A outra dimensão; escrita por Val-sensei


Capítulo 10
O quinto e o sétimo guardião.




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Batia os pés na barriga do cavalo apenas para dar o comando para ele correr mais rapidamente, afinal o tempo estava curto e ainda tinha mais três guardiões pela frente e eu tinha que ser rápida.

O cavalo corria a toda velocidade levantando poeira nas laterais e atrás de mim.

Logo avistei uma aldeia muito simples e estava com algumas plantas secas e a terra era meio árida.

Avistei uma casa de madeira bem simples, parei o cavalo, desci e bati a porta da humilde casa.

Vi a porta se abrir sair um homem de cabelos castanhos, olhos amendoados, uma roupa simples e uma espécie de capa meio marrom.

— Em que posso ajudar senhorita? - ele era sério e me olhava de cima em baixo.

— Sabe onde eu posso encontrar o Fen? - olhei para ele com um sorriso.

Ele ficou me olhando por um tempo e depois mudou seus olhos para o cavalo e viu uma especial de túnica que descia pelas laterais do cavalo por baixo da cela.

— Esse cavalo é do Royne? - ele apontou para o cavalo.

— É sim - eu esperava que ele me dissesse sobre o rapaz guardião.

— Onde ele está? O que você fez com ele? - ele demonstrou certa raiva eu vi das mãos dele a terra se juntar.

— Royne voltou para o vilarejo dele para poder usar seus poderes na sua parte do cristal, ele está se corrompendo e eu não tenho tempo para brigas tolas.

— MENTIROSA! - ele lançou a terra sobre mim e eu só pensei o mais rápido que pude fiz um gesto com a mão e lancei água o que não deu muito certo por que o barro espirrou para todos os lados.

— Por que tem o poder da Aki? - ele se aproximou de mim me encarando.

Depois dele lançar o poder da terra eu deduzi que era o Fen, então o encarei e disse de uma forma segura e convicta.

— Fen, me escuta, por favor.

— Você matou o Royne? Quem é você?  Você está do lado do Deci? - ele preparava as mãos e junto vinha uma areia fina se juntando.

"Será que os únicos guardiões mais sensatos eram o Oráculo o Royne e a Tiana, por que cada um era mais maluco que o outro".  Pensei comigo o observando.

Pensei em como mostrar para ele quem eu era com os poderes que aprendi, mas vi que só pioraria as coisas e então decidi tirar a capa que eu vestia antes que ele atirasse mais areia, ou me machucasse.

Desamarrei a capa e ela caiu de uma vez no chão então ele olhou para as minhas roupas e arregalou os olhos.

Acho que a sabedoria do Oráculo me caiu bem, pois eu não poderia lutar contra o Fen afinal éramos os mocinhos daquele mundo.

— Você é a forasteira...? - ele desfez o golpe e foi até mim. - Me desculpe, mas eu, eu achei que vinha acompanhada com Royne ou a Tiana, pois foi o que eu ouvi dizer.

— Tudo bem Fen. Como disse Royne voltou para o vilarejo para manter o cristal para não ser corrompido e Tiana também, então tenho que andar sozinha de agora em diante.

— Entendi - ele pegou em minhas mãos. - Entra! Minha casa não é tão luxuosa quanto à do Royne e dos demais guardiões, mas eu gosto de morar aqui - ele foi me puxando de uma forma alegre.

Vi os móveis simples em madeira e moldados com barro bem rústico, notei que ele realmente era bem mais simples que todos os guardiões que eu tinha visitado, mas de certa forma a casa dele era acolhedora e limpa.

— Eu vou treinar você e vou acompanhar você - ele disse sorrindo para mim.

— Mas e a sua parte do cristal? - ele me olhou terno e me puxou pela mão me levando a uma porta feita de pedra de mármore bem brilhante a empurrou e eu pude ver a parte do cristal dele em um marrom bem clarinho cintilando como se nunca tivesse tocado por nada.

Caminhei até o cristal, abaixei-me, encostei-me ao cristal sentindo a mesma sensação dos anteriores e vi um jovem rapaz trabalhando em um site de coisas sobrenaturais e estudando várias histórias e estórias que pareciam bem interessantes. Aquele rapaz me pareceu muito familiar e eu olhei mais um pouco para depois voltar-me a ele.

— Fen eu já te vi antes? - perguntei a ele o encarando.

— Primeira vez que nos vimos senhorita... Ayane - levantei devagar e aquilo ficou na minha mente então ele me olhou.  - Vamos, Deci não chegara perto do meu cristal tão cedo.

— Algum motivo em particular?

— Segredo, - ele dá uma piscadela para mim de uma forma meio engraçada. - Agora vamos treinar - ele sorriu alegre e me levou a uma sala como se fosse uma caverna toda em barro, pedras que se juntavam ali formando a caverna. O que era mais engraçado e que as casas dos guardiões eram muito próximas aos poderes dos seus donos.

Começamos nossos treino e Fen era o quinto guardião que foi mais gentil durante o meu treinamento, não foi fácil aprender a usar o poder da terra com o Fen. Cada palavra dita naquela língua estranha, cada movimento para criar a terra e a lançar, cada gesto que tinha que ser feito, tudo foi magnífico, mas ainda faltavam guardiões, eu ainda tinha uma jornada pela frente, mas estar com o Fen me agradou muito, por que ele era um dos poucos guardiões que tinha me tratado bem depois do ocorrido na minha chegada e ele foi educado em me pedir desculpas pela recepção, mas foi muito bom aprender com ele ali naquele momento.

Após terminar o treino ele me olhou com um sorriso de satisfação e disse:

— Bem seu treinamento terminou. Eu vou continuar a viagem com você - ele vestiu a capa marrom e colocou o capuz em sua cabeça.

— Sua parte do cristal vai ficar bem? - estava preocupada.

— Claro que vai e sabe qual é o segredo? - ele estava com o ar travesso.

— Qual? - realmente estava curiosa para saber.

— Lembra da porta de mármore que dá acesso a parte do cristal.

— Sim, eu me lembro.

— Ele impede que parte da energia negativa que é emitida pelos Supirers e por Deci cheguem ao meu cristal e segundo o meu otimismo que tudo vai ficar bem mantém o minha parte do cristal intacta, então posso ir a qualquer lugar desde que eu esteja sintonizado meus sentimentos de otimismo a ele, mas a proteção que tenho ele fica aí sã e salvo - ele sai pela porta e eu o sigo.

Montamos o cavalo para poder continuar nossa jornada.

— Então esse é o seu segredo?

— Isso mesmo - ele bate de leve na barriga do cavalo e começamos a nossa jornada.

Senti a brisa do vento enquanto o cavalo corria pelas estradas de chão daquele lugar onde havia magia, sonhos e esperanças me fazia me sentir bem e esquecer que eu estava em outro lugar, no caso em um hospital. Eu estava mais viva que nunca e vivendo como se estivesse em uma história cheia de magias com mocinhos e vilões onde eu era a personagem principal que ia decidir tudo naquele mundo.

*****

O tempo no mundo real passava rapidamente e Ayane continuava estável na UTI. Sua família ia visitar ela e continuavam sua rotina, assim como Lin que também sempre estava por ali com ela a olhando, sonhando com a cor dos olhos dela, sonhando em vê-la acordada e bem.

Lin estava na UTI e segurava a mão da Ayane com um sorriso no rosto vendo que ela estava dormindo calma e tranquila, mas ainda sem saber se ela ia acordar ou não afinal eles passaram por tantas coisas dentro daquele hospital e seis meses já tinha passado.

— Olá Lin - doutor Rubens se aproximou do garoto.

— Doutor Rubens - ele o olhou esperançoso.

— Onde está Décio, Luana e Carlos?

— Bom acho que eles devem chegar logo. Aconteceu alguma coisa doutor?

— Sim - Lin o encarou preocupado.

— Diga doutor - ele o olhava com certo desespero.

— Fizemos alguns exames na Ayane e a chance de ela acordar aumentou para vinte e cinco por cento - ele sorriu ao rapaz.

— Isso é ótimo doutor - ele estava feliz.

— Avise a família se os vir.

— Aviso sim - ele a deixou ali e saiu acompanhando o médico até a sala de espera.

Logo Décio chegou e entrou na sala e viu Lin com um livro na mão.

— Lin, devia estudar em casa - ele senta ao lado do rapaz.

— Eu fiz mal a sua irmã, quero fazer o que eu puder para ajudá-la a voltar e deixar vocês felizes - ele o encara.

— Eu sei que não fui muito bom com você no início, mas acho que isso já se tornou mais que uma ajuda - ele o encara com os olhos cerrados. - Você gosta da minha irmã, não é? - ele o encara.

Lin fica rubro e balanças as mãos, nervoso.

— Não eu...

Décio sorriu

— Eu sabia - ele o encara de forma séria. - Não vou te entregar minha irmãzinha tão facilmente - Décio estava bem e com um pouco de esperanças;

Lin desvia os olhos e diz.

— Doutor Rubens disse que as chances de ela acordar aumentaram para vinte e cinco por cento.

— Ou seja, ainda são pequenas - ele suspira fundo. - Eu estava falando com os meus pais e se a Ayane não acordar daqui seis meses nos vamos desligar os aparelhos.

— Vocês não podem, ela vai acordar, eu tenho certeza disso - ele falou com convicção e certo desespero.

— Eu sei que você quer ver ela acordada Lin, mas deixar minha irmã nesses aparelhos sofrendo é muito triste e...

Lin se levantou com uma cara séria.

— Eu estou fazendo tudo para sua irmã, eu estou colocando todas as minhas esperanças nisso e nem que eu tenha que esperar anos eu vou ter fé que ela vai acordar - ele saiu o deixando ali.

Décio suspirou fundo e olhou para o corredor onde dava acesso ao quarto de UTI que sua irmã estava e a olhou com pesar.

— Queria ter o mesmo pensamento que Lin, nanica, mas ver você assim me dói muito... - ele derrama lágrimas e sai do corredor desesperançoso.

Décio volta para a sala de espera e fica ali sozinho com seus pensamentos.

******

Fen e eu continuamos pela estrada e não demorou muito até chegarmos a outro vilarejo que tinha árvores em formato de coração, flores de todas as cores espalhadas por todos os terrenos das casas. As casas lembravam um coração em um vermelho mais bordo e logo chegamos a uma casa que além de parecer um coração tinha uns enfeites de rendas nas janelas tudo no formato de coração e na cor vermelho e branco, sem falar que era um pouco exagerado todas aquelas rendas, alguns ursinhos de pelúcia em forma de coração tinha até uma fonte de chocolate no quintal e sobre ela um anjo apontando uma flecha para um coração dependurando no rumo como se fosse acertar o mesmo.

Fiquei me perguntando se João e Maria tinha encontrado uma casa assim ou se realmente era só de doces. Pensei se tinha uma bruxa velha e má que poderia nos prender e nos engordar para nos comer... Acho que eu estava pensando de mais... Mas algo me tirou dos pensamentos.

Um jovem de cabelos vermelhos e longos, pele branca como a neve, lábios carnudos e vermelhos, uma capa estampada de coraçõezinhos uma roupa branca e sapatos vermelhos em forma de coração.

"Será que é a branca de neve em uma versão masculina"? Perguntei-me enquanto eu olhava o jovem a minha frente.

— Olá, sejam bem vindos ao meu coração - ele tinha um jeito meio extravagante, uma voz meio misturada e tinha gestos mais delicados e muito educado também.

Olhei bem para ele e vi um homossexual mais para o lado de uma garota e fiquei meio admirada, pois não achei que naquele mundo poderiam haver homossexual.

— Sou Ruan o guardião do amor - ele lançou beijos e no ar formaram coraçõezinhos que saíram voando.

Se aquilo era um poder me pareceu bem inútil.

— Eu estava a sua espera, Ayane - ele pegou a minha mão e me deu um beijo no rosto.

— Pelo visto meu nome já chegou até você, Ruan? - olhei para ele com carinho. Pelo ao menos ele aparentemente não ia me tratar mal.

— Claro, senhorita, afinal você tem aprendido muito nos seus treinamentos desde o Royne até o Fen e espero que com os meus treinamentos você ainda fique mais amável - ele dá um sorriso e beijou a minha mão.

"Ficar mais amável"? Perguntei-me imaginando como seria esse treinamento para eu ficar mais amável. Será que seria de coraçõezinhos flutuantes como ele soprou uns ao nos receber.

Aquele guardião estava meio duvidoso a meu ver.

— Me acompanhe, por favor - ele abriu a porta que também era em formato de coração e acompanhamo-lo.

— Ruan ainda não entendi como vai treinar a Ayane, pois seus poderes são muito diferentes dos nossos e às vezes parecem ser um pouco inúteis.

— Meus poderes nunca foram inúteis, Fen - ele estava com aquele jeito afeminado dele. - Basta saber usá-los no momento e hora certa - ele deu um sorriso largo e galanteador para Fen.

Senti o guardião do cristal que manipulava o poder da terra tremer, provavelmente sentiu um frio na espinha.

Ruan me levou até uma porta em formato de meio coração em um tom meio rubro e abriu. Dali mesmo eu pude ver a parte do seu cristal era um tom vermelho bem bordo e transmitia tanto amor ali dentro.

— Venha - ele puxou a minha mão e me fez tocar a parte dele do cristal com a mão dele sobre a minha. - Então o que sente? - ele me perguntou enquanto uma bolha de luz vermelho bordo foi se formando diante os meus olhos e eu vi um casal em uma igreja cercado de pessoas e no corredor que tinha um tapete vermelho e em volta flores enfeitando o local e logo em seguida o casal diante de um bispo fazendo os votos para unir perante um Deus.

Senti o amor dos dois ali naquele momento, como se nada mais importasse, senti a ternura, a beleza e alegria dos dois.

Sorri e pensei: "Será que um dia eu vou sentir essa felicidade de amar alguém"?

— Claro que vai - ele estava animado e virou-se para mim e estendeu uma pequena varinha com um coraçãozinho na ponta.

Olhei aquela varinha e me senti a própria fada madrinha da Cinderela com direito a bibidi, bobidi, bum e tudo mais.

— O que eu vou fazer com ela? - perguntei pegando a mesma e olhando sem acreditar muito no que aquela pequena varinha podia fazer.

— Essa é a varinha do amor e eu estou te emprestando ela até você derrotar o Deci.

— Eu vou te devolver se eu derrotar esse cara, mas o que exatamente é para eu fazer? - eu esperava aqueles treinos doidos com poderes vindo para cima de mim, me ferindo, me machucando, me deixando cansada, mas ele só me respondeu.

— Para amar não é necessário treinamento, basta apenas sentir o seu coração e o que você quer que ele realize, então você ergue a varinha e ela vai liberar vários corações carregados dos seus mais preciosos sentimentos e entrar na pessoa fazendo com que o seu coração também ame.

— Só isso? - perguntei incrédula a ele.

— E você acha isso fácil? - ele estava com aquela voz afeminada.

— E não é?

— Então me mostre - ele deu um sorriso amistoso, se levantou e me estendeu a mão para me ajudar a levantar.  - Agora me mostre - eu pensei no meu irmão Décio, estava com saudade dele, o amava muito e sorri pensando no Décio então corações começaram a sair da varinha e a se esparramar no chão, pouco a pouco foi tomando forma, então uma foto do meu irmão no seu atual trabalho apareceu.

Eu arregalei os olhos assustada e peguei a foto olhando para o meu querido irmão, então abracei a foto sentindo as lágrimas quentes cair dos meus olhos e então abracei mais forte ainda a foto.

*****

Décio tinha acabado de entrar no quarto da sua irmã no quarto de UTI e a viu calma e serena então tomou uma de suas mãos com carinho.

— Eu queria muito ver os seus olhos de novo minha baixinha - ele a olhou de uma forma meiga.

— Décio... - as palavras saíram como sussurro baixo e abafado pela máscara de oxigênio e lagrimas saiam dos seus olhos mesmo com ela em coma, ela sabia que ele estava ali.

"Isso é possível"?  Ele se perguntou em pensamento a olhando com os olhos marejados também e sentiu a esperança crescer um pouco em seu coração e de agora em diante ele iria ficar mais perto dela para ver seus olhos castanhos e abertos novamente.

Décio pensou que Lin poderia ter razão e que ela poderia acordar e ser sua irmãzinha querida.


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