As Crônicas de Gelo e Ferro escrita por Miss Greyjoy


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos à Pária e à Lady Snow ♥



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Quando Mereena acordou, repassou o que havia acontecido antes de desmaiar em sua cabeça.

Primeiro, ela se lembrava de ter se oferecido para dar aulas de arquearia para Tommen. E então, Joffrey recusou e troçou-a. Certo. E depois, Robb a defendera, assim como...Theon. Lembrar desse fato fez as bochechas da menina corarem, mas ela não sabia dizer se eram de vergonha ou raiva. Detestava que precisassem ajudá-la, qualquer que fosse a situação. Mas e depois? O que houve?

Ah,sim... seu pai e o rei apareceram com aquela estúpida proposta de casamento. Seu desespero foi tanto que perdera a consciência e caíra no chão frio dos pátios do castelo. Seu pior pesadelo estava acontecendo; ela se casaria com Joff. Ou não, se pensasse em um plano muito, mas muito bom.

Levantou-se da cama com a cabeça borbulhando de ideias e foi banhar-se. Já deveria ter passado do meio do dia quando acordara, e não seria de bom-tom andar pelo castelo do jeito que estava. Pediu à uma aia que por ali passava para que trouxesse água quente e saiu à procura de flores.

Encontrou, jogado em algum lugar do cômodo, o buquê que há dias, Theon havia lhe dado. As flores ainda estavam inteiras, mas a garota não relutou em despetalá-las e colocá-las na banheira para seu banho.

Quando terminou, ouviu batidas na porta e a abriu lentamente. Assim que o fez, soltou um grito de susto. O protegido de Ned Stark estava lá, com um jarro em suas mãos e um corte escorrendo sangue em sua testa. Seu sorriso demonstrava cansaço.

– O que você está fazendo aqui, Greyjoy? – Seu rosto franziu-se em desprezo. O rapaz sentiu-se acuado, mas não se moveu – Assediou minha criada e pegou a água também?

– A sua criada não fazia meu tipo, então não. Encontrei com ela e fiquei sabendo que estava vindo para cá. Me voluntariei para ajudá-la e ela aceitou.

– Me ajudar? Olhe só o seu estado! Está parecendo um bebê que acabou de ser parido! Com quem andou brigando? – Abriu um pouco mais a porta e sem cerimônias, o jovem entrou e sentou-se na cama da moça.

– Joffrey. Ele me derrubou e eu caí em cima de algo com a cabeça, mas não pude revidar. Você sabe, eu não bato em mulheres – Os dois riram. Mereena estava ressentida ainda, mas adoraria que o homem estivesse tentando voltar a ser o antigo Theon.O seu Theon, que lhe prometera as Ilhas de Ferro. Que gostava de sua companhia, que a adorava, e apreciava as tardes quentes em que ambos corriam como dois animais livres pelo Bosque Sagrado.

O Theon que ela tinha certeza que nunca a abandonaria.

– Não se preocupe, vou cuidar do seu ferimento – Pegou uma toalha macia e embebeu-a em um pouco de água fria. Torceu para tirar o excesso e começou a passar gentilmente na testa do protegido, que gemia baixinho – não acredito! – Ela riu.

– Ai! Não acredita no que? – O rapaz fechou a cara – Aaah! Isso arde, Meri, vai devagar! Outch!

– O grande Theon Greyjoy, herdeiro de Pyke, ganindo de dor por causa de uma ferida! Quem diria? Isso me lembra o dia em que Robb se feriu e chorou como se suas entranhas fossem sair pela perna – Os lábios de Mereena se curvaram em um sorriso. Continuou a limpeza e em pouco tempo, o rapaz já tinha uma atadura na cabeça. Beijou delicadamente o ponto em que se ferira, fazendo-o corar – Pronto, assim está melhor. Agora por favor, me dê licença. Preciso urgentemente de um banho – A garota deu as costas à Theon, que mal se mexeu – Ora, vamos! Saia daqui!

– Mas Mereena...

– Sai!

– Okay, eu saio – O rapaz levantou as mãos em rendição – Mas, só para te lembrar, sua criada não está aqui, e eu bem sei o quanto esses vestidos são pesados. Estou disposto a te ajudar, se quiser – Sorriu maliciosamente – Ah, Meri, não vou te assediar ou algo do tipo – Receosa, a garota aceitou. Virou-se e começou a desamarrar a capa, que caiu no chão com um baque surdo. As mãos de Theon desataram os nós do vestido delicadamente. Graças aos deuses os cabelos da menina eram longos o suficiente para que lhe encobrissem o busto.

– Espere, eu já volto – O protegido saiu em direção ao quarto de banho. Mereena procurou uma tolha e rapidamente, retirou o restante do vestido e se enrolou nela. Foi atrás do rapaz, que ajoelhado próximo a banheira, jogava as pétalas das flores que ela retirara mais cedo em meio à espuma branca da banheira – Ande logo, querida, senão a água esfriará. Sugiro que prenda seus cabelos, para que não os molhe.

Inutilmente, a garota tentou ajeitar os cabelos num coque, mas se fizesse isso, a toalha cairia e revelaria suas curvas nortenhas. Percebendo o desespero da jovem, Theon mandou que ela entrasse e ele ajeitaria suas madeixas. Virou o rosto para que Mereena se despisse, muito embora quisesse dar uma olhadela que fosse, naquela que poderia ter sido um dia, sua prometida.

Timidamente, sentou-se no mármore frio do objeto, com medo de que a espuma não a cobrisse por completo. Como se lesse seus pensamentos, o rapaz se aproximou e penteou as mechas castanhas com os dedos, unindo-as.

– Não se preocupe. Tomei o cuidado para que houvesse bastante espuma na água – Terminou o coque frouxo e aproximou-se do ouvido da garota – a não ser, é claro, que você queira me mostrar o quanto você se desenvolveu, minha pequena lady – Ao ouvir essas palavras, todo o corpo de Mereena se arrepiou e suas maçãs do rosto ficaram adoravelmente coradas. Theon beijou a direita e riu nasaladamente – Acho que já vou indo. Se precisar de algo, mandem me chamar. Você sabe onde me encontrar – Caminhou vagarosamente até a porta, mas parou antes mesmo de que seu corpo todo estivesse para fora.

– Ah, e obrigado pelo curativo. Vejo você mais tarde – Dito isso, saiu, deixando uma loba atônita para trás.

Andou por Winterfell com os pensamentos voltados para a primogênita de Ned. O jeito extremamente meigo como corava, os cabelos lisos que se embaraçariam com o vento do litoral das Ilhas de Ferro...a imagem de Mereena em Pyke com ele, caminhando pela praia ou simplesmente ao seu lado nos jantares, já foi o suficiente para fazê-lo sorrir. Mas então, se lembrou de que provavelmente, sua menina nunca teria a chance de conhecer o lugar que durante quase uma década, foi seu lar. Agora, ele iria perdê-la para a vida de rainha em Porto Real. Pensar que em breve, a menininha que crescera junto com ele estaria partindo para casar-se com a pior das casas, os Lannister, já era o bastante para que seus olhos adotassem algo que há muito não tinham; lágrimas.

Theon andava tão distraído que não percebeu que Robb vinha em sua direção oposta. Quando se esbarraram, o mais velho dos Stark grudou no braço do outro e o puxou para um quarto ali próximo.

– Woh, calma! Eu sei que sou a sensação entre a criadagem, mas não jogo do outro lado – O Greyjoy tentou aliviar o clima, mas o jovem não estava para brincadeiras – Okay, não vou falar nada. Mas por que esse desespero todo? O que...

– Eu avisei você para ficar longe da minha irmã! – Robb estava a ponto de explodir – E o que você faz? Vai até o quarto dela lhe fazer...visitinhas! Mereena agora está noiva do Joffrey, aquele idiota, e não ficaria bem que vissem outros homens entrando em seus aposentos, ainda mais quando o outro homem em questão é o seu antigo prometido.

– Ela não vai se casar com aquele filho da puta! Não vai, está entendendo? Não mesmo! – De repente, algo decidiu sair de dentro do Greyjoy. Estava roxo de raiva. Ele definitivamente não deixaria Mereena, a sua Mereena, ir embora assim tão fácil, ainda mais nos braços de um leão. O herdeiro do Norte arregalou os olhos. Nunca vira o irmão de criação daquele jeito – E se você realmente se importa com sua irmã, vai me ajudar a convencer seu pai e o restante dos homens para que achem outra donzela para o metido a reizinho.

– Theon, eu tenho que lhe perguntar isso. Me responda com todo o seu coração – Robb suspirou – Você realmente quer ficar com Mereena? Você voltaria para Pyke, apresentaria ela à seu pai? Teria herdeiros com ela? E acima de tudo, a amaria incondicionalmente? Ou melhor, você a ama? – O rapaz engoliu em seco. Não tinha certeza sobre o que sentia sobre sua amiga de infância, mas de uma coisa tinha a plena certeza; a loba não escaparia assim tão fácil dos tentáculos do kraken, que quando agarram algo, não soltam tão facilmente.

– Eu...eu quero.

Robb não estava realmente confiante com essa resposta.


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