A outra dimensão; escrita por Val-sensei


Capítulo 11
Empecilhos no caminho




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Depois de olhar a foto do meu irmão olhei para Ruan e dei um sorriso de satisfação.

— Viu, foi super fácil - ele me deu um abraço. - Não deixa nada acontecer com a minha varinha e lembre-se que o amor é o maior poder que temos e com ele podemos tudo, não se esqueça disso.

— Obrigada Ruan, não vou me esquecer. E sua varinha está em ótimas mãos - sorri a ele e ele me deu um abraço de despedida.

Fen e eu partimos em direção ao oitavo guardião.

**************

Cavalgávamos na mesma estrada indo em direção à próxima vila para eu treinar com o Dil. Eu estava ansiosa para ver ele, afinal eu o conheci na casa do Royne e ele pareceu ser uma pessoa bem legal.

**********************

No vilarejo do décimo guardião tudo era negro, não havendo um sinal de vida se quer, as árvores mortas e secas, a grama cinza e apagada, a casa pintada em tom preto, tudo sem vida, sem cor, sem nada. Parecia que a vida parou de existir. Não existia mais nada, apenas um homem sentado em uma cadeira e olhando uma bola de cristal com o semblante carregado de puro ódio, insatisfação, maldade e olhando uma espécie de bola onde ele via o que acontecia nos vilarejos a sua volta.  Ele vestia um sobretudo preto com um capuz tampando parcialmente a sua cabeça, nos seus lábios havia um sorriso sinistro carregado de maldade enquanto o mesmo encarava aquela bola.

— Logo as partes dos cristais estarão completamente negras e eu quero que vocês, meus Supiers, espalhem mais a desesperança, ponha o pessimismo e o pesadelo nas pessoas do outro mundo para que possamos prevalecer no caos da tristeza e do desespero. - a risada alta e carregada de cinismo surgiu e ecoou todo o lugar, o homem se levantou e entrou por uma porta preta e olhou parte do seu cristal e colocou a mão liberando a sua energia maligna no cristal que foi se espalhando pela vila.

Um ser meio desengonçado com braços longos, mãos medias e cheia de garras, pernas tortas e desengonçadas, olhos esbugalhados e orelhas pontudas entrou e ficou olhando o homem e disse:

— Onde podemos ver todo o cristal? - o ser perguntou em uma língua diferente que só Deci entendia.

— No coração do nosso mundo, mas para vê-lo de lá é quase impossível - ele se vira para o ser. - A hora de decidir quem será o vencedor dessa batalha se aproxima. Há forasteira sobreviveu e aprendeu muita coisa com os outros guardiões, mas eu vou deixá-la enterrada aqui nessas terras com os sonhos e as esperanças todas mortas - ele ri alto e encara a parte do cristal dele completamente negra.

Os Supiers se juntam próximo ao Deci e dão um sorriso maligno e olham através das costas do mesmo e vê em seu coração uma espécie de mancha negra na forma de um bichinho que lembrava um carrapato e que já havia sugado a maior parte das esperanças e dos sonhos no coração dele.

— Que tal tentarmos umas travessuras com ela antes de ver o nosso amigo Dil? - ele tira o capuz mostrando que parte dos seus cabelos castanhos encaracolados e parte dele foram arrancadas e um dos lados entre o rosto e o pescoço havia uma espécie de uma tatuagem tribal que dava sequência a um rosto de caveira saindo um fogo negro pela boca onde formava uma espécie de mão que tentava agarrar alguma coisa no ar.

O décimo guardião encarou mais uma vez a bola que ficava em cima de um balcão negro, deu um assovio e do seu lado apareceu alguns Supiers e com o sorriso sínico no rosto ele sumiu dali rapidamente.

***

Não demorou muito e já estávamos entrando no vilarejo do oitavo guardião, ou seja, o Dil.

 Andamos mais um pouco montados ao cavalo quando vimos uma casa torta como se tivesse feito em ondas, os vidros das janelas eram azuis e era uma casa engraçada. Mas não demorou muito para o céu começar a ficar escuro quase que negro e aparecer Deci diante de nós com aqueles Supiers de braços compridos até o chão e dedos um pouco curtos, negros e deformados.

— Veja só se não é a nossa forasteira.? - ele deu um sorriso maléfico e o cavalo deu alguns passos atrás.

Fen desceu do cavalo para logo seguida me descer, pois estava perigoso, até por que o cavalo estava assustado.

— É... Sou eu. Posso ajudar em alguma coisa Deci? - o encarei com toda a coragem que consegui reunir.

— Não vou deixar você aprender mais nada daqui por diante - ele tira um cajado todo preto com uma bola preta na ponta e me encara de um modo frio.

— Mas você não conseguiu me impedir antes? - a coragem estava estampada no meu rosto e eu não sei de onde eu a terei.

— Aí é que você se engana - ele sorri de uma forma que me gelou a espinha e Fen ficou ao meu lado.

Do cajado começou a sair uma fumaça negra e ir a minha direção e eu senti uma grande tristeza e magoa naquela fumaça e aos poucos ela foi encobrindo o local onde estávamos e não pude mais ver o Fen, não pude mais ver ninguém.

Comecei a sentir um pouco de medo e vi minha família diante de mim morta e comecei a chorar, cai de joelhos chorando e vendo o meu pai, minha mãe e meu irmão, todos mortos... A dor começou a tomar conta de mim e aos poucos eu fui caindo no chão sentindo que nada mais me importava que eu não tinha mais ninguém para voltar... Meu mundo havia deixado de existir.

Dil apareceu ao lado de Fen e olhou a nuvem negra.

— Pelo visto ele vai tentar fazer a Ayane desistir - Dil olha para Fen.

— Tenta usar o vento para dissipar a neblina negra.

Dil começou a falar a língua daquele mundo e o vento começou a surgir e a soprar a neblina negra, mas não adiantava, pois Deci viu e colocou um feitiço e ela não se dissiparia tão facilmente.

*****

No hospital os aparelhos começavam a apitar dando sinal de parada cardiorrespiratória e Lin que estava ao lado de Ayane há olhando, como sempre fazia, porém ele se apavorou, pois ela estava estável e estava melhorando mesmo que aos pouquinhos. Então ele correu e chamou os médicos e avisou a família.

Enquanto Lin andava inquieto de um lado para o outro pensando positivo e que ela ia ficar bem. Ele logo vê os familiares chegar.

— Eu não entendo. Ela estava bem - Décio comenta preocupado e olhando o rapaz.

— Eu não sei, começou do nada - ele o encara desesperado.

— Minha menina, vamos orar para que tudo fique bem - Luana foi para a capela com o seu marido Carlos e seu filho orar pela sua filha.

—Lin foi ao banheiro masculino e começou a chorar e ao mesmo tempo pedir desesperadamente pela vida dela, quando uma voz soou.

— Lin - ele ouviu, ergueu os olhos lentamente e se viu no espelho.

— Ayana ficará bem, mas preciso de você para isso - ele encara a sua imagem no espelho, mas nota que as roupas são diferentes.

— Você no espelho sou eu, certo?

— Não Lin, sou o seu reflexo no mundo dos sonhos.

— Hãm? - ele encarou o seu próprio reflexo com roupas diferentes sem entender nada.

— Não tenho tempo para explicar agora, pois preciso de você já! - ele o encarou sério.

Ele não tinha palavras, ele não sabia se aquilo era realidade ou sua imaginação.

— Venha para o meu mundo, preciso de você por uns momentos, para a Ayane voltar ao seu, pois eu preciso da sua força, ou vamos perdê-la.

Lin estava boiando e não entendia nada com nada.

— Eu aceito, mas... Quero explicações - ele aceitou, pois envolvia a garota que ele já gostava mesmo sem conhecer.

Lin viu uma luz forte sair do espelho e o envolver saindo do mesmo e ele sem perceber já estava do outro lado do espelho no mundo dos sonhos.

*****

Lin apareceu do lado de Royne e então viu a sua imagem em carne e osso e arregalou os olhos para ele.

— Não posso dar explicações agora, pois eu quero que você vá até onde a Ayane está ou ela cairá na magia de desespero do Deci. Ela ainda não está preparada totalmente.

— Mas o que eu tenho que fazer? - ele o encarava ainda sem entender.

— Vista essas roupas e apenas diga que sou eu - Lin o encarou ainda sem entender muito bem, ou pensava que estava dentro de um sonho maluco, mas faria o que precisasse para salvar Ayane.

— E depois o que eu faço? – ele perguntou querendo todos os detalhes.  

— Continue com seus pensamentos positivos e de esperança, assim que encontrar Ayane tire a de lá e lance sua magia contra o Deci.

— Que magia? – ele perguntou sem entender nada. - Eu não tenho magia - ele estava meio receoso.

— Enquanto você estiver aqui tem sim - Royne responde e dá um leve sorriso a ele.

Antes que Lin pudesse perguntar mais alguma coisa se viu em meio a uma nuvem negra e pesada de pessimismo, tristeza e maldade.

Lin olhou para todos os lados e não via nada só à escuridão.

“Cadê você Ayane”? - ele pensava positivo procurando algo e logo sentiu tropeçar em alguma coisa.

Abaixou e tocou devagar o corpo, sentiu ser de uma moça e a puxou para si. Para ver melhor e viu o rosto dela.

— Ayane fala comigo, Ayane... - ele abraçou forte a colocando perto do seu peito.

****

Senti a varinha do Ruan aquecer o meu corpo e passar por mim várias imagens com um rapaz de cabelos azuis escuros e olhos azuis. Senti que ele era o amor que eu sempre procurei a minha vida toda e aos poucos eu fui sentindo o seu toque quente e preocupado, suas lagrimas caindo sobre o meu rosto molhando minha pele branca e lentamente abri meus olhos e o vi.

— Royne e o seu cristal? - perguntei ao reconhecê-lo.

— Ele vai ficar bem, eu acho - ele me encarou de uma forma meiga e terna e me deu a sensação que eu o conhecia há muito tempo.

Eu sorri a ele e o abracei dentro daquela nuvem escura, mas logo o soltei.

— Eu tenho uma missão, mas vou precisar de você ao meu lado.

— Eu sei, conte comigo quando precisar, porém só vou poder em momento como esses. "Eu acho". Ele pensa a olhando.

Ele pegou a minha mão e começou a mentalizar o poder dele e eu olhei em volta sentindo minhas esperanças voltarem e meu medo passar aos poucos. A varinha de Ruan aqueceu no meu bolso e eu vi alguns corações flutuando no ar enquanto concentrávamos em atacar o Deci.

Deci viu a sua fumaça dissipar com o poder que saia de nossas mãos, então ele mexeu o cajado e pronunciou palavras e do cajado saiu uma fumaça cinza e com raios indo em direção a nos, e mais atrás Fen preparava o seu ataque com a terra e Dil com o vento.

A fumaça cinza começava a lançar raios em cima deles Fen fez um teto de terra os protegendo enquanto Dil lançava navalhas de vento para tentar cortar ao menos o cajado de Deci, mas não estava adiantando muito.

Royne estava ao meu lado em abraçou de uma forma meiga e disse:

— Confie em mim - ele começou a mentalizar e eu senti a varinha de Ruan novamente e agora eu senti que precisava dela na minha mão. Vi a luz sair das mãos do Royne e junto alguns corações indo em direção a Deci, então a luz os corações passaram por ele e começou a queimar ele como se fosse uma chuva ácida e a luz branca azulada o fez ficar cego fazendo com que ele colocasse a mão nos olhos e clarear um pouco.

— ROYNE SEU MALDITO! - Deci esbravejou com muita raiva. - Eu vou acabar com você - ele tentava abrir os olhos.

— Não vai, não - comecei a sentir o poder de Fai e lancei nele, mas o mesmo desviou mesmo sego.

— Forasteira, não me vencera assim tão facilmente - ele sorriu maleficamente e do cajado ele lançou um raio negro, mas consegui desviar muito mal, mas consegui, misturei alguns poderes e lancei contra ele, mas em vão.

— Eu te vencerei custe o que custar, por que a minha missão é não deixar o mundo cair em tristeza e as pessoas deixar de ter esperanças - vi-o sorrir de uma forma sínica e me encarar.

— É o que veremos... - ele nos encara e ergue novamente o cajado e dele começa a sair uma gosma negra.  

Fen laçou o seu poder da terra em direção a Dil, para o proteger, mas a gosma a envolve.

— Seus poderes não me farão nada – Deci nos encara fixamente.

A gosma veio em nossa direção e engolindo tudo em nossa volta.

— Ayane me dê a sua mão - Royne me pediu a mão e eu dei e aos poucos a luz se tornou maior e mandamos em direção a ele, mas ele desviou e nos encarou de uma forma fria, pois enxergavam melhor e a gosma se desfez com a parte da luz e a outra parte o atingiu o machucando.

— Isso não irá ficar assim - ele levanta o cajado e sorri malignamente dizendo palavras liberando uma fumaça levemente acinzentada e transparente que era quase invisível no ar e sorriu maleficamente. - Vocês se deram bem hoje, mas nunca irão me vencer – ele ri malignamente e sumiu nos deixando ali.  

— Essa fumaça no ar que ele lançou não é coisa boa - comentou Dil.

— O que acha que é?

— Tenho um mau pressentimento sobre isso - Dil olhou sua casa e viu uma sombra negra entrar. - O cristal - ele saiu correndo para dentro e nós o acompanhamos. 

Dil abriu a porta onde a parte do seu cristal estava e viu ele só com uma manchinha meio azul bem clarinho sobrando.

— O objetivo dele era escurecer o meu cristal - ele correu e foi tentar purificar.

— Tem alguma coisa que possamos fazer Dil? – perguntei preocupada.

— Esperem um pouco e eu vou tentar purificar aqui – ele sentou-se de frente ao cristal e começou a emitir uma luz azul clara para o cristal.

Fen e eu demos uma olhada enquanto Dil ficou concentrado e eu não sabia o que fazer, então virei-me para o Royne com um sorriso no rosto.

— Você pode continuar a viagem conosco Royne? - olhei para o Dil novamente e ele estava conseguindo voltar à cor do seu cristal aos poucos.

Quando ele ia responder ouviu a voz em sua mente.

— Vou te trazer agora - Royne já ia tele portar Lin.

— Espere, ao menos me deixe dizer adeus a Ayane, melhor um até logo. - Lin respondeu com a mente.

— Não demore - o rapaz olhou nos olhos castanhos da Ayane e disse:

— Você é linda Ayane e muito corajosa, mas infelizmente eu tenho que voltar, porém nos vemos em breve.

— Eu esperai esse momento, Royne - ele me deu um sorriso tão abobado e logo se abaixou e me deu um beijo terno, mas desapareceu da mesma forma que me apareceu.

******

Lin voltou à casa do Royne assim que o viu disse:

— Pode ir começando a me explicar isso tudo, já! - ele o encarou sério.

— Irei te explicar tudo, sente-se - ele fez um gesto para o mesmo sentar e Lin sentaram-se. 


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