POV ANNABETH

Mesmo com o frio lá fora, pude sentir um calor incontrolável dentro de mim que estava eliminando cada gota d’água de meu organismo ao me fazer transpirar como nunca antes. Só por conta desse calor eu mal consegui dormir á noite e a todo instante eu desejava poder sair dali e tomar um banho de água fria. E quando amanheceu e eu ainda não havia conseguido dormir, tomei coragem e tomei um banho de água fria, o que foi bom considerando que eu não estava na melhor das condições naquele momento.

Quando alguns criados entraram e perceberam que eu estava na banheira, ficaram surpresos e não paravam de e desculpar por não terem aquecido a água antes de eu “tomar banho”. Eles deixaram meu café da manhã sob a cama e só então se retiraram para enfim me deixarem em paz. Tomei do chocolate quente e dos pãezinhos de queijo e me troquei em seguida para então ir até o calabouço ver Hans.

– O que você fez comigo?

– Só lhe dei o castigo que merecia por não ter sido a boa irmã que deveria.

– Como faço isso parar? Por favor, Hans. Eu imploro á você, me deixa fora disso.

– Não vou fazer isso parar. Você merece um castigo e sabe disso.

– Hans, por favor. O que eu deveria fazer para você me tirar disso?

– Me dê à coroa.

– Você quer dizer, se tornar rei?

– Exatamente irmãzinha. E aí eu tiro o castigo de você.

– Mas e seu estiver morta até lá?

– Então eles vão ter de passar a coroa para mim á força, esse é mais um motivo para você estar sendo castigada. – Ele olhou para mim, sorrindo maliciosamente. – Meu castigo está surtindo efeito.

Eu olhei para minhas mãos assustada, elas não estavam lá. Não havia nada no lugar de minhas mãos, apenas um vazio e em volta um cheiro de queimado. Corri para o corredor principal que davam para fora do calabouço, alguns empregados estavam lá na hora e se assustaram ao verem que eu não tinha braços.

– Vossa Alteza? – Chamou uma das criadas. Ela veio até mim, mas ficou horrorizada ao notar que eu não tinha mãos. Foi então que comecei a sentir como se eu estivesse afundando em areia movediça ao ver que minhas pernas também estavam virando cinzas ao mesmo tempo em que eu me afundava indo de encontro ao chão. – Ai meu Deus! O que está havendo com a senhorita, minha rainha?

– Me ajude á ir para meu quarto, por favor. – Ela me aninhou aos braços como se eu fosse um bebê. – Obrigada Felicia.

– Eu farei sempre o que puder para ajudar a senhorita minha rainha. – Ela olhou para mim assustada ao m deitar na cama. – Seus cabelos estão ficando mais ruivos e laranjas.

– Foi o Hans quem fez isso comigo. Eu irei morrer logo, mas preciso que várias pessoas importantes se reúnam no salão de julgamentos para quando eu proclamar Hans o rei das Ilhas do Sul.

– Vossa Alteza, rainha Annabeth...

– Sim?

– Tem algo da qual precisa saber.

– O que seria?

– A maldição de seu pai, há um objeto que impede que o príncipe Hans seja capaz de amar alguém.

– E que objeto seria esse?

– Um coração de pedra. No momento em que você se por no lugar de seu irmão a pedra se partirá ao meio e a maldição será quebrada.

– Como sabe disso?

– Não quero que se zangue comigo, mas fui eu quem realizou o feitiço que fez isso com seu irmão.

– Se foi você, não tenho com o que me preocupar já que me contou. Isso significa que está arrependida e perdoo você por tudo isso que aconteceu.

– Me perdoaria mesmo depois de tudo? – Ela disse, com lágrimas nos olhos.

– Mas é claro. Todos merecem perdão, mesmo alguém como meu falecido pai.

– A senhorita deseja mais alguma coisa?

– Por favor, peça ao mensageiro que mande a rainha Elsa de Arendelle vir até aqui, pois peço que a execução de meu irmão seja antecipada. Por favor, confie em mim, pois sei o que estou fazendo.

–Sim vossa alteza.

– Obrigada, por favor, peça ao cozinheiro para fazer aquele bolo de cenoura com chocolate que meu irmão adora.

– Sim Vossa Alteza.

Horas depois ela voltou com meu pedido e pedi para ela me levar até o calabouço. Quando pude ver a cela de meu irmão, pedi para que ela se afastasse para que eu pudesse ter um pouco mais de privacidade.

– Olá irmãzinha. – Disse Hans, me encarando. – Já decidiu se eu serei rei ou não?

– Já me decidi, você será, mas só lhe proclamarei rei se me livrar dos seus poderes.

– Não sou tolo irmãzinha, você pode muito bem sair andando e me dar às costas assim que eu te libertar desse tormento.

– Quando foi mesmo a última vez que te enganei Hans? – Ele olhou para o teto pensativo e depois se voltou para mim.

– Está bem. Mas eu deverei ser proclamado rei dentro de uma semana ou você terá de aguentar o pior de mim.

– Negócio fechado? – Ele sorriu maliciosamente e depois com um gesto removeu seus poderes de mim que fluíram para seu corpo. Em questão de minutos mãos e pernas me pertenciam novamente. – A rainha Elsa está a caminho para assistir á sua proclamação.

– Ótimo.

– Eu trouxe uma coisa para você. – Tirei dois pedaços do bolo de cenoura com chocolate favorito de Hans e pude ver seus olhos brilharem diante de tal gostosura. Passei minha mão pelas grades da cela e ele as pegou devagar como se aquilo pudesse ser uma bomba relógio.

– Obrigado Anna. – Ele me pegou pelo braço, mas não consegui me soltar por ele ser muito forte, então pegou meu outro braço e fez com que me aproximasse dele, então ele fez alo que me deixou chocada: Ele me beijou. Em seguida desceu uma de suas mãos até o meio de minhas pernas, mas foi aí que recuei, pois não queria ter de viver aquilo novamente. – Te vejo amanhã.

– Talvez ainda hoje. – Felicia ficou branca de espanto ao ver que eu havia voltado ao normal. Nós duas subimos as escadas e cada uma tomou um rumo diferente.

Apesar de minha mentira e minha traição contra Hans serem parte de meu plano, no fundo eu me sentia muito mal por fazer aquilo com ele. Mesmo sob o efeito de um feitiço, existia uma parte dele que ainda confiava em mim e me libertou do sofrimento de morrer da forma mais assustadora possível. Não quis visita-lo no dia seguinte com medo dele descobrir o que eu fiz, e ainda tem a rainha Elsa que chegara naquele mesmo dia, só que á noite.