You're an asshole but I love you escrita por dude


Capítulo 12
Sui generis


Notas iniciais do capítulo

Alo, alo, vocês sabem quem sou eu? Alo, Alo, graças a Deus!

Quem colocar essa música para tocar sofrerá 200% mais, não percam a oportunidade:https://www.youtube.com/watch?v=Nt77EJqTpPo (Home - Gabrielle Aplin)

Podia escrever textão de desculpas, mas é tudo clichê e sei que vocês já conhecem. Meu motivo: preguiça. E não vou desistir da fic não galero, tranquilex. Espero o mesmo de vocês, em?

Eu, euzinha aqui, recebi uma recomendação da lindeza da Catharina e estou a ponto de morrer de felicidade. Já agradeci a você, e farei isso mil vezes mais, e talvez não seja suficientes. Você foi uma das minhas maiores e melhores descobertas em 2015, obrigada por tudo.

Esse capitulo é com muito carinho para todas vocês, mas se me permitem estou dedicando a Luize. Esse é pra você, darling, quero ver seu comentário, em?

Desejo a todos vocês um ano mágico, sonhos realizados, saúde, felicidade, amor e tudo de mais lindo no mundo, para seu amadinhos também. E estou torcendo para que algum de vocês descubram a cura para a doença mental dos nossos amados Adam e Eddy.

É isso.

Boa leitura, swens.

Flashback em itálico.



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O súbito silêncio que pairou entre elas, assim se manteve, até que a voz de Emma quebra o encantamento.

"Você tem certeza que não ameaçou as pessoas para me tratarem assim? Uma cidade tão pequena e atrasada no tempo, não pode abrigar tantas pessoas moderninhas"

"Talvez?" Indaga, em seus lábios uma sugestão de sorriso "Eu poderia fazer isso. Mas a resposta é simples: todos gostam muito dos seus bonitos olhos verdes"

"Eu desconfiei" Sussurra em resposta. Seus olhos não abandonando nunca os da morena. Regina se sente momentaneamente invadida, como a algum tempo atrás havia se sentindo com Emma, com um meio sorriso vira-se para encarar o palco, ficando de costas para a garota. Olhava o palco e a multidão com os olhos cobertos, sem nada ver. Lembra-se que logo que conheceu a garota - que parecia ter sido ontem, e ainda assim sentia que aparentavam ter uma vida toda de convivência - pensou existir entre elas qualquer tipo de conexão que fazia com que a outra a visse. E isso em nada se assemelhava a visão simplesmente, ela a descortinava. Foi inevitável não pensar que a última pessoa que tinha essa capacidade era seu querido pai. Lhe ocorreu que Emma era a pessoa mais próxima de uma família que ela tinha. Suspira com pesar. E que de qualquer forma perderia.

"Quer saber um segredo?" Pergunta a garota, fazendo Regina voltar a realidade.

"Os seus? Todos" Responde. A boca de Emma se abre em surpresa, logo em seguida sente-se eufórica, sorri.

"Eu sempre achei os olhos castanhos, como os teus, mais bonitos" Diz docilmente.

Regina sente sua pele formigar "Bobagem" Diz com um sorriso nos lábios, Emma o sente pela sua respiração.

"Eu gosto do teu sorriso" Regina sorri largamente dessa vez, ainda sem se virar para a outra "Você fica bonita quando sorrir, mais bonita."

Regina não tinha resposta praquilo, sempre fora vaidosa, era um deleite ser elogiada, mas não é como se seus duzentos espelhos não refletissem tudo que saia das bocas bajuladoras dos homens e de muitas mulheres também. Contudo, aquelas palavras vindas de Emma tomaram um rumo diferente, pois dessa vez ela sentiu seu coração martelar no peito em contentamento.

***

Emma suspira frustrada, depois de entrar na trigésima quinta semana de gravidez, ao não ser as faltas de ar corriqueiras, as mudanças de humor, as roupas que não entravam mais, os pés que inchavam às vezes, as dores nas costas, se satisfazia por poder dormir. Dormir apenas, conseguir deitar, pregar os olhos e sonhar. Hoje, nessa fatídica quinta, ela já tinha desistido de fazer a horas, quis chorar, quis gritar, mas não fez nada disso, se odiou por estar naquela situação, se odiou por não poder fazer nada por si e se odiou por estar tão dramática e melancólica, aquilo não era ela. Há dias, quando achou que não teria mais surpresas, começou a sentir uma queimação no centro do peito que subia até a garganta, Adam já tinha examinando-a e dito que azia - o nome da maldita era esse - era comum na gravidez. Às vezes ela sentia que a única resposta do Adam era essa: Comum. Havia começado a engordar quase meio quilo por semana, tinha ficado assustada, mas para Adam? Comum. Queria beijar a morena, para Adam? Provavelmente, sentia ela, que ele diria a mesma coisa. Mas não tinha perguntado. Sorriu por um instante com seu pensamento.

Reclina o corpo, apoiando as costas na cabeceira da cama, fecha os olhos e relaxa o maxilar, percebe que o mantinha travado deixando-os dentes levemente doloridos. Tateia a cama em procura do celular, desbloqueia-o e só então olha a tela, ainda eram 5hr30min, já tinha passado uma semana que ela estava ali, sentia isso em seu âmago, nada parecia frear aquela sensação horrível, apenas manter o corpo levantado e ereto, parece simples e era, mas o cansaço e a dor na lombar queria drasticamente um encosto.

Apoia as duas mãos espalmadas na barriga. "Me dê uma força bebê, pare de esmagar meus órgãos. Eu prometo... te dar um chocolate. Ou melhor... Convencer a Regina que você precisará de mais que legumes e frutas"

"Isso não vai acontecer"

Emma sente o coração acelerar e tinha certeza que seus olhos estavam maiores que o rosto "Puta que pariu" Pragueja, procurando a dona da voz. Leva a mão ao peito e tenta controlar sua respiração que se tornou pesada.

"Desculpe, a intenção não foi essa" Regina diz receosa, em alguns passos, chega até a garota que estava sentada na cama, praticamente não via seu rosto pela pouca luz. "Está se sentindo mal de novo?" Pergunta, deitando um olhar cauteloso e avaliador.

"Muito e você estava a quanto tempo ali?"

"O suficiente" Responde com graça. "Deu para sentir essa maldita até na hora de repousar" Emma sorri do “maldita”, a morena realmente prestava atenção nas coisas que falava, por mais bobo que fosse. "O que ele mandou que fizesse?"

"Montar um encosto na cama com vários travesseiros para dormi sentada, ou quase isso."

"Isso ajuda?" Pergunta preocupada, ela acena em positivo "Já tentou o que ele recomendou?"

"Eu pensei nisso" Emma ri do seu pensamento e revela "Mas acho que não vai caber nós três nessa cama." Diz em tom sugestivo.

"Nós três?" Regina indaga, odiando a pouco luz queria ver com que expressão estaria a outra, se aquilo era o que parecia.

"Eu. Os travesseiros... E o bebê. Mas o problema, não achei travesseiros para tal" Emma sorri, com a certeza que Regina soltou o ar aliviada.

"Venha, no meu quarto tem suficientes." Regina gira nos calcanhares e caminha até seu quarto, alcança a porta e abre-a, em seguida acende as luzes, fazendo a piscar os olhos tentando acostuma-los com a claridade.

Emma faz o mesmo e quando ver com clareza, sente um fervilhar em seu estomago, e percebe que era a primeira vez que estava no quarto da prefeita, parou no vão da porta esperando Regina voltar com os travesseiros. Sorri ao perceber sua falha. O quarto não tinha paredes, cortinas ou cochas negras como tinha imaginado diversas vezes. Parecia o seu quarto, só que duas vezes maior, a janela que tomava 1/3 da parede norte do quarto eram brancas e sobre ela uma cortina vermelho sangue - era a única coisa com cor quente naquele ambiente; a cama era king-size com uma cabeceira estofada, os lençóis brancos pareciam macios e quentes, convidativos, os travesseiros, quatro ou seis deles eram do mesmo tom; os outro moveis tinham cor de madeira, criados-mudos ao lado da cama, no mais próximo da porta e de seu campo de visão um vaso bege decorava-o e um abajur de lapela rosa claro, imagina que o vaso precisava de algumas flores, talvez narcisos ou girassóis, no outro lado mais dois abajures, estreita os olhos. Três? Pensa, estanhando. Nas paredes um papel de parede branco, tinham algo como flores estampado, eram escuras e tinham um ar vintage, não sabia como definir, mas eram lindinhas.

Continua sua vigília, uma penteadeira de quase dois metros ao leste do quarto, tinha alguns objetos encima, mas o que de fato chamou a atenção de Emma foi uma caixa de madeira, com escritos entalhados e um coração para fechar a caixa; mas o mais incrível, seu quarto tinha uma lareira, imensa e linda, sobre ela um relógio antigo repousava, ao lado direita uma poltrona no esquerdo uma porta, porta essa que Regina saia no mesmo instante, Emma tinha um sorrisinho de lado quando pensa que havia encontrado, finalmente, a sua parte preferida no quarto, a morena caminha com uma pilha de travesseiros, desajeita até a cama e os joga lá.

"Pensei que fosse ajudar" Diz, não sem simpatia.

"Seu quarto é lindo" Confessa. Regina murmura um obrigado enquanto empilhava os travesseiros no meio da cama.

"Me ajude" Chama a outra ao perceber que Emma ainda admirava seu quarto.

Emma caminha até a cama, e segura os travesseiros que já estavam na cama empilhados, até que se dá conta "É aqui que eles vão ficar?" Quando na verdade queria gritar, "EU VOU DORMIR COM VOCÊ?"

"Você disse que não cabia nós três lá, não é?" Indaga, com um meio sorriso, a outra parecia contar uma piadinha interna.

Emma ri sem graça, colocando mais um travesseiro no monte, Regina parecia estar lhe provocando e ela não tinha uma resposta. Encosta seu corpo nos travesseiros, abraçando com um dos braços. Regina levanta-se um instante depois e desliga as luzes.

"Meu corpo precisa de no mínimo quatro horas de sono." Revela. Emma sente o corpo de Regina pousando no lado oposto dos travesseiros, ouve ela puxar a coberta e virar-se de costas para ela.

"Você passou a noite no escritório de novo?"

"Tenho trabalhado por três nos últimos meses, suponho que é uma folga que não terei em breve, então preciso agilizar certas coisas, burocracias, fechar entregas... Fico exausta só de pensar." Diz, soltando um suspiro.

"Você precisa se cuidar isso sim." Murmura Emma.

"Eu faço isso." Responde em um tom baixo, antes de bocejar.

Emma tinha certeza que não havia passado nem dez minutos quando Regina girou na cama, deitando-se de frente para ela, murmurou algo inteligível e suspirou profundamente. Fecha seus próprios olhos, ouvindo a cadência da respiração de Regina.

"Durma bem." Seus olhos estavam tão cansados que ela sentia que tinha terra neles "É dormiremos bem.... E veja, não foi bem assim que eu imaginei que seria isso não" Resmungou, baixo o suficiente para a outra não ouvir ainda que estivesse acordada.

~

A morena acordou algumas horas depois, em um gesto fluido saiu da cama, e de seu quarto sem fazer barulho, resolveu que trabalharia em casa, caso fosse preciso sua intervenção com Emma.

Emma acorda nessa manhã surpresa por estar se sentindo melhor, senta-se e espreguiça o corpo, olha atentamente o quarto querendo guardar cada detalhe que deveria lhe trazer qualquer informação nova sobre a dona. Após relaxar sobre uma ducha gelada e sair tremendo do banheiro, teve uma surpresa ainda maior quando encontrou Regina na mesa na sala, rodeada de papeis e tão atenta a eles, que parecia em outro mundo, tinha o queixo apoiado na mão, seus cabelos caiam de forma graciosa. Era linda e sexy, pelos deuses, com era, mesmo que sem o intuito. Sorriu ao dar conta que ela estava lá, exclusivamente, para garantir seu bem-estar.

“Ei prefeita” Diz Emma animada, mas com a voz baixa. Regina levanta o rosto para vê-la, o sorriso surgindo em seu rosto, seus olhos atentos percorrendo a garota: descalça, com um short de tecido acima do meio das coxas e uma blusa branca larga que era muito maior que ela, mas não estava assim agora, encontrava-se esticada em seu corpo pela grandeza de sua barriga, conseguiu ler na camisa os dizeres: “Love is old, love is new, love is all, love is you” (Amor é velho, amor é novo, amo é tudo, amor é você). Levantou as sobrancelhas, arregalando levemente os olhos, em uma admiração velada. “Como és bonita... Mesmo tão fangirl”, pensa.

Quando mirou o rosto dela, ela sorria “Oi bela adormecida” Fez uma anotação mental: precisava comprar roupas para ela, as antigas já não lhe cabiam bem, a prova estava pelas as vestes que Emma não usava até algumas semanas atrás.

***

Sábado dia da maior parte das reuniões na prefeitura e Regina, particularmente, os achava mais exaustivo que os outros. Sugava boa parte da manhã enquanto falava com desconhecidos ou quase isso, algo que Regina nunca gostara. Quando chegou na prefeitura para mais uma lucrativa manhã, Kathryn lhe informou que o presidente da Oliveira Wilde iria chegar duas ou três horas atrasado, isso era inadmissível para a morena que tinha como pontualidade e assiduidade as características que mais prezavam quando se tratava de negócios. Cerrou os dentes.

"Posso buscar o Frappuccino gelado que você adora" Diz Kathryn, querendo acalmar a outra, observa a morena completamente irritada, os braços cruzados no peito, os punhos cerrados.

"Você está tentando me comprar?" Diz, arqueando as sobrancelhas "Pois, deu certo. Vamos" Completa, um sorriso involuntário no rosto.

"Vamos?"

"Enquanto pega as bebidas, preciso comprar uma coisa" Diz, relaxando os braços em torno de si.

Kathryn levantou-se animada, pega a bolsa e se dirige até Regina que inicia a caminhada. Elas conversavam, bem, Kathryn era mais expansiva então não se calava nem um instante, em quinze minutos se separam na frente da Cafeteria & Sorveteria Storybrooke, enquanto a loura comprava as bebidas, Regina continua caminhado

A morena tinha como destino a Loja de Penhores, lembrou-se que foi ali que tudo tinha começado. Fechou um sorriso que nem notara que esboçava. Sua visita ao lugar tinha um proposito, tinha visto um carrossel antigo na vitrine da loja de Gold, era azul com detalhes marrons, tinha cavalinhos dos mesmos tons e sua cabine girava e era perfeito. Revisou pela milésima vez sua lista mental, tinha comprado tudo: berço, roupas, bolsas, decorações, papel de parede, saída maternidade, fraldas e mais fraldas, cadeirinha, carrinho... alguns moveis estavam no porão, que era meticulosamente limpo e organizado, tudo era assim na mansão. Adiciona uma nota metal: precisava arrumar a mala do bebê, roupas nas quais ela havia pego milhares de vezes olhando e imaginando com um serzinho precisava ser pequenino para caber neles. Azul, cinza e branco. Foram as preferencias em tudo. Voltou da Loja instantes depois, com não só o carrinho, mas um ursinho que lhe fez lembrar-se de Emma.

Enfim... O próximo passo era mudar Emma de quarto, pois o seu atual seria o do bebê, e a garota iria para o que se localiza em frente ao seu, tinha a cabeça distante quando sentiu seu corpo se chocar com algo, a morena abaixa seu olhar para olhar para o quê ou melhor quem o tinha feito. Mary Margareth. O pior de tudo, é que aquilo sempre acontecia, elas tinham esse caminho em comum de segunda a sexta, mas não nos sábados.

Seus olhos fitaram o da mulher, centímetros mais baixa, já os tinha visto por anos, mas ao olha-los sentiu uma familiaridade diferente, não era porquê a conhecia, mas por que eles lembravam ela, eram igualmente verdes com pontos dourados brincando por toda íris. Emma.

"Desculpe" Diz Regina, logo em seguida pressiona seus lábios ao notar o feito, com um aceno de cabeça se afasta da garota, segundos depois de esbarrar-se nela, passando pelo Granny's, viu ela entrar no estabelecimento. Foi com a outra na mente em que proferiu as palavras, suspirou frustrada.

~

Mary Margareth abriu a boca para se desculpar, tinha certeza que tinha os olhos úmidos e o rosto aflito, era comum, ao ouvir Regina, as palavras ficaram presas, tentou arranca-las de dentro, mas a outra foi mais rápido, dando passagem a ela, que se adiantou e andou apressada até estar dentro da Granny's. A respiração da garota estava pesada, seu peito subindo e descendo rapidamente, foi interrompida pela voz de Kathryn.

"O que aconteceu?" Pergunta a moça preocupada, Mary tinha os olhos levemente arregalados e a cor tinha se esvaído do seu rosto.

"Regina" Diz, finalmente achando sua voz "Eu... Ela...” Fecha os olhos e abana a cabeça “Nos esbarramos, e ela se desculpou" Completa "O quanto isso é impossível? O que houve com ela?" Diz, fitando a outra, com olhos desconfiados.

"Eu acho que Emma, sua amiga aconteceu" Diz, a contragosto. Por ser tão extrovertida lhe falta a ponderação e até certo olhar mais analítico em relação aos outros... A cautela presentes nos mais reservados. Notava pouco a insatisfação dos outros com ela, até a morena que quase sempre lhe tratara com asco, ela considerava sua amiga. Apesar disso, essas semanas todas já tinham lhe fornecido isso em relação ao relacionamento entre as duas.

"Como assim?"

"Nada..." Diz, de soslaio Ruby se aproximava dela com uma caixa em mãos ”Besteira minha, esqueça." Completa e vira-se para a garçonete que lhe sorri.

"Suas rosquinhas de doce de leite e brigadeiro de morango" Descreve o pedido e recebe um sorriso de volta. "Volte sempre” Kathryn estende a mão com a nota.

"Claro. Tchau" Despede-se, pega o suporte onde os copos estavam os dois cafés e a caixa das rosquinhas, vira-se e sorri "Tchau Mary" E sai em seguida.

"Você ouviu?" Indaga Mary, Ruby nega e de repente abre os olhos em surpresa, lembrando-se de algo.

"Eu vi uma coisa na sexta, mas como não gosta de fofocas." Diz com um sorriso travesso "Sobre a Emma" Completa. Mary iniciou um tamborilar com os dedos na bancada, impaciente.

"O que aconteceu a ela?" Diz, preocupada, fazendo Ruby rolar os olhos.

"Nada, ainda. Emma meio que sumiu né? Falei com ela esses dias, mas só vou perguntar quando estivermos cara a cara."

"Diz logo."

"Eu tinha ido encontrar o Fred e ele estava muito animadinho" Diz, um sorriso nos lábios, seus olhos fixos em um ponto qualquer "Me puxou para um canto" Revira os olhos em deleite, sendo cortada pela outra que fez uma careta, desaprovando.

"Me poupe dos detalhes sórdidos, foque na Emma." Diz, em seguida passa as mãos pelos cabelos curtos, mania que tinha quando sentia-se insegura.

"Eu acho que Emma ia beijar a Regina." Murmura e fita a outra que tinha os lábios abertos em surpresa "Você está achando o mesmo que eu?" Pergunta, ansiosa.

"Queira Deus que não."

"Emma gosta da cobra de chocalho. E bem, os sinais estavam ali... fui burra." Diz, bate de leve a mão aberta na testa, em um gesto de aborrecimento.

"Se assim for a cobra" Desvia os olhos de Ruby, corando, voltando a olha-la em seguida "Digo, Regina" Frisa o nome "Também gosta dela. Talvez" Conta a amiga que havia esbarrado em Regina, e ela havia se desculpado, Kathryn tinha dito que a mudança de postura da morena tinha uma causa: Emma.

"Ai meu deus, o otp está acontecendo diante dos meus olhos, esse tempo todo." Diz Ruby, dando palminhas em animação e sorrindo.

"Otp?" Pergunta, franzindo o cenho.

"One True Pairing. Algo como verdadeiro par, casal mais queridinho."

"Você não tem jeito." Diz e sorri para a amiga "Por que isso te anima tanto?" Se interessa.

"Não sei?" Dá de ombros "Vou marcar com a Emma."

"Ruby, tome cuidado o que vai falar com a Emma, ela está sensível. E isso bem pode ser coisa da sua cabeça.... Não vá enfiar besteiras na cabeça dela." Alertou séria.

"Eu sei." Ruby diz, desvia os olhos e fita o chão.

"Você está corando?" Pergunta, vendo-a corar "O que aconteceu com minha melhor amiga?"

"Emma aconteceu. " Diz, com um sorriso, citando o que Kathryn tinha dito.

"Ela te colocou juízo mesmo, coisa que nem eu consegui." Revela compreensiva e com um sorriso nos lábios.

"Verdade, ela é tipo a salvadora. Mas você e ela são iguais" Diz, em tom brincalhão, sorrindo. “Só que Emma é mais... persuasiva”

"O que fizeram com minha amiga?" Indaga, com um sorriso de canto, Ruby ouve a campainha tocar e vira-se pegando a xícara fumegante de café com creme, põe a xícara na bancada, junto com um prato contendo ovos, bacon, panquecas, em seguida empurra de leve o prato em direção a outra. Já esperava a amiga aquela manhã, depois de caminhar até a pracinha da cidade, ela voltava para o café.

"Seu café Mary, bom dia e a saída é logo ali." Diz, finge aborrecimento. Mary senta-se no balcão, finge ignorar a outra, logo em seguida, se olham e sorriem, Ruby se afasta da amiga, indo atender um cliente que acabará de entrar.

***

Regina sentiu-se mais calma depois da bebida, Kathryn alcançara ela já perto da prefeitura. Algumas horas depois findava a reunião, que fora tranquila, no fim da mesma ela deixou claro que se aquilo se repetisse os laços estariam cortados, eles a encheram de mimos, e ela fingiu desinteresse, mas no fim ainda teve ganhos. Permitindo a sentir-se, novamente, bem.

Estava em seu gabinete, relaxava um instante quando recebeu a ligação de Emma. Sorria de leve, levantando e indo até a janela que dava de frente a sua macieira enquanto conversavam, franziu o cenho quando notou quem estava por lá, sentada no banco, com os olhos atentos na janela e um sorriso. Seus cabelos loiros refletindo a luz do sol. “Ouro derretido”, pensa.

"Você me achou" Diz Emma e acena para morena.

A morena abana a cabeça, sorrindo para outra, no instante seguinte ouve a porta se abrir e olha por sob os ombros, Kathryn acabará de entrar, tinha as linhas endurecidas e seus olhos transmitiam algo que Regina sabia que outrora eles não tinham. Regina mantem o celular grudado a orelha.

"Emma está lá atrás" Afirma, e aponta com o dedo para a janela que a morena acabará de dar as costas "Bem, você já deve ter notado" Regina confirma "Quer que eu a mande embora?" Indaga.

Emma solta a respiração de forma frustrada e diz arrastado "Nãão".

Regina não consegue não sorrir. "Não" Diz e acena em negativa.

"Mas... Ela... ela está" Kathryn não sabia o que dizer. "Atrapalhando nosso trabalho" Completa impaciente e dá mais um passo para dentro do escritório, revelando em mãos alguns papeis.

"Kathryn. O que te aconteceu? Está tão amarga. Está precisando rir mais." Diz mostrando-lhe os dentes em um sorriso, que sai sem graça.

"Não precisa mostrar como sorrir, ela sabe, afinal..." Emma diz do outro da linha. Regina revira os olhos para Emma.

"Que novidade você falando de amargura." Alfineta a moça.

"Ui." Emma diz contendo o riso, para ouvir a resposta de Regina.

"Para você ver, se existisse um ranking minha querida, eu e você estaríamos em um duelo ferrenho."

"Duelo?" Emma diz rindo baixinho "Duelo ferrenho" Repete, rindo em seguida.

"Swan, calada" A morena diz, antes de desligar a chamada, espalma as mãos na sua mesa. Consegue ouvir Emma rindo, o som do seu riso entrando pela janela aberta e ecoando em sua mente.

"Kat." Diz mais suave, inclinando seu corpo para a frente.

"Sim, senhora Mills." A mulher diz. Deixa a morena impressionada pelo modo da outra, porém seu semblante não transparecia nada. Nenhum apelido, nenhum sorriso, ela estava mesmo com problemas. Regina sabia o motivo, afinal.

"Papa" Kathryn diz, após mais um dia exaustivo ao lado de Regina era bom ver um rosto amigo. Seu pai e ela tinha problemas desde a sua adolescência, quando ela havia fugido por uma semana com o namorado, o pai odiava o garoto e depois disso qualquer coisa importante do relacionamento entre pai e filha tinha se perdido. Ela nunca deixou de se sentir culpada, ainda mais que seu ''primeiro amor" era na verdade desejo furtivo.

Ele abriu um sorriso ao vê-la, que correspondeu "Boa noite, Julia". O sorriso dela vacilou, ela estava cada dia mais perdido, e ela se sentia cada dia mais incapaz, faria qualquer coisa para recuperar a saúde do pai. Qualquer coisa. "Nossa menina, a Kat, onde se meteu? Não a vi o dia inteiro" Ele diz, era sempre o que queria saber, sentia falta de sua menininha, tudo era um vulto em sua mente, tudo que ainda lembrava era antes do acidente que levou sua esposa quando Kathryn tinha 7 anos.

"Bem, ela vai dormir na casa de uma coleguinha hoje" Diz Kathryn, mentir tinha se tornado um hábito, as palavras falsas fluíam com uma facilidade que lhe assustava.

"Oh, eu não gosto disso" Ele diz sério, fitando-a nos olhos "A pequena sabe lá se cuidar sozinha, Ju, tens que cuidar dela" Avisa, um sorriso triste aparece no rosto da loira, sentia demasiadamente falta de seu pai e de quando ele era desse jeito com ela, quando a tratava como sua joia preferida. Era doloroso em dobro ver seu pai naquele estado e não ter sua mãe, e ainda assim, ter seu nome dito centenas de vezes pelo seu pai, todo dia.

"Eu cuido muito bem dela" Diz Kathryn, mas afetada que desejava, sua mãe era um anjo, lhe doía vê-lo não salientando isto.

"Eu sei, meu bem. Você é a mulher mais especial desse mundo e sei que nossa filha será como você" Diz, e pega as mãos da mulher, Kathryn evita seu olhar, solta suas mãos da dele e joga os braços em volta do seu pescoço, sentindo os olhos cheios d'agua, seu pai a manteve firme em seus braços. Tinha em mente que o pai, hoje, não achava isso dela, pelo contrário, às vezes ela agradecia ele não se lembrar dela como ela era atualmente, e sentia-se mil vezes culpada por seus pensamentos.

"Papa, eu juro, eu farei tudo para que fique bem de novo" Sussurra em meio as lágrimas que lhe escapavam dos olhos.

"Kathryn eu não consigo entender o motivo dele estar assim... ele esteve bem por longos anos."

"É a idade."

"Dr. Whale te confirmou a doença?"

"Mil vezes. Ele disse qualquer coisa sobre estresse poder fazer uma pessoa esquecer parte ou todas as memórias"

Regina suspira frustrada. Ela tinha desenhado o presente de todos, o pai de sua secretária ter lapsos de memória não estava na lista, ainda mais depois de anos de maldição "Não era possível... elas só se odiariam, a doença nem me passou na mente." Pensa, frustrada, odiava sentir que não tinha controle. Muitas coisas estavam mudando sorrateiramente e Regina as sentia nos ossos. Ruby e Senhora Lucas, o pai de Kathryn, Gold que recuperara a memória ou nunca perdera, ela sentia como se sua maldição tivesse enfraquecendo e faria o que fosse preciso para que isso não acontecesse.

"Eu sinto muito." Diz com sinceridade. "Deixe a Emma por minha conta e vá para casa ficar com ele... ou sair. Apenas está liberada por hoje."

~

Após se despedirem e Kathryn ir embora, Regina fez seu caminho até Emma. Em silêncio sentou-se no banco ao lado de Emma. A loura conseguia ouvir o farfalhar das folhas, tinha o rosto inclinado para trás, o sol esquentava-a de um modo gostoso.

"Está com fome?" Indaga ela, girando a cabeça em direção a Regina.

"Um pouco"

Emma abaixa o braço e traz consigo umas sacolas.

"Trouxe seu almoço" Revela e estende um recipiente para Regina, que franze o cenho "Salada, com muito clorofila e tofu" Explica e ver a expressão da morena suavizar e ela sorri.

"Conhece outro estabelecimento que não o Granny's?" Pergunta retoricamente, arqueando a sobrancelha "Obrigada" Completa, apanhando o vaso da mão da garota e abrindo em seguida, o cheiro da comida fez seu estômago revirar, acabou percebendo que estava com muita fome.

"Para acompanhar" Diz Emma, Regina estreita os olhos e sorri.

"Uma cerveja preta" Diz entusiasmada. “É minha preferida, como adivinhou? ”

"Porque é a minha” Mostra que são duas, recebendo um olhar de desaprovação. "Sem álcool para mim, senhora Mills" Regina assente, pegando em seguida a garrafa, seus olhos passam da garota para a garrafa e fixa-os em Emma.

"Não está esquecendo-se nada?"

Emma franze o cenho.

"Como vai abrir as garrafas? Espero que não esteja pensando em fazer isso com os dentes" Diz de modo autoritário, quase ríspido.

"Não, majestade..., mas, eu esqueci o abridor" Revela.

Regina vai busca-lo em sua sala, volta por onde tinha saído minutos antes para busca o abridor. Saboreou com gosto sua salada enquanto bebiam. Emma olhava surpresa para a macieira de Regina, era outono todas as arvores da cidade tinham ganhando um tom amarelado, as folhas caindo e enfeitando o gramado, mas a macieira continuava primaveril, suas frutas eram vermelhas e convidativas, a casca da fruta parecia brilhar. Caminhava entorno da arvore com admiração.

"Piquenique é minha coisa favorita para fazer ao ar livre, a intenção era essa, mas..." Começa Emma, enquanto a morena mantinha-se ocupada com sua refeição e ela com a beleza da árvore. Conta que não tinha encontrado nenhuma sexta de piquenique e então tinha desistido da toalha xadrez, que foi sua intenção inicial.

"Precisamos dá um jeito nisso" Afirma com um sorriso, após Regina confirmar que não tinha nenhuma em casa.

Elas falavam tudo no plural. Era sempre nós. Elas se importavam uma com a outra. Cuidavam uma da outra. Não se importavam com a separação inevitável. Na verdade, quando juntas, nem se lembrava disso.

Emma esticou o braço para apanhar uma das maçãs, a que ela atribuiu ser a melhor entre elas, arrancou-a e a levou a boca.

“Emma! Você nem lavou isso” A garota saboreou o fruto sem se importar.

"Mas você disse que era sua árvore e que cuidou muito bem dela." Explica, entre uma mordida e outra. "E falando nisso, essa arvore é da sua infância? Você disse que não é daqui... trouxe a árvore contigo? Ou essa é outra?" A voz de Emma soava divertida.

Regina sorri sem humor. “É possível transplantar árvores, querida. E você se impressionaria com as coisas que Regina Mills pode fazer”. Termina em voz baixa e segregada.

Emma engasga com a saliva, tossindo duas ou três vezes, após recuperar sua postura sob os olhos curiosos de Regina, ainda admirada, procurou qualquer coisa para falar. Voltou a atenção para a macieira. Pensa que a morena era capaz de mudar de humor rapidamente, era maleável como o pecado e rápida, tinha um pensamento fluido para tudo. Ela muda o assunto, questionando-a sobre seu sobrenome, ela não ficava muito atrás da morena, sabia ser rápida.

"Mills. Moinho? Seu nome é um pouco incomum. ” Diz divertida “Regina Mills vai triturar teus sonhos tão mesquinhos. Vai reduzir as ilusões a pó. " Disse cantarolando¹, fazendo a morena revirar os olhos e ri.

"E você, Swan? ” Indaga, levantando-se e indo em direção a outra. Um traço de divertimento em seu rosto. “Afinal, por que o escolheu? ” Completa.

“Já viu o filme “A princesa Swan”?” A morena confirma. “Bem, viram semelhanças entre a gente. Há uns dois anos eu precisei escolher um sobrenome, e esse me serviu bem. Ela simboliza tudo que sou ou tudo que desejo ser

Regina a contempla com zelo. “É lindo. Boa escolha.”

“O teu sobrenome é do? ” Indaga, franzindo o cenho.

“Meu pai” Seus olhos sempre brilhavam ao falar dele, pensa Emma.

“Ele é muito especial para você... Queria entender como ele e sua mãe se casaram”

“São o oposto um do outro, não? ”

“Sou da premissa que os iguais se atraem e os diferentes se repelem. ”

“Mas ainda assim...”

“É, né? Ainda assim eles casaram, eram felizes? ”

“Não”

“Por que não se divorciaram? ”

“Isso não era uma opção para meu pai, ele queria estar ao meu lado e de mamãe... Cora, se importava pouco, até para fazer isso... Ela tinha a palavra final em tudo, sabe? Meu pai foi omisso, sempre fora, mesmo depois de Daniel..., ele não saia do meu lado, mas não impedia as loucuras da minha mãe.... Depois ela viajou, por um tempo era apenas eu e ele. Então ele passou a apoiar a mim. ” Regina leva seu braço direito para suas costas, tocando de leve o esquerdo, em um claro sinal de desconforto.

“Ele não era muito forte” Diz Emma, “Mas se for olhar pelo lado positivo, você tinha alguém fiel ao seu lado”

A morena inclina o corpo na direção de Emma, repousando a mão no quadril. Concorda com um aceno de cabeça.

“Sabe? Hoje faz dois meses que você chegou na cidade. ” Diz a morena. Emma sorri.

“Às vezes parece que tem muito mais tempo... Esse lugar é.... Tão singular. ”

A morena sorri em deleite, feliz em ouvir esse elogio, ainda que a garota nem soubesse: A cidade foi fruto do que ela almejava.

“Gosto de pensar, que é um lugar de recomeços. ”

“Por que foi para você? ”

“Sim. ”

“Acha que eles veem assim? ” Diz, se referindo aos moradores.

“Para falar a verdade, Emma, eu não me importo com isso. ”

Emma puxou as mangas da camisa para cima e evitou o olhar da morena. Às vezes, Regina era tão... Insensível.

“Eu não mordo Emma, pensei que já soubesse. ” A morena diz com divertimento na voz.

“Mas poderia, e eu não reclamaria. ” Pensamentos nada puros rondaram a mente de Emma.

“Vai saber né? ”

"Eu sou uma rainha e um pouco mais refinada". Diz altiva, eleva sua mão gesticulando, juntando o polegar e o indicador.

“Você é muito mandona” Rebate.

“Eu não sou mandona, sou a chefe, e a autoridade máxima na cidade”

Emma estreitou os olhos, enquanto olhava a morena de soslaio. Regina percorria os olhos pelo corpo da garota, a achando bonita.

“Suas roupas ficaram ótimas em você” Elogia a Emma, vendo-a corar. Sorri com o feito. As tinha escolhido pessoalmente e tinha acertado.

“Obrigada”

A morena dá de ombros, sorrindo.

“Obrigada” Emma repete.

“Você acabou de dizer isso”

“Obrigada por todo resto.... Pelo show, por estar sempre disposta a me ajudar”

***

Emma saiu cedo de casa para que seu quarto fosse mudado, passou todas as horas no parque, observando as pessoas que ali se encontravam e ainda, curtindo o silêncio quando não tinha ninguém. Quando chegou já passava das quatro da tarde, o seu antigo estava escuro quando ela abriu a porta, o feixe de luz que passou pela mesma, iluminou o suficiente para notar o vazio, apenas o berço estava montado, ela sentiu um aberto no coração e fechou a porta, virou se e foi até o seu quarto. Um sorriso surgiu no seu rosto assim que ela viu na cama um urso panda, com um laço imenso no pescoço, foi com ele em mãos que ela se deitou em sua nova cama. De casal, ela adorou, correu os olhos pelo quarto, além da escrivaninha e poltrona antigas, uma pequena estante se fazia presente com livros, livros que ela ainda não tinha visto na casa.

Enquanto descobria uma nova história em um dos livros, sua mente lhe trouxe de volta uma lembrança.

“Pandas são sim os animais mais fofos do mundo” Afirma Emma novamente.

Regina revira os olhos “São sujos, preguiçosos e gulosos” Contesta.

“São tão abraçáveis. ” Regina solta o ar ao ouvi-la, franzindo o lábio “Olha” Emma diz para a morena, apontando para tevê, enquanto um dos animais se equilibrava em um grande galho e comia lentamente seu bambu. “Não seja insensível, mulher, eles são ... own” A loira interrompe a frase quando a tela muda a imagem e um filhotinho desce um escorregador, caindo de costas e se debatendo debilmente para levantar-se. “Veja, veja” Aponta, com um sorriso no rosto.

Estou vendo. São sujos, preguiçosos, gulosos e não sabem se levantar”. Tinha um sorriso no rosto. E pegou se achando-os um pouquinho fofos, um outro filhotinho desceu também, se batendo com o outro.

“Viu só?” Provoca Emma, vendo Regina sorrindo para tela “Você concorda comigo”

 

Ao arrancar o laço da pelúcia, um cartão preso a ele chama sua atenção, ela sorri, pegando e abrindo de imediato.

“Prezando pela sua saúde física (e talvez mental?), achei que deveria ter ao seu alcance e bem longe de perigos, o animal mais ‘fofo e abraçável do mundo’.

Feliz dia das crianças, Emma.

Regina”

A loira sorri, levando o urso contra o peito, abraçando-o. Em sua mente, quase podia ver Regina sorrindo, debochada, enquanto escrevia a última frase. Deposita um beijo no cartão e ri sozinha. Era dia 12 de outubro? Ela realmente não recordava e ao pensar nisso, lembra de outra data bem mais importante, muito próxima: seu aniversário.

O sorriso que iluminava seu rosto tinha um sabor agridoce. Regina a via como uma criança? Pegou o celular e discou o número da morena.

“Obrigada por ser tão gentil. E presar pela minha saúde física, isso é algo realmente novo”. Digita rindo abobada “Estou abraçando-o nesse instante. ” Completa e envia a mensagem.

“P.s.: Feliz dia das crianças? U_U”

Sorri quanto a morena responde, no instante que envia a segunda mensagem.

“Por nada, Emma. É realmente um alivio saber que isso foi suficiente”

R: Não me faça ri, deveria está irritada nesse instante para dar uma bronca no fornecedor.

E: Só para constar, esse quarto é realmente mais a minha cara que o primeiro.

Diz na intenção de provoca-la.

R: Claro, nesse as coisas partiram de mim, o outro de Kat.

E: ??? Pensei que fosse você.

R: Por quê?

Emma pondera se deveria dizer, não queria prejudicar a outra.

R: Devo presumir que Kathryn disse isso.

E: :O Você só me surpreende.

R: Acho ótimo que não negue.

R: Até mais, pequena.

Emma sorri com a provação, ainda que a ache fofa.

E: Até, Gina.

R: Por favor, sem apelidos desse estilo.

E: Ótimo.

R: Ótimo.

Ela ri antes de enviar.

E: Ótimo.

R: Ótimo.

R: Tchau.

E: Tchau.

“Sui generis”² Diz Emma, abandonando o celular na cama “Seria uma melhor escolha”

~

Em seu escritório, Regina sorria, bloqueando a tela em seguida. Apoia os cotovelos na mesa, entrelaçando seus dedos e repousa o queixo sobre eles, franze o cenho. “Por que diabos, ela inventou isso? Qual a necessidade dela em fazer tal comentário?” pensa.

Duas suposições rondaram em sua mente: Kathryn queria que Emma gostasse dela ou desejava exatamente o contrário, na pratica, nenhuma parecia boa para Regina.

Instantes mais tarde, quando seus olhos encontram o da secretária, ela parou onde estava, seus olhos fixos na mulher, deveria saber tudo sobre ela, mas ao olha-la viu em seus olhos um traço de divertimento, não sabia definir o que lhe ocorreu, havia algo diferente em seus olhos, um enigma, um mistério para ser descoberto, os pelos do seu corpo se eriçaram e uma sensação de frio percorreu sua espinha, se despediu da moça com maneio de cabeça. Não sabia elucidar se sua amargura era apenas uma troça que sua mente lhe pregava ou era real e ela deveria então acabar com a garota.

 

***

 

Ruby tinha um espirito selvagem, desde que se lembrava ela amava a natureza. A floresta era o seu lugar preferido, ainda que não admitisse muito isso, nutria sentimentos conflituosos em relação a tudo, as pessoas que mais amava era as mesmas que se pegava sendo perversa; por vezes, em sua mente rodeava pensamentos problemáticos em relação a elas, só enxergando seus defeitos e ampliando-os. O Habbit Hole tinha se tornado o seu lugar mais frequentado, se bebiam para esquecer, a morena bebia buscando, em vão, se lembrar. Se lembrar.... Se lembrar do quê? A moça não tinha essas respostas.

Livre, completa era como se sentia hoje. Era sexta, desde que se lembrava passava esse dia no bar, bebendo, dançando, fazendo tudo que lhe viesse na cabeça, tudo que sabia que não agradaria a vó quando ela soubesse. Alguns vícios ela estava começando a deixar no passado, ainda que ainda amasse sair e se divertir, fazia isso mais vezes na mesa, em companhia de Mary e Ashley.

Tinha um sorriso nos lábios enquanto saia de casa, ajustou os fones e deu play em suas músicas, começou a caminhar em seguida, e depois a correr, inspirando o ar gelado, enquanto o mesmo acariciava seu rosto, o sol a muito se punha e estava frio na cidade. Ao chegar ao fim da rua principal cessou a caminhada, se virasse à direita iria para seu lugar favorito, fugindo do seu plano, optou para a esquerda, rumo ao porto de Storybrooke.

Ela chegou ao porto, a maresia lhe deixou absorta, o cheiro do mar lhe absorvendo.

Era bom.

Um passo a frete sentiu um aperto no peito.

No seguinte, o sorriso morreu em seu rosto, sentiu seu corpo gelar e não pelo ar gélido, aspirou o ar enquanto virava o rosto aos quatro cantos, deixou de correr ainda que sentisse que agora deveria estar fazendo mais do que antes. Parou de correr, e afinou a audição, seus olhos atentos a qualquer coisa, inspirou profundamente; medo, perigo, sua mente alertava, ela ignorou seus sentidos e continuou a andar.

Continuou... A passou lentos, calculados.

Ouve algo como um sussurro. Tinha algo errado, no instante seguinte um barulho forte e um grito agudo que ela imaginou ser de uma garota, lhe lançou uma onda de pavor.

“Não” Uma voz feminina disse aos berros. Seu coração acelerou no mesmo instante, batia tão alto que ela tinha certeza que poderiam ouvir.

Por um instante, que ela pensara ser muito tempo, tudo que ouvia era as batidas do seu coração.

“Você fará o que prometeu” Uma voz grave rompe o curto silencio, Ruby sentiu que até as ondas teriam parado de quebrar no mar, fazendo-a levar a mão a boca evitando que ela gritasse, apurou a audição “Você não pode defende-la de seu destino. ” Ele dizia, alterado, ao fundo ela ouviu um choro, alguém inspirando com dificuldade, seu corpo inteiro se arrepiou, e ela quis fugir “Se você soubesse o que eu sei, faria isso sem relutância” Ele disse mais baixo, sua voz tinha um tom triste dessa vez, mas estava alterado. Parecia louco, ela sentiu isso em seu tom, a moça continuava a falar, mas com a voz tão baixa que ela não identificava as palavras, apenas o murmurinho “Eu irei matar você, irei matar ela, irei matar a cidade inteira se for necessário, mas eu terei o que eu quero. ” Ela ouviu um barulho, forte e oco, queria poder ajudar quem quer fosse que tivesse sendo coagido. Mais murmurinhos. Com o celular em mãos pensa em pedir ajuda, bufa frustrada quando viu que não tinha sinal. Um ranger suave e próximo a fez tremer, a porta de um barco não muito distante lhe deixou em alerta, fazendo a moça buscar abrigo, a única coisa perto uma lata de lixo, se encolheu pedindo que ninguém a visse. Sentiu os passos pesados se aproximarem rapidamente, ela abraçou seu corpo em desespero, prendendo a respiração.

Ele passou por ela, sem nota-la.

Com a coragem que nunca acreditará ter, ela inclinou o corpo, e viu. Muitas perguntas rodaram sua cabeça: Quem estava lá dentro? O que ela havia prometido? Por que havia desistido? E porque diabos o Jefferson estava tão... louco? Um dos homens mais ricos da cidade, solitário era verdade, tinha se mostrado um psicótico. E ela não entendia, e não sabia se queria.

O homem virou a esquina, e ela soube que ele voltaria para casa, sua luxuosa casa na floresta. Ela começou a correr de novo, sentindo seus músculos queimarem e reclamarem ao súbito pedido, ela não olhou para trás, ela não soube quem estava lá dentro. Ela não queria saber.

Corre o máximo que pode. Respirando com dificuldade, a boca seca e o corpo tremulo.

Na rua principal alcançou o telefone com dedos trêmulos discou os números e em anonimato detalhou ao xerife o que ocorrerá, enquanto disfarçava a voz, rezou para que ele fosse capaz de fazer o que ela não tivera coragem, alcançar a moça e impedir o homem.

“Quem era a mulher?”

“Eu não sei. Eu já ouvi aquela voz... Mas, todos são conhecidos aqui... Eu só senti medo, me desculpe” Fala choramingando.

“Não tem problema. Eu irei averiguar. Você precisa de ajuda?” Ela nega “Volte para casa e não fale disse para desconhecidos, ou melhor evite falar disso, senhora, pode ser perigoso”

 

***

 

A morena se entretinha em meio a massas, molhos, queijos, embutidos e carnes preparando o jantar. O sábado apesar de ser exaustivo era a hora de respirar, depois de mais uma semana cumprida. A morena não era de reclamar de seu trabalho era o que adorava fazer desde que lançara a maldição, mas a algum tempo, se pegara apegada as horas de descanso, o seu happy-hour não era em festas ou viagens, e sim, com uma menina adorável que acabara de completar 36 semanas, ou seja, finalmente os esperados nove meses, a cada nova semana findada estava mais perto para conhecer seu filho. Sorria, cantarolando junto com a banda a música “All Because Of You”, completava a última camada da lasanha, com um molho apimentado que adorava. Abriu o forno e enfiou o refratário no mesmo, com as mãos dentro do avental sorriu satisfeita virando para encarar a loura, sentada no banco de frente para ela.

“Fizemos um ótimo trabalho” Elogia Regina retirando o avental “Você está bem?” Indaga, abandonado a peça na bancada que as separa, inclina seu corpo apoiando os cotovelos na bancada. Emma acena em afirmativa, a morena franze o cenho.

Emma a fitava, enquanto Regina levava a mão direita aos fios os arrumando-os - apesar de estarem perfeitos - tinha um semblante lépido, a letra da banda U2 parecia decifrar o momento. Ou não. Talvez, o problema fosse ela, procurando nas pequenezas um motivo para ver Regina, nas músicas que ouvia, nos livros que lia, nas palavras dos outros, em cada sutileza ela podia se lembrar do sorriso debochado ou acolhedor, podia ver os olhos castanhos que pareciam lhe sorrir, lhe provocar ou ver-lhe a alma, muitas vezes parecia lhe implorar que os desvendasse.

You heard me in my tune

(você me ouviu no meu tom)

When I just heard confusion

(quando eu apenas ouvi confusão)

All because of you

(Tudo por sua causa)

“Emma”. Requisita a atenção da garota. “O que aconteceu? Estou vendo que não está” Emma balança de leve a cabeça, com os lábios esticados em um sorriso nada convincente para a morena “O que você tem? ”

"O problema é o que eu não tenho, honey: Você... E isso está me enlouquecendo. Te deixar está me enlouquecendo, ficar está me enlouquecendo" pensa a garota, mexendo-se desconfortavelmente onde estava.

 

“O que não quer me contar? ” Indaga calmamente.

Home

 

Sou uma fênix na água

Um peixe que aprendeu a voar

E sempre fui uma filha

Mas as penas são feitas para voar

 

“Nada. Você sabe tudo ao meu respeito. ” Dispara Emma, a morena nota a irritação em sua voz. Regina suspira, esse é o problema?

Então estou desejando, desejando ainda mais

Que a animação venha

É só que eu preferiria estar causando o caos

A deitar-me sobre a ponta afiada desta faca

 

“Digo ou não digo? Digo ou não digo?”, pensa a garota em conflito. A morena lhe sorri em apoio. “Digo!,” conclui.

“Eu me sinto bem aqui” Começa Emma. “Bem ao seu lado, dos amigos que fiz”, completa em pensamento “Um sentimento de pertencimento sabe? ” Completa, seus olhos abandonam o de Regina, recaindo sobre suas próprias mãos, ela mantém os olhos fixos nelas “Só que...”

Porque dizem que o lar é onde o coração se grava em

Pedra é onde você vai quando está sozinho

É onde você vai para descansar seus ossos

 

“Você vai embora? ” Indaga, retórica, Emma volta a olha-la “Você não tem de ir se não quer” Diz, seu coração acelera no peito com o feito. Não era arrependimento por ter dito, era pelo que poderia ouvir de volta.

Contanto que estejamos juntos, importa aonde vamos?

 

“Eu preciso” Diz em fio de voz, inspira profundamente sentindo os olhos arderem, pende a cabeça para baixo fechando os olhos. “Não chore” repetiu mentalmente.

Regina com alguns passos firmes se posiciona ao lado de Emma, com um sorriso alentador nos lábios. Levou a mão direita ao queixo da loura, fazendo-a a olhar para si “Se você me permitir, eu posso ajudar você. ”

 

Vou sempre manter você comigo

Você estará sempre na minha mente

Mas há um brilho nas sombras

 

“Como? ” Sussurra.

“Você pode ficar na cidade. Mary.... Você não contou que ela te chamou para morar com ela? ”

“Foi uma brincadeira”

“Talvez” Regina dá de ombros, tirando sua mão do rosto de Emma “Arrumamos outro lugar”

“Não acho que isso daria certo, Regina, o bebê, seu filho, eu não conseguiria nem olhar para ele” Emma levanta em seguida, cruzando os braços no peito, principalmente para não joga-los ao redor de Regina, ela queria abraça-la, pelo menos isso. “O qual estranho seria eu não olhar para o filho da minha amiga? ” Concluiu enfática, tinha a voz embargada.

“Amigas? ”

“É muito estranho? ” Indagou, com um sorriso triste no rosto.

“Não! Emma, você é a melhor amiga que eu já tive”

Com cada pequeno desastre

Deixarei as águas se acalmarem

Leve-me a algum lugar real

 

Emma riu baixinho, balançando a cabeça lentamente enquanto olhava para Regina que lhe sorria, talvez isso fosse a última gota que precisava para tudo transbordar, seus olhos estavam marejados e ela tinha um sorriso fraco no rosto. A morena olhou-a aflita, sentiu algo que achou não ser capaz, nem em mil anos de existência: compaixão. Seja lá o que estivesse acontecendo com a Rainha Má... Regina sorri, dando mais um passo até Emma... Ela estava admirada.

Lar

Lar

Lar

“Venha cá” Diz, abrindo os braços. Emma sente a primeira lágrima descer pela maça de seu rosto, se aproxima da morena que lhe puxa levemente, Emma envolveu o pescoço de Regina com seus baços, virando seu corpo de lado para que pudesse abraçar-lhe melhor.

Sua respiração entre cortada indo de encontro com o pescoço da morena, ela travava a mesma e voltava a respirar, tentando não chorar, mas já era tarde, a primeira lágrima abriu passagem para todas as outras. Regina mantem seus braços firmes em torno de Emma, uma de suas mãos entre os cabelos dela, em sua nuca e a outra em suas costas, descendo e subindo de leve. Ela nada diz para que não chorasse, apenas a manteve ali, esperando que as mesmas secassem, assim com seu pai fazia com ela. Não sabia fazer nada diferente, era o que tinha para oferecer naquele momento.

Lar

Lar

Lar

 

Emma a abraça forte, desejando que os relógios parassem para se manter ali por mais tempo, o abraço era quente e seu cheiro era viciante, ela encostou seu rosto no ombro da morena, o nariz roçando de leve seu pescoço, aspirou seu cheiro, entorpecente, era doce o suficiente para lhe fazer salivar e bom, bom com mil flores não seriam. Sentiu-se protegida dentro dos braços de Regina uma sensação de segurança, que não saboreou muitas vezes em sua trajetória.

Regina sentiu o cheirinho de lavanda que vinha dos cachos de Emma, era tranquilizador. O modo afetuoso que seu abraço soava lhe fez sorrir, uma pontada de alegria atravessou seu coração, e naquele instante foi como se todos seus pedaços quebrados voltassem a ficar juntos.

~

 

Minutos depois Emma se separa dela, tinha baixado suas defesas, seus olhos tinham implorado o que sua boca não fez, chorou por tantos motivos, que se Regina lhe perguntasse não saberia por qual começar. Ela mantém a cabeça baixa, temendo o que veria nos olhos da outra: pena, ou outro sentimento pior.

Sente a mão de Regina em seu rosto, limpando os vestígios da tempestade, não poderia evitar seus olhos para sempre e então buscou seu olhar.

Então, quando eu estiver pronta para ser mais confiante

E meus cortes se tiverem curado com o tempo

O conforto se pousará sobre o meu ombro

 

Seus olhos percorreram o rosto da mulher, seus olhos estavam pequeninos com as marcas de expressões evidentes pelo feito, suas bochechas proeminentes pelo sorriso caloroso que tinha nos lábios, ela voltou sua atenção aos olhos, fixando o olhar. “Regina era tudo”, pensa.

Tudo que desejava ver até o fim dos tempos, decidiu, a ver seu olhos, que não desistiria, não sem lutar.

Mas há um brilho nas sombras

Nunca saberei a menos que eu tente


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Notas finais do capítulo

¹- música do Cartola, o mundo é um moinho. (Obrigada Lost in the song :))

²- Expressão em latim – único em seu gênero: diferente, única, singular...

Ao notar erros bizarros me informem.

Em português apenas porque sim haha A música eu meio que encaixei depois e fiquei contente pois combinou de um jeito *---*
Gente linda. Veja bem, eu quero que vocês me digam o que acham sobre: A revelação da vida de Kat.
O louquinho (ou não?) do Jefferson, como quem ele falava? E sobre quem?? Palpites?????
Ruby é uma loba voraz, ne non? rsrs
Armem o tatame que Emma vai nocautear Regina.

Toda interação Swan Queen na fic ou sofro um pouco, sempre uma pancada diferente, espero que se sintam igualzinhos. HAHAHA

O próximo capitulo já tem nome: Nós amamos você, Emma. OMFG, o que acham que pode acontecer, em? Quem é que ama nossa loirinha?

Obrigada por quem comenta aqui, você me deixam muito contente. Não parem nunca *_*



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