ZAYDAY

QUARTO DAS EMPREGADAS

21h13

– Pois então fale.

Ela revirou os olhos e se sentou na cama.

– Eu queria saber se você... Gostaria de sair em busca de respostas comigo.

– Em respostas de?

Hester ajeitou o casaco de pele branca nos ombros.

– Bem, em busca de respostas sobre quem é o Red Devil.

Zayday pensou. Hester estava mesmo em seu quarto, pedindo ajuda para descobrir quem era o assassino?

– Sim. - falou, antes que pudesse se conter. - Eu vou. Mas, eu quero como recompensa dois pares de sapatos.

Elas riram e se abraçaram.

– Eca! - disse Zayday.

– O que foi?

– Você cheira a perfume caro!

Hester não respondeu, mas ela imaginou que a amiga tivesse revirado os olhos.

***

Hester guiou as duas para a sala da KKT.

– Para onde estamos indo? - Zayday sabia exatamente a resposta: para o porão.

Pararam na frente da porta.

– Não. Não. Não. Nem pensar! Não vamos entrar aí. A última que entrou saiu sem vida.

– Deixa disso, o Red Devil não deve estar aqui.

Hester puxou uma lanterna de dentro do casaco e a acendeu. Tirou outra e entregou para a amiga.

A Chanel abriu a porta.

Desceram as escadas, procurando por pistas. Não queriam morrer, claro. Mas precisavam de respostas. Nem que fosse apenas um fio de cabelo.

O assassino ainda estava atacando. Zayday pesava nas pessoas que ainda estavam vivas. Restavam apenas nove. Nove pessoas. Uma delas era um assassino.

Quem garantia que Hester não era o assassino?

Zayday logo excluiu esse pensamento da mete. A amiga já tinha sido atacada por ele. Não faria sentido.

Juntou peças em sua cabeça. Por quê o assassino não a tinha atacado? Nem a Chanel? E nem Pete e Chanel #2?

Decidiu colocar esses nomes como principais suspeitos.

Vasculhavam todo o porão, procurando por míseros detalhes.

Encontraram o "Canto das Fotos", que assim foi nomeado pelas duas. Praticamente todas as fotos estavam marcadas com um "X" vermelho. Menos as dos sobreviventes.

Encontraram uma foto jogada no chão, onde mais ou menos tinha ficado o corpo de Grace.

Era uma mulher grávida, na sala da KKT.

A mulher parecia bem familiar para elas.

Aquela mulher era Gigi.

– Mas o quê é isso? - perguntou Hester.

A menina virou a foto e encontrou uma mensagem rabiscada de caneta no verso:

"Minha menina, espero que cresça e venha para a Kappa Kappa Tau. Tudo o que seu pai lhe conta é uma mentira. Não acredite nele.

Com amor de sua mãe,

Gigi H."

As garotas prenderam a respiração. Gigi era a mãe de Grace.

***

GIGI

KAPPA KAPPA TAU

08h01

– ACORDEM! ACORDEM! - gritava com um megafone, andando pelos corredores da KKT.

Ela conhecia-os de cor.

As garotas foram acordando de pouco a pouco. Primeiro Hester, depois Zayday, Chanel #3, Chanel #5, Chanel #2 e por fim, Chanel.

Estavam reunidas na sala, esperando o comunicado da nova decana.

– Como sabem, assumi a direção da Universidade Wallace. Pretendo zelar para a segurança de todos. Por isso, a festa de Halloween, que aconteceria amanhã à noite, será cancelada. Não haverá mais festas. Em luto aos que morreram assassinados pelo Red Devil. Estamos começando uma investigação mais séria, para acabar de uma vez por todas com esse sofrimento. Alguma pergunta?

Todas estavam abaladas demais para protestar. Viam seus colegas serem assassinados um por um, violentamente. Era claro que não queriam mais festejar.

– E a propósito, não é mais seguro frequentar a PEX.

Chanel #2, que estava sentada, se levantou com um salto:

– Aconteceu algo com o Pete?

– Não, não. Ele está vivendo lá sozinho, então será transferido para cá hoje à tarde. Não terá mais ninguém lá. Por isso, se tornará perigosa. Se vocês pudessem trancar todas as portas à noite e não saírem mais dessa fraternidade, agradeceria a todos. Acho que é só isso de avisos que tenho para dar a vocês.

***

Gigi estava saindo pela porta principal, quando Zayday e Hester a pararam.

– Gigi, gostaríamos de te perguntar uma coisa. - disse Hester.

– Sim, podem falar. - ela parou na calçada de fora da fraternidade.

– Reconhece essa foto? - perguntou Zayday, entregando-lhe a foto que encontraram no porão, na noite passada.

Ela pareceu ficar sem resposta. Cobriu a boca com a mão, ainda encarando a foto. Começou a chorar.

– Onde encontraram isso?

– No porão. - respondeu Hester.

– A minha filha, nunca mais a vi... - Gigi começou a falar sozinha.

– Sim, a senhorita viu.

– Quando? - ela parecia bem surpresa.

– Quando Grace entrou para a universidade. Grace era sua filha.

Gigi ficou branca.

– Minha filha morreu? - ela chorava ainda mais. - O pai dela disse que seria seguro! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Isso não pode estar acontecendo!

Ela se sentou no chão e começou a soluçar. As duas garotas sentaram ao seu lado para consolá-la.

Aquele tinha sido um dia difícil para Gigi.

***

CHANEL

BANHEIRO DA KKT

15h45

Chanel não conseguia parar de encarar a banheira que tinha encontrado Chad morto. Sua mente girava com as possibilidades de quem poderia ser o assassino.

– Não se cansa de ficar aí não? - perguntou Chanel #5, surgindo atrás dela.

– Você sabia que ele estava aqui, não é?

– Pra falar a verdade, sim. Inventei todo aquele show de eu descendo as escadas e gritando só porque eu sabia que você subiria. - ela se maquiava no espelho. - Não tinha coragem de te contar, por isso, fiz isso.

– Era mais fácil ter gritado que tinha encontrado-o morto.

– Eu gosto de atuar.

– Como você descobriu o corpo?

– Eu vim tomar banho, então me deparei com um corpo boiando na banheira. Só depois percebi que era de Chad. Corri para baixo assim que percebi. Eu juro.

– Acredito em você.

Com isso, Chanel #5 saiu, deixando Chanel no banheiro, sozinha, encarando o sangue seco que ninguém tivera coragem de limpar.

***

CHANEL #3

PISCINA PARTICULAR DA KKT

16h00

Chanel #3 estava deitada na espreguiçadeira, com óculos escuros bloqueando sua visão total do sol.

Pensava emBoone. Ela tinha ficado com ele muito antes de ele começar a namorar com Chanel #5. Mas, mesmo assim continuaram se encontrando. Nunca se esqueceram. Ela ainda amava ele.

Mas ele estava morto.

Estava de olhos fechados, quando ouviu o som familiar de uma capa se arrastando pelo chão.

Red Devil.

Droga!, pensou.

Abriu os olhos, correu até uma árvore e observou o assassino, de longe. Ele não a tinha percebido. Ótimo.

Ele brandia um machado em suas mãos.

Mal notara que um farfalhar de capas vinha de trás de seu corpo. Um segundo Red Devil a segurou, tampando sua boca. Ela ainda encarava o outro.

Chanel #3 estava pasma. Haviam dois Red Devil.

Mordeu o dedo do que a segurava e ele soltou sua boca. Esse assassino segurava um facão de açougueiro em suas mãos.

– Já que você va me matar mesmo, eu posso pelo menos ver quem você é?

Uma risada de nojo saiu dos lábios dele.

– De que diferença faz mesmo? - ele deu de ombros e começou a tirar a máscara.

Quando já estava sem, Chanel #3 não teve nenhuma surpresa.

– Já imaginava que era você. Sempre desconfiei do seu jeito quieto e antissocial. Isso não é nada surpreendente. Quem é o seu amiguinho ali? - ela apontou para o outro Red Devil.

– É melhor você não ficar sabendo mesmo.

E o assassino desceu a faca pelo pescoço dela. Chanel #3 caiu de joelhos no chão, cuspiu sangue pela boca e caiu, de bruços para o chão. Estava cuspindo sangue.

– É melhor eu queimar você, para garantir que não vão te ressuscitar de novo.

Ele colocou a máscara de novo, levou o corpo até a lareira da fraternidade e ascendeu o fogo, jogou o corpo da garota lá dentro.

Saiu, deixando um recado para as moradoras.

"O dia do Juízo Final se aproxima.

– R.D."