As Crônicas de Gelo e Ferro escrita por Miss Greyjoy


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Eu tive tantas ideias para esse capítulo...mas no final, foi isso que saiu. Espero que gostem e que continuem acompanhando a fic, pois vêm muito mais por ai! É isso, beijos, Miss Greyjoy ♥



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Theon estava emburrado desde o convite de Jaime. O Regicida não lhe era de confiança e nunca sequer trocara uma dúzia de palavras com Mereena, portanto aquilo lhe parecia muito suspeito. A jovem protestara e dissera que nada demais iria acontecer, eles iriam caçar e só, mas o Greyjoy não estava de todo sossegado. Aqueles leões estavam sempre esperando a hora certa para atacar.
Ah, se a loba aprendesse a confiar mais no kraken...
Uma lua depois do jantar, enfim chegou o dia da tarde com o Lannister. Como Septã Mordane havia lhe alertado - para não dizer obrigado - a herdeira do Norte arrumou-se com sedas azuis e colocou em seus cabelos uma coroa com rosas de inverno da mesma cor. Quando passou pelo rei no Grande Salão, ao fazer a costumeira reverência pôde escutar um suspiro. "Como se parece com Lyanna...", pensou o soberano, "As mesmas rosas azuis, a mesma leveza...e pelo jeito, a mesma rebeldia!". Passando pelo estábulo para pegar seu arco, encontrou Theon sentado junto à Floco de Neve. O rapaz mantinha o cenho franzido e os músculos tensos, além de ter os lábios contraídos. Mereena sabia que aqueles sinais corporais significavam algo: ele estava chateado.
— Theon? - A moça tocou o ombro do homem, que a tirou com brutalidade - Sete Infernos, que bicho te mordeu? Por que está agindo assim comigo? O que eu lhe fiz?
— Nada - Disse seco - Você não fez nada - Obviamente, a Stark não estava convencida daquilo - Agora, vá ao encontro do Regicida. Não quer deixar a realeza esperando, quer? - Foi a vez de Mereena franzir o cenho. Oh, céus. Seu prometido ainda estava mal por causa do convite? Como ele era infantil!
— Eu não acredito - A jovem colocou as mãos na cintura - Você está com ciúmes! Você é tão idiota, Greyjoy! Foi só um convite para caçar, eu te disse isso! - Theon se levantou. Estava vermelho e tinha os olhos mais ameaçadores que a menina já vira em todos os anos de amizade.
— Eu - O rapaz grudou brutamente nos braços de Meri - não estou - Os prendeu atrás do corpo da jovem - com ciúmes! - O protegido assustou a donzela, que tremeu por alguns segundos, mas logo depois, com toda a força que possuía dentro de si, chutou as genitálias do homem à sua frente, que urrou de dor. Soltando-se e guardando as lágrimas para si, saiu correndo até a parte de fora do castelo, aonde Jaime Lannister a esperava num garanhão alvo como a neve, muito semelhante à sua montaria.
— Meus cumprimentos, milady. Vejo que não está muito disposta - Abaixando-se, o loiro tocou o rosto da Stark, fazendo-a corar - Se for de seu agrado e preferência, mudamos a data de nossa caçada - Delicadamente, a garota afastou a mão do Regicida de sua face, sorrindo delicadamente. "Sorria com os olhos, não com os dentes", era o que a mãe sempre lhe dizia. Infelizmente, era impossível fazê-lo; seus olhos estavam brilhando com as lágrimas que ela se esforçava para não derramar.
— De maneira alguma, senhor Lannister. Preciso mesmo espairecer um pouco, com tudo que está acontecendo ao meu redor. Posso subir? - Montou sem cerimônia no cavalo do homem, que sorriu malicioso - Com a sua licença - Passou os braços por volta do peito malhado de Jaime, dando um última olhada para certo jovem de olhos azuis que ainda estava emburrado (e provavelmente dolorido) perto dos estábulos. Rapidamente, partiram, deixando para trás apenas o aroma doce das rosas de inverno que adornavam os cabelos da jovem.
Cavalgaram por algum tempo até chegar a uma clareira, próxima a torre aonde ela encontrara Bran. Cersei havia pedido ao gêmeo que acabasse com a Stark no mesmo lugar em que o outro deveria ter morrido, e este a atenderia prontamente. Ao desmontar, Mereena preparou o arco e sorrateiramente, escutou passos de algum animal se aproximando.
— Como és rápida - O loiro riu de lado - Não sabia que gostava tanto desse tipo de lazer. Pensei que se deleitava com as artes manuais, como sua irmã Sansa - A menina revirou os olhos, sem que o Sor pudesse ver.
— Não sou como minha irmã, senhor, e não pretendo ser. Sansa é uma tola - Deu de ombros - Além disso, como já lhe disse, cresci com um arco transpassado nas costas. Sempre gostei de atirar.
— Sei, sei - O homem sorriu presunçoso - Foi aquele sujeitinho refém, não é? O filho do Greyjoy. Seu pai me falou há tempos atrás. Não acredito nisso. Uma arqueira tão boa ensinada por um qualquer do litoral - Sem saber o porquê, a jovem apertou os olhos de raiva. O Lannister não sabia do que estava falando! O pai a ensinara, desde pequena, a lutar - mas a arquearia foi aprendida totalmente com o protegido de Ned. Desde que chegara ao Norte, foi o rapaz quem a mostrara absolutamente tudo, desde o manejo ao pegar no objeto até os truques para fazer as flechas irem mais longe. E Theon tinha toda a paciência do mundo; bom, pelo menos, com ela. Mereena adorava se lembrar de quando as aulas começaram e ela ainda sequer sabia segurar na arma, e o Greyjoy a abraçava por trás até encontrar a posição certa para mirar.
— Com todo o respeito, milorde - Virou-se bruscamente - Tudo o que aprendi com o arco devo há anos de ensino de Theon. Ele é um ótimo professor, e se agora sou uma das melhores arqueiras de Winterfell, esse feito é graças a ele. Agora, se me der licença, tenho uma caçada para fazer - Voltou à posição em que estava e levantou a arma em direção à algumas árvores.
Os passos começaram a ficar mais audíveis. Lá estava ele. Mirou perfeitamente no cervo e tensionou a flecha. 5...não havia como negar que o animal era majestoso. Portava-se como um rei. Ou melhor, uma rainha. 4...é claro que Mereena não sabia diferenciar os animais pelo sexo, mas o porte do cervo a fazia ter certeza de que se tratava de uma fêmea. 3...será que tinha filhotes? Há tempos a jovem não via essa espécie de animais em Winterfell. 2...bem, talvez procurasse alguma outra presa. Não era justo atirar em uma mãe. 1...abaixou o arco, soltando a flecha. Hipnotizada, aproximou-se do bicho. Com cautela, levantou um braço para acariciar o focinho do cervo, mas este, de repente, a atacou. Sentiu os chifres rasgando parte do vestido e cortando sua pele profundamente. Cobrindo-se com os braços, caiu no chão, recebendo mais uma série de ataques que felizmente não foram tão ferozes. Jaime se apressou em tirar o animal de cima da jovem, o esfaquendo no pescoço.
— Lady Mereena! - O loiro se ajoelhou, tocando o lugar onde a ferida fora maior - Você está me ouvindo? Consegue falar? - A jovem tremia, em espasmos. Havia sangue por todo o seu corpo e cabelo, misturando-se com as lágrimas.
— Senhor Lannister...me ajude - O homem se levantou e montou em seu cavalo, partindo rapidamente, sem dizer mais nada - Senhor Lannister...por favor! Por...favor...- Mereena tentou se levantar, mas uma nova onda de dor a fez deitar-se na relva novamente, fechando os olhos e respirando com dificuldade.
Do outro lado do bosque, um cavaleiro chegava apressado com notícias. Seu nome era Jaime Lannister e seu rosto estava sério, mas por dentro, comemorava. Que maravilha! Nem precisaria terminar com a vida da Stark com suas próprias mãos. Aquele cervo lhe fizera o favor. Desejava subir diretamente à torre da irmã e lhe contar sobre o ocorrido, mas um Lorde Eddard indesejado entrara em seu caminho.
— Senhor Lannister, onde está Mereena? Ela estava com o senhor, pelo o que ouvi dizer - O loiro fez sua melhor cara de pesar e começou a história que criara em sua cabeça.
— Senhor Stark, eu...nem sei como lhe dizer isso. Foi tudo tão rápido, não pude ver a chegada dele - O protetor do Norte arregalou os olhos cinzentos. Do que aquele Sor falava?
— Dele? Dele quem, Jaime?
— Um maldito cervo. Nós estávamos caçando e um cervo apareceu na clareira, parecia raivoso com algo, foi estranho e...oh, deuses, Lady Mereena foi atacada. Aquele animal desgraçado feriu sua primogênita com a galhada. Ela está tão machucada, Ned! - O Stark estava a ponto de esbofetar o Regicida. Ele deixara sua menina na floresta, ferida e sozinha? Imprestável! Pena que não poderia encostar um dedo que fosse no irmão da rainha...
— E por que não a trouxe para cá? Por que a deixou sozinha? Seu...
— Sinto muito, Lorde Stark, mas eu fiquei tão assustado quanto ela. Tive medo de tocá-la e piorar sua situação, então voei de lá até aqui para pedir ajuda. Convoque seus homens e alguns curandeiros e saiam em busca de Mereena. Ela está deplorável - Ned franziu as sobrancelhas. Tinha algo muito errado por ali. Buscar? Ele não saberia voltar ao lugar em que a filha se machucara? O Lorde tinha suas dúvidas.
Curiosamente, Theon passava por ali, ainda emburrado. Pela primeira vez, Eddard agradeceu aos Deuses do Norte por ter tomado aquele rapaz como seu refém. Contou-lhe rapidamente dos acontecidos e seu semblante enfureceu-se. O lorde sabia que Greyjoy seria capaz de estrangular o Regicida por abandonar sua prometida, mas este se controlou, pois não queria perder o pescoço daquela maneira.
— Theon, reúna Robb, Jon e alguns outros rapazes da Guarda. Chame Meistre Luwin e comecem imediatamente a procurar por minha filha. Imediatamente! - O protegido saiu a passos largos atrás do Stark mais velho, que selava seu cavalo tranquilamente, junto ao bastardo, nos estábulos
— Robb - Chamou, num fio de voz - Snow
— Theon. Você está rubro, meu irmão. O que aconteceu? - Os punhos de Greyjoy estavam quase lhe prendendo a circulação de tão cerrados que estavam. Sua respiração estava acelerada e os olhos azuis queimavam de raiva.
— Um cervo atacou sua irmã. Jaime Lannister a deixou sozinha em algum lugar da floresta. Temos que ir. Agora! - Os rapazes montaram e trotaram até a entrada do pátio, onde alguns guardas de Winterfell já o aguardavam, todos também montados. Theon cavalgou até a frente, dando uma boa olhada na multidão. Ele iria achar sua loba, nem que fosse a última coisa que fizesse na vida.
— Meus senhores - Começou o protegido - Reuni-os aqui a pedido de nosso Lorde, Eddard Stark, o Protetor do norte. Há pouco tempo atrás, a sua primogênita, lady Mereena, foi gravemente ferida por um animal selvagem aqui perto. Não sabemos sua localização e por isso, contamos com a ajuda de todos. Que os Deuses os acompanhem em sua jornada e que possamos cumprir nossa meta - Aos poucos e em grupos, os homens adentraram a floresta. Jon e Robb seguiram o terceiro, já Theon deciciu ir sozinho. Não aceitava ordens de ninguém e se naquele momento, alguém lhe pedisse alguma coisa, seria capaz de esganar a pessoa. Seus pensamentos estavam todos voltados para Mereena; tentava não pensar em como seria quando a visse. Pelo o que Ned havia lhe dito, a garota estava ensanguentada. Imaginar aquela cena era como ter uma flecha atravessando-lhe o peito. Dentro da escuridão da mata, avistou uma clareira. Avançou até lá para descansar, mas foi surpreendido com uma cena que fez seu coração se estilhaçar em milhares de pedaços.
— Meri! - O cheiro de rosas do inverno misturadas com sangue impregnava o ambiente.


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