Cheguei à escola, e fui direto para a sala de aula, e lá estava a Daniele, sentada no fundo no meu antigo lugar --- Liza fique na sua. Sentei novamente na frente e tentei ficar na minha, mais não deu, Daniele já estava em pé ao meu lado. Deus dei-me paciência!

___Ei garota! ---- Ela estava parada ao meu lado, com os braços cruzados e batucando um dos pés no chão.

Fingi não ter a ouvido e permaneci arrumando meus cadernos, olhando para a lousa na esperança de ver alguma coisa para poder copiar.

___Esta surda? ---- Novamente a ruiva falou.

Simplesmente a ignorei. Contando rapidamente, mentalmente, ate mil.

___Vou te fazer uma perguntinha. ---- Ela parou na minha frente e apoiou suas mãos na minha carteira.

Finalmente cansei de ignora-la, sem falar que fiquei curiosa.

Encarei-a e ela estava ali radiante, que nervoso, seu cabelo vermelho com cachos, sua roupa maravilhosa, maquiagem e até o perfume.

___Mas é claro, pergunte. --- Tentei parecer não me importar, até forcei parecer sarcástica.

___Por que você me seguiu ontem? ---- Ela continuou apoiada na minha carteira.Curta e grossa. Pensa Liza, poxa eu não imaginei que ela iria me ver, eu pensei que estava completamente escondida!

Todos nos olhavam, eu não poderia assumir que estava a seguindo por causa do Marcos, a vergonha seria imensa.

___Como? ---- Se fingir de besta era a melhor alternativa.

___Não se faça de besta, você me ouviu. ---- Adivinhona, tudo bem, eu precisava retrucar a altura.

___Eu não te segui. --- Mentir era o plano B.

___Lógico que seguiu, eu te vi atrás do poste. ---- Agora ela estava completamente de pé, com certeza esperado a confusão.

___Nossa nada vê! --- Menti mais uma vez, que menina insuportável. ---- Eu só estava indo pra minha casa!

___Então porque você ficou, um bom tempo, lá atrás do poste? --- Ela continuava lá, ereta com os braços cruzados, me desafiando.

Eu me levantei e encarei-a nos olhos, engolindo seco, mas, encarando-a.

___E isto é da sua conta? ---- E sem querer estremeci.

Sua cabeça se mexia lentamente, e o jeito que ela me olhava, parecia querer pular em cima de mim. Seus olhos brilhavam, provavelmente de raiva.

___Se não fosse da minha conta, não estaria perguntando, concorda? ---- Rebateu a ruiva, cheia de direitos.

___Eu já te respondi, não vou ficar perdendo meu tempo. ---- Virei-me para sentar-me novamente, mas, antes que eu fizesse, a ruiva continuou alfinetando-me.

___É fogo não é? Quando a vergonha é tão grande que a gente nem consegue falar a verdade. Como foi sua noite? Chorou muito linda? ---- Disse ela, a víbora, soltou suas palavras envenenadas.

___O que? ---- Voltei a encara-la.

___É isso mesmo ---- Já quase se virando terminou de falar ---- Agora entendo, pobre coitada!

–---- Coitada? Pelo oque? Não aconteceu nada comigo Daniele. ---- Eu estou tremendo, e extremamente nervosa, com muito medo de gaguejar.

Ela se virou e voltou para o seu lugar. Eu estou completamente sem palavras, voltei a sentar no meu. QUE ÓDIOOOOO!!!

Bem como no velho ditado, nada é tão ruim que não poça piorar. Marcos apareceu na porta da sala e a chamou. Dani sorridente levantou rapidamente para ver oque ele queria.

Um beijo apaixonado? Não, pelo menos isso não. Era uma carta, mas, Marcos sempre odiou cartas. Isso me fez lembrar, da carta que eu tinha guardada em meu caderno, que eu tinha feito para entrega-lo. Virei as paginas a procura dela, e logo a encontrei, segurei a lagrima e fechei-o.

Estava rezando para que na carta houvesse algo que ela não gostasse de ler, mas era óbvio, um beijo e um abraço foi a recompensa, graças a deus o professor chegou e ele saiu da porta.

Ele nunca tinha me dado uma carta. Ele sempre me dizia que achava cartas muito infantis.

Já tinha se passado longos dez minutos da aula e, eu não tinha copiado nada, e o engraçado que era minha matéria preferida.

___Liza?

Olhei para o professor que estava sentado na sua cadeira e me fitando, parecendo apreensivo.

___Sim. ---- Respondi atentamente.

Ele se apoiou na mesa que se encontrava na sua frente,e abaixou a cabeça parecendo querer falar baixo.

___Esta tudo bem? ---- Ele permaneceu observando-me, esperando minha resposta.

Olhei discretamente em volta para ver se alguém havia ouvido, parecia que não, a sala estava uma bagunça.

___Sim, com certeza. ---- Respondi falsamente.

Ele torceu o nariz.

___Você anda se alimentando direito?

Pronto agora deu, meu professor estava achando que eu estava passando fome.

___Lógico, por que esta pergunta?

Ele sorriu.

___Liza você está pálida, esta doente? ----- Ele pareceu apreensivo.

Olhei para a tela do meu celular que me servia de espelho e tomei um susto, realmente eu estava pálida.

___Não, nunca fiquei doente na minha vida.

Ele engasgou.

___Nunca? Como?

Eu estava fixa no meu rosto refletido no celular, caramba eu estava horrível, Dani deveria estar amando.

___Saúde de ferro, segundo os médicos, é isso. ---- Sorri para ele, ele voltou a corrigir alguns trabalhos.

___Vai beber água Liza. ---- Ordenou-me simpático.

Levantei-me e fui para o pátio, corri para o banheiro e me assustei comigo. Eu parecia a Vane quando o Carlinhos terminou com ela, ai meu deus, e meu estojo de maquiagem estava na sala, que droga.

Joguei água no rosto e respirei fundo, se as pessoas me vissem daquele jeito tomariam um grande susto, eu precisava melhorar.

Voltei para a sala.

No intervalo conseguia enxergar Dani e Marcos bem próximos um do outro. E minha covardia me impedia de ir lá falar com ele, não conseguia arrancar o olhar deles. QUE NERVOSO!

***

A saída foi um saco, quis ir embora bem rápido, para não ter que dar de cara com o casal feliz, mas, não adiantou coisa alguma, ate por que eles pegavam o mesmo caminho que eu para voltar pra casa, pelo menos metade do caminho, tive que ouvir os dois atrás de mim conversando.

Por mais que eu realmente não quisesse ouvi-los era quase impossível, os dois praticamente estavam berrando a alguns passos atrás de mim. É como se eu não existisse e eles estivessem sozinhos, caminhando para casa.

___Tudo bem! Só quero minha resposta amor! ---- Falou Marcos pela segunda vez.

___Marcos eu já te disse, amanhã te digo. ---- Daniele parecia nervosa.

___E se amanhã você faltar? ---- Agora os dois pareciam estar nervosos.

___Basta você acreditar em mim! ___ A voz rouca e fria dela causará arrepios em mim, passou rapidamente pela a minha cabeça, Bem feito Marcos!

___Não amor, eu acredito em você e espero a minha resposta. ---- Respondeu submisso.

A primeira esquina que desviava os nossos caminhos eu segui. Demorei mais tempo para chegar em casa, e a demora só prorrogava o meu desespero!

Quando cheguei em casa subi o mais rápido para o meu quarto, quase tropicando nos degraus.

Deitei e cobri o rosto com o travesseiro, e fiquei lá, tentando esvaziar minha mente, o completo silencio se acabou rapidamente com os gritos de Idinho a minha procura.

___Liza? Liza? ---- Gritou repetidamente.

___Oi. ___ Grunhi do meu quarto.

___Sua mãe deu alguma noticia? ---- Ele parecia preocupado.

Olhei para o relógio estava cedo demais. ---- Não, ainda é cedo Idinho.

___A sim, com certeza ---- Pude ouvir suas risadas sem graças.---- Você faz um favor para mim?

___Esta bem. --- Concordei, só queria ficar em silencio.

___É que eu acho, que ela vai chegar mais cedo hoje, se ela chegar, diz para ela que eu dei um pulo na concessionária.

___Beleza.

Ele se foi me deixando sozinha. Graças a Deus, em Minas era constante que eu ficasse sozinha em casa, para mim era tedioso, mas, naquele exato momento eu necessitava ficar só, se minha mãe chegasse mais cedo hoje, eu estaria perdida, ela iria querer conversar e eu não estava disposta.

Apanhei meu celular e coloquei minha lista de musicas para repercutir, e a musica triste rodopiava pelo meu quarto a fora, e parecia sei lá, que a musica tornará o mundo mais suportável.

Antes : Há um ano e meio

Ele estava correndo, chutando e gritando que nem um louco. Nosso time estava ganhando, ele se virou para mim e me mandou um beijo e eu te mandei outro.

___Da maneira que nosso time esta indo, as outras escolas não iram ter chance no campeonato de futebol. --- Confessou Monica que estava ao meu lado na arquibancada.

Eu me sentia tão feliz, as meninas estavam dando gritinhos de torcida, todos empolgados, e meu namorado estava lá, arrebentando no campo.

O jogo já tinha acabado eu estava o esperando.

___Gostou do jogo, linda? --- Ele perguntou sorridente e em seguida deu-me um beijo estralado.

___Gostei. --- Respondi tímida.

Ele me puxou para perto dele.

___Eu vou ter que ir lá em casa pra tomar um banho, que tal se a gente saísse para comemorar?

Concordei, estava tão feliz em velo empolgado daquela maneira.

Cheguei em casa e não tinha ninguém, ótimo assim daria para sair com o Marcos.

___Liza? ---- Minha mãe me fitava do sofá da sala. ---- Seu horário não é ao meio dia? Já são uma e meia, onde você estava?

Fiquei sem graça, tinha me esquecido de avisa-la que eu ficaria mais tempo por causa do jogo.

___Eu fiquei assistindo o jogo. A gente ganhou mãe, foi muito legal! ---- Tentei me expressar o mais feliz possível, na esperança que ela amolecesse.

___E por que você não me avisou que iria ficar mais tempo Liza? ---- Indagou, ela parecia estar muito nervosa.

___Eu esqueci mãe.

Ela se levantou e veio para a cozinha.

___Elizabete, já é a terceira vez na semana. ---- Ela começou a falar e falar, mas eu nem conseguia ouvi-la, estava preocupada com que roupa eu iria sair com o Marcos. Que porcaria, eu não tinha nada novo.

___Você está de castigo!!! --- Desabafou irritada.

Eu a olhei e engasguei.

___O que? --- Como assim de castigo, eu não tinha mais idade para isso.

___Elizabete, você esta passando dos limites, eu não posso ficar sentada aqui esperando você chegar para saber onde você foi, você sabe disso.

___Então por que fica mãe, eu estava lá com o Marcos.

Ela bateu a mão na mesa estressada.

___Eu sabia, esse moleque, esta acabando com você. --- Ela me encarou --- Você mal fica em casa, e para piorar, esta me respondendo.

Eu virei à cara, que injustiça, ela não gostava do Marcos sem ao menos conhecê-lo.

___Liza, ouça sua mãe, ele um dia vai fazer alguma palhaçada e você vai ficar ai que nem boba. Você esta de castigo, e eu não quero ele vindo aqui quando eu não estiver em casa. ----Ela pegou a bolsa e saiu, provavelmente para o trabalho. Eu esperei uns vinte minutos e liguei para o Marcos.

___Oi linda o que foi? --- Respondeu Marcos de forma doce.

___Minha mãe, ela me proibiu de sair. --- Desabafei envergonhada, não dava pra acreditar que eu estava de castigo.

___Não tem problema, eu vou ai então.

Pensei em dizer para ele, que, minha mãe não o queria em casa sem ela presente, mas, se eu confessasse, ele não viria. Então que mal á se ela não soubesse?

___Tá bom. --- Concordei com ele.

Ele veio para minha casa, ficamos o dia todo assistindo filme, agarradinhos e outras coisas mais, foi a minha primeira vez.

___Você não precisa ficar aqui, você pode sair com seus amigos. --- Ele já tinha ficado o dia todo comigo, e já estava na hora da minha mae chegar, eu precisava que Marcos fosse embora.

Ele me olhou sem graça.

___Mas e você?

___Eu estou bem, já passei o dia com você.

Ele me beijou e se levantou.

___Eu te ligo.

Eu concordei e ele se foi, fiquei um pouco enciumada, mas, depois passou, afinal que mal poderia ter, ele ganhou o jogo ele merecia comemorar.

Agora

Levantei-me e corri para o meu caderno, e li minha linda cartinha, a mesma que eu iria entregar para Marcos quando eu voltasse de Minas.

Marcos,

Eu sei que você acha cartas uma idiotice completa, porem eu precisava escrever ela para você.

Eu estou completamente perdida, foi horrível esse tempo longe de você, eu já não sei o quanto chorei de tanta saudade...

Antes ; Há nove meses

____ Você vai para onde?

Eu mal conseguia explicar, ele parecia tão abatido, peguei a sua mão e coloquei no meu colo.

____Minas.

Ele abaixou a cabeça, e permaneceu quieto.

____E agora o que vamos fazer? ---- Marcos permanecia com a cabeça baixa.

____Eu não sei. Eu gostaria que fosse diferente, mas, minha mãe conseguiu uma promoção e a casa esta sendo paga pela empresa.

Ele continuava com a cabeça abaixada.

____Então, quer dizer que você vai embora e a gente vai terminar? ---- Ele me olhou nos olhos, um olhar tão profundo que conseguiu me derrubar uma lágrima, eu nunca tinha chorado na frente de algum garoto, tentei abaixar a cabeça, mas, ele não deixou, me beijou e sussurrou; "Eu amo você Elizabete".

Agora

... você não sabe, mas, todas as vezes que vejo um casal me lembro de nós. Tudo o que eu queria é estar com você.

Estou com tanta saudade, espero ansiosamente para lhe abraças e dar a você um grande beijo.

Eliza

Antes

___Eu vou voltar, eu prometo, mais preciso que você me espere.

___Eu vou te esperar, vou manter contato com você, eu te amo muito.

Nossas mãos estavam praticamente coladas, eu mal conseguia falar, de tanto chorar meu rosto já estava inchado, ele não tinha chorado, mas entendia.

O carro já estava estacionado, as malas estavam no carro e minha mãe já estava vindo, eu soltei a mão dele com muito sacrifício, tudo estava pronto, mas que tipo de coração não olha para trás? Enquanto o carro se movia lentamente, eu chorava desesperadamente acenando para Marcos que permanecia na calçada, acenando também.

Agora

Guardei na bolsa a carta, eu iria esperar, logo jogaria ela no lixo.

Desci para a cozinha, precisava distrair a minha mente.

Logo quando cheguei aos últimos degraus ouvi uma gritaria vinda lá da rua... Eu conhecia as vozes, corri para a porta e avistei Fabi e Carlinhos brigando.

___Bem feito! Da próxima vez não procura! ---- Calos gritava como um louco, e logo ele saiu e a deixou sozinha, Fabi se apoiou em meu portão, completamente desolada.

Eu simplesmente não posso deixa-la na rua daquela maneira. Corri para o portão, ela me fitou sem graça e no fundo de seus olhos escuros e iluminados pelas lagrimas vi meu rosto, igual ao dela.

Não precisávamos dizer nada, um abraço quebrou o gelo entre nós.

___Vamos entrar não quero que ninguém veja você assim! ---- E assim a puxei para dentro.