O diário dos sonhos escrita por Iuajen


Capítulo 1
O diário


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo, conheceremos a personagem principal. Madotsuki e parte de sua família. Os problemas enfrentados por ambos e um novo mundo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/642138/chapter/1

Eu já não sei mais quando que isso tudo começou, e também não sei o motivo. Me irrita, e como me irrita saber que a vida normal que eu tanto quero é impossível de se alcançar por uma doença que nem minha mãe, ou qualquer outro médico do mundo soube explicar. Minha mãe me disse que é um tipo de sociofobia em um nível jamais visto.

Por causa dessa "doença", meu corpo começa a tremer quando pessoas chegam perto de mim, não consigo falar e nem me expressar, um medo sem explicação me preenche, a pressão abaixa e em algumas ocasiões eu já desmaiei.

A única maneira que tenho de comunicar com minha família é por escrita, e foi através de um bilhete que ela comprou você para mim, meu novo diário. Mas você não precisa se preocupar, estou apenas me apresentando, eu já me conformei com meu estado, meu objetivo em ter um diário é lhe contar sobre meus sonhos e não reclamar sobre minha vida patética.

Nos vemos mais tarde.

Madotsuki 20/04/2010

Coloquei o diário em cima da escrivaninha e voltei a deitar na cama. Olhei para aquele teto branco, era a segunda vez que eu sonhava com a mesma coisa seguida, um quarto quase idêntico a esse, com tapete, estante de livros, uma escrivaninha com computador, uma televisão, um videogame, as almofadas no chão, a cama, a lixeira,o piso de madeira e o revestimento das paredes em um tom roxo claro. Tudo quase igual, com a diferença que na escrivaninha havia um diário, possuía uma capa rosa com o título em preto, onde se lia: "Yume Nikki", ao abrir no entanto somente páginas em branco, e não dava para escrever nada, nem rasgar e nem mesmo tirar do lugar, parecia preso ali por alguma coisa invisível, a porta estava fechada e a televisão quando ligada só mostrava um grande olho preto, havia também a porta que ia até a sacada estava aberta, lá fora a mesma coisa, a cerca, a vassoura, os meus chinelos, a maquina de lavar roupa e o ar condicionado, nos dois dias, o céu estava igual, com algumas nuvens e o céu azul, lá em baixo porém, não dava para ver as pessoas, somente uma grande escuridão, o prédio parecia no entanto adentrar e sumir nela, como se não houvesse nada de errado.

Eu ficava ali o que parecia algumas horas, até acordar de repente, olhando para o céu ou deitada na cama. E isso aconteceu nos dois últimos dias.

*Toc Toc*

– Maddy? Quer alguma coisa? Está com fome? Sede?

A voz da minha mãe e as batidas me assustaram. Peguei o bloquinho de notas e comecei a escrever. Não importa quantas vezes eu faça isso, não consigo me acostumar, tento responder todos os dias, mas a voz simplesmente não sai.

"Obrigada mãe, mas não quero nada. Mas o bloco de notas está quase acabando, se quiser comprar mais um."

– Tem certeza que não quer nada? Tudo bem... Amanhã é seu aniversário querida, o que quer de aniversário?

" Você já me deu o diário. É um presente bom. Obrigada de novo mãe, eu te amo."

O que doía mais, era não poder expressar isso, falar isso olhando nos olhos dela. Isso me corroía todos os dias.

– Tudo bem então minha querida. E você tá bem? Não tá sentindo dor de cabeça ou qualquer coisa não né?

"Não mãe, tá tudo bem."

– Ok.

A medida que os passos iam se afastando, eu percebi que amanhã era meu aniversário de dezoito anos e eu nem lembrava.

...

A vida era dolorosa demais, meu aniversário só significava que era mais um ano confinada no quarto.

– Saco...

Junto com um suspiro, as palavras saíram da minha boca. Do que adiantava falar se não podia conversar com ninguém?

Fui então ler alguns artigos científicos interessantes na internet. E assim passei o dia, lendo, jogando, estudando, assim como todos os outros dias, o que era outra pergunta que eu nunca soube a resposta. Como eu conseguia fazer tudo isso?, eu não sabia quando eu aprendi a ler, a escrever ou o básico das matérias escolares, quando eu me dei por gente, eu simplesmente sabia. Segundo minha mãe, minha infância foi normal, foi com nove anos que tudo isso começou, eu perdi a memória graças a um acidente que ela não quis se aprofundar, e causou todos esses problemas. Mesmo assim é estranho saber sem ter memória de ter aprendido, é outro sentimento que me pega todos os dias desde então.

Após o almoço, minha mãe ainda passou alguns lanches, balas, sucos e refrigerantes pela pequena portinha de gato. Depois da janta, ela me deu boa noite e um feliz aniversário antes dela própria ir dormir, quando papai chegou do trabalho, ele também me deu parabéns e boa noite e deixou um pacotinho embrulhado em um papel de presente. Ao desembrulhar, vi que era um Ipod, com aqueles cabos e um fone de ouvido.

Sorri e mandei um bilhete para debaixo da porta, agradecendo e dizendo ao papai que também o amava. Mas eu não via a necessidade daquilo, eu tinha um headphone, para o computador e minha cama ficava bem do lado. E eu não sairia de casa, para ouvir as músicas lá fora, então... mas mesmo assim, foi legal da parte dele.

Um pouco depois, o sono bateu e eu olhei para o diário recém comprado, imaginando o que eu escreveria nele amanhã, depois do sonho de hoje, se eu sonharia com aquilo de novo e se aconteceria alguma coisa nova e foi pensando nisso que sem perceber, adormeci.

_______________________________________________________

O Mundo dos sonhos

Novamente, nesse lugar. Não parecia haver nada diferente do comum, nem no chão, nem nas paredes, nem na Tv. Mas... o diário, tinha uma folha por cima da capa.

Para aquela que estes sonhos adentrar, para sempre com eles há de estar. Ao encontrar tudo que buscas, poderá para sempre nos deixar, tais efeitos que produzirão em você mudanças e respostas.

Instruções

[Para acordar, aperte as próprias bochechas. Sempre que o fizer você irá acordar no mundo real com exatas oito horas de diferença de quando foi dormir.]

[Para utilizar um dos efeitos recebidos ao vasculhar os mundos, nesse universo dos sonhos, basta apertar o nome, ou o objeto representativo dos efeitos no verso do diário. Não é possível utilizar mais de um efeito por vez.]

[A sala do Nexus é um local onde todos os doze mundos se intercalam. Cada mundo é representado por uma porta, caso queira voltar ao Nexus, basta retornar por onde veio. Ou utilizar do efeito Medamude. ]

[Existem seres que irão lhe prender em dimensões sem saída, nesses casos, a sua única opção é apertar as bochechas e acordar, ou utilizar o efeito Medamude para voltar ao Nexus.]

[As quaisquer limitações físicas ou psicológicas que a pessoa possuir no mundo real, não existem aqui. Porém sua personalidade e memórias são inalteradas, tudo que acontecer aqui será lembrado quando acordar.]

[Para materializar o diário e utilizar algum dos efeitos, basta pressionar o símbolo gravado na parte frontal da roupa que estiver usando e o uso dos fones de ouvido é obrigatório.]

Parecia, as instruções de um jogo. Mas assim que eu terminei de ler a folha, o diário se transformou em um retângulo com seis mini quadrados de cores branca e preta que se alternavam e se prendeu em meu suéter rosa. Fones de ouvido pequenos e brancos que estavam embaixo do diário, voaram em direção a meus ouvidos e se "plugou" a esse retângulo. A porta do quarto abriu como se me convidasse a ir até ela e as instruções estavam bem nítidas na minha cabeça, assim como um som estranho.

E realmente parecia um jogo de busca. Um bem legal para falar a verdade. E eu jogaria todos os dias nos meus sonhos? Era como uma realidade virtual própria, onde segundo as instruções eu não teria as limitações físicas e psicológicas, ou seja, eu ainda atendia as leis da física, mas provavelmente não ficaria cansada e poderia conversar com algum "NPC" se houvesse algum por aqui, então, corri em direção a porta que do outro lado não via-se nada além da cor preta, ao encostar, o local fez algumas ondinhas, como se você colocasse o dedo em uma piscina, mas sem me molhar, ao colocar o dedo mais a fundo, simplesmente parecia que eu estava passando por um portal, e então eu fui com meu corpo inteiro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse capítulo é basicamente uma apresentação da personagem, junto com a primeira ida ao mundo dos sonhos. Temos a mãe da Madotsuki fazendo uma aparição vocal e um pouco do pai também.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O diário dos sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.