Old Feelings escrita por Vtmars


Capítulo 9
Capítulo 8 - Confissão


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! No capítulo de hoje, começamos sabendo mais sobre o pedido de casamento de Richard à Louise, e então recebemos a visita de um personagem arrebatador... Preparados? Espero que gostem e nos vemos nas Notas Finais!



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– Louise... Eu já esperei tempo demais. Não posso mais suportar. Casa comigo?

Richard estava diante de mim, ajoelhado numa perna e me exibindo um belo anel de ouro.

– Richard... E-eu não sei o que dizer – gaguejei.

– Apenas diga que vai casar comigo, minha princesa. Por favor – implorou ele.

Fitei Richard por alguns segundos, incerta. Eu o conhecia. Há pouco tempo, mas conhecia muito bem. E ele me conhecia. E nos amávamos. Eu queria sim ter uma vida ao lado dele, ser feliz com ele e poder dizer enfim que éramos um do outro, apenas. Tinha certeza de que sentia algo muito forte por Richard, e que nunca tinha sentido nada parecido antes. A resposta para o seu pedido praticamente saiu de meus lábios sem que eu percebesse.

– Sim!

Richard colocou a aliança no meu dedo anular direito e levantou-se, sorrindo.

– É lindo – eu disse.

– Você merecia muito mais, princesa.

Algumas lágrimas de alegria escorreram pelo meu rosto e eu abracei Richard com força.

– O importante é que eu vou casar com você.

Ele rompeu o abraço, me segurou pelos ombros e puxou para um beijo. Rápido, porém carinhoso.

– Vamos falar com seus pais – sussurrou.

Concordei com a cabeça, Richard pegou minha mão e fomos procurar meus pais. Eles estavam trabalhando no escritório, Richard bateu na porta e entramos. Ele foi breve: disse que queria casar comigo e pediu a bênção deles. Meu pai refletiu por algum tempo, perguntou se era a minha decisão definitiva e eu respondi que sim, sorridente. Ele e minha mãe concederam a bênção e então Richard e eu nos retiramos. Eu mal podia acreditar no que estava acontecendo, e estaria imensamente feliz, se não fosse o fato do meu melhor amigo estar à milhas de distância, sumido. A vida no castelo sem Syver não era a mesma coisa. Era muito difícil viver sem ele.

– Vou escrever para o meu pai. Te vejo mais tarde – disse Richard, quando chegamos no salão de entrada.

– Certo. Será que ele virá? – perguntei.

– Não sei. Ele anda muito doente... Mas tenho certeza de que ficará feliz com a novidade. Talvez ele se anime um pouco.

– Ele se animará – sorri. – Até mais.

Richard me deu um beijo na bochecha e subiu as escadas para o seu quarto. Eu estava indo em direção à biblioteca quando ouvi uma voz familiar:

– Louise? – chamou.

Virei-me imediatamente na direção de que viera a voz. Por uma fração de segundo, sonhei que fosse Syver, mas a voz dele não se parecia com a que eu ouvira. Então eu o vi.

– Gustav? – perguntei, incrédula.

Ali na minha frente estava um rapaz alto, forte, loiro e de encantadores olhos azuis esverdeados. Ele sorriu ao me ouvir dizer seu nome e correu para me dar um abraço apertado. Demorei a lembrar do porquê de Gustav estar ali. Ele fora transferido para Arendelle, afinal.

– Gustav! – exclamei, sorrindo. – Quando foi que você chegou?

– Ontem à noite. Senti vontade de vir ver você no instante em que pisei em Arendelle, mas já era bem tarde – ele riu.

– Onde você está morando?

– Numa hospedaria não muito longe daqui.

– Gustav... – comecei, mas ele me interrompeu.

– Estou bem, Louise. De verdade. Não quero abusar da sua hospitalidade. Ser transferido para Arendelle já é mais do que eu esperava. Não é grande coisa onde estou morando agora, mas tenho uma cama macia e comida quente, e isso basta.

– Bem, se precisar de qualquer coisa, estou aqui – sorri.

Gustav me fitou por alguns segundos.

– Eu fiquei sabendo do Syver. Lamento muito.

– Tudo bem – eu disse, baixando o olhar. – Eu sinto muita falta dele, mas o importante é que ele está feliz. E eu fico feliz pelo Syver, mas ficaria mais ainda se ele voltasse para casa.

– Ele vai voltar. Ninguém em sã consciência abandonaria você, Louise.

Sorri, ainda olhando para o chão.

– Você e esses seus exageros.

– Não estou exagerando – Gustav segurou meu queixo, me fazendo olhar para ele. – Sou sincero em minhas palavras.

Não dissemos nada por um minuto ou dois, até que eu comecei a perguntar:

– Está gostando de Arendelle? Não sente falta de casa? Não prefere o clima das Ilhas do Sul?

Ele riu.

– Não importa o lugar. Desde que eu esteja perto de você, estarei feliz. – ele fez uma pausa, deixando os braços caírem ao lado do corpo. – Desculpe não ter lhe convidado para dançar no aniversário de Nikolas. Eu fiquei um pouco... Nervoso. Ainda mais depois que aquele príncipe apareceu.

– Está tudo bem – eu ri. – Na verdade, você não sabe o bem que acabou me fazendo. Aquele príncipe se tornou meu noivo – expliquei, sorridente, lhe mostrando a aliança no meu dedo direito.

Gustav observou a aliança por alguns segundos e então se afastou um pouco, para logo indagar, confuso:

– Como é?

– O nome dele é Richard. Logo que você se afastou, ele me tirou para dançar. Nós nos conhecemos melhor, e no outro dia ele apresentou uma proposta aos meus pais: Se ele conquistasse meu coração em 30 dias, casaria comigo e assim o reino dele teria uma parceria valiosa com Arendelle. E, bem... Eu me apaixonei – corei.

– E ele a pediu em casamento? Quando?

– Hoje mesmo – respondi, sem tirar o sorriso do rosto.

A impressão era de que Gustav e eu não falávamos a mesma língua. Ele mantinha a expressão confusa, que logo pareceu decepcionada.

– Louise, eu... Eu... Tem uma coisa que eu preciso lhe falar. Mesmo agora, eu não posso mais esconder.

– Diga, oras. – fitei-o, curiosa.

– Estou apaixonado por você. – disse por fim, após uma longa pausa. – Já faz um bom tempo... Mas eu não tinha coragem para confessar. Quero dizer, você é uma princesa, e eu sou só um plebeu...

Encarei Gustav por longos segundos, perplexa. Isso não faz sentido nenhum, pensei, mas depois me dei conta de que fazia sentido, sim. Quero dizer, eu nunca tinha percebido que Gustav gostava de mim, mas agora tudo parecia se encaixar perfeitamente. O fato de ele ser tão hesitante, tímido, mas muito carinhoso. Eu nunca veria por esse lado. Gustav era três anos mais velho que eu, nos conhecíamos há anos, e o sentimento que havia entre nós era quase fraternal. Diferente do que algumas pessoas achavam, eu gostava de Gustav apenas como amigo. Nunca pensei na possibilidade de me apaixonar por ele, nem quando Elizabeth fazia suas provocações. Eu via aquilo apenas como uma brincadeira sem-graça, mas pensando agora, e se Elizabeth e Isaac já soubessem – ou desconfiassem – que Gustav estava a fim de mim e fizessem as provocações de propósito? E se pensassem que eu também gostava dele? Tudo ficou tão claro e ao mesmo tempo tão confuso de repente. Pisquei algumas vezes e disse apenas:

– Nós dois sabemos que você é muito mais do que apenas um plebeu.

Gustav respirou fundo e tomou minhas mãos nas suas, olhando nos meus olhos.

– Acho que talvez seja um pouco tarde demais para isso, mas eu não posso deixar de pedir: Dê-me uma chance. Apenas uma chance, Louise. Eu posso ser só um plebeu, mas sou capaz de te fazer tão feliz quanto qualquer outro príncipe.

– Gustav... Não me peça isso. Eu não posso aceitar. Talvez em outras circunstâncias... Mas eu estou noiva. E eu amo o Richard. Não posso fazer isso com ele, nem comigo. Mas... Não quero te machucar. Esqueça sua paixão por mim, por favor. Para não perdermos a nossa amizade.

Desviei o rosto, incapaz de olhar nos olhos de Gustav por mais um segundo que fosse, e já sentindo as lágrimas se acumulando nos meus. Ele não disse nada por vários segundos, ou talvez minutos. Então segurou meu rosto docemente e o trouxe de encontro ao seu devagar. Não queria fazer isso. Não queria iludir Gustav com a possibilidade de eu ficar com ele. Mas eu não sabia como fugir sem magoá-lo mais ainda. Calmamente, ele encostou seus lábios nos meus e me beijou. Se beijar Richard era como se eu fosse derreter ou explodir de felicidade, o beijo de Gustav foi como tomar sol na praia ouvindo um rouxinol cantar. Senti que foi bom, mas errado. Coloquei as mãos em seu peito e me afastei.

– Essa é sua escolha? – perguntou ele, afável. Sem deixar transparecer tristeza, mágoa, raiva ou qualquer coisa negativa. Ele poderia estar perguntando como eu tinha passado.

Assenti com a cabeça. Gustav suspirou e deu um meio sorriso.

– Bem, eu desejo que seja feliz, então. Ah, eu quase me esqueci: Tenho um presente de Natal para você.

– Não precisava se incomodar.

– Eu faço questão.

Gustav colocou uma mão no bolso do casaco e retirou uma caixa vermelha larga e fina. Ele a abriu e revelou um colar prateado com um topázio amarelo.

– Experimente – disse ele.

Fiquei abobada admirando o colar. Toquei-o de leve, com medo de danificá-lo de alguma forma. Gustav deu uma risada curta e tirou o colar da caixa, colocando-o ele mesmo no meu pescoço.

– Está perfeito.

– Gustav – sussurrei, ainda contemplando o colar. – Você enlouqueceu? Não posso aceitar este colar! Deve ter custado os olhos da cara.

– Ah, não foi barato, é verdade... Mas meu avô me ajudou – admitiu ele, um pouco envergonhado.

– O Almirante? Meu Deus, não precisava disso tudo!

– Você merece o melhor, Louise. Meu avô viu que eu estava interessado em comprar o colar, e me ajudou de bom grado. Um presente da família Silver para a princesa – contou, em seguida fazendo uma reverência.

Balancei a cabeça, deprimida. Peguei a caixa das mãos de Gustav e guardei o colar cuidadosamente.

– Você é uma pessoa boa, Gustav. E um dia vai encontrar uma garota que o faça muito feliz, como merece.

– Eu queria que essa garota fosse você – ele desviou o olhar. – Mas eu devia saber que nunca chegaria aos pés de um príncipe. Você merece mais do que um simples marinheiro.

– Ei – eu procurei seus olhos. – Não se subestime. Você não é pouca coisa. É tão nobre quanto minha família e eu. E tem uma coisa que muita gente não tem: Um coração puro. E deveria se orgulhar disso. Você vai ser muito feliz, tenho certeza.

Você tem um coração puro, Louise. Você é a pessoa mais maravilhosa que já conheci. E eu desejo de verdade que seja feliz com o seu futuro esposo. Com licença.

Ele tentou se afastar, mas segurei seu braço, lembrando de pedir-lhe:

– Você promete que vai ao meu casamento? Por favor?

– Por você, Louise, eu iria até ao inferno...

Gustav fez uma mesura com a cabeça e foi embora. Logo que as portas do castelo se fecharam, ouvi um assovio e olhei para cima, procurando o lugar de onde viera.

– Que situação, hein? – disse Nikolas, sorrindo. Ele descia as escadas, vindo na minha direção.

– Nikolas! O quê... O que estava fazendo ali? Há quanto tempo estava observando?

– Calma aí. Só estava circulando livremente pela minha casa, quando de repente... Dei de cara com uma cena muito interessante: Gustav se declarando para a minha irmã. – Ele sorriu de novo, parecendo que estava se divertindo.

Senti minhas bochechas arderem ao imaginar que Nikolas vira tudo. Bem, qualquer um podia ter passado por ali e visto. Antes o Nikolas do que o Richard, pensei, logo me sentindo culpada.

– Santo Deus, o que eu fiz...? – perguntei a mim mesma.

Nikolas parecia à beira de ter um ataque de risos.

– Queria só ver a cara do Richard se tivesse presenciado a cena! – riu ele.

– Você não ouse contar...!

– Eu não vou contar – garantiu Nikolas, levantando as mãos. – Mas que eu queria que ele tivesse visto, queria. Ao menos assim talvez ele se mancasse e fosse embora daqui de vez.

– Nikolas, fique calado! – ralhei.

– Certo, certo, desculpe. – Fizemos silêncio por alguns segundos. – Louise?

– Sim? – perguntei, distraída.

– Você está bem?

Balancei a cabeça.

– Não muito, na verdade.

– Eu sinto muito. Quero dizer, eu gosto do Gustav, e sei que você gosta dele também. Isso deve ser bem complicado pra vocês dois. Só espero que ele supere – disse Nikolas, sinceramente.

– Eu também...

Nikolas me observou e então decidiu:

– Ótimo, já chega, vamos indo. Vamos comer um bolo de chocolate. Vai melhorar seu humor. Acho que é o que Syver teria feito se estivesse aqui.

Sorri, olhando a caixa do colar em minhas mãos.

– É, com certeza.


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Notas finais do capítulo

Coitado do Gustav... Imaginem o tapa na cara que não foi descobrir que perdeu a garota que amava, e por culpa dele próprio. Nikolas me representa neste capítulo, ri da situação, mas depois ajuda a melhorar o humor da irmã, para não vê-la triste!
E agora? Richard ou Gustav? A fanfic está chegando no clímax e tudo está a poucos passos de se resolver... Não sejam tímidos, comentem! Eu adoro interagir com vocês e saber o que estão achando! Bjs e até a próxima!