Pequenos Grandes Problemas escrita por Pipe


Capítulo 2
Lindos mas insuportaveis




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/6424/chapter/2

Omi não sabia o que pensar... Como Aya podia ter ficado daquele tamanho? Estava cansado, arranhado, sem roupas... O que teria acontecido? Os mesmos pensamentos estavam passando pelas mentes dos outros dois, porque Yohji virou-se para trás ao parar num cruzamento.


-E agora?


-Ele precisa de um banho, de roupas, cuidar desses esfolados, comer alguma coisa... - listou Omi, sempre prático.


-Porque será que ele está desse jeito?


-Nem imagino, Ken-kun, mas aposto que as Scheirents tem uma boa parcela de culpa nisso.


-Bom... - Yohji engatou a marcha, voltando sua atenção para o caminho. - Um problema de cada vez... Roupas às 4 da manhã não vai dar...


-Tem um shopping em K... que fica 24 horas aberto...


-Sinto muito, Omiitchi, mas eu to cansado demais pra dirigir até lá e ainda escolher roupas... Depois que a gente dormir um pouco eu irei.


-Mas a gente podia passar na loja de conveniência perto de casa e comprar uma mamadeira. - sugeriu Ken.


-Mamadeira?


-Sim... Um pouco do que eu lembro dos meus priminhos é que quando eles brincavam muito, muito, desmaiavam de cansaço e minhas tias davam banho neles e uma mamadeira sem precisar acorda-los. Pelo jeito o Aya está no mesmo estado, podemos vira-lo do avesso que ele nem vai saber...


Omi e Yohji olhavam para Ken como se tivesse nascido um par de antenas verdes em sua testa. Yohji murmurou algo como "preciso rever meus conceitos sobre você, Kenken" e parou na lojinha. Ken comprou duas mamadeiras e foram pra casa. Como ele previu, eles tiraram a camiseta molhada de Aya, deram um banho morno nele, cuidaram dos esfolados e o máximo que o garoto fez foi resmungar algumas vezes.

Ken foi para a cozinha, preparou um achocolatado e subiu.


-Acha? Ele vai querer nos fatiar com a faca de pão se descobrir...- Omi estava horrorizado com a idéia de dar uma mamadeira ao "intrépido líder dos Weiss".


Antes que alguém respondesse, a barriguinha pálida roncou. Yohji riu:


-Taí a resposta. A gente pensa depois em fugir se ele acordar. Eu não sei dar mamadeira pra ninguém. E ele ta morto de cansaço pra se virar sozinho.


-Eu dou. Só deixa a porta aberta pra que eu tenha pra onde correr se ele acordar.


Ken se ajeitou na cama de Aya ao lado dele, levantou um pouco o travesseiro e com cuidado, foi passando o bico de borracha nos lábios do menino. Hesitante, a boquinha se abriu e passou a sugar o leite, até fazendo barulho. Omi e Yohji se ajoelharam ao lado da cama pra ver, os três com aquela cara de oh-que-coisa-mais-cute-cute. Ao faltar um dedo pra acabar, Aya se virou na cama, largando e procurando se ajeitar melhor. Ken suspirou aliviado, arrumou o travesseiro e cobriu o menino. Teve que se segurar pra não beijar a testa dele e saiu com os outros dois do quarto, tendo o cuidado de NÃO fechar a porta.


-Se ele se sentir mal ou acordar, a gente vai saber... (bocejo) foi uma noite bem longa...


-E vai ser um dia mais longo ainda... - Yohji se espreguiçou, abrindo a porta do quarto. -Vamos tentar descansar um pouco.


Enquanto isso, na casa dos Schwarz, as coisas foram um pouco mais diferentes... Quando chegaram, Nagi foi encher a banheira para Brad tomar um banho quente. Todos os esfolados dele arderam e latejaram na hora, levando-o a xingar enormemente as Scheirents e "aquele ruivo maldito".

O pior ainda o esperava na saída do banho. Nagi tinha desenterrado do fundo do baú umas roupas suas pequenas e ainda assim ficavam grandes nele. E pra completar Farfarello se prontificou a cuidar dos esfolados enquanto Nagi ia providenciar algo para o pequeno comer. O telecinético pensou um pouco, mas o olhar de Farfie era tão doce... E Crawford precisava se alimentar. Deixou. Brad sentiu um arrepio correr por sua espinha, ao ver Jei se aproximar com o algodão, o antisséptico e um sorriso enviesado... Brad mordeu a boca para não gritar, mas aquilo ardia demais... Farfarello olhava para o menino se retorcendo debaixo do algodão e delirava. Quando Schuldig voltou para fazer umas perguntas ao moleque, ele já tinha adormecido, suspirando de tempos em tempos e com fome.


Depois do almoço, os olhos violetas se abriram, confusos.


-Pelo sol, deve ser bem tarde... Por que será que não acordei antes? - e foi sair da cama como sempre e... caiu. Levou o maior tombo, o barulho chamando a atenção de Omi, que vinha vê-lo.


-Aya-kun? - o loirinho colocou só a cabeça pra dentro, sem saber se devia entrar. Mas ao ver o garoto de cara no chão, correu pra junto dele. - Sua cama é um pouco alta para sua nova altura... Tem que tomar cuidado daqui por diante...


O espadachim se levantou, xingando baixinho e esfregando o nariz. Ficando enrubescido, puxou o tapete ao lado da cama para se cobrir .


-Preciso de roupas...


-Sim, Manx trouxe uma muda de roupa agora - Omi mostrou uma camiseta, um shorts e um par de sandálias pequenas. - E Yohji prometeu nos levar ao shopping para comprarmos umas coisas.


-Comprarmos umas coisas? Acha que eu vou ficar assim muito tempo?


-Não sei... como foi que você ficou assim?


Aya ia responder quando sentiu a natureza chamando. Jogou o tapetinho correndo e foi ao banheiro conjugado ao quarto, descobrindo que não alcançava o vaso. Precisou se aliviar no ralo do chuveiro e ficando na pontinha dos pés ainda não alcançava a torneira. Omi perguntou do quarto se podia ajudar em alguma coisa. Xingando mais ainda, o ruivo precisou confessar que não alcançava a torneira. O jovem arqueiro riu internamente e foi lá abrir. Colocou as coisas necessárias ao alcance do garoto e esperou que ele se banhasse e vestisse. Depois desceu com ele para a sala. Ken e Yohji ainda se surpreendiam com a nova aparência de Fujimiya, mas Manx ficou tão impressionada que perdeu a noção do perigo:


-Ai, mas ele está tão lindo! -e pegou-o no colo.


Os outros três prenderam a respiração. Aya tinha se assustado com a reação dela e perdeu a voz por um minuto. Depois pigarreou, com as bochechas vermelhas:


-Manx, me põe no chão, AGORA!


-Ops! Me perdoe, Aya, mas você está uma gracinha... Eu gosto muito de crianças, adoro meus sobrinhos... Você sabe como ficou desse tamanho?


-Sim e não. Me lembro de estar lutando com uma daquelas malucas e de repente ela avançar com um frasco na mão e me acertar no pescoço com ele. Fiquei tonto e quando acordei, já estava deste tamanho...


-No que será que elas estavam trabalhando? Uma poção encolhedora? - perguntou Ken


-Ou uma loção de rejuvenescimento. Schoen era modelo e deve ter pensado numa maneira de se manter sempre nova... - lembrou Omi. - Se elas patentearem uma fórmula dessa, enriquecerão...


-Sim, mas e os efeitos colaterais? Quais serão? - Manx passou a mão pela cabecinha ruiva no sofá perto dela. - Precisamos observa-lo bem daqui por diante, Aya.


"Se Manx está reagindo assim, imagine só as histéricas da floricultura na segunda feira. Ai, meu Deus, até quando eu vou ter que agüentar isso? Vou acabar matando uma..." - e desviou a cabeça da mão. A barriga roncou de novo.


-Epa! Tem alguém com fome...


-Então vamos. Almoçamos no shopping! - Yohji se levantou, animado.


Aya bufou e acompanhou-os. Já ficou de mau humor (um pouco mais) por ter que ir no banco de trás do carro de Manx, atado num cinto de segurança infantil. No shopping ele quis morrer. O segurança da garagem mandou que os rapazes segurassem ele muito bem pela mão que hoje era dia de grande movimento e eles podiam perde-lo e na hora da escada rolante, outro segurança pediu para o Yohji pegá-lo no colo que crianças menores de quatro anos não devem andar de escada rolante sozinhas (1). Tanto um quanto o outro receberam um belo olhar "shine" mas Ken resolveu, pegando-o e pondo no pescoço:


-Vamos, vamos, não adianta reclamar. Temos que jogar conforme as regras... Imagino que não deve ser fácil pra você aceitar, Aya, mas... nos ajude.


O ruivo suspirou. E cruzou os braços, apoiando no topo da cabeça de Ken.


-Onde primeiro?


-Comer, que dúvida. - e viraram para a praça de alimentação.


Apesar de não gostar de refrigerante, dividir uma cerveja com Yohji estava fora de cogitação para o pequeno. Então ele teve que se contentar com suco de laranja. Logo após comer, banheiro. "Que droga! Eu não consigo me conter por muito tempo..." Manx esfregou as mãos quando Omi o trouxe de volta.


-Agora, ÀS COMPRAS!


-Ai, meu cartão de crédito...


Foi um momento surreal nas lojas de roupas... Aya olhava para os companheiros como se eles tivessem surtado. E estavam mesmo irreconhecíveis. Queriam comprar metade das lojas, e cada roupa uma mais esdrúxula que a outra.

Miniatura de cowboy, de motoqueiro, de roqueiro... Fujimiya se recusou a experimenta-las, preferindo pequenos jeans, shorts confortáveis e fáceis de tirar, camisetas sem estampas ("Não vou usar camisa de Pokemon, Hidaka!") tênis e mocassins. Compraram bonés e boinas, cuequinhas ("Não vou usar cuequinha do Taz, Hidaka!"), meias ("Só um par desses de Hamtaro, Omi! Só um!"), Aya pediu duas escadas de dois degraus, uma para a cozinha outra para o banheiro.


-Ufa. Enxoval completo...


-Ainda falta a seção de brinquedos.


-HEIN?


-Como vamos manter um disfarce sem brinquedos? Onde já se viu uma criança desse tamanho sem brinquedos?


"Desconfio que quem vai brincar é ele." E foi arrastado para as lojas de brinquedos. Yohji jogava charme pra cima da ruiva enquanto isso:


-Você tem mesmo muito jeito com crianças, Manx. Vai ser uma ótima mãe...


-Eu adoro meus sobrinhos. São ótimos porque são sobrinhos. Se eu me canso devolvo pra mãe deles... - riram da brincadeira, depois ela ficou séria - Mas será que vamos trazer Aya de volta? Será que é possível?


-Ele vai ter que fazer uns testes clínicos, não? Vamos nos preocupar com uma coisa de cada vez e...


-Que foi?


-Schwarz! Na mesma loja de brinquedos que os três entraram... Vamos!


Crawford não era Fujimiya. Já tinha feito escândalo na loja de roupas, se jogando no chão pra ter as roupas que queria, e estava nervoso porque não eram de grife conhecida (até eram, mas ele não conhecia AQUELAS grifes infantis), outro escândalo na lanchonete, por não ter a comida que ele esperava e agora ia arrumar outro na loja de brinquedos, por não querer nenhum. Schuldig estressou:


-Você vai arrumar alguma coisa pra se distrair aqui, porque senão, eu vou deixar o Farfarelo dormir na sua cama hoje. Com o vidro de álcool. E uma gilete!


Farfie quase teve um orgasmo ao pensar nisso. Brad olhou para o alemão sem acreditar.


-Sabe com quem você está falando?


-Com um nanico petulante que vai levar umas palmadas senão baixar a bola. Viu como foi fácil ver o seu futuro, Brad?


O moreno até tremeu de raiva. "Maldita Scheirent!" Foi andando furioso pelos corredores. Farfarelo rindo dele. Nagi acompanhando sem prestar atenção neles, encantado na verdade pela quantidade de brinquedos... Até que ouviu uma voz conhecida:


-Prefiro este, então. Agora chega! Já perdemos tempo demais aqui.


-Não quer mesmo um jacaré de pelúcia?


Brad virou a prateleira pra dar de frente com Aya segurando um corvete vermelho de controle remoto. Sem nem refletir, passou a mão no carrinho mostrando ao ruivo que vinha atrás:


-Quero esse!


-Esse não. JÁ É MEU!


-É MEU!


-MEU! LARGA!


-VEM TIRAR...


De um lado e de outro, os olhares e as bocas se arregalaram. Ken e Schuldig se adiantaram para pegar os pequenos, antes que se pegassem de verdade. O telepata virou com Brad no colo e com o carrinho. Aya esperneou.


-Mas ele ta levando o MEU carrinho...


-Pega outro na prateleira... - Omi sugeriu.


-QUERO AQUELE! EU PEGUEI PRIMEIRO! SHIIIIIINEEEEE, BRAD, F.D.P!


-Aya-kun!


-Aya... - Yohji deu outro carrinho na mão dele. - Deixa de ser criança...


O espadachim se tocou do papel que estava fazendo, ficou enrubescido pela enésima vez no dia e abaixou a cabeça no ombro de Ken. Yohji e Manx trocaram um olhar, e acenando com a cabeça aos outros dois Weiss, foram para o caixa, demorando um pouco pra ver se não encontravam mais com nenhum Schwarz. Levaram as compras pra casa, Manx ficou de ligar confirmando a hora dos exames do menino, Omi indo para a cozinha preparar um lanche... Aya estava envergonhado e abatido. Foi para o quarto e praticamente escalou a cama. Se esparramou nela e adormeceu, cansado das compras. Lá embaixo os três trocavam impressões:


-Que foi aquilo? Ele e o Brad iam se pegar por causa de um carrinho mesmo?


-Isso é o normal entre crianças pequenas... Será que essa tal loção afeta o comportamento dos adultos?


-Será que eles vão regredir mentalmente até equiparar ao tamanho dos corpos?


Ken e Yohji olharam para Omi. Era uma questão muito séria aquela.


-Temos que observa-lo atentamente daqui pra frente.



N/A: Sinto muito se está meio (??) OOC, mas tenham em mente que isto é uma comédia... (1) É verdade, crianças pequenas não devem andar de escada rolante sozinhas, correm vários riscos, o pior deles prender alguma peça do vestuário nas engrenagens. Eu dei risada sozinha ao pensar nos dois líderes brigando por um carrinho... E quanto às reclamações de Aya na escolha da roupa mas topando comprar o par de meia porque Omi pediu, bem, minhas fontes me asseguraram que o ruivo não consegue negar nada ao loirinho, e eu pude comprovar...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pequenos Grandes Problemas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.