A Casa da Rua de Trás escrita por Vitória Elizabete


Capítulo 11
Fabiane Silva


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, meus queridos.
Gente, errei na postagem dos capitulos. Peço mil desculpas e agradeço de coração a Leidy que me informou a falha.



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FABI

Estávamos as duas sentadas, eu com um copo d'agua gelada na mão e Liza com a cabeça baixa. Já tinha percebido seus olhos inchados, ela provavelmente não estava bem. A sim. Marcos e Dani.

—Você esta bem? Desabafe comigo. — Puxei minha cadeira para o seu lado, seu rosto se levantou e encarou o meu, duas lagrimas caíram em seguida. A não Liza, não chore por ele.

Abracei-a o mais forte que podia e percebi o quanto Elizabete lutava com ela mesma, respirando fundo para não ceder. Acariciei suas costas, onde batia as pontas de seu cabelo preso em um rabo de cavalo. Logo Liza não resistiu, começou a chorar, chorar bastante.

Fiquei sabendo do beijo de Dani e Marcos somente hoje, e quando fui atrás de falar com Liza ela já tinha ido embora.

Antes ; Há oito meses

Lá estava Marcos,no meio de uma roda cheia de meninas, e não fazia dois dias que Liza tinha ido embora para Minas, garoto ridículo!

—Oi gata — Carlinhos agarrou-me por trás, rodopiando-me e arrancando minha atenção de Marcos.

Vane não parava de me encarar e eu não conseguia parar de me sentir culpada, os olhares dela chega queimavam em mim, na minha consciência.

—Vamos embora? — Propus rezando para que ele concordasse, não queria mais ficar aqui, com ela me medindo a cada cinco segundos.

Carlos a olhou e em seguida abaixou a cabeça, será que ainda gosta dela?

—Por causa dela? Eu já te disse que é você que eu quero não se preocupe. —Consegui sentir a mentira vindo de suas doces palavras.

Voltei a olhar para ela, e seu rosto estava acabado, eu me sentia tão culpada por querê-lo tanto. Apanhei minha bolsa, afastando-me dele.

—Fabi, para com isso! — Ele veio caminhando logo atrás de mim, seu tom de voz causara-me arrepios, será que ele já estava bravo comigo? Quando eu era a outra, ele vivia fazendo isso, mandando-me parar!

Ele correu na minha frente com o rosto vermelho de raiva, senti meu corpo estremecer.

—Olha o que eu to fazendo com ela. To destruindo ela. Eu não posso continuar com isso. Você já conseguiu fazê-la sentir ciúmes, não tenho que ficar com você.

Ele engasgou.

—Quando te disse, que, eu queria fazê-la sentir ciúmes? — Sua voz permanecia grossa e baixa.

—Faça o que quiser Fabiane! Para mim pelo menos, isso aqui é de verdade. —Ouvi-lo dizer que isso era de verdade... Era o limite do meu controle, o abracei e sussurrei "Para mim também" e ele sorriu.

—Obrigada.

Ele sorriu e pegou na minha mão, fomos para o caminho da minha casa.

Com a mente mais fria a imagem de Marcos veio-me a tona. Carlos era seu amigo, será que se importaria de conversar sobre ele?

—Você viu Marcos no meio das meninas? — Perguntei um pouco receosa, será que ele ficaria bravo com essa pergunta?

Ele torceu um bico, como se não quisesse comentar nada.

—Eu acho isso repugnante, ele mal terminou com a Liza e já com toda aquela ousadia.

Carlinhos abaixou a cabeça e começou assoviar.

—O que? To errada? — Senti meu rosto queimar, ele concordava com o Marcos?

—Sim. — Pronto, um belo de um 'sim' na minha cara, não acredito.

Ele achava normal? E assim a voz de minha mãe percorreu minha mente "Uma vez segunda, nunca será a primeira!".

Meus pensamentos foram interrompidos por ele dizendo-me o que eu não esperava.

—Eles não terminarão. Nunca namorarão! — Ele comentou sorrindo.

—O que? — Como nunca namorarão? Viviam de mãos dadas, para cima e para baixo, sempre juntos.

—Pelo menos Marcos nunca namorou a Liza. — Continuou sorrindo. Pobre Liza.

Agora

Subimos, e lá estava Liza, desconcertada com o seu próprio quarto. Parecia não estar com a cabeça ali, pensando em outras coisas. Marcos com certeza tinha deixado-a muito mal, e eu não conseguia nem encara-la por cinco segundos.

—Será que é a primeira vez que ele fez isso. As vezes, ele esteja apenas confuso né? — A voz de Liza saiu baixa, audível, mas baixa.

Não, não é a primeira vez!

—Liza, ele ficou com pelo menos cinco meninas, achei que vocês não estivessem juntos.

Eu precisava contar a verdade, mostrar que eu não estava escondendo nada, e que Marcos realmente não a merecia.

—Fabi, todos os dias eu falava com ele, por MSN, SMS, MENSSEGER, em fim, a gente se falava.

Ela começou a chorar tampando o seu rosto, me deu um aperto no coração...

O aperto me lembrou de meu problema.. Carlinhos!

—Por que eles fazem isso? Somos ruins? — Desabei junto com ela, porque temos que passar por isso?

Liza permaneceu com suas mãos tampando suas lagrimas.

—Sabe o que é pior? —Sua voz rouca de choro carregada por uma leve tremida deu-me coragem de encara-la por segundos.

—Não sei — Não fazia ideia do que seria pior, ter visto Calos com outra já tinha me tirado o chão, o que poderia ser pior?

—Tenho uma estranha sensação, de que, na verdade ele esta sendo forçado a isso... Sabe? Talvez status na escola?

Sentei-me mais perto dela, e segurei sua mão.

—Infelizmente ele é isso mesmo, ele não é um dos garotos mais confiáveis! Nenhum deles prestam.

Abracei-a bem forte e caímos as duas no choro. Ficamos ali quietas por minutos, mínimos quinze minutos. Seu celular apitou e ela me soltou... Não era nada.

Liza encostou a cabeça em seu travesseiro olhando para o teto.

—Carlos assustou-me hoje, você esta bem? — Liza me observava.

Olhei para a sua sacada, procurando fugir daquela pergunta e da minha resposta.

Levantei-me em direção as portas de vidro e respirei fundo encarando a minha verdade.

—Não estou bem há muito tempo.— Desabafei.

Seus olhos passeavam o quarto, e eu procurava entender no meu próprio silencio o que havia me ocorrido. Carlos estava com outra!

Na maior cara de pau fingiu não ter me visto, enquanto eu os observava.

—O que ele fez Fabi? — Liza quebrou o silencio e trouxe-me a bomba para responder.

—Ele estava com outra, eu acho! — Respondi ainda observando a porta de vidro.

Eu tinha certeza, mas muita vergonha de admitir.

Voltei a sentar na cama, Liza olhava-me boquiaberta, assustando-me um pouco.

—Não podemos ficar aqui nos torturando! — Não fazia sentido a gente ficar ali sem fazer nada, chorando.

—É Fabi você tem razão, vou pegar o pote de sorvete. — Liza desceu rapidamente e eu fiquei ali, sozinha com os meus pensamentos, com as imagens horrendas de Carlos.

Antes; Há duas horas

Minha sala tinha saído mais cedo, e eu sabia que a de Carlinhos também, mas, onde ele havia se metido?

Rodeei a escola atrás dele, porem nem sinal de Carlinhos, na porta da escola tinha alguns garotos do time, lugar onde normalmente ele ficava.

—Oi meninos, vocês viram o Carlinhos?

Um dos garotos um pouco desajeitado levantou a mão querendo responder, era o Tavinho.

—Ele foi embora Fabi.

Embora? Que estranho.

— Obrigado. — apanhei minha bolsa e segui rumo ao caminho de casa. Andava distraída, e só posso acreditar que vi Carlos a aquela distancia por um milagre. Ele estava bem a frente de mim, eu sai correndo ao seu encontro, ele permanecia de costas, quando eu iria gritar seu nome... Carlos não estava sozinho, Carlos estava com alguém, Carlos estava beijando alguém... Bia? Meu Deus, Carlos estava com a Bia no meio do caminho para casa?

Faltou-me ar ao ver aquela cena, meu namorado com outra. Ele se virou olhou para o meu rosto aflito e rapidamente pois-se a caminhar e se retirar do meu caminho, eu o segui, desesperada, já em choro, segui com raiva, com toda a coragem que havia em mim.

—CARLOOOS!!! —Eu gritei, ele continuou a caminhar, Bia já havia largado nosso caminho, fugido dentre as arvores que rodeavam a pista de ciclismo que estava ao lado da longa calçada que ligava o caminho de volta pra casa de todos.

—CARLOOOS!!! —Gritei mais uma vez e ele parou, virou-se para mim com ódio e eu senti medo!

—Oque era aquilo? Porque você fez isso comigo? — As palavras pulavam da minha boca, chorando eu caminhei rapidamente em sua frente, mais ou menos, já que consegui dar no máximo cinco passos antes que ele agarra-se meu braço com toda força.

—Você é loca meu, ta loca de sai me gritando e ainda dar uma ceninha

no meio da rua? — Ele me apertou mais ainda, meu braço ficou dormente. Abaixei a cabeça e estremeci-me toda.

—Você ta querendo levar uns tapa né garota? — Ele falava tão alto, eu queria um buraco pra me esconder.

Puxei meu braço e consegui escapar, continuei andando.

—Você é muito burra meu, nossa que ódio que eu to de você Fabiane!

Parei e olhei para seu rosto.

—Porque você me traiu?— Perguntei com a voz baixa, com medo dele avançar.

Ele caiu na gargalhada.

—Para de me tratar assim, eu não sou um objeto. — Comecei a chorar, eu sou um lixo mesmo.

Ele agarrou os meus dois braços me puxando para perto dele, senti muito medo.

—CALA A SUA BOCA! SUA FRESCA! —E ele gritou, eu abaixei a cabeça e continuei chorando, abriu se o chão abaixo de mim.

O cara é tão infantil que no momento que começou a cair as minhas lagrimas ele se achou o DELICIA DA GALAXIA, mal sabe ele, que se uma garota, o deixar a ver chorando, é porque ela te ama de verdade ou porque pra ela você morreu.

—É COMO O MEU PAI FALA, MULHER É TUDO IGUAL! Você que procurou, quem procura acha. —E assim ele soltou os meus braços e me deixou sozinha, chorando na rua, encostei-me no portão da casa ao lado, não demorou muito e lembrei-me, é casa da Liza.

Agora

—Acabou o sorvete. —Disse a Liza meio chorosa.

—Não tem problema, eu vou buscar um pote pra gente na vendinha.

Ela sorriu e se jogou na cama.

—Chocolate né?

—Só chocolate que vai nos ajudar.

***

Sorvete na mão, rumo a casa da Liza, me sentindo a garota mais idiota do mundo!

O céu estava ficando nublado, vai chover!

Andando distraída na rua toda desengonçada acabei trombando em alguém deixando o pote de sorvete cair no chão. A pessoa se baixou para apanha-lo e sorrindo entregou-me.

—Desculpe-me. —A voz rouca do rapaz invadiu meu corpo, seus olhos escuros, de um castanho avermelhado sentralizaram-se ao meu, consegui ver os desenhos próximos a suas íris, os tons de marrom casando - se com os de vermelho. Sorriso dele era tão branco que parecia ser fluorescente, brilhante, seu cabelo escuro voava com o vento. A terra parou, e o rapaz permanecia ali, nítido. Eu estou sonhando?

Ele sorriu e continuou a andar, fiquei ali parada ainda por segundos, ele se foi, mas o perfume dele ali estava.

Corri para a casa da Liza, o sorvete iria derreter droga!

Cheguei rapidamente, apanhei duas colheres na cozinha e subi para o seu quarto.

Joguei o pote de sorvete para Liza que o abriu rapidamente e logo abocanhou uma boa colherada. Sentei-me na beira de sua cama e lembrei-me do rapaz, seu sorriso estava na minha mente, quem seria ele?

—O que você tem Fabi, que sorriso largo é esse?—Liza me puxou para seu quarto, tirando as imagens dos meus pensamentos.

—Liza eu vi um rapaz muito lindo.

Ela me olhou assustada e logo em seguida começou a rir.

—Agora?

—Sim, na rua. Ele estava ali, mas parecia de mentira.

Ela se pois a continuar a comer o sorvete.

—O sorriso dele era tão lindo, seu perfume, nossa que perfume delicioso.

—Bem Fabi, fico feliz que você tenha encontrado um cara tão bonito assim, talvez a solução dos seus problemas. —Ela apanhou a outra colher e a estendeu para mim, eu sorri e recusei, precisava de ar, levantei e fui para a sua sacada.

A sacada da Liza era o lugar mais legal do mundo, dali a gente conseguia ver a ponta da avenida que ficava próxima a escola, e as arvores que rodeavam o caminho de volta para casa. Também tinha essas enormes arvores do quintal da casa vizinha que cobriam a outra metade da visão, uma pequena parte, mas cobria.

Minha analise foi interrompida por um barulho chato de joguinho, vindo do quintal da casa de trás, vizinha da casa da Liza.

Ué, quem estava fazendo aquele irritante barulho? No canto da sacada havia uma brecha, dali eu conseguiria ver de onde estava vindo o barulho e... o rapaz bonitão?

Corri para o quarto da Liza e eufórica contei a ela.

—Liza ele esta aqui na casa de trás!

Ela me olhou assustada.

—Quem Fabi? — Liza posicionou-se encarando o meu rosto, parecia estar pronta para fugir.

—O bonitão! —Puxei-a para a sacada e a mostrei o rapaz, pela minha surpresa ela me olhou enojada e voltou para o quarto, eu a segui.

—Ele não é bonitão Fabiane, é o grosso do meu vizinho! — E assim Liza voltou para a cama.

—Seu vizinho, ele é o seu vizinho? — Como alguém pode de fato morar naquela casa?

—Victor, Fabi o nome dele é Victor, e quando você falar meia palavra com ele, vai acabar essa ilusão. —Liza continuava ali, sentada, aparentemente com raiva.

Eu falei com ele, na verdade ele falou comigo, se desculpou, não parecia ser grosso. Eu precisava falar com ele, precisava saber mais.

Voltei para a sacada e tomei coragem.

—Boa Noite. —Disse segurando minha voz para não parecer nervosa, ele deitou a cabeça no tronco da arvore olhando para cima, bem ele me viu, e eu não poderia correr para dentro.

—Boa Noite senhorita Marquês. — Ele voltou a encarar o celular em sua mão. Marquês? Ele me confundiu com a Liza, mas é claro, já que estou na sua sacada.

— Na verdade é Fabiane. — Respondi um pouco envergonhada.

Ele se levantou e voltou a olhar para mim. E não podia ser. Os olhos dele, estavam brilhando? Como?

—A sim agora posso vê-la melhor, a donzela que eu esbarrei a pouco na rua. — Ele tinha a voz rouca, mas, macia, penetrante.

—Na verdade a culpa foi minha. — Senti a necessidade de me explicar.

Ele sorriu, a seu sorriso, não tinha mais duvida, ele era tão encantador.

Liza veio engatinhando e ficou sentada ao meu lado ouvindo a nossa conversa e sorrindo.

—Você mora ai? — Perguntei me curvando nos balaústras da sacada da Liza, afim de poder enxergar melhor o seu quintal.

Ele coçou o queixo continuando sorrindo.

—Porque é tão difícil de acreditar que alguém mora aqui?

—Sua casa dar medo. — Liza se levantou com o rosto corado e sério.

—A senhorita curiosa esta ai né? — Ele falou zombeteiro.

Ela fechou a cara e o respondeu bem seca. O engraçado que mesmo a Liza tentando ser seca ela acabará sendo meio que gentil com sua voz grossa e doce.

—Eu já te disse meu nome. — Liza permaneceu encarando o rosto encantador de Victor, ele encarou o dela, mordeu os lábios e em eguida sorriu. Que clima interessante entre eles.

Ele cruzou os braços e virou a cabeça de lado rindo, que sorriso, dentes brilhantes e brancos, fascinante.

—Liza que gracinha— sussurrei para ela.

—Contrário de você Elizabete, sua amiga é muito doce, você esta um tanto amarguinha né? — Ele voltou a morder os lábios, ele estava provocando-a.

—Sim VICTOR, sou amarga com vizinhos mal educados.— Rebateu parecendo estar muito orgulhosa.

—Então diga-me princesa da razão, como devo proceder com vizinhas que são extremamente intrometidas e além de tudo, extremamente enxeridas? — Ele permaneceu com o sorriso nos lábios, deliciando-se com as feições nervosas de Liza.

Ela olhou para a porta e fechou a cara, não consegui evitar uma risadinha.

—Pronto, odeio ele!

—Desculpe não te ouvi? — Ele riu e perguntou ironicamente com uma voz grave e rouca se inclinando um pouco para frente.

Ela voltou para o quarto e se jogou na cama com o travesseiro na rosto.


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Notas finais do capítulo

Acreditam que ai em cima tem DOIS capítulos? Sim, eu coloquei os dois de uma só vez, porque vocês merecem.

Então oque acharam do Carlinhos? E da Fabi? Podemos acompanhar um pouco do namoro abusivo que ela tem. Agora me contem, oque acharam de Victor? A partir desse capitulo, Victor vai estar mais presente nos próximos capítulos, se acostumem ;)

Então é isso meus amores. Beijos e ate logo.



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