P.O.V James

Meus olhos encontraram aqueles olhos verdes, que pareciam tão tristes e confusos. Ficamos nos olhando, sem dizer nada, como se não tivesse mais ninguém ali. Eu não sei, tinha alguma coisa, alguma força, conexão, sei lá, que me fazia não querer tirar os olhos dela, seja ela quem fosse.

– Hey, James! - ouvi alguém gritar, mas não consegui reconhecer a voz - Você vai ficar aí parado?!

Com muita dificuldade, fui me virando devagar, e percebi que era Thomas, meu melhor amigo, falando. Voltei para o campo, sem deixar de dar uma última olhada pra trás, encontrando de novo aqueles olhos verdes.

O jogo continuou como se nada tivesse acontecido, mas eu não conseguia tirar aquela garota da cabeça. Quando fui olhá-la novamente, ela não estava mais naquele lugar. Continuei procurando ela com os olhos, mas sem deixar de prestar atenção no jogo - afinal, nós teríamos campeonato em pouco tempo -, mas não a encontrei.

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Quase 1 hora depois, o treino finalmente terminou.

– Gostei de ver hoje, pessoal! - gritou Jack, capitão do time de lacrosse, no vestiário, quando já estávamos nos preparando pra tomar banho - Desse jeito, vamos chegar às nacionais!

O time inteiro gritou e comemorou.

– É isso aí! - vários garotos gritaram.

Estava terminando de me secar, depois de tomar banho, quando avistei Thomas saindo do chuveiro.

– Ei, Tommy - falei, chamando sua atenção - Quem era aquela garota? Eu nunca vi ela aqui.

– Aquela que você acertou com uma bola de lacrosse? - ele disse, começando a rir, mas logo parando ao ver minha cara não muito feliz - Eu não sei, ela deve ser nova. Deve ter entrado no lugar da Olivia. - deu de ombros.

Esperei Tommy terminar de vestir a roupa para voltarmos ao colégio. Mas aquela pergunta não saía da minha cabeça. Quem era ela?

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P.O.V. Claire

Logo depois do "incidente" com a bola de lacrosse, Emily veio correndo ao meu lado, com um sorriso malicioso no rosto.

– Huum, eu vi essa troca de olhares, tá bom? - ela disse, dando um sorriso de lado.

– O que? Não entendi. Aliás, a única coisa que eu entendi foi que esse menino idiota acabou de me acertar com uma bola de lacrosse. UMA BOLA DE LACROSSE - elevei um pouco a voz - Isso vai estar roxo amanhã. A minha cara vai estar roxa amanhã!

– Relaxa, amanhã é sábado, a gente não tem aula - Em disse. - Vamos poder ir pra cidade amanhã. Tá afim de ir comigo?

– Sim - respondi, olhando de canto para o treino de lacrosse e o garoto misterioso. Por sorte, Emily não percebeu. Eu acho. - Acho que vai ser bom sair daqui um pouco. Vamos para o colégio? Acho que cansei de ficar aqui.

– Claro - ela disse, e nos levantamos. Ao passar pela tal Freddy, percebi um olhar furioso em minha direção. Emily também.

– A Freddy é afim do James desde a sexta série - Em disse, revirando os olhos - Mas ele nunca deu uma chance pra ela. Coitadinha! - ela falou, dando uma risada maligna, que me fez rir também.

"Então o nome dele é James", pensei, e dei um sorriso.

– James... - falei baixinho, mas pelo visto não tão baixo assim, já que Emily escutou.

– Gostou dele, Claire? - ela riu e bateu os quadris nos meus. Acabávamos de entrar no colégio, no prédio principal, e sentamos nas poltronas do hall.

– Não sei explicar - falei, corando - Eu senti uma coisa... diferente.

– Amor?

Naquele momento, eu já estava querendo abrir um buraco no chão de tanta vergonha. Eu nunca gostei muito de falar sobre sentimentos. Preferia guardá-los pra mim.

– Claro que não né - revirei os olhos e nós rimos - Acho que você vai ter que ficar estudando amanhã ao invés de sair, pra ver se consegue raciocinar um pouco e falar coisa com coisa!

– Idiota! - ela disse rindo e me deu um tapinha.

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– Claire! - disse Emily, batendo na porta do banheiro. Já eram quase 7 horas da noite e eu estava tomando banho. O horário do jantar era das 7 às 8, o que significava que eu estava muito atrasada. - Eu vou descendo pra comer! To morrendo de fome e parece que você não vai sair daí tão cedo! A gente se encontra lá, ok?

– Pode ir indo! - gritei, já que o som do chuveiro atrapalhava um pouco - Te vejo lá embaixo!

Pude ouvir quando ela fechou a porta do quarto. Enquanto tomava banho, percebi que o meu primeiro dia naquele internato não havia sido tão ruim como eu imaginei. Fiz uma amiga, que parece ser legal, e já estamos nos dando super bem. Além disso, eu não pensei nela o dia todo. Mas quando ia anoitecendo, e eu ficava sozinha, minha mente se enchia de memórias, lembranças. Meus olhos já estavam cheios de águas, e nem percebi quando comecei a chorar.

– Eu sinto sua falta, mãe...

E foi então que eu percebi que nem se meu pai me mandasse para Marte eu conseguiria me esquecer dela. Ela estaria sempre ali.

Meus devaneios foram interrompidos pelo som do sinal, que avisava que já eram 7 da noite, e o jantar já estaria sendo servido. Decidi colocar minhas roupas de uma vez e descer, sem mais delongas.

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"Eu tenho certeza que é por aqui", pensei, enquanto me virava em direção ao trigésimo corredor só naquela noite. Eu estava perdida. Sim, a diretora me mostrou cada centímetro dessa escola hoje de manhã, e eu ainda assim consegui esquecer o caminho para o refeitório. Parabéns, Claire! Você é um gênio! Deixa Einstein no chinelo!

Me virei novamente para outro corredor, na esperança de ver uma placa, cartaz, sei lá, que me dissesse que eu havia chegado ao refeitório. Ao invés disso, acabei trombando com alguém, que quase me derrubou no chão, se a tal pessoa não tivesse me segurado antes.

– Me desc... - levantei a cabeça para enxergar em quem havia trombado, quando, mais uma vez, me deparei com aqueles olhos azuis.

Minhas mãos ainda estavam em seu peito, e as suas mãos, nas minhas costas. Nenhum de nós ousava mexer um membro sequer.