O diário dos sonhos escrita por Iuajen


Capítulo 2
Forest World


Notas iniciais do capítulo

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O Nexus

Assim que passei para o outro lado da porta, eu percebi que o lugar que estava era no mínimo estranho, a porta que eu acabara de sair, estava ali em pé, sem nenhum apoio ou algo que a lhe deixasse em pé, assim como doze outras portas, organizadas em um círculo central.

Mas isso não era o mais estranho, apesar das portas não possuírem apoio e mesmo assim se manterem em pé, o piso era inteiramente preto com desenhos, todas elas possuíam tamanhos iguais, mas as texturas e cores eram diferentes, uma possuía até dois olhos encrustados o que surpreendemente não me assustou, talvez isso também fosse culpa da falta de limitação psicológica explicada nas instruções. Logo embaixo das portas também fazendo um circulo, imagens astecas de pessoas cujo os braços e pernas curvados ligavam um desenho a outro, além disso, desenhos de pares de cabeças com um grande chapéu também foram organizadas em forma circular dentro do círculo anterior.

Não havia nenhum som proveniente dos fones, somente os meus passos eram ouvidos pelo eco da sala. Ansiosa para vasculhar os mundos desse grande universo dos sonhos eu entrei a minha porta a esquerda, que era verde de madeira e com alguns retângulos vermelhos talhados. Assim que abri a porta, novamente a escuridão, um grande vão preto se instalava ali, mas como a anterior era como a sensação de entrar em uma piscina mas não se molhar.

Forest World

Forest World(BGM)

Assim que entrei, um som de batida com um forte e longo eco começou a tocar, dava uma sensação de solidão que eu já estava acostumada, mas com a sensação de estar sendo vigiada e que algo ruim vai acontecer. A primeira reação foi tirar o diário, segundo as instruções não deveria existir limitação física nem psicológica. Ao apertar o retângulo do meu suéter e abrir o diário na primeira página, algumas palavras estavam escritas.

A garota dos sonhos, adentra seu próprio universo, em seu coração ela pisa. Doze mundos, doze escolhas, e sua decisão é tão majestosa quanto o maior carvalho da colina, no entanto surpresa pelos pios dos pássaros que cantarolam em seu ouvido, e a procura da resposta de uma pergunta muda, ela encara o detentor da sabedoria. Fale suas angustias minha dama, é meu dever prazeroso lhe ser útil.

– Ahhhmmm... Tá... Essa música... ela tá me dando uma sensação ruim. Isso não conta como limitação psicológica?

Os sonhos... do que seriam feitos sem o ponto de fluxo? Não só de bem vive os sonhos, assim como não só de mau os pesadelos se mantém. Somos nós quem nos limitamos. Ò doença vil não mais irá nos submeter ao seu controle! Não seremos mais escravos obrigados a nos submeter ao maleficio de suas consequências.

– Tá... Obrigada.

O diário falava como um autor de conto heroico, exageradamente pomposo. Mas não pude deixar de gostar da caligrafia que era exatamente igual a minha. Segundo o diário eu seria obrigada a manter essa sensação angustiante comigo enquanto buscava os efeitos citados na instrução pois não poderia retirar os fones de ouvido. Apesar de ter ficado bastante animada, agora com o som incessante na minha cabeça e a imagem que eu via minha frente, a alegria parecia se esgotar.

O chão assim como o do nexus era totalmente preto, assim como o céu, mas parecendo um panorama, uma imagem de algo vermelho no mesmo estilo asteca estava passando por baixo do chão. Via-se algumas árvores e plantas, o lugar o qual estava era bem aberto, mas ao longe as árvores eram tão fechadas que era difícil de saber se dava para passar entre elas. E por ser uma floresta a sensação que a música dava de paranoia se intensificou como se alguém estivesse só na espreita para poder atacar.

Cautelosamente fui vasculhando o lugar, sem encontrar nada, mas eu não tenho certeza de quanto tempo se passou até me acostumar com aquele som. Mas assim que a sensação de paranoia se foi, meus passos começaram a ficar mais rápidos, e logo depois eu achei uma criatura estranha. O que me levou a ter mais perguntas para fazer que não estavam nas instruções.

Os primeiros passos, hesitantes de um mal que não irá vir, as árvores e as plantas indiferentes a nova presença que caminha desconfiada, e após um longo tempo caminhando percebe sua ignorância não justificada e não mais teme o que não conhece. Novamente com perguntas mudas ela encara o detentor da sabedoria.

– Nas instruções, há seres que nos prendem em dimensões sem saídas. Há seres que podem nos machucar aqui?

Instruções, regras e leis. Siga-as, respeite-as, mas indague. Se pergunte, a interpretação e o raciocínio são nossas armas e através delas vencemos guerras. Respostas podem ser descobertas, serão descobertas, ou a surpresa não haverá mais significado.

A criatura parecia uma lesma, o contorno era rosa, com algo que definitivamente eram olhos brancos e soltava da boca um liquido igualmente rosa que ia se espalhando pelo chão. Mas não se movia, e nem movia os supostos olhos. Talvez nem fosse uma criatura, ao me aproximar daquilo, e olhar o diário, não havia nada escrito sobre ele, então eu resolvi o tocar para saber o que era.

Assim que eu o toquei, uma cólica me fez ajoelhar no chão, minha cabeça doía de maneira insuportável que eu não conseguia sequer gritar. Uma sensação de algo escorregadio percorrendo meus braços, passando pelo ombro chegou a minha cabeça e lá ficou. A sensação insuportável continuou pelo o que se parecia horas, até que de repente sumiu dando o lugar a uma sensação de alívio.

– Que foi isso?

Ainda apertando a barriga, apertando os olhos e fazendo o diário se materializar para ter alguma explicação, se lia:

Namekujis

Criaturas parecendo com lesmas. Ao tocar em seu corpo, sua essência se prende ao ser e uma sensação de náusea e dor de cabeça se apossam da pessoa, em alguns casos podem chegar a vomitar, alguns minutos depois tudo volta ao normal.

Então esse tal de Namekuji era um animal desse mundo da floresta? O que ele causava era algo horrível.

– Você não vai mesmo me avisar de coisas assim? Nossa, não quero passar por isso de novo nunca!

Apesar do alivio que estava sentindo, a memória em si parecia doer tanto quanto e a sensação de enjoo continuava.

Aprendizagem. Experimentar para conhecer, ver para crer, sentir, ouvir, e cheirar. Através dos dons, se faz as escolhas, minha dama experimentou e sentiu, se desejasse sentir novamente significaria que gosta. Escolhas definem personalidade. Mas, garota irritadiça há efeitos para se achar, e me incriminar não irá lhe ser de nenhuma ajuda.

Mas que diárinho chato! Sua função era me ajudar, e ele só complicava as coisas com essa maneira difícil de falar. Npc inútil!

Revoltada com a situação, desmaterializei o diário e continuei a procurar algo diferente naquele mundo, mas após muito andar, achei somente outros namekujis. Eu logo descobri após muito andar e chegar novamente na porta que ia em direção ao nexus, que aquele mundo dava loops tanto horizontais quanto verticais.

Ao continuar a andar dessa vez marcando alguns pontos como referencia de localização, adentrei um caminho vazio porém cercado de árvores fechadas, como se fosse uma trilha e bem no caminho eu achei um pequeno sapo. Dessa vez, diferente de quando encontrei com o namekuji, o diário parecia passar o pensamento diretamente para mim dizendo que aquilo era algo importante.

Eu me aproximei do sapo, o peguei com as duas mãos, e assim como um sapo real, ele era pegajoso e molhado, apesar de não ter achado nenhum rio por ali. Enquanto eu o olhava eu vi o o sapo se deformando e encolhendo até que não mais existisse e sobrasse somente uma pequena cabeça que parecia ter secado completamente e agora estava duro como uma pedra.

Yume Nikki, parecendo que não estava mais se aguentando, se materializou em minha mão com a contra-capa, e lá surgiu um um pequeno buraco com a exata forma da cabeça do sapo. Em baixo se lia:

Sapo

Efeito: A cabeça de quem utilizar este efeito, irá se transformar na de um sapo, sobre este efeito, o portador, poderá se movimentar de maneira livre e sem limitações dentro da água.

A cabeça do sapo se encaixou e assumiu um tom bem verde. Curiosa para saber a sensação e me lembrando das instruções, basta pressionar o símbolo para ativar. Assim que apertei, a cabeça do sapo adentrou o diário, e este voltou a ser o retângulo com quadrados pretos e brancos, só que dessa vez quando ele se formou, assim como foi com o namekuji, uma sensação subiu da minha barriga e chegou a minha cabeça, era como se estivessem me beliscando, me puxando, me apertando e empurrando meu rosto em todas as direções, os olhos foram forçados a fechar, mas no instante seguinte tudo passou e quando abri os olhos consegui ver meu nariz que agora estava verde.

Ao colocar a mão no rosto, percebi que estava pegajosa como um sapo, e minha língua estava também igual a um, o que era muito legal, era uma sensação muito diferente e que provavelmente jamais iria sentir no mundo real. Então continuei a andar, e...

Um grande clarão branco, tão rápido quando chegou, a visão voltou a floresta, caí para trás com o susto que eu tomei e um grito chegou a sair de minha boca. Sem entender, olhei para os lados, mas depois de um tempo, novamente um clarão branco.

Lembranças e efeitos. Memórias e consequências, todas interligadas em um grande universo de doze portas.

E somente com duas frases enigmáticas, o diário me respondia mais uma de minhas perguntas mudas, eu desativei o efeito, voltei ao normal e continuei a investigar aquele mundo tendo como companhia a música em meus ouvidos, o diário em meu suéter e meus próprios pensamentos que agora se perguntava o que significava aqueles clarões?


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Notas finais do capítulo

Efeitos (1)
Sapo



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