Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 13
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Me desculpem pela demora, mas para variar, o meu trabalho me atrapalhou. Fim de mês, sabe? E é complicado aqui na empresa! Mas, vamos ao que interessa... Depois desse capítulo, várias coisas importantes acontecerão e entraremos numa nova fase da história... Aguardem!!! :)



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"Nada é para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos, pairando sobre o fluir inexorável do tempo". (José Saramago)

— Vamos caminhar um pouco? — Vincent se levantou e se espreguiçou, estalando os ossos do corpo, sua expressão muito relaxada agora. — Será que conseguimos fugir dessa enfermaria? — os seus olhos escuros analisaram o ambiente.

— Ou nós podemos apenas pedir permissão para sair. — Gil o repreendeu.

— E qual seria a graça? Eu esperava mais de você, Srta. Missão Impossível.

Gil levantou-se a contragosto e foi em direção a porta. Espiou através da abertura e conseguiu ver a enfermeira transitando pelos corredores.

— Por aqui. — o chefe sussurrou, e apontou para a estreita janela do banheiro.

— O senhor está brincando, não é? — Gil se aproximou reclamando. — Não existe a menor possibilidade de nós sairmos por esse... Buraquinho. E o seu braço ainda- — antes que Gil pudesse terminar a frase o Sr. Parker envolveu as suas coxas e a ergueu, usando a força do seu outro braço. — O senhor enlouqueceu? 

— Fala baixo e se segura logo nessa janela! — o chefe sussurrou quase sem fôlego. — Você é pequena mas pesa pra caramba!

Gil fez uma careta mas se apoiou na base da janela, e com toda a força se impulsionou para a abertura. Ao atingir o solo, cambaleou por um momento, sentindo uma pequena fisgada no calcanhar ferido, mas por sorte a sua pisada não cedeu, livrando-a da humilhação de se esborrachar novamente no chão.

— Você está bem? Ou caiu de novo? — ela ouviu o chefe zombar do outro lado.

— Vem logo. — Gil aguardou alguns minutos, porém, o chefe não aparecia. — Sr. Parker? — ela sussurrou aflita. Se ergueu nas pontas dos pés tentando espiar pela janela, mas Gil era baixa demais. De repente, o rosto do Sr. Parker surgiu em sua frente. — Como o senhor ficou tão alto?

—  Usei a cadeira, é claro. — ele sorriu largamente. 

Gil pretendia retrucar quando o chefe tacou dois casacos e duas lanternas pela abertura.

— Lunático...— ela resmungou enquanto pegava os objetos.

— Eu ouvi isso!

 O chefe se arrastou pela abertura da janela e pisou com firmeza no chão, lançando um olhar vitorioso para Gil. E então, seguiram pela escura trilha do camping

xXx

Gil queria tanto saber mais. Mas já havia excedido nas perguntas e naquela intimidade tão inédita que dividiram. E para ser franca, estava lisonjeada que fosse com ela que o chefe escolhesse desabafar. O Sr. Parker parecia tão cru.  Tão oposto ao personagem que ele vestia todas as manhãs. E de alguma maneira,  conhecê-lo um pouco mais a deixou menos tensa em sua presença. Talvez a convivência entre eles poderia ser muito mais agradável daqui pra frente.

— Tem folhas presas em você. — o chefe disse, enquanto se aproximava e tocava em algumas mechas do seu cabelo.

O corpo de Gil paralisou, ficando tenso novamente. 

Certo. Talvez a convivência não fosse melhorar tanto assim quanto imaginava. 

Definitivamente, Gil não gostava dessa inquietação que sentia toda vez que o sr. Parker se aproximava. Era incômodo e desconfortável.

A pouca iluminação ocultava o semblante do rosto dele, mas ainda assim, ela era capaz de vê-lo através da penumbra. A sua expressão fez com que os pêlos da nuca de Gil se arrepiassem. O chefe deu um passo em direção a Gil, se aproximando um pouco mais, e ela inspirou o cheiro dele com intensidade.

Os seus joelhos tremeram e ela tropeçou desajeitadamente perante ele. Num reflexo, o chefe a envolveu pela cintura fazendo com que os seus corpos se chocassem.

— Você quase caiu pela quarta vez. — o Sr. Parker murmurou, e ela sentiu o hálito quente dele soprar em sua pele.

— E-eu me desequilibrei. — Gil balbuciou, enquanto as suas mãos tocavam levemente o tórax do chefe.

Os seus rostos estavam realmente muito próximos e Gil sentiu em seu toque que a respiração do Sr. Parker pareceu acelerar um pouco. 

— Seja mais cuidadosa. — ele se afastou de uma vez. — Não quero acabar em um buraco novamente. — antes que Gil pudesse recuperar o fôlego para respondê-lo, um barulho de galho se quebrando chamou a atenção de ambos. O chefe andou em direção ao arbusto. — Espere aqui. Eu acho que vi algo se mexer. — ele sussurrou.

— É melhor voltarmos para a enfermaria. — Gil segurou a manga do casaco do chefe tentando afastá-lo da moita.

— Eu acho... — o Sr. Parker andou alguns passos e apontou a sua lanterna na direção do barulho. —... Que eu vi... A minha... Mãe? — ele se assustou e Elaine surgiu da escuridão.

— Meu Deus do céu! O que vocês estão fazendo aqui? — Elaine apontou a lanterna para eles.

— O que a senhora está fazendo aqui? — o chefe alterou a voz.

— Eu precisava de alguns gravetos... Para espetar os meus marshmallows, sabe? 

— Eu te mandei ficar no acampamento! Sabe que horas são? E se a senhora se perdesse? — o Sr. Parker gritou tão alto que até mesmo Gil se encolheu. 

— Não fui eu quem levou dez pontos no braço, mocinho. — ela o repreendeu num tom bastante maternal. — E com a permissão de quem você está passeando pela mata?

— A enfermeira sugeriu que eu fosse dar uma volta para respirar um pouco de ar fresco e a Gilan gentilmente me acompanhou. — o chefe lançou um sorriso para Gil e ela respondeu aquela mentira com uma careta reprovadora. 

— Mas isso é maravilhoso! — Elaine comemorou. — Então, venham... Não comerei sozinha todos aqueles marshmallows.

xXx

As cadeiras de praia estavam abertas bem em frente às chamas, e a pequena fogueira aquecia o corpo dos três aventureiros. De uma ponta, o Sr. Parker bebia uma caneca de chá com o cuidado extra de assoprar para não queimar a sua boca. Da outra, Gil esfregava as mãos freneticamente tentando acalentá-las do frio da noite, e no meio, Elaine preparava cuidadosamente os doces no espeto para serem assados.

— Isso é tão confortável. — Gil suspirou, sentindo o calor das chamas aquecer o seu rosto. — Fazia anos que eu não acampava.

— Você costumava acampar com frequência? — o Sr. Parker curiosamente perguntou.

— Era o nosso programa favorito, meu e da minha irmã. — Gil olhou para o céu e admirou os incontáveis pontinhos cintilantes. Era impressionante como longe da cidade as estrelas pareciam brilhar mais intensamente. — Kery costumava dizer que era o preferido da mamãe também... E isso me fazia pensar nela. Como se estivéssemos mais próximas.

— Oh, minha querida... — Elaine a encarou com ternura. — Tão novinhas e sem a mãe. Deve ter sido difícil para vocês.

— Foi. Mas a Kery segurou a barra. Ela nunca me deixou sofrer por isso. — Gil sorriu genuinamente. — A minha irmã é incrível.

— Eu tenho certeza que sim, — Elaine concordou. — afinal, ela te educou muito bem, você é uma garota maravilhosa.

— Obrigada. — Gil sorriu sem graça.

— Não precisa ficar tímida, minha querida. Eu não estou dizendo nenhuma mentira. — Elaine se virou na direção do filho. — Não é mesmo, Vincent? A Gil não é um tesouro?

Gil abaixou o rosto, agradecendo pela escuridão que escondia as suas bochechas vermelhas. 

— Sim. Ela é. — o chefe concordou enquanto a olhava fixamente. — Gilan é a pessoa mais valiosa que eu já conheci.

Gil se mexeu desconfortavelmente na cadeira. O chefe desviou o olhar e colocou o espeto na alta chama da fogueira. Ela reparou que os lábios dele formaram um fino sorriso e se deixou contagiar por isso, sorrindo também.

O Vincent de agora não parecia em nada com o homem que ela via todas as manhãs. Não havia nenhum sinal daquela sua arrogância ou personalidade detestável. E ela preferia muito mais esse Vincent.

Muito mais.

— Eu espero que você saiba valorizá-la e que pare de tratar as pessoas com estupidez. — Elaine deu um tapa no ombro do filho.

— Ouch! Cuidado com o meu braço. — o chefe choramingou. — A senhora se esqueceu dos meus dez pontos?

— Não seja exagerado, — Elaine fez uma careta. — foi só um cortezinho de nada.

E os três caíram na gargalhada. O som alegre das risadas se misturaram aos grilos e ao sopro da brisa noturna. Naquele momento, nada mais tinha relevância. Nem o passado que não foi superado. Nem o chaveiro jogado no porta-luvas, nem mesmo a doença de Elaine. Naquele momento, Gil se deu conta de que o Sr. Parker era muito menos inacessível do que aparentava ser.

Naquele momento, ao vê-lo apertando os olhos enquanto sorria, Gil finalmente admitiu para si mesma que era por aquele Vincent Parker que ela estava inteira e irremediavelmente apaixonada.

 


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Notas finais do capítulo

Pois é, queridos leitores, finalmente a Gil admitiu o que sente... Não deixem de acompanhar o próximo capítulo! Até mais! o/



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