Não me esqueci mais da vez que fui na casa dele. Aquele baka...

Quase três meses de namoro e todos nós entramos de férias. Uma vez durante esses meses, Akashi pegou meu celular e ligou para o dele para conseguir meu número de telefone. Eu fiz cara de tédio e ele riu. Foi assim que ele conseguia me mandar mensagem de texto durante as duas primeiras semanas de férias. Se eu não respondesse ele me ligava e dizia que sentia falta da minha voz. Ele fazia isso tantas vezes quando eu ignorava suas mensagens que quando ele dizia meu nome de forma manhosa e pidona, eu segurava minha risada para ele não saber que eu achava graça dele falando daquele jeito. Mas quando eu desligava minha risada saía naturalmente.

Numa tarde, depois do banho eu voltava para o meu quarto secando um pouco o cabelo com a toalha. Meu celular tocou e eu vi o nome no visor.

– Yue-san?

– Ahhh, que formal! – Ela exclamou.

Deixei escapar uma risada.

– Hum? Está rindo?

– Hai... – Disse sem jeito.

– Kawaii! – Ela disse abobada.

– O que houve?

– Ne, ne! Naoko disse que Reo disse a ela que...

– Que?! – Exclamei.

– Reo disse a ela que Akashi-kun vai nos chamar para ir numa fazenda! – Ela disse animada.

– E por que você está contando?

– Ansiosa. – Ela deu risadinhas.

– Hum, fazenda?

– Hai! – Ela sorriu – Ele não explicou direito a ela, então não sei os detalhes.

– Ah...

– Vai ser tão legal! – Ela dizia animada.

Enquanto Yue e eu conversávamos eu pensava no assunto. Akashi nos levaria a uma fazenda, a família dele era bem rica mesmo. Me senti um pouco mal por isso, éramos diferentes. A casa dele parecia quase uma mansão! Se colocassem nossas casas lado a lado, seria uma mansão magnífica e um barraco fora de contexto. Será que ele gostava mesmo de mim? Afinal, ele tinha dinheiro e eu não.

...

Como Yue disse, Akashi me ligou dias depois e perguntou se eu queria ir com eles para a fazenda. Kotarou, Yue, Reo e Naoko já haviam confirmado. Pensei em dizer não, mas... Achei legal a ideia e, não sei por que, queria ficar ao lado dele. Ele pareceu surpreso e muito feliz quando eu disse sim.

Um dia antes de irmos, eu estava arrumando minha mala no quarto. Tentando me lembrar se eu esquecera algo. Sentei na cama e suspirei. Iria mesmo viajar com ele... Nossos amigos também iriam, mas nós estaríamos juntos de toda forma. E eu... Estava nervosa.

Minha mãe entrou no quarto e sorriu gentilmente, se sentando na cadeira.

– Mina, preciso falar com você.

– Hum. – Assenti – Nani?

– Bem... Gostaria de conversar com você sobre sexo. – Ela disse sem rodeios.

Arregalei os olhos enquanto processava.

– QUE?!

– Você vai viajar com seu namorado, precisamos conversar.

– N-Não vai acontecer nada! – Exclamei.

– Eu sei, confio em você. – Ela sorriu – Mas em todo caso... – Ela esticou o braço e me deu uma camisinha.

– Ah! – Exclamei e a joguei na cama – Não vamos fazer nada!

– Hai, hai. – Ela cantarolou sorrindo – Mas leve mesmo assim, se não vou pôr uma caixa dessas na sua mala.

– Uhm...! – Engasguei com as palavras.

Minha mãe era doida ou era apenas impressão minha?! No dia seguinte, me arrumei e peguei minha mala, indo para a estação de trem. Minha mãe se despediu animada, me desejando boa sorte. Fiz cara de tédio e apenas um sinal positivo com a mão. Quando cheguei na estação, Yue e Kotarou chegaram também.

– Mina! – Ela correu e me abraçou – Que bom que veio mesmo!

– Hai... – Corei.

Entramos e fomos para o ponto marcado, onde Akashi, Mibuchi e Naoko estavam. Esperamos o horário e Naoko dava um sorriso bem largo em minha direção, o que me fez desconfiar um pouco. O trem chegou e entramos apenas com as bagagens de mão. Quando chegamos na classe econômica procurei por um assento, mas Akashi segurou meus ombros sorrindo e me fez continuar a andar.

– Oe,... Vamos para a primeira classe! – Tentei parar de andar.

– Eu sei. – Ele disse.

Escutei Yue dar uma risadinha e Naoko rir. Entramos na primeira classe e Akashi me levou para os nossos assentos. Era lindo! Ao contrário da classe econômica, a primeira classe tinha bancos espaçosos, um par de frente para outro, uma mesa pequena entre eles e uma grande janela de onde se via a vista.

– Anou...

– Akashi conseguiu pra gente. – Kotarou disse se sentando ao lado de Akashi.

– Arigatou. – Yue disse animada – Nee, Mina?

– Hai... – Disse sem jeito.

Akashi pagou por isso tudo? Me senti um pouco mal por isso, eu nunca conseguiria pagar por um assento na primeira classe. Akashi percebeu minha expressão cabisbaixa e ia dizer algo, mas Yue me balançou, chamando minha atenção para Naoko e Mibuchi, que estavam nos assentos ao lado com ela conversando animada com ele.

– Será que já rolou ou vai rolar na viagem? – Yue riu maliciosamente.

– Hã?

– Ela já completou. – Ela me olhou com um sorrisinho.

Fiz cara de tédio, havia garotos na nossa frente, ne!

– Yue...

– O que é? – Kotarou perguntou.

– Acho que Naoko vai dormir com Reo-kun. – Ela disse com um sorriso.

– Yue...! Hum... – Exclamei e resmunguei, revirando os olhos e os tampando com a mão em direção à janela.

Akashi sorriu achando graça. Foram duas horas de trem com Yue fofocando com Koratou. Não apenas sobre Naoko, mas sobre tudo. Relembrei ali que ela falava muito, mas pelo que vi ele gostava de ouvi-la. Isso era bom, ne. Descemos na estação e quando o trem partiu eu vi a paisagem do campo. Fiquei boquiaberta, era lindo demais! De repente Akashi beijou minha bochecha, me despertando.

– Oe... – Me assustei.

– Vamos?

– Hum, hai. – Corei.

Logo que saímos da estação um carro veio nos buscar. Toda vez que algo luxuoso surgia e que tinha a ver com Akashi, eu me sentia mal. Nós éramos tão diferentes... Uns vinte minutos depois chegamos à fazenda, um lugar imenso cheios de animais. Quando descemos do carro, vários empregados que passavam por ali cumprimentaram Akashi. Colocamos as malas num quarto e saímos. Como estávamos cansados, ele disse que podíamos ficar na piscina aquela tarde. “Piscina”, tinha que ter uma lá, nem fiquei tão surpresa com isso. Como Akashi já havia me avisado, eu levei meu biquíni. E para constar... Minha mãe comprava meus biquínis.

– Anda logo, Mina! – Naoko exclamou.

Mibuchi já estava na piscina e ela entrou, se jogando em seus braços. Kotarou pulou na piscina e Yue ficou na borda, conversando com ele. Akashi estava sentado na cadeira de tomar sol, bebendo suco com canudo. Eu apareci andando envergonhada. Yue olhou para trás sorrindo e me fitou, franzindo a testa indignada.

– Mina!

– Eh? – A olhei em dúvida.

– Por que você está de casaco?! – Ela exclamou.

Akashi abaixou a cabeça e sorriu, querendo na verdade rir. Eu corei e fui até ela, agachando e cochichando que minha mãe comprara meu biquíni. Fui até a outra cadeira ao lado de Akashi e ia me sentar, mas Yue levantou e correu em minha direção.

– Oe, acho que seu casaco está sujo. – Ela o analisava.

– Aonde? – Perguntei tentando ver.

Ela procurava a sujeira e pegou na manga do casaco, puxando-a e me girando rápido para tirá-lo.

– Oe...! – Ia correr, mas ela pulou na piscina.

Fiquei paralisada com a mão esticada. Yue emergiu e começou a rir.

– Molhou! – Ela exclamou.

– Bakayarou... – Disse sem reação.

Olhei para o lado ao perceber Akashi me fitando e cobri os seios para ele não ver.

– Hum. – Corei – Minha mãe que comprou.

– Aham... – Ele não parava de olhar.

– Pára! – Exclamei.

– Gomen! – Ele corou e virou o rosto rápido, voltando a beber seu suco.

Meu biquíni era preto e dava para ver as curvas do meu corpo, mas eu tinha vergonha. Yue gargalhou e eles começaram a brincar na água. Eu fiquei sentada na cadeira, o tempo estava bom e eu não quis entrar na água. Akashi mergulhou apenas uma vez e se sentou de novo. O fitei pelo canto do olho e, não sei por que, o achei bonito com o cabelo molhado. Corei um pouco com os olhos meio abertos, ele era tão bonito. Depois da piscina, tomamos banho e jantamos. A comida estava ótima! Cada um pegou suas malas e foram para os quartos. A mala de Yue ainda estava no mesmo quarto que o meu e tive esperança de que ela dormisse no mesmo quarto comigo. Alguém bateu na porta e a abriu, era Akashi.

– Konbanwa. – Ele sorriu.

– Hum.

Ele se aproximou e sentou ao meu lado na cama.

– Reo e Naoko vão dormir no mesmo quarto. – Ele deixou uma risada escapar.

– Ah... – Sorri – Acho que eles vão dormir juntos.

– Hum. – Ele riu – Yue está conversando com Kotarou, ela disse que daqui a pouco vai vir para cá.

Quase suspirei aliviada!

– Ne. – Ele disse.

– Hum?

– Você estava bonita hoje. Na piscina. – Ele olhava nos meus olhos.

Desviei o olhar e corei.

– Hum. Não gosto muito daquele biquíni.

– Verdade? Ficou bem bonito. – Ele sorriu, pondo uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

Me encolhi e ele parou.

– Mina...

– Uh?

– Deixa eu te beijar...

O fitei em dúvida e vi seus olhos meio abertos. Um olhar calmo, mas ao mesmo tempo de que demonstrava que ele estava se segurando. Percebi que ele queria mesmo me beijar.

– Hum. – Corei – Só... Não exagera.

– Hai. – Ele sorriu levemente.

Ele aproximou o rosto do meu e pôs a mão gentilmente em meu braço ao passo que me beijava. Senti os lábios dele, também queria beijá-lo, mas tinha vergonha. Principalmente quando me lembrava da vez que ele tentou pôr a língua dentro da minha boca. Eu o beijava nervosa e com isso ele também não conseguia me beijar. Akashi cessou o beijo, mas começou a beijar meu pescoço, o que me vez encolher os ombros. Ele correu a mão para o meu ombro e o acariciou, como se me acalmasse. Minha respiração estava pesada, mas ao passo que ele me beijava e fazia carinho no meu ombro, eu relaxei a postura e a respiração. O beijo começou a ficar bom e eu extasiada.

– Akashi... – Ia pedir para parar, estava com vergonha.

Ele me beijou na boca, o que me fez ficar ofegante. Me deitou na cama e deitou bem perto de mim, continuando o beijo. Eu estava nervosa, mas agora estava bom. Pus a mão no ombro dele e apertei sua camisa. Ele correu a mão do meu ombro ao braço até alcançar minha mão, pegando-a e a pondo contra o travesseiro. Ele a segurava gentilmente, relaxei mais. Voltou a beijar meu pescoço e correu a mão para minha cintura, o que me fez ficar ofegante. Me beijou de novo e começou a subir a mão. Eu respirava ofegante e antes dele tocar meu seio segurei sua mão, mantendo-a parada. Ele cessou o beijo, ofegante e me olhou. Eu o olhava corada, extasiada.

– Gomen. – Ele disse, se sentando.

Naquele momento Yue entrou no quarto e nos viu. Eu ainda estava deitada, ofegante e ele sentado ao meu lado, também ofegante.

– Hum. – Ela cantarolou – Gomen, gomen. Eu ia dormir.

Me sentei fazendo cara de tédio. Akashi beijou minha testa e levantou, indo em direção à porta. Nos deu boa noite e fechou a porta. Yue me olhou como quem queria rir e deitou na cama.

– Nee, Naoko e Reo-kun já estão fazendo. – Ela riu.

– Hum. – Me cobri e deitei.

– Desculpe por atrapalhar vocês.

– Não estávamos fazendo nada.

– Sei... – Ela riu.

Me virei dando boa noite e fechei os olhos ao som das risadinhas dela.

...

Os dias se seguiram e aproveitamos bastante. Enquanto Naoko e Reo, e Yue e Kotarou caminhavam, Akashi ficava sentado na varanda comigo, jogando xadrez. A cada jogada que ele fazia, olhava para mim com um sorriso. Eu sorria mordendo o lábio e fazia minha jogada. No final eu sempre perdia...

Tinha cavalos na fazenda e cada um cavalgou em um deles. Kotarou num marrom, Reo num cor de mel, Naoko num branco e Yue num malhado. Eu não quis montar em nenhum, tive medo, mas Akashi me pegou no colo e me pôs em cima de seu cavalo, subindo em seguida e ficando atrás de mim. Ele era marrom-escuro, lindo! Eu estava encolhida e com vergonha por Akashi estar tão perto atrás de mim. Ele percebeu e foi para frente para pegar a rédea.

– Oe. – Resmunguei.

Ele deixou escapar uma risada.

– Foi sem querer.

– Mentira.

Começamos a cavalgar pela fazenda, o que eu realmente achei divertido, porém Akashi estava se mexendo demais e eu fiz cara de tédio pensando ser culpa dele.

– Pára com isso. – Virei um pouco o rosto, corada.

– É o cavalo. – Ele riu.

– Hum. – Resmunguei, jogando meu braço para trás e dando uma cotovelada de leve na costela dele.

Ele riu abafado por causa da dor e apoiou a cabeça na parte de trás do meu pescoço. Se endireitou e chegou perto do meu ouvido.

– Se eu estivesse fazendo alguma coisa, você com certeza iria saber. – Ele sussurrou com uma voz sedutora.

Arregalei os olhos e quis descer do cavalo naquela hora, mas ele me segurou pela cintura e me manteve sentada.

– Estou brincando! – Exclamou rindo.

– Pára com isso!

– Não. – Ele cantarolou.

Virei meu rosto para frente emburrada. Ficamos cinco dias na fazenda. Tirando algumas brincadeiras que Akashi fazia comigo, eu gostei de estar com ele. Ele me visitou mais algumas vezes antes de dormir e nos beijávamos um pouco, eu começava a me acostumar com isso e até a gostar. Mesmo ele parecendo ser aquele garoto chato que me perturbava, às vezes ele conseguia me fazer sorrir. Eu realmente achava graça em certas coisas que ele fazia e... Acho que eu estou começando a gostar mesmo dele.