A Maldição de Hans escrita por Annabeth Grace da Ilhas do Sul


Capítulo 7
Capítulo 7 - O Plano




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POV Annabeth

Acordei na manhã seguinte sentindo uma respiração quente na minha nuca e isso me assustou. Ao olhar para cima, percebi que se tratava de Sven.

– Bom dia garoto. – Fiz carinho em seu focinho e ele pareceu feliz com o gesto.

– Bom dia Annabeth. – Para meu espanto, a rena respondeu.

– Você sabe falar?

– Sim, só você, Kristoff e os Trolls me entendem.

– O quê você tá fazendo com a minha rena? – Perguntou Kristoff na entrada da gruta. Apesar de sua expressão séria, não pude deixar de abrir um sorriso.

– Sven me acordou. Acho que ele gostou de mim.

– O quê? – Ele perguntou, parecendo fingidamente irritado. – Sven não gosta de estranhos. E muito menos seria pirado de deixar alguém que ele mal conheceu acariciar o focinho dele.

Ciumento. Pensei. Pelo modo com Sven estava bem perto de mim, eu tinha certeza absoluta de que a teoria de Kristoff estivesse errada.

– Deixe de ser bobo Kristoff. Só porque sua rena gostou de mim você está com ciúmes.

– Com ciúmes? Eu? Ah, pelo amor de Deus Annabeth.

– Comeu alguma coisa agora de manhã?

– Sim. Tem alguns pães que eu comprei mais cedo no reino. Há também algumas frutas e suco de limão.

– Sven gosta do quê?

– Esse aí come de tudo, principalmente cenouras.

– É verdade. – A rena afirmou. Eu ri.

– Espera... Você entendeu o que ele disse? – Kristoff perguntou.

– Sim.

Levantei-me da cama ao mesmo tempo em que me espreguiçava. Quando Kristoff e eu saímos da gruta, uma troll cumprimentou.

– Bom dia crianças. Como vão nossos tesouros?

– Bem, obrigada. – Respondi.

– Parece que vocês tiveram uma briga agora de manhã, mas me diga querida, por que não gostou dele? – Vários trolls apareceram á nossa volta e enquanto uns formavam um coral outros começaram a cantar:

“É o jeito tosco de ele andar?

Seu jeito rouco de falar?

Ou o formato meio estranho dos seus pés?”

– Ei! – Kristoff gritou quando um dos trolls pegou em um de seus pés.

“E apesar do banho frequente, tem um cheiro insistente...

Mas você pode estar certa de que é um cara nota dez!

Ele precisa de uns reparos nos defeitos que tem.

Quando sua falta de antena e sua queda por renas é um pouco antissocial também!”

– Isso não é sobre mim! – Ele protestou de novo.

“Ele precisa de uns reparos.

Mas ouça por fav...”

–Annabeth? – Chamou uma voz feminina e familiar.

– É vossa Majestade a rainha Carolyn. – Disseram alguns trolls.

– Mamãe? – Me virei e mal pude acreditar no que meus olhos viam: Lá estava minha mãe, com os trajes reais saindo de cima de seu cavalo e correndo para me abraçar.

– Annabeth! – Ela exclamou ao me abraçar. - Me perdoa, por favor. Não sei como fui louca de concordar com seu pai sobre aquilo.

– Como pôde o deixar fazer isso comigo? – Eu disse, com lágrimas nos olhos.

– Eu estava com medo dele. Temia pelo o que ele faria comigo se eu discordasse.

– Espera como se lembra de mim? – Perguntei.

– Acordei hoje de manhã sentindo um vazio no peito como se algo me tivesse sido retirado e quando seu pai notou que eu não parecia bem, perguntou do que se tratava e então disse á ele que parecia haver algo errado no castelo, foi então que ele me contou sobre você e disse que estaria nas montanhas que dividiam Arendelle e nosso reino.

– Se você se lembra de mim, então a maldição está quebrada! – Eu falei, feliz.

– Não é bem assim minha querida. – Disse vovô Pabbie.

– Como assim?

– A maldição pode ter sido quebrada, mas em parte. Para destruí-la, precisa fazer com que a pessoa que você mais ama lembre-se de quem você é.

– A pessoa que eu mais amo? – Comecei a pensar comigo mesma sobre a pessoa que eu mais amava. – A pessoa que eu mais amo... Só pode ser o Hans! Mas como poderemos convencê-lo sobre mim?

– Não há algo que tenha feito para ele? – Perguntou mamãe.

– Tem uma carta... Mas não sei se funcionaria.

– Onde está esta carta?

– Está com o próprio Hans.

– Vamos para casa Annabeth. Lá é o seu verdadeiro lar.

– Mas lá as pessoas me odeiam.

– Hans te odeia por acaso? Ele não iria querer que você desistisse certo?

– Provavelmente não. - Neguei com a cabeça. – Mas deveríamos falar com meu pai primeiro, pois se Hans não se lembrar de mim, eu deverei trabalhar como criada dele no castelo.

– Você sabe como o seu pai é, ele pode não permitir, mas devido á situação, pode ser que ele acabe por ceder.

– Não custa tentar. E não, você não será empregada. Você será nossa hóspede enquanto estiver lá. – Eu a abracei.

– Obrigada mamãe. – Olhei de relance para Kristoff. – Ele pode vir conosco? É um ótimo amigo.

– Mas é claro. – Ela sorriu para Kristoff.

Enquanto mamãe e eu subíamos em seu cavalo, Kristoff montou em Sven. Nós três descemos a encosta da montanha aceleradamente, parando apenas quando o reino das Ilhas do Sul já estava á vista. Ao adentrarmos o castelo, pude ver que alguns guardas olhavam com certo enojo para Kristoff, que aparentemente não percebeu. Assim que entrei, corri em disparada para meu quarto e fiquei feliz de saber que ele não havia sido mexido. Tudo estava exatamente igual á última noite em que eu havia passado ali, e fiquei meio feliz de saber que nada tinha sido tocado, pois assim garantia um pouco de privacidade para mim.

De repente, ouvi a porta se abrir e ouvi uma voz masculina:

– O que faz nos aposentos reais? – Os pelos da nuca se eriçaram ao perceber que se tratava de James, outro de meus irmãos.

– Oi James. Fazia tempo que não te via. – Eu disse, me virando para ele. Então alguns de meus irmãos também apareceram: Davis, Gavin, Joseph... E Hans.

– Quem é essa aí? – Joseph perguntou. Ele tinha as mesmas feições que eu, tanto que qualquer um que nos visse diria que eu me pareço mais como gêmea dele do que de Hans.

– Não estão mesmo me reconhecendo? – Eles me olharam, confusos. – Rapazes, sou eu, Annabeth.

– Annabeth? – Por um segundo, parecia que Davis, meu irmão de 14 anos, tinha se lembrado de mim. Notei isso em seus olhos: a confusão entre algo que o estava iludindo e o que o estava se forçando dentro de sua cabeça para se lembrar de ao menos de um parente chamado Annabeth.

– Davis? – Chamei. Esperançosa de que ele tivesse se lembrado. Então, ele me abraçou.

– Anna! – Ele exclamou.

– Davis! – Eu o abracei, chorando. – Senti saudade de você e dos rapazes.

– Eu também senti. – Os outros três – com exceção de Hans, para meu total desconsolo – me abraçaram também.

– Eu conheço você de algum lugar... – Hans disse. Apesar de ele ainda não ter se lembrado de mim, já me alegrava saber que algo na memória dele retornara.

– Só não entendi como nos esquecemos de você. – Falou Davis pensativo.

– Foi o papai o culpado disso tudo.

– Como sabe que é ele? – Gavin indagou.

– Por que ele me contou tudo antes dessas coisas terem acontecido. – Os rapazes levaram a mão á boca de surpresa. – Ele me amaldiçoou e por isso vocês todos se esqueceram de mim.

– Qual motivo ele teria para te amaldiçoar?

– Não fiquem bravos, mas foi por causa do Hans. Ele tinha me contado o segredo dele e por isso papai me amaldiçoou como forma de castigá-lo.

– Hans e você tem uma ligação muito forte. – Observou James.

– Na penúltima noite em que eu passara neste castelo, Hans veio dormir comigo e nós dois ficamos conversando até altas horas da noite.

– Annabeth! – Ouvi mamãe me chamar do andar inferior. Então uma das criadas apareceu.

– Vossa Majestade solicita sua presença no café da manhã da família real.

– Diga á ela que descerei em um minuto.

– Sim senhorita.

– Rapazes, eu vou me trocar. Com licença?

– Mas é claro Anna.

– Obrigada meninos. – Ao se retirarem, tirei meu vestido que naquela altura já estaria ensopado de suor, coloquei uma vestido azul claro com algumas luvas e um par de sapatilhas de seu conjunto.

Ao descer as escadas que davam para o salão de refeições do Castelo Westergard, fiquei feliz de ver todos os meus irmãos sentados á mesa juntos de meus pais e Kristoff.

– Finalmente resolveu se juntar á nós. – Disse papai, com um sorriso falso no rosto. Um dos criados puxou a cadeira para que eu me sentasse e terminei por me juntar á minha família. – Podem se servir. – Eu me sentara ao lado de mamãe.

Eu pude ver o quanto Kristoff lambia os beiços ao mesmo tempo em que sua ânsia por se fartar naquele imenso banquete estava á flor da pele. Servi-me de dois pães franceses, um pedaço de bolo de fubá com pedaços de goiabada e uma xícara de Cappuccino. Pelo que eu observei todos ali pareciam ter se lembrado de mim, pois não me dirigiram perguntas á meu respeito.

– Está gostando do palácio Christopher? – Mamãe perguntou. Sufoquei uma risada, Kristoff odiava quando falavam seu nome errado.

– Sim Vossa Alteza.

– Mamãe, o nome dele é Kristoff e não Christopher. – Meus irmãos deram algumas risadinhas.

– Perdão então, senhor Kristoff... – Ele aparentou perceber que ela tentava dizer o sobrenome dele.

– Kristoff Bjorgman, Vossa Alteza.

– Perdão então senhor Kristoff Bjorgman.

– Não precisa pedir perdão Majestade.

– Por favor, querido, não me chame de Majestade ou Alteza. Apenas Carolyn está bom, já que você é um dos amigos de minha filha mais jovem.

O carinho, a compaixão e a gentileza de minha mãe permaneciam intocados. Ela ainda era a mesma mulher maravilhosa que eu conhecia desde pequena e isso me fez sorrir por dentro.

– Quero que vá falar comigo em particular mais tarde Annabeth. – Todos sentados á mesa (menos Kristoff e eu) o fuzilaram com um olhar de ódio.

– Você não vai falar nada com a minha filha. – Mamãe se levantou e se pôs entre papai e eu.

– Saia da minha frente, Carolyn. – Ele esbravejou a fitando com um olhar de ódio e raiva.

– NÃO! – Era a primeira vez que eu a via levantar a voz diante dele. – Já estou cansada de ver você falando com nossos filhos desse jeito, e eu acabar tendo de ser obrigada á me calar só por que você é um homem e acha que todos aqui não têm voz.

Para nosso espanto, ele lhe desferiu uma tapa na cara, o que fez minha mãe explodir em prantos ao mesmo tempo em que os criados vinham para lhe ajudar. Todos os meus irmãos e Kristoff se levantaram de suas cadeiras em direção á porta pela qual mamãe havia saído. Então ficamos apenas papai e eu.

– Venha comigo senão eu vou fazer você sofrer. – Ele falou utilizando seu tom de voz mais ameaçador possível. Porém, como eu não temia perder Hans novamente, eu acabei por obedecê-lo.

Ao entrarmos em seu escritório, ele gesticulou para que eu me sentasse.

– O que você vai fazer comigo? – Perguntei, com medo.

– Que ótimo saber que está com medo, pelo menos isso eu considero uma forma de respeito. Mas te chamei para vir aqui por um motivo, e você não deve contar a natureza desta conversa com ninguém, ouviu? – Ele pegou uma Adaga de seu cinto e a segurou contra meu pescoço. Assustada, concordei com a cabeça. – Daqui á cinco anos, após seu primeiro período menstrual você deverá me contatar o mais rápido possível.

– Por quê?

– Sua mãe não tem me satisfeito mais como antes e agora eu quero alguém mais jovem para me sentir melhor. – Ele passou a mão em meus cabelos. – Acho que entende o que quero dizer.

– Por isso me tratava tão bem? – Perguntei cabisbaixa.

– Absolutamente. – Ele sorriu maliciosamente. – Você daria uma ótima rainha.

– Por favor, papai. Não faça isso comigo, por favor. – Eu me levantei da cadeira e comecei á recuar.

– Por que não? Sua mãe vai estar fora do caminho e então estaremos bem.

– O que você vai fazer com ela?

– Acho que não deveria saber. Você é tão linguaruda Annabeth.

Ele avançou como uma víbora para cima de mim e me agarrou e começou á arrancar minhas roupas.

– Eu me caso com você. Mas com uma condição. – Ele deu um sorriso maldoso. – Quero que a maldição que impede Hans de se aproximar de mim seja quebrada.

– É exatamente assim que eu gosto. – Ele me soltou e me deixou sair do escritório. Eu saí chorando de meu quarto, onde desabei em minha cama.

Minutos depois o terceiro mais velho de meus irmãos, Lars, apareceu em meu quarto. De todos aqueles que falavam comigo, ele e Hans eram os mais afetuosos e era o que mais gostava de ler dos irmãos e achou um milagre vê-lo fora da biblioteca.

– Anna? – Ele chamou ao bater na porta.

– Entre Lars. – Ao entrar fechou a porta atrás de si e se sentou em minha cama.

– Como você está? – Lars notou que minha cara estava vermelha e minhas bochechas molhadas, só então percebeu o que aconteceu. – O que o pai fez?

– Por favor, chame Runo, Rudi, Kevin e Jacob. Quero que vocês cinco ouçam o que aconteceu.

– Está bem, fique aqui. – Ele saiu e voltou com quatro irmãos.

– O que houve? – Perguntou Runo. Ele era o gêmeo de Rudi, mas só no sentido de terem compartilhado o mesmo ventre, pois eram tão diferentes quanto à noite e o dia.

– Papai vai me obrigar a casar com ele.

– Ele o quê? – Perguntou Kevin, pondo a mão sob sua espada acoplada ao cinto.

– Ele quase me machucou. – Disse eu, começando á voltar aos prantos.

– O que ele fez? – Perguntou Jacob, já indignado com o pai.

– Ele rasgou minhas roupas, e só parou de fazer isso quando disse que iria me casar com ele.

– Isso tem que parar, nosso pai é um monstro se pensa que vai fazer isso com Annabeth.

– Obrigada meninos.

– Anna, o que acha que deveríamos fazer? – Perguntou Lars, ainda mantendo a calma.

– Nós devemos matar o rei.

– Matá-lo? Mas como?

– Precisamos que ele fique sozinho por um tempo e só então iremos ataca-lo.

– Como pretende fazer isso? – Perguntou Rudi.

– Eu irei até o escritório dele e irei falar com ele sob o pretexto de tratarmos do casamento, e quando ele menos esperar, vocês o atacarão.

– Tem certeza de quer mesmo fazer isso? – Perguntou Kevin.

– Sim. Runo, já que você é o mais nervosinho e o mais idiota por atormentar o Hans, acho que poderia ficar de vigia na porta do escritório de papai quando eu entrar lá. – Os outros explodiram em risos.

– Só não falo nada por que me importo com você. – Ele disse, fechando a cara para mim.

– Sem ressentimento Runo, você mesmo sabe o quanto é chato.

– Maior verdade impossível. – Disse Rudi.

– Tá vendo? Até seu irmão gêmeo concorda comigo.

– Depois que tudo isso acabar eu lhe dou o troco. – Disse Runo, com um sorriso maldoso no rosto. Apesar da situação e de seu tom de voz, não havia motivos para acreditar que ele realmente fosse maldoso.

– Se o plano de apunhala-lo não der certo, precisamos de um plano B. Preciso que um de vocês procure cinco tipos diferentes de veneno de cobra para colocarmos na comida do rei.

– Isso é fácil. – Disse Rudi. – Minha namorada trabalha com animais venenosos e acho que ela conseguiria de forma fácil esses cinco venenos.

– Obrigada. Você pode me dar o mais rápido possível?

– Sim. Eu lhe dou amanhã Anna.

– Agradeço pelo que fazem comigo. Vocês são sempre tão legais comigo.

– De nada Annabeth.


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