Ghost of Jane escrita por MissLia


Capítulo 4
Canapês




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– Está é a madrinha de casamento da Monique, Evans. Luna Tonks, o ser mais irritante do universo. – Sebastian deu um leve sorriso sarcástico, sem nem ao menos retirar suas malditas mãos de meus ombros. – Ou vocês já se conheciam? – arqueou uma de suas sobrancelhas.

– Sinto em dizer, mas nunca vi este homem mais gordo em minha vida, Miller. – apressei-me a responder sem dar a chance para que o homem pudesse abrir a boca.

– Então, o que a senhora estava fazendo batendo na janela de meu carro hoje pela manhã? – foi a vez do “Evans” arquear o sobrancelha direita acompanhado de um sorriso sarcástico nos finos lábios.

– Acho que o senhor está enganado, talvez tenha sido uma mulher muito parecida comigo, afinal de contas, hoje em dia o que não falta no mundo são mulheres loiras, concordo que a maioria mais falsa que nota de três. Mas eu garanto, não era eu.

Esse era meu plano. Negar até a morte, sei que, provavelmente, era o plano mais estúpido do mundo, já que o homem tinha me visto claramente hoje mais cedo, mas eu não tinha outra escolha. Então, era isso, contar com a péssima memória de um homem que não passava de seus trinta anos. Grande bosta, Luna.

– Não seria possível que fosse a Luna, Louis, ela estava comigo hoje desde que colocou os pés para fora de casa e eu me assegurei de que ela chegasse ao trabalho. Sempre bem ao seu lado. – Sebastian se intrometeu na conversa fazendo com que o homem, com o nome recentemente descoberto, tirasse seus olhos repletos de ira dos meus.

Soltei um suspiro aliviado assim que percebi que os ombros de Louis relaxaram e ele voltou os olhos para mim de maneira mais delicada. Mas logo que senti os braços de Sebastian ficarem mais rígidos ao meu redor eu percebi que estava em uma situação trinta vezes pior que a de antes. O Miller sabia que eu estava mentindo, ele sabia que era eu a mulher do carro e tenho certeza que ele iria exigir uma explicação.

– Estou indo a uma reunião agora, mas podemos nos encontrar mais tarde Miller, faz tempos que não sentamos para conversar. – Louis adquiriu uma postura menos rígida e se o tivesse conhecido naquele momento nunca iria imaginar que ele poderia ser dono de tal comportamento como o de hoje.

– Oh, claro, estamos indo checar o bufe do casamento, mas logo estaremos livres. Não se importa se a Luna nos acompanhar, não é mesmo?

Louis me olhou com um olhar critico, como se eu fosse acabar com o seu momento com o amigo, mas logo deu de ombros.

– Não acho que tenha algum problema. Nós vemos no “The Burns”.

Deu um leve tapinha nas costas de Sebastian e acenou com a cabeça para mim dizendo um “até logo” e logo se misturou na multidão que por ali passava.

– Você tem a noção de que não me importa quando, nem como, mas você vai ter que me contar a verdade, não é mesmo? – Sebastian perguntou ao pé do meu ouvido, me fazendo revirar os olhos.

– No faço ideia do que você está dizendo, Miller, eu nunca vi este homem em minha vida, como eu já disse, se você acredita ou não, é um problema meu. Agora vamos, estou doida para provar os canapês de que a Monique não para de falar. – o puxei pelo braço e voltamos a caminhar em direção ao bufê.

– Você não me engana, Tonks.

– Oh minha nossa! Esse canapês realmente foram feitos por mãos divinas! Nunca proveu algo tão delicioso em minha vida, preciso conversar com o chef de vocês. – disse a Marina, a mulher responsável pela degustação do bufê, enquanto pegava mais um canapê.

– Percebemos que você adorou, Luna, já que está falando de boca cheia desde que chegamos porque não parou de comer um minuto. – Sebastian resmungou ao meu lado e logo em seguida direcionou um leve sorriso a mulher em nossa frente.

Marina soltou uma risada escandalosa e eu não pude evitar revirar os olhos. Sua risada conseguia ser mais falsa que seu cabelo loiro de farmácia e seus peitos.

– Irei ver com o chef o que mais ele preparou para o casamento de seus amigos. Esperem aqui por alguns minutos, por gentileza. E ah! Pode empanturra-se de canapês, senhorita, temos mais alguns se desejar.

E assim Marina saiu da mesa em que estávamos e partiu em direção da cozinha do lugar requebrando tanto que por um momento acreditei que seu quadril ia acabar sendo deslocado. Céus, eu não queria nem pensar na dor que isso causaria. Sebastian tossiu falsamente só assim me toquei que além de mim e meus preciosos canapês, o meu maior inimigo também estava no recinto.

– Acho que devemos avisar a Monique e James que quadripliquem o número de canapês, caso contrário você não deixará os convidados nem ao menos os verem de longe. – Sebastian sorriu com deboche e eu ignorei seu comentário maldoso, como vinha fazendo desde que entramos no bufê. – Bem, eu irei ao toalhete, espero ver pelo menos intacta quando voltar, Luna, porque do jeito que você já vai logo estará comendo até os talheres.

Soltei uma risada claramente falsa e Sebastian seguiu seu caminho gargalhando como se sua maior diversão fosse acabar com meus nervos. Oh caramba, talvez Jane tenha razão, eu estou igualzinha a senhora Bennet! Sacudi a cabeça tentando tirar tal ideia de minha mente e foquei minhas energias nos maravilhosos canapês. Como seria incrível poder leva-los para casa e come-los enquanto vejo alguma série qualquer, mas isso não era possível. Ou era? Tenho certeza que não sentiram falta de dois ou três canapês que eu colocasse em minha bolsa. Com um sorriso vitorioso abri minha bolsa e enrolei quatro canapês nos guardanapos que estavam do meu lado e logo comecei a acomoda-los um em cima do outro.

– O que está fazendo, Luna?!

Com movimentos dignos de inveja dos melhores ninjas do mundo, fechei minha bolsa e olhei para trás com meus olhos arregalados. Lá estava ele, Sebastian Miller e sua eterna elegância me encaravam como se eu tivesse acabado de dizer que a China fica na América do Sul.

– Eu? Estou apenas esperando por você e Marina. Alias, será que ela vai demorar muito? Preciso resolver algumas coisas no restaurante antes dele fechar e nós ainda temos que encontrar com aquele seu amigo pancado das ideias.

– Você estava roubando canapês, não estava? – Sebastian arqueou sua sobrancelha direita ignorando totalmente o que eu tinha dito antes.

– Claro que não, Miller, não enlouquece.

– Você é uma péssima mentirosa. Se você não roubou nenhum canapê eu posso olhar sua bolsa sem problema algum, não é mesmo?

– Ora! Que audácia! Claro que não pode olhar minha, isso seria invasão de privacidade. – fiz-me de ofendida.

– Ou então posso contar a Marina sobre minhas suspeitas, tenho certeza de que ela comentará sobre o ocorrido com Monique você perde seu posto de “madrinha perfeita”.

– Você é um tremendo cretino, Sebastian Miller. Ok, eu coloquei alguns canapês na minha bolsa para comer mais tarde, mas não vejo como roubo. Eu apenas estou guardando o que poderia comer agora para mais tarde.

Sebastian soltou uma risada gostosa e me olhou como quem dissesse “está para nascer ser humano mais cara de pau que você, Luna Tonks”. Eu apenas dei de ombros e me endireitei na cadeira já que logo Marina voltou para onde estávamos com alguns papéis em mãos e um sorriso nos lábios, que, sem dúvida, também eram falsos.

O restante do tempo que passamos no bufê foi tranquilo, Sebastian ficou quietinho ao meu lado e o assunto dos canapês não foi mais tocado, pelo menos até nós colocarmos os pés na rua em direção ao “The Burns” para encontrar seu amigo Louis.

– Você tem noção de que quando chegar em casa para, finalmente, comer seus canapês eles estarão destruídos? – Sebastian perguntou assim que entramos em seu carro.

– Como os canapês porque são gostosos não porque são bonitos. Agora vamos logo, seu amigo não deve gostar de esperar.

O The Burns era um dos melhores bares da cidades, sempre frequentado por pessoas de um poder aquisitivo superior, ou seja, eu nunca tinha colocados meus pezinhos para dentro de suas portas. Já tinha passado pela frente diversas vezes quando ia me encontrar com alguns amigos no nosso bar preferido, o Barrecus, que ficava uma quadra de distância, onde bebíamos cerveja e jogávamos sinuca. Mas isso não me impedia imaginar como o The Burns era por dentro, imaginava garçons percorrendo o lugar com bebidas mais caras que minha geladeira, algum palco onde eles recebiam suas grandes estrelas, como Beyonce e Lady Gaga. Acontece que não era nada daquilo que eu imaginava, todo o glamour era um exagero, por dentro era um bar normal, um ambiente mais escuro, com algumas mesas e uma boa pista de dança. Pablo, meu melhor amigo, ficaria extremamente decepcionado se visse a realidade, para ele qualquer lugar onde a Beyonce já colocou os pés é, no mínimo, banhado a ouro.

Foi encontrar Louis Evans sentado em uma mesa mais próxima a pista de dança. Ele tinha um copo em mãos que logo que me aproximei descobri ser cerveja. Espera. Eles bebem cerveja por aqui? Claro que bebem, Luna, aquelas cervejas que você teria que vender o rim para pagar. Assim que nos viu Louis se levantou e eu pude analisar melhor seu corpo. Sem dúvida alguma era um belo corpo. Seu quadril era mais largo e suas coxas, apesar de bem cobertas por sua calça, eram fartas e musculosas, ele agora estava sem sua gravata e com alguns botões da camisa mais abertos, o que lhe dava um ar mais informal. Ele é aquele tipo de homem que tudo o que você consegue pensar quando o olha é: “Caramba, como quero apertar essa bunda”.

– Que bom que vocês vieram! Achei que iam me dar um bolo. – Louis riu e bagunçou os cabelos com as mãos.

– Claro que não, cara! Você sabe muito bem que não sou o Khalil.

Os dois riram como se fosse a coisa mais engraçada do mundo e para não ficar como uma palhaça também ri como se fizesse todo o sentido para mim sobre o que eles estavam falando. O que diabos era Khalil? Algum tipo de programa de televisão? Ou um livro? Os dois pararam de rir na hora e me encararam.

– Ela já conhece o Khalil? – Louis perguntou a Sebastian, como se eu nem ao menos estivesse ali.

– Não, ainda não tive oportunidade de apresenta-los, mas tenho certeza que vão se dar bem. Luna é o tipo de pessoal que o Khalil adora. – Sebastian respondeu e deu de ombros logo se sentando ao lado do amigo.

Oh, então Khalil é, na verdade, uma pessoa. E pelo artigo masculino que eles utilizaram, é um homem. Muito bem, eu acabei ficando realmente como uma palhaça, mas como diabos eu iria saber que Khalil é nome de pessoa? Eu nunca tinha ouvido em toda minha vida! Bufei frustrada, mas me acomodei na cadeira ao lado de Sebastian, apesar de que, tudo o que eu queria no momento era voltar para minha casa.

– O que os senhores desejam? – um garçom apareceu ao meu lado com um bloquinho em mãos pronto para anotar nossos pedidos.

– Eu vou querer uma dose de tequila, por favor. O mais rápido que você conseguir. – eu respondi apressadamente. Eu precisava de álcool ou ia acabar cavando um buraco no chão e enfiando minha cabeça ali mesmo, como um avestruz.

– Eu vou querer o mesmo que Louis, por favor. – Sebastian respondeu simplesmente e voltou-se para a conversa com o amigo.

– Eu vou ao banheiro. Volto já. – anunciei e me levantei com certa pressa quase derrubando a mesa no chão.

Comecei a caminhar em direção ao banheiro, mas antes que ficasse longe o suficiente para ouvir mais nada consegui entender o que Louis confidenciava a Sebastian enquanto os dois riam. “Essa garota é completamente pirada, Miller!”, ele disse. Ótimo, era tudo que eu precisava, o cara que eu tenho que juntar com sua “alma gêmea” me odeia. Jane vai me matar. Por falar em Jane, por onde ela anda?


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