Descobrindo o amor escrita por Lailla


Capítulo 5
Sentimento




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As semanas se passaram e Akashi e eu fizemos um mês de namoro, mesmo eu ainda estranhando esse namoro. Pra ele tudo era normal, como ele mesmo dizia. Ele me abraçava em público: “É o que namorados fazem.”, ele tentava me beijar: “É normal.”, me ligava: “É o que se faz quando quer ouvir a voz de alguém”, aparecia na minha casa do nada pra me ver: “Só queria te ver.”. Eu comecei a pensar se seria melhor eu me comportar como namorada dele mesmo. Akashi, mesmo eu o achando maluco, era gentil e atencioso. Eu começava a gostar da presença dele e a me acostumar com ele me levando para casa.

Eu gostava de fazer cama de gato com um barbante que sempre guardava no bolso do meu casaco. Estava no colégio, sentada num banco debaixo de uma árvore, cruzando os dedos no barbante.

– Kon’nichiwa. – Akashi disse, sentando ao meu lado.

– Kon’nichiwa. – Disse distraída.

Ele sorriu.

– Gosta de fazer isso?

– Hai.

Ele me assistia a cruzar os dedos com o barbante, estava quase terminando.

– Nee, Akashi-kun.

– Hum?

– Por que você me escolheu pra ser sua namorada? – Perguntei olhando para o barbante.

– Eu gostei de você.

– Do tombo que eu te fiz levar?

Ele deixou uma risada escapar.

– Não. Eu apenas gostei de você, não sei explicar melhor.

– Hum. – Disse.

Terminei a cama de gato e suspirei, abaixando o olhar.

– Nani?

– Queria que você soubesse explicar melhor. – Disse cabisbaixa.

Ele acalmou o olhar.

– Nee, quer ir na minha casa?

– Nani...?! – Exclamei nervosa e arrebentei o barbante sem querer.

Olhei para as mãos e fiz cara de tédio, frustrada.

– Hum... – Suspirei.

– Ne? E então?

O olhei, corando levemente por pensar em nós na casa dele. Abaixei a cabeça e assenti com ela. Ele pareceu surpreso e pôs a mão na minha cabeça de repente, acariciando meu cabelo. O olhei em dúvida e o vi sorrir. Acalmei o olhar, por que eu me sentia a vontade com aquilo?

...

Contei as meninas pelo celular que visitaria a casa de Akashi e elas gostaram... Bastante.

O que vai rolar lá?! – Naoko gritou animada.

– Nada. – Disse quase inaudível.

Que fofo! – Yue exclamou – Kotarou também é fofo. Ele me pediu em namoro ontem!

– Hum. – Assenti.

Nee, Mina! O vai acontecer? – Naoko exclamou – Reo e eu já saímos três vezes! – Ela deu risadinha.

– Essa sua regra não serve pra nada, Naoko-san. – Disse.

Pára de usar o “san”!

É verdade. – Yue disse – Como você pensa em se segurar se fica saindo com o garoto toda hora até chegar na quarta vez?

Ah, isso é pra eu me segurar um pouco.

Espera mais um pouco. – Yue disse.

Você está falando isso, mas eu só quero ver até quando vai aguentar com Kotarou.

Run! – Yue resmungou – Mais do que você!

– Oe, minna... – Disse quase inaudível.

Nee, Mina-chan! Boa sorte! – Yue sorriu alegre.

Hai, hai! – Naoko exclamou animada – Não se preocupe, só dói no começo. – Ela riu.

– Hum... – Fiz cara de tédio.

Naoko! – Yue a recriminou.

Brincadeira! – Ela riu.

– Hum... – Suspirei – Ja ne, minna.

Hai! – Elas disseram em coro.

Desliguei o celular e comecei a pensar. Akashi-kun não era o tipo de garoto que dormia com alguém assim de repente, ne?

...

No fim de semana, eu me arrumava para ir à casa de Akashi. Minha mãe quis me ajudar e dessa vez eu me arrumei melhor, porém não por vontade própria. Ela me obrigou a vestir um vestido rosa que eu odiava e há muito tempo escondia no armário, dizendo que finalmente eu teria motivo para usá-lo. Ele era de alças finas, decote reto, uma faixa branca logo abaixo do busto e a saia levemente rodada, apenas um pouco e os sapatos também rosados. Eu não pude nem escolher o casaco! Ela me fez vestir um casaco fino e claro. Arrumou meu cabelo e amarrou uma fita da mesma cor do vestido, fazendo um laço no topo.

– Eu estou ridícula. – Disse enquanto me olhava no espelho com ela continuando a me ajeitar.

– Não está não. – Ela sorriu, agora ajeitando meu cabelo – Eu li no jornal que o pai de Akashi-kun tem um próprio negócio e é bem rico.

– E daí?

– Ou seja, – Ela deu ênfase pela minha ignorância – a casa deles deve ser bem bonita e se o pai dele estiver lá você não vai querer conhecê-lo de qualquer jeito, ne?

– Hum. – Suspirei, não queria nem ir lá mais.

Depois das brincadeiras de Naoko, eu estava com medo de passar da entrada. A campainha soou e minha mãe correu animada para atender. Fiz cara de tédio, não era eu que deveria estar assim? Ela abriu a porta e o deixou entrar.

– Mina! – Minha mãe me chamou – Akashi-kun chegou! Vem!

Não! – Exclamei do quarto.

Eles olharam em dúvida para a porta e minha mãe suspirou.

– Oe, garota! Anda logo! – Ela exclamou.

Franzi a testa indignada, mas saí do quarto. Quando cheguei na sala Akashi pareceu ter ficado surpreso. Meu olhar estava baixo e minhas bochechas coradas.

– Kon’nichiwa. – Disse envergonhada.

– Uhm... – Ele abriu a boca para dizer algo, mas por alguma razão não disse.

O olhei em dúvida e percebi que minha mãe tinha razão. Akashi estava com um sapato escuro, calça caqui clara e uma blusa escura por baixo da sua blusa social preta, onde as mangas estavam dobradas até o antebraço. O olhei surpresa, ele estava realmente bonito.

– Kawaii! – Minha mãe exclamou com as mãos juntas, o que nos despertou.

A olhei, franzindo a testa.

– Ne, vamos? – Akashi sorriu.

– Hum, hai. – Disse tímida.

– Ja ne! – Minha mãe sorriu alegre.

Suspirei ao passarmos pelo meu portão e meu olhar ficou em dúvida ao ver um carro na frente da minha casa.

– Hum? – Olhei para ele.

– Ah, é. – Ele sorriu – Minha casa é um pouco longe.

– Hum. – Assenti.

Ele abriu a porta pra mim e entramos no carro. A casa dele era realmente longe, não muito, mas era. Eu olhava pela janela, vendo a paisagem e Akashi me fitava o tempo todo, sorrindo. Num dado momento, chegamos a uma rua que tinha muitas árvores e quase nenhuma casa, apenas muros grandes e claros com um espaçamento grande entre entradas de garagem. O carro desacelerou um pouco e passamos por uma daquelas entradas. O portão era grande e ao passarmos do muro, arregalei os olhos ao ver um grande quintal com caminho de pedras para o carro e logo depois uma grande casa.

– Uhm... – Gaguejava – Essa é... A sua casa? – O olhei pasma.

A casa dele era imensa! Era uma mistura de luxo – Muito, muito luxo! – e casa tradicional japonesa. Ela tinha a pintura clara, o que a deixava mais luxuosa sem parecer simples.

– Sugoii... – Deixei escapar enquanto encostava as mãos no vidro.

Ele deixou escapar um sorriso e me olhou detalhadamente sem eu perceber. O carro parou e o motorista abriu a porta.

– Hai, senhorita Yume. – Ele disse.

– Hum, arigatou. – Disse sem jeito, saindo do carro.

Akashi saiu em seguida e pegou em minha mão. Andamos até a entrada e uma espécie de mordomo abriu a porta para nós, o que me assustou um pouco. Abaixei o olhar enquanto entrávamos. A minha casa em comparação à dele era um barraco. Fiquei um pouco chateada por isso, mas não sei exatamente por quê.

Ele me levou até um cômodo com duas portas grandes de madeira e a abriu, entrando comigo.

– Pai, tadaima.

O olhei em dúvida e olhei para a figura que estava sentada em uma mesa de escritório. Cabelo ruivo curto, feições mais velhas, mas ainda assim parecido com Akashi.

– Hum, Seijuro. – Ele disse, sua voz era imponente – É ela?

– Hai.

– Hum. – Ele cantarolou em resposta a análise que fizera em segundos de mim – É bonita.

Fiquei surpresa e corei um pouco, abaixando o olhar.

– Ne, o que vão fazer? – Ele perguntou – Preciso sair agora e não poderei fazer companhia a vocês.

– Hai, tudo bem. – Akashi-kun disse.

– Hum. – O pai dele fez um aceno leve com a cabeça.

– Até mais tarde.

Akashi ainda segurava minha mão e eu tive medo dele perceber que eu a apertei um pouco por estar nervosa. Ele encarava aquele namoro tão seriamente para me apresentar ao pai dele? Andamos pelo corredor e um mordomo nos parou.

– Ah, Akashi-sama. Desejam algo?

– Hum. – Ele disse e me olhou como se também me perguntasse.

– Uhm... Não, arigatou. – Disse sem jeito, abaixando o olhar.

– Não, arigatou. – Ele disse ao mordomo – Nós estaremos no meu quarto.

– Hai, Akashi-sama.

Arregalei um pouco os olhos e engoli a seco. Não tinha outro lugar pra ficar não?! O mordomo se retirou e nós voltamos a andar. Ele estava um pouco a frente ainda segurando minha mão e eu com a mão cerrada na altura do peito. Tenho mesmo que admitir que estava nervosa. Ficaríamos no quarto dele... Sozinhos. Aquela baka da Naoko me assustou tanto! Já colocava na cabeça que não poderia contar a ela que fiquei com ele no quarto dele, se não ela não iria parar de cantarolar maldosamente. Virei o rosto com vergonha enquanto andávamos. O que ele pretendia fazer? Balancei a cabeça rápido, é claro que ele não faria nada! Ne? E mesmo se ele tentasse, eu o chutaria com força e sairia correndo dali! Mas... Claro que ele não vai fazer nada! Ne? Ne?! Paramos em frente a uma porta e ele a abriu. Entramos e eu levantei meu olhar de leve, ficando surpresa. O quarto dele tinha uma pintura clara, era organizado e... Eu estava mesmo no quarto de um garoto!

Tiramos os sapatos e eu fiquei em dúvida sobre o que mais me apavorava.

– Uhm... Akashi-kun?

– Hai.

– Hum. – Abaixei a cabeça – O que vamos fazer? – Perguntei nervosa.

Ele me olhou em dúvida e depois começou a rir. Eu não entendi.

– Eu já disse que não vou fazer nada. – Ele ria levemente – É que o jogo está aqui.

– Jogo? – Perguntei em dúvida.

– Hai. Shogi.

– Uhm, eu... – Gaguejei – Não sou boa em Shogi. – Abaixei o olhar.

– Hum?

Ele sorriu de repente e se aproximou, pegando em minha bochecha.

– Se quiser podemos fazer outra coisa. – Ele disse sedutoramente com os olhos meios abertos e um sorriso malicioso.

– Ah! Não! – O empurrei apavorada.

Ele começou a rir a ponto de dar gargalhadas. O olhei em dúvida, mas ainda encolhida.

– Gomen... – Ele tentava parar – Não resisti.

Franzi o cenho, emburrada.

– Não tem graça. – Resmunguei.

Ele andou e passou por mim, sentando no sofá que havia ali.

– Ne? Então, o que quer fazer? Pensei no jogo porque não queria ver televisão. – Ele sorriu.

– Ah... Não sei... – Pensei.

Andei até o sofá, mas tropecei no tapete, exclamando e caindo no colo dele.

– Mina... – Ele cantarolou – Pensei que não queria fazer isso. – Ele disse em tom brincalhão.

– Uhm... – Gaguejava ainda ali.

Comecei a ficar corada e levantei rápido, me encolhendo e tampando o rosto com as mãos.

– G-Gomen... – Disse com a voz abafada.

Ele riu e pôs o braço em volta em volta de mim, me puxando.

– Daijoubu. – Ele sorria gentilmente.

Abri frestas entre os dedos e o olhei em dúvida.

– Ne? – Ele disse – Não vou fazer nada se você não quiser.

Corei mais, tampando o rosto de novo e o fazendo rir.

– Xadrez... – Disse com a voz abafada.

– Hum?

– Eu sei jogar xadrez... – Disse para mudar aquela situação constrangedora.

– Ah... – Ele cantarolou.

Akashi levantou e foi até a prateleira, pegando o tabuleiro e as peças.

– Que bom. – Sorriu – Não é tão diferente.

– Hum. – Assenti, mesmo não tendo ideia de como se jogava Shogi.

Ele arrumou o tabuleiro na mesa baixa que tinha no quarto e começamos a jogar. Eu estava envergonhada ainda, mas jogava com ele.

– Ne, quer apostar? – Ele sorriu pra mim.

– Nani?

– Se eu ganhar, te peço algo e se você ganhar, você me pede algo.

– Hum. – Pensei – Pára de fazer essas brincadeiras. – Disse quase inaudível.

– Hum. – Ele sorriu.

– E você? – Perguntei suavemente.

– Quando eu ganhar eu falo. – Ele sorriu.

– Ganhar? – Franzi a testa em dúvida.

– Hai. Não vou deixar de brincar com você. É bem divertido. – Ele deixou escapar uma risada – E isso já é uma boa motivação.

– Hum. – Abaixei o olhar, pensando.

Se ele não queria me dizer o que ele ia me pedir, com certeza era uma daquelas brincadeiras. Hum, baka... O que será que ele ia pedir? Me concentrei bem para jogar contra ele, mas depois de cinco minutos, ele fez xeque-mate.

– Uhm... – Encarava surpresa o tabuleiro – Como...

– Você se descuidou ali. – Ele apontou – Mas joga bem. – Sorriu.

– Hum. – Resmunguei, vendo que foi um descuido idiota – Hai... – Desviei o olhar – O que você quer?

– Hum. – Ele cantarolou, apoiando o braço na mesa – Um strip-tease.

– Hum?! Nani?! – Exclamei nervosa.

– A gente apostou. – Ele levantou o indicador – Pague, então. – Sorriu.

Me encolhi, emburrada. Ele queria aquilo mesmo? Virei o rosto, emburrada e corada, mas desamarrei o laço da minha cabeça, o que fez meu cabelo cair sobre minhas orelhas. Akashi desfez o sorriso e me olhou surpreso. Engoli a seco e corei mais, começando a tirar meu casaco.

– Oe, Mina... – Akashi disse.

– Nani? – O olhei corada.

– Uhm... Não era sério... – Ele disse quase gaguejando.

Arregalei os olhos aos poucos e paralisei ali ainda como se começasse a tirar o casaco. Apertei os olhos e peguei uma das peças do tabuleiro, jogando nele.

– Hentai! – Exclamei, apertando o casaco mesmo com meus ombros a mostra.

Ele desviou da peça e ria o tempo todo.

– Gomen! – Balançava as mãos.

Virei o rosto emburrada e corada. Ele se aproximou e me abraçou com os olhos fechados. Fiquei surpresa.

– Mina.

– Uh?

– Hum, nada. – Ele disse – Apenas gosto de dizer seu nome.

Acalmei o olhar. Me virei para ficar de frente para ele e o abracei. Ele ficou surpreso, mas voltou a me abraçar.

– Baka, pára de fazer essas brincadeiras. – Resmunguei.

– Não. – Ele sorriu – Sempre é divertido.

– Hum. – Assenti.

Não sei por que, mas... Acho que, mesmo levemente... Eu estou começando a gostar dele.


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Notas finais do capítulo

xD