Pov Tris
Acordei antes que o despertador pudesse tocar. Me levantei e fui tomar um banho bem gelado pra despertar.
Sai do banheiro e sequei meu cabelo, depois coloquei uma roupa mais quentinha, hoje o tempo fechou e ficou um pouco frio. Fiz minha maquiagem básica e peguei minha coisas, logo desci para fazer o café da manhã.
– Bom dia Bea- diz Evelyn entrando na cozinha se espreguiçando - Ah, não se ocupe com isso - diz correndo até mim - Vou trocar de roupa bem rápido e a gente vai tomar café fora, enquanto não arranjo uma empregada - ela sorri.
– Não precisa de empregada, eu me encarrego dessa parte.
– Não senhorita, você vai se encarregar de estudar, curtir sua juventude. Não quero que ninguém fique falando que eu estou te escravizado - sorrimos.
– Eu faço porque gosto - ela me olha arqueado a sobrancelha - Tudo bem, vamos lanchar fora.
Vejo ela subir correndo as escadas e me sento no sofá, pegando o celular na bolsa.
Minha mãe nunca me levava pra tomar café fora, sempre quando descia ela já estava preparando tudo e sempre me recebia com um lindo sorriso, esse é o tipo de coisa simples que vai fazer muita falta.
No meu celular tinham várias mensagens de Tobias, Christina, Will, Uriah e de várias outras pessoas que não me viam desde terça. Não respondi nenhum, apenas visualizei.
Evelyn me levou para tomar café e depois me deixou na escola, acabei me atrasando um pouco.
– Bom dia Prior - diz o diretor quando me ver e eu dou um sorriso fraco - Eu sinto muito pelo que aconteceu. Meus pêsames.
– Obrigada - ele da um sorriso e vai pra sua sala, continuo andando até a minha.
Abro a porta devagar e todos os olhares de pena caem sobre mim. Sinto vontade de voltar para trás na mesma hora quando isso acontece. Procuro Tobias e vejo ele sentado ao lado de Nita me encarando, não consigo decifrar seu olhar mas algo dentro de mim chamado ciúmes pega fogo.
– Bem vinda de volta senhorita Prior - diz David, professor de Geometria e eu dou um sorriso fraco sem mostrar os dentes.
Sigo até a última cadeira vazia ao lado de Edward, sei que ele não gosta de mim e vai ser perfeito porque eu não estou mesmo afim de conversar sobre o que aconteceu.
Me sento e então David continua a aula.
Presto atenção em duas palavras que ele fala e logo começo a flutuar com meus pensamentos.
– Eu sinto muito– Edward cochicha me tirando de meus devaneios e eu o encaro enquanto ele continua com uma postura ereta olhando para frente, como se não tivesse falado nada.
– Que? - pergunto sem entender, não acredito que disse isso.
– Disse que sinto muito - ele me olha e da um sorriso bem bonito, parecendo o de Tobias.
– Obrigada - retribuo o sorriso, só que bem fraco.
Acabo prestando atenção na aula, que por sinal estava bem tediosa.
Quando o sinal do intervalo tocou, me levantei e fui cercada pela galera que se importa ou que finge que se importa comigo. Todos me olharam com pena e começaram a perguntar como eu estava, se ia ficar tudo bem, me diziam frases positivas pra seguir em frente, todos ao mesmo tempo. Não conseguia nem distinguir o que cada um falava ate que estourei.
– Chega! - grito ofegante e todos olham pra mim assustados - Desculpa– digo baixinho - Eu não aguento mais ouvir isso gente. Desculpa mas eu não consigo. Eu vou ficar bem, tá? Não precisa perguntar isso - digo cabisbaixa e Uriah me abraça.
– A gente só estava preocupado, você sumiu de repente e a gente ficou com medo de... Não sei - diz Will segurando minha mão. Olho para Christina que concorda com o olhar.
– Tudo bem. Eu estou aqui agora, não tem porque eu fugir - dou um sorriso e abraço o restante da galera.
– Acho que tem alguém furioso com você - diz Lynn quando termina de me abraçar. Olho por cima de seus ombros e vejo Tobias sentado na mesa do professor com seu olhar 43 e de braços cruzados lá na frente - Vai lá - Lynn dá um tapinha na minha bunda e por alguns segundos consigo soltar uma risada curta porém sincera.
– Tarada!– digo e ela sorri pra mim.
Vou caminhando até Tobias. Não sei o porque desse semblante mal humorado, ele devia ir falar comigo e não eu com ele. Mas tudo bem, já cheguei aqui agora já era.
– Oi?- digo sem me aproximar tanto dele.
– Onde esteve esse tempo todo? Te liguei, você não atendeu. Mandei mensagem, só visualizou. Fui na sua casa, você não mora mais lá. Dá pra em explicar o que está acontecendo? - me irrito com seu tom, Grosso e frio. Quem ele pensa que é? Penso em sair da sala e deixar ele falando sozinho, pena que meu desaforo sempre fala mais alto.
– Pra começar, não tive cabeça pra ficar no celular. Vi suas mensagens hoje de manhã. Me mudei de casa, não tive como avisar porque estava tudo muito corrido pra mim Tobias, acabei de perder minha mãe e não é fácil ter que resolver tanta coisa e ainda ter que ficar pendurada no telefone dando satisfação da minha vida! - falo no mesmo tom e ele fica ainda mais aborrecido.
– Tudo bem. Vai lá cuidar da sua vida e deixa eu e as pessoas que se importam com você em segundo plano.
– Que pensamento mais egoísta Tobias!
– Você some por quase uma semana sem dizer nada e eu sou o egoísta?
– Sim! Olha o que você está falando!
– Tá bom então, eu vou é embora daqui!
– Isso, vai lá atrás da sua namoradinha de todas as horas! - digo antes que possa descer da mesa e então ele me encara sério. Dou as costas e ele me puxa pelo braço me deixando bem pertinho dele.
– Eu só vou falar um vez. Não sou namorado dela, se eu tiver que ser namorado de alguém vai ser de você - antes que possa dizer alguma coisa ele cola seus lábios nos meus e aquele sentimento de leveza invade meu corpo, me fazendo esquecer tudo, até a raiva que senti quando vi ele sentado ao lado daquela... vaca. Aperto ele em meus braços e ele me coloca no meio de suas pernas enquanto continua sentado na mesa; o espaço entre a gente fica quase negativo. Depois que terminamos de nos beijar ele encosta a testa na minha e diz ofegante:
– Desculpa. É que eu me preocupo demais com você, fiquei louco só de pensar na possibilidade de não te ver mais.
– Eu nunca iria deixar você aqui sem dizer nada Tobias, nunca - dou um selinho nele.
– Aproveitando o momento... - ele abre um sorriso e afasta o rosto, acabo sorrindo também, ele com certeza vai falar alguma coisa que vai me fazer sorrir, conheço essa cara dele.
Coloco as mãos em suas coxas e ele faz um biquinho.
– Eu percebi que sempre que eu planejo alguma coisa pra você nunca dá certo, talvez a gente não tenha muita sorte na área de planejamento. Então Vamos lá... - ele continua com um sorriso bobo no rosto e eu me derreto toda por dentro. Como ficar zangada com ele? - Tris - ele franze o cenho e seu semblante fica sério -... Você quer casar comigo? - abro um sorriso e ele também.
– Casar? Já? Muito cedo, não acha?
– Sim. Mas enquanto isso a gente pode namorar, não acha? - ele pisca pra mim e eu seguro seu rosto com as mãos olhando no fundo dos seus olhos.
– Eu tenho certeza - beijo ele mais uma vez.