Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 14
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Eu sei... Combinei de postar toda terça feira, mas quase nunca consigo! Pelo menos, eu estou tentando não ficar mais de uma semana sem postar, então, tentem me perdoar, ok? Boa leitura!



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"O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar". (Martha Medeiros)

Devido aos seus ferimentos, Gil não participou dos testes dos equipamentos. Porém, isso não a impediu de se divertir filmando e fotografando todas as atividades.

E no final da viagem, sentiu-se satisfeita com tudo o que havia aprendido na companhia do chefe, sobretudo, das confidências que dividiram. Cada momento ao lado dele ainda permanecia em seus pensamentos e ela se perguntava se ele também sentia essa mesma conexão entre eles.

Desde que voltaram do acampamento, poucas coisas mudaram na rotina da B&B Larsson. Exceto que agora, Gil se esforçava para que o chefe não notasse a sua transformação de sentimento. Não que isso fosse uma preocupação, afinal, o Sr. Parker não demonstrava absolutamente nada que não fosse estritamente profissional.

Ele seguia agindo de maneira autoritária, embora Gil tivesse que admitir, o chefe havia melhorado – e muito – a sua grosseria habitual. E apesar de continuar exigente ao extremo, o chefe parecia tratá-la com mais complacência. 

Só que isso já não era mais o suficiente.

Mas Gil sabia que não poderia arriscar a relação profissional que tinham apenas porque, agora, o homem lhe respondia com um pouco mais de educação. Ela precisava de algo além.

Eu gosto muito de você.

Talvez estivesse só sendo covarde. Um homem ocupado como o Sr. Parker não sairia por aí dizendo que gosta de alguém a troco de nada. Gil balançou a cabeça negativamente. Não. Não poderia se agarrar naquela confissão vaga de tanto tempo atrás. Não era inteligente se iludir com isso, mas precisava tomar alguma atitude.

Como ela se declararia para um homem como o Sr. Parker? 

O chefe a intimidava de uma maneira assustadora, e não era apenas por causa da sua diferença de idade. Ele carregava um passado não superado. Estava claro que o chefe ainda pensava em Amelia White. Será que seria tanta ingenuidade sua acreditar que poderia se aproximar de Vincent ao ponto de fazê-lo se esquecer dessa mulher e reparar um pouco mais em quem estava do seu lado?

— Veja só quem chegou cedo hoje. — Kerya sorriu para Gil. 

— O Sr. Parker disse para aproveitarmos essas semanas, já que logo tudo voltará a ficar caótico. — Gil explicou, enquanto pendurava a sua bolsa no cabide.

— Se você gosta dessa loucura, o que eu posso dizer? — Kerya girou os olhos.

— Até parece que na transportadora é diferente, Srta. Gerente. 

— É diferente, sim. Lá não tem nenhum Sr. Parker me aterrorizando. — Kerya mostrou a língua para a caçula.

— Pelo menos o meu chefe tem uma bela bunda. — Gil provocou e piscou para a irmã.

— O que aconteceu com a santa Gilan eu-não-reparo-na-bunda-do-meu-chefe?

— As coisas mudaram, maninha. — Gil rebolou até a cozinha e antes que a irmã pudesse retrucar, o telefone da casa tocou.

— Salva pelo gongo. Depois nós conversamos melhor sobre isso. — Kerya correu para atender o telefone. — Olá Dr. Stan.  Claro, aconteceu alguma coisa? — Kerya ficou uns instantes em silêncio. — Só um momento. — e ela virou-se para Gil. — Eu vou atender no quarto, já volto. 

Kerya não tinha o costume de atender as suas ligações em particular. Gil entendeu imediatamente que o assunto era importante e sentou-se no sofá, aguardando impacientemente a irmã retornar. 

Depois de longos e torturantes minutos, Kerya surge na sala com os olhos avermelhados.

— O que aconteceu? Eu fiquei preocupada com a forma que você-

— Gilan. — a irmã a chamou pelo nome completo e Gil estremeceu. — Eu preciso que você tenha calma para ouvir o que irei te contar. — Kerya pediu, antes de sentar-se no sofá.

— Você está me assustando.

— Nós fomos roubadas. — Kerya disse de supetão, e inclinou o rosto, colocando uma das mãos em sua testa. — O homem que nos vendeu o apartamento. Ele é... — ela engoliu em seco. — Um estelionatário.

— O quê? — Gil sentiu uma tontura seguida de enjoo, enquanto tentava processar aquela informação. — Como assim, Kery?

— Acabei de falar com o nosso advogado. Não existe empreendimento nenhum. — ela suspirou e o seu lábio tremeu levemente.

— Mas nós temos o contrato. Nós visitamos o lugar. Como isso é possível? — Gil alterou a voz. — Deve ser algum engano-

— As documentações são todas falsas. — Kerya a interrompeu. — Aquele apartamento que olhamos sequer está à venda. O Dr. Stan vai entrar com uma denúncia. Aparentemente, caímos no golpe de uma grande quadrilha.

— Eu não estou acreditando nisso. — as mãos de Gil tremiam. — E o que o Dr. Stan disse? E todo o nosso dinheiro?

— Ele me orientou para que eu pudesse tomar as providências necessárias. O processo vai rodar, mas... — ela bufou. — Por enquanto estamos falidas, Gilan.

 Gil mal conseguia acreditar no que estava acontecendo.

— Nós só temos alguns dias para sairmos daqui, Kerya. Todas as nossas coisas já estão empacotadas. Céus! Colocamos todas as nossas economias nesse apartamento... E agora? Onde nós iremos morar?

— Eu não sei. — Kerya desviou o olhar, inconformada. A mais velha raramente ficava sem saber o que fazer. — Eu tentarei um novo empréstimo.

— Não temos mais limites. Usamos tudo o que tínhamos e-

— Eu nos coloquei no meio disso e eu vou nos tirar. — Kerya segurou nas mãos da caçula. — Irei até o banco, tentarei explicar o problema. Eu vou resolver a minha estupidez, não se preocupe.

— Não fale assim. — Gil a olhou com condescendência. — Não é sua culpa. Caímos num golpe, não tínhamos como saber.

— Que seja. — Kerya murmurou desanimada. — Vamos tentar descansar. Amanhã eu pensarei em alguma solução. — a mais velha se levantou sem encarar os olhos da caçula e se despediu friamente.

Gil permaneceu estática no sofá. Ela queria apenas conseguir consolar a irmã. Sabia muito bem o quão culpada Kerya estava se sentindo, a mais velha sempre foi acostumada a resolver todos os problemas da família. Porém, Gil não era mais uma criança órfã, e mesmo que a irmã relutasse em aceitar isso, ela jamais poderia permitir que Kerya carregasse, mais uma vez, todas as responsabilidades sozinha. Por isso, faria qualquer coisa para ajudar. 

xXx

A assistente derrubou uma pilha de documentos que estavam em cima da mesa de reunião enquanto tentava organizá-los. Abaixou-se rapidamente para pegá-los, mas sem querer, fez com que o porta-canetas também viesse abaixo, espalhando os objetos pelo chão. Vincent a olhou de relance e a fitou ajoelhar-se no carpete. 

As mãos da jovem estavam trêmulas e ele fez menção de ir ajudá-la. Entretanto, um dos funcionários se adiantou e juntou-se à Gilan, recolhendo a bagunça.

— Está tudo bem por aí, Srta. Robert? — Vincent perguntou, tentando conter a sua irritação por conta daquele barulho todo.

— S-sim, senhor. — a voz da jovem soou baixa e hesitante.

— Vamos seguir com as apresentações sobre o slogan... Pode começar, Gilan. — ele a olhou com severidade.

Quando a assistente se aproximou do projetor, ela esbarrou na maquete e a derrubou no chão. Vincent revirou os olhos, isso já o estava deixando de mau humor.

O rosto da jovem ficou vermelho e ela se abaixou novamente, recolhendo os mostruários. E para a desgraça de Vincent, que já estava impaciente, o corpo de Gilan trombou desajeitadamente em uma garrafa de água, espirrando o líquido em cima dos funcionários mais próximos.

— Pelo amor de Deus, Srta. Robert! — Vincent esbravejou alto demais. — Tenha um pouco mais de cuidado! Você está destruindo a sala.

— M-me desculpe. — Gilan o encarou atordoada e Vincent reparou que os seus grandes olhos azuis reluziam mais do que o normal. — Eu não estou me sentindo bem. Com licença. — e a assistente deixou a sala sem dar maiores explicações.

Um dos funcionários prontamente se levantou até o projetor e terminou de recolher os itens da maquete. Sara fez algumas observações, guiando os tópicos da reunião e Oliver começou a tagarelar algo sem parar sobre o slogan.

Mas Vincent não conseguia escutar ninguém.

Gilan não estava bem. E o seu corpo ficou tenso com aquela constatação.

Vincent levantou-se e foi em direção a porta. — Luhan, continue a reunião.

— Mas Parker, nós precisamos-- — e antes que o chefe de pesquisa terminasse a frase, Vincent já havia dado as costas para todos.

Ele vasculhou os corredores do décimo quarto andar à procura de Gilan. Nunca havia visto a assistente daquela maneira, nem mesmo quando a havia despedido. Ela parecia desorientada e ele nem ao menos teve a sensibilidade de perceber isso antes. 

Por qual motivo uma pessoa tão profissional como a jovem abandonaria uma reunião daquela maneira? Vincent parou em frente a porta do banheiro feminino e colocou as suas mãos na cintura. 

Prensou os lábios, e olhou para os lados, observando o movimento. Que se foda!  E escancarou a porta do toalete.

— Senhor Parker? — a assistente falou num sobressalto, muito provavelmente perplexa com a presença dele ali.

A jovem limpava a maquiagem borrada com um lenço de papel e Vincent sentiu uma pontada no estômago. Então, ela estava realmente chorando.

— O que aconteceu? — ele se aproximou com cuidado.

— É apenas um mal-estar. — a jovem virou o rosto e ele a puxou pelo cotovelo, fazendo com que ela o encarasse novamente.

— Você está sentindo alguma dor? Quer que eu chame um médico?

— O senhor... — a jovem fungou. — O senhor percebeu que está no banheiro feminino, não é?

— Isso não importa agora. — Vincent a analisou da cabeça aos pés. — Apenas me diga o que você tem. Eu estou preocupado.

— Não se preocupe. O que eu sinto não é físico. — ela riu fraco. E se aquilo era uma tentativa de acalmá-lo, não havia funcionado.

— Por que você estava chorando? — Vincent limpou com o polegar o resquício de rímel que ainda sujava a pele dela. — Eu gostaria de ajudá-la, se possível, é claro.

— É um problema familiar, Sr. Parker. — a jovem confessou.

— Nada mais justo que eu te ouça, — ele cruzou os braços encostando-se na pia. — assim como você me ouviu.

— O senhor realmente não precisa fazer isso.

— Eu não vou te deixar sozinha chorando no banheiro da empresa, Gilan. — ele estendeu a mão. — Venha, não seja teimosa dessa vez. Vamos conversar na minha sala.

xXx

— E foi isso. — a assistente terminou de contar os detalhes do golpe que sofrera e Vincent pode perceber o esforço que ela fazia para não desabar em lágrimas ali mesmo. Ele levantou-se e buscou um copo d'água para a jovem, que sem contestar, bebeu. — E agora, nós não temos nem mesmo onde morar.

— E o pai de vocês? Ele não pode ajudá-las? — Vincent temeu que talvez elas tivessem um pai tão inútil quanto o dele.

—  O meu pai faleceu quando eu ainda era um bebê, Sr. Parker. — ela revelou. — E não, nós não temos contato com nenhum parente. Somos só eu e a Kerya, desde sempre.

— Sinto muito pelo seu pai. — ele murmurou e Gilan apenas assentiu.

— A minha irmã está juntando provas com o advogado e tentará um empréstimo no banco. — a assistente explicou. — Mas eu... — a voz dela se agitou. — Eu simplesmente não sei quanto tempo tudo isso irá levar, entende? O processo pode demorar  meses, até mesmo anos, e até lá... Meu Deus! Nós estamos totalmente falidas.

— Calma. — Vincent se ajoelhou na frente de Gilan, apoiando cada uma de suas mãos em um braço da cadeira. — Eu conheço um escritório de advocacia que lida com esse tipo de caso, são os melhores do país e eles-

— Eu agradeço por isso, Sr. Parker. Mas nós não podemos pagar por esse nível de serviço. — a jovem deu de ombros. — E além disso, o Dr. Stan nos conhece desde pequenas, ele com certeza irá nos ajudar.

— Eu não duvido disso, mas se vocês tivessem um advogado mais renomado, talvez... — Vincent parou de falar ao perceber a expressão de desaprovação de Gilan. — Nós temos um programa de empréstimo consignado aqui na empresa. — ele se levantou e foi até o telefone. — Farei algumas ligações e pedirei que liberem o valor máximo para você.

— Eu já utilizei esse recurso, Sr. Parker. — Gilan parecia envergonhada e abaixou o olhar. — Para conseguirmos o valor do empreendimento eu usei todas as minhas economias. E também um empréstimo da B&B Larsson.

— Vocês usaram todo o dinheiro de uma só vez? — Vincent perguntou, deixando a voz um pouco mais alta do que planejara.

— Falando assim parece muita burrice. — ela riu nervosa. — Bom, de fato foi.

— Eu não quis dizer isso. — ele largou o telefone e foi em direção a assistente. 

— Tudo bem. Eu sei que fomos ingênuas, Sr. Parker.

— Eu vou procurar uma maneira de te ajudar, eu prometo. — ele afirmou com segurança e a assistente lhe lançou um minúsculo sorriso.

— O senhor já fez muito ao me escutar. — ela suspirou lentamente e se levantou seguindo até a porta. — Eu acho que agora nós estamos quites.


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Notas finais do capítulo

Foi um capítulo menor, porém, necessário para dar segmento aos próximos acontecimentos! Até semana que vem... o/



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