Winter Memories escrita por Haru


Capítulo 2
Redundância




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Meus olhos se abrem e lentamente recobro a consciência. Olho ao redor, o que vejo são apenas macas, equipamentos de primeiros socorros sobre uma mesa, uma pia, nesta pia algumas seringas e agulhas ainda embrulhadas.

“Entendi, me trouxeram para a enfermaria depois que...”

Ao lembrar do rosto daquela garota, sinto uma leve pontada na cabeça. “É impossível, eu não posso mesmo tê-la visto, devo ter delirado.”

Uma jovem mulher de jaleco adentrou o recinto e caminhou em minha direção me fazendo a seguinte a pergunta:

“Como você está garoto? Sente-se melhor?”

Fiz com a cabeça que sim – apesar de ainda estar um pouco tonto – até porque eu simplesmente odeio ambientes hospitalares. A enfermeira então vira-se, vai até o filtro d’água que havia em um certo cantinho da sala, pega um pouco e me dá o copo. Bebo.

Levanto-me e saio rumo à sala de aula. Paro frente a porta, peço licença ao professor e entro. Viro meus olhos para o local onde aquela garota tinha se sentado quando desmaiei, mas ela não estava ali...

Passavam-se as horas e a tal garota não voltava... Até que o período letivo acabou, e já voltei para casa. Moro, como já disse, em um local isolado. Apenas vegetação me rodeia aqui, meus pais – que não vejo há mais de três anos – trabalham arduamente em um país vizinho e não têm tempo para me visitar, então me mandam uma quantia mensalmente para que eu consiga me virar. Para passar o tempo enquanto em casa, costumo cultivar algumas hortaliças ou visitar o lago que tem aqui perto, a gentil brisa de lá é relaxante...

Depois de almoçar, como de costume, tirei um pequeno cochilo e fui trabalhar no campo, ou deveria dizer... No meu jardim? Enfim... Passei boas horas cuidando das minhas crias e resolvi ir àquele lago.

– - -

“Sinto um leve arrepio em meu ombro, olho e percebo que um floco de neve caiu em meu moletom. Espere... Por que estou de moletom? Por que está nevando? Acabei de sair do meu jardim e agora é verão... Não tem como...

Antes que eu pudesse tentar responder às minhas próprias perguntas uma forte rajada consome tudo. As árvores que até há pouco eram verdes e radiantes agora estão com seus galhos brancos e sem folhas, o lago azul cristalino havia tornado-se como o vidro e a grama de suas margens o branco mais puro...

Coloco a mão acima das sobrancelhas para tampar os raios de sol e poder ver mais ao longe, na outra margem do lago... Tenho a impressão de algo estar se mexendo por ali... Poderia ser algum animal soterrado depois dessa rajada inexplicável? Ando naquela direção, ao me aproximar posso perceber que não se tratava de um animal, mas sim de uma pessoa. Ela estava de costas para o lago, com a cabeça coberta pela touca de seu agasalho. Chego atrás dela e a cutuco no ombro:

__Hey, o que aconteceu? O que foi toda essa neve de repente? Você está bem?

A pessoa vira o rosto para olhar-me e ao mesmo tempo retira a touca.

Uma garota, de sorriso inocente, de cabelos brancos como a neve que tudo cobria e olhos dourados como o mel... A garota que vi em minha sala de aula estava ali, sorrindo para mim mais uma vez.”

–--


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