olhava o rosto da prima com pesar.

“Você tá confundindo as coisas. Não, AJ, para.” disse, impedindo que a égua voltasse a se aproximar, colocando um casco em seu pescoço.

“Por que você tá fazendo isso comigo?” perguntou a égua, com os olhos marejados. Virou o rosto, e se afastou do primo alguns passos.

“Aquelas cartas… eu amo você priminha, mas, já não é mais da mesma forma como quando éramos mais novos. Eu amo você, de verdade. E você é sim a minha prima mais querida, e sempre vai ser, mas, você não é a égua pra mim, pelo menos, não é mais.” as palavras de Braeburn machucaram profundamente Applejack, a pônei poderia jurar que depois de todos aqueles meses, de todas aquelas cartas, o primo ainda a amava como quando era jovem. E esse pensamento a levou a gostar dele, querer estar junto dele, acarinhá-lo, amá-lo. Applejack não podia acreditar no que estava acontecendo naquela noite, havia se convencido de um amor que não existia. A frustração não podia ser maior, ela havia sido burra, cega. Havia se iludido por palavras carinhosas em cartas. Como eu pude me deixar levar?! pensava, olhando para o céu noturno, pois não conseguia encarar o primo.

Applejack poderia ter chorado, corrido para o quarto e ter se trancado lá pelo resto da noite. Poderia ter chorado muito, muito mesmo. Desilusões amorosas causam esse tipo de reação. Mas, existia um simples fato que ia contra isso. Ela era Applejack. Virou-se, finalmente, para o primo, não superaria muito bem o acontecido por um tempo, mas não se deixaria ficar sofrendo por um pônei comprometido.

“Vocês vão ser felizes juntos.” disse. Não quis desejar que fossem felizes, nem queria que o fossem, apenas disse, algo precisava ser dito. Trotou para longe de Braeburn, que ficou observando enquanto a égua laranja se afastava.

Applejack podia sentir como se sua cabeça fosse explodir, já não sabia o que sentir em relação ao primo. Ao voltar para as portas do celeiro, começou a se dar conta de muitas coisas que deixara passar naquela noite. Primeiramente, percebeu que não havia passado mais de poucos minutos com suas amigas, percebeu também que Pinkie tinha feito um belíssimo trabalho com a decoração da festa, haviam grandes faixas com o rosto de AJ por toda a propriedade; no pomar, haviam sido colocados entre os galhos das macieiras, luzes pisca-pisca, para que os pôneis pudessem andar entre as árvores e aproveitar a bela visão de uma mar de luzes que se estendia por quilômetros, rivalizando a luz das estrelas. As mesas estavam cheias das comidas favoritas da aniversariante, que ainda não provara nada. Existia uma pilha de presentes, de todos os tamanhos e formas, na porta da frente de sua casa. A égua ainda não falara diretamente nem com metade da família. Ainda não brincara de pegar maçãs. Não comera um pedaço do próprio bolo de aniversário. Não dançara. Não havia falado com Fluttershy, que tinha passado a maior parte da noite nos galinheiros, pois ficava nervosa em meio a multidões. Alguns de seus familiares faziam exibições de laço com corda, ela era a melhor da família nisso, e não estava participando. Era a noite do seu aniversário, e Applejack não havia feito nada além de correr atrás de um garanhão que não a queria. Por sorte, a noite ainda estava longe de terminar, e antes que o dia raiasse, teria feito de tudo um pouco em sua festa. Quem é que precisa de um garanhão quando já se tem tanta coisa? questionou a si mesma.

Applejack era jovem, se deu conta disso também, com certeza teria muitas experiências desagradáveis em sua vida, essa havia sido apenas “mais uma”. Ela ainda teria outros amores, outros aniversários, vários momentos de felicidade, teria rodeios… Por fim, Applejack viveria. E era isso o que realmente importava, aquilo que não se tem, ou aquilo que se perde, não deve impedir alguém de viver a sua vida, a égua aprendeu isso no dia de seu aniversário.

“Irrá!” Applejack gritou, galopando em direção às suas amigas, que se encontravam reunidas perto da bacia de pegar maçãs. Sua festa não seria um fracasso, prometeu para si mesma.

Fim.


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