Crônicas de uma garota Uchiha escrita por LittleR


Capítulo 5
Pai e Mãe


Notas iniciais do capítulo

O capítulo ficou meio grande, mas eu simplesmente amei escrevê-lo. Ele é dedicado a todos os fãs de Sasusaku. Espero que gostem.



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"O amor é uma coisa realmente complicada."
— Rikudou Sennin

 

V.

 

Uma sensação horrível.

Uchiha Sarada sentia como se fosse comprimida e esticada; dividida em infinitos pedaços e depois formada novamente. Ela não saberia dizer quantas vezes isso se repetiu, mas, definitivamente, foram muitas, e doeu pra caramba.

Decerto, depois de um tempo você se acostuma com a dor. Não que ela se torne... hm... menos dolorida. Você apenas não se importa mais. A intensidade da dor depende da importância que você dá a ela.

Em um dado momento, tudo parou e Sarada sentiu-se ser jogada em um sobre uma superfície dura e fria, sob uma lua cheia estridente e algum lugar rodeado de casas. Não que ela pudesse ver, afinal estava caída de bruços sobre o chão, entretanto, se olhasse um pouco o local, concluiria que se tratava de um distrito habitacional.

Ela alçou o tronco, apoiando-se sobre as mãos espalmadas no solo. Ergueu a cabeça e segurou um grito ao deparar-se com um corpo morto logo ali, diante de seus olhos negros.

Aterrorizada, arrastou-se para longe. Não adiantou muito, suas mãos deslizaram em uma substância viscosa e ela esbarrou em outro cadáver. Havia corpos por todo lado.

Sarada levantou-se e correu, mas em um algum momento, tropeçou em algo e caiu novamente de bruços. Dessa vez, não se deu ao trabalho de levantar, estava tão exausta. Ficou. Chorou. Ouviu uma voz ao longe, fria, inexpressiva. Prestou atenção.

— Se você quer me superar, me odeie, me inveje e sobreviva. Fuja, fuja, continue correndo e tenha uma vida miserável...

Ela arrastou-se um pouco, na tentativa de ultrapassar uma casa que a impedia de ver quem falara. Conseguiu. Havia um homem do outro lado, vestia roupas típicas da Anbu. Tinha um rosto duro, olhos frios, semblante sem emoções de qualquer espécie. Cabelos negros, pele clara, um timbre que dava medo. Sarada conhecia aquelas características, a face sem expressões, a voz rígida, a postura estoica. De onde?

— Papa... — sussurrou ela, exausta.

Diante do homem, uma pequena criança. Um garotinho, cabelos espetados, corpinho tremendo. Jogado no chão, paralisado, apavorado.

— Então, algum dia... — o ANBU continuou, sua voz ecoando no vento gelado. — Venha até mim com os mesmos olhos que possuo.

Um genjutsu do homem fez a criança ir ao chão, inconsciente. Nesse momento, enquanto o homem ia embora, Sarada sentiu-se ser imersa por um breu terrível e uma dormência inextinguível.

E aquela sensação terrível voltou. A sensação de estar sendo quebrada em pequenas partículas de si mesma. Mas ela não durou muito. Algum tempo depois, Sarada se viu jogada em algum lugar gramado e ensolarado. Levantou-se e apoiou-se numa árvore, sentindo sua cabeça girar.

— O que foi, Sakura? — ouviu uma vozinha infantil, do lado oposto ao que estava.

Inclinou a cabeça para o lado, no intuito de ver quem falara. Havia um banco posicionado à sombra da árvore onde se apoiara, e sentadas nele, estavam duas garotinhas, uma loirinha e outra de cabelo rosa. Aguçou a audição para ouvir melhor o que falavam.

— É que... — a rosadinha murmurou. — É verdade que você também gosta do Sasuke-kun, Ino?

As bochechas da menina loira ganharam um leve tom de rosa. Com isso, tanto a pequena rosada quanto Sarada souberam que aquela era uma confirmação.

— Então, isso significa que somos rivais de agora em diante. — a menina de cabelo rosa levantou-se e foi embora, muito triste.

Sarada sentiu tudo girar novamente, aquela maldita sensação voltou e a morena foi deslocada daquele lugar e daquela época. Como poeira que se dispersa e depois se reagrupa, ela visitou vários lugares, em várias situações, em várias épocas.

Quando a dor parou, Sarada abriu primeiro um olho, no intuito checar onde estava. Escondida atrás de uma árvore, ela presenciou uma rápida (e tensa) interação entre um garoto de cabelos pretos espetados e uma garota de cabelos cor-de-rosa.

— Sozinho e isolado. — ele disse e parecia irritado ao extremo. — Isso não tem nada a ver com as broncas dos seus pais. Você não faz ideia do que significa estar sozinho.

— Por que você está me dizendo isso? — a rosada questionou, assustada.

— Porque... — ele respondeu, calmo e frio, com o cenho franzido. — Você me irrita.

Sarada foi deslocada dali, enquanto ele ia embora.

Suas partículas foram reagrupadas em uma ponte, onde a mesma garota de cabelo rosa estava sentada ao lado do inconsciente garoto de cabelo espetado. Ele parecia morto, e ela parecia segurar as lágrimas.

— Um shinobi não deve mostrar seus sentimentos, não importa a situação. — a garota disse, a voz embargada pelo choro. — A missão é a sua prioridade, e seu coração não pode mostrar uma única lágrima.

A rosada cedeu à dor. Abraçando o corpo do rapaz à sua frente, ela chorou desesperada, enquanto dizia seu nome: "Sasuke-kun".

Abalada pela própria dor, Sarada ajoelhou-se ao lado da menina e chorou com ela. Não que a rosada pudesse vê-la, mas a Uchiha sentia-se melhor ao lado de alguém que entendia seus sentimentos. Tantas viagens no tempo deterioraram sua memória ao ponto de que ela nem podia reconhecer Mama e Papa naquelas crianças.

Como poeira ao vento, Sarada foi levada dali. Quando voltou a si, estava numa floresta, junto a um grupo assustado de gennins que observavam um garoto envolto em uma aura sinistra quebrar os braços de outro. Quando terminou, ele virou-se para o único ninja de Oto ainda de pé (Sarada podia distinguir os ninjas por suas bandanas) e dizer, com um sorriso mordaz, enquanto andava até ele:

— Parece que só restou você. Espero que seja um desafio maior que o seu amigo.

Ele ainda caminhava quando sua ferida companheira de equipe correu até ele e o abraçou por trás, suplicando, em lágrimas:

— Sasuke-kun, pare, não  faça isso. Por favor.

O garoto pareceu despertar de sua fúria e as marcas em seu corpo regrediram. Sarada lembrou-se de seu amigo de olhos cor de âmbar. Foram as palavras de Mitsuki que a acordaram de sua sua fúria. Mas a garota Uchiha não teve tempo de pensar sobre isso. Sumiu dali em infinitas partículas.

Era noite quando ela voltou a ser humana. Sarada reconheceu o lugar, ela já estivera ali.

"Foi há pouco tempo", pensou "Não! Já faz muito tempo! Faz meses que estive aqui. Não! São anos, tenho certeza! Eu devo estar louca! Estive aqui não faz nem uma hora! Com toda certeza, estive aqui faz pouco tempo."

De fato, Uchiha Sarada não tinha certeza de nada. Aquele banco, ela conhecia. Os dois jovens em frente a ele, também. Mas ela não sabia dizer quanto tempo fazia que tinha visto aquele mesmo garoto e aquela mesma garota conversarem ali. Dessa vez era diferente, ela concluiu. A rosada estava chorando, enquanto o garoto se achava de costas para ela, pronto para viajar para algum lugar.

— Você me disse, naquele dia, como a solidão pode ser dolorosa, eu entendo essa dor agora. Eu tenho uma família e eu tenho amigos, mas... — a menina deu um passo em direção a ele. — Se você for embora agora, para mim será o mesmo que estar sozinha.

É! Era isso que Sarada sentia. Exatamente naquelas palavras. Solidão. E nossa menina Uchiha amou a rosada por pôr em palavras o que ela própria sentia, embora as palavras não fossem exatamente para Sarada.

A verdade é que ambos os Uchiha naquele local ficaram tocados com os sentimentos de Sakura. Mas Sasuke se manteve frio e indiferente como sempre, ao passo que Sarada teve sua visão borrada pelas lágrimas. Ah, como ela entendia o significado daquelas palavras!

— Esse é um novo começo. — Sasuke se pronunciou. — Cada um de nós tem um novo caminho a seguir.

— Sasuke-kun... — Sakura desesperou-se. — Eu te amo tanto que nem consigo suportar. Se você ficar comigo, eu prometo que não vai se arrepender disso. Todos os dias vão ser divertidos, eu posso fazer você feliz! Eu faço qualquer coisa por você, Sasuke-kun! Então, por favor, eu tô implorando, não vá embora! Eu até te ajudo com a sua vingança, eu farei o que for preciso pra que ela aconteça, eu juro! Por favor... — ela fungou. — Fique aqui, comigo... E se você não puder, então me leve com você, Sasuke-kun!

Emocionada e apaixonada pelos sentimentos expressos, Sarada deu um passo em direção à garota, estendendo-lhe a mão, ansiosa por tocá-la. Aquela garota tão familiar e tão calorosa, capaz de espantar o frio imenso que Uchiha Sarada sentia. Mas, não. Sarada era só um fantasma. O garoto à frente cambaleou e virou-se um pouco para a companheira.

— Você não mudou nada. — ele soltou, com um sorrisinho debochado que fez o sangue de Sarada ferver. — Continua irritante.

E a paixão que Sarada sentiu por Sakura converteu-se na raiva que sentiu de Sasuke. Aquele garoto tão frio e tão cheio de vazio. Raiva que foi materializada na vontade de acumular chakra no punho e quebrar a cara daquele desgraçado insensível. Como instinto, seu Sharingan ativou-se. Sasuke deu-lhes as costas e pôs-se a andar, mas Sakura não o permitiria ir assim tão fácil. Exortou:

— Sasuke-kun, por favor, não me deixe! Se você for, eu vou gritar!

Foi rápido. Foi muito rápido. Mas graças a seu Sharingan ativado, Sarada conseguiu ver o rapaz deslocar-se para atrás da rosada. O longo cabelo negro da garota Uchiha balançou quando Sasuke passou por ela. Sarada perguntou-se, nesse instante, se era um espírito, uma aparição, um resquício do tempo. Seja lá o que fosse, não deveria estar ali. E para os outros, realmente não estava.

Deixou isso para lá, encarou bem o rosto de Sasuke, ali, tão perto e tão longe. Perdido. Desencontrado. Encarou o rosto de Sakura, assustado por uma fração de segundo, a garota que tem esperado. E desesperado.

Sasuke mantinha o mesmo semblante de sempre, para não perder o costume: indiferente e frio, mas foram suas palavras foram diferentes dessa vez. Tinha calor nelas. Um calor tão familiar que chamou a atenção da Uchiha, porque poucas vezes ouviu-se tanta sinceridade em tão poucas sílabas.

— Sakura... Obrigado por tudo.

Dito isto, ele golpeou a rosada no pescoço e ela caiu inconsciente em seus braços. Sasuke a colocou no banco ao lado. Enquanto ele fazia isso, Sarada aproximou-se dele e sussurrou em seu ouvido:

— Seu covarde!

E levada pela brisa, ela sumiu em zilhões de partículas brilhantes.

Mas, no fundo de sua consciência, Sasuke a ouviu. Assustou-se. Procurou pelo dono do sussurro, mas nada encontrou. Não havia nada para encontrar. Já estava tudo perdido num lugar onde ele não podia alcançar. Deixou Sakura ali e seguiu seu caminho na escuridão.

Sarada estava tonta. Pedaços de uma alma inteira, ela bailou e bailou pela própria dor, pela história que nunca conhecera, pelas coisas que Mãe nunca ousou lhe falar, pelas coisas que Pai nunca estava lá para falar. Podia ter morrido só pela dor de ser quebrada infinitas vezes. Mas isso não aconteceu, afinal, era uma Uchiha e Uchihas têm seus truques, tais como uma entidade humanoide quase impenetrável que a mantinha a salvo. Sobreviveria. Ou, pelo menos, metade disso.

Por algum motivo, piorou. Quebrou. Queimou. Parou. Depois de um longo tempo, simplesmente parou. E ela voltou, uma alma inteira de fragmentos. Depois, veio a luz. Muita luz, luz estridente. Sol escaldante e enjoo. Sarada pôs a mão sobre os olhos, a fim de evitar o brilho voraz do astro rei.

— Sakura? — Sarada uma voz inquebrável. Reconheceu.

Ergueu o olhar e o viu. Em pé, muito à diante, muito à cima. Ele estava mais velho. Sua imagem meio ofuscada pelo sol, mas ela notou que seu olhar estava mais frio que antes.

— Sasuke-kun? — ela viu a rosada também. Estava bem ao seu lado, alcançável, humana. Crescera bastante, era quase uma mulher agora.

Logo atrás, um garoto chegou correndo e manteve seu olhar petrificado em Sasuke. Quando Sarada viu o garoto, seu corpo paralisou. Cabelos loiros, riscos horizontais nas bochechas... olhos azuis muito claros. Claríssimos.

Bolt!

Ela correu para junto do rapaz, mas parou antes de chegar a ele. Aquele não era o Bolt, ela percebeu. E seu coração se entristeceu.

Foi quando um vento qualquer a soprou dali.

Recuperou a consciência em um lugar que não conhecia. Uma enorme ponte construída de pedras azuis e com um portão na extremidade, com o kanji para "Samurai". E eles estavam lá novamente, os dois jovens que ela não sabia ser Pai e Mãe. Havia uma moça ruiva ferida caída aos pés de Pai.

— Sakura, você é uma ninja médica, certo? — ele questionou Mãe, que estava alguns metros à sua frente. — Você pode substituí-la, vai servir perfeitamente.

Sarada estava ao lado de Sakura. A morena viu sua Mãe hesitar antes de caminhar até a ruiva, empunhando uma kunai. E claro, Sarada a seguiu, apreensiva. Sakura parou diante da moça caída e à frente de Sasuke. Ela hesitou novamente. Sarada entrou em desespero ao ver a mão de Sasuke, envolta em chakra Raiton, ir em direção à rosada.

A Uchiha preparou-se para interferir (como se ela pudesse) mas não foi necessário, pois um homem de cabelos prateados surgiu entre Pai e Mãe, desviando o Chidori que ia na direção da segunda.

E Sarada foi soprada dali. Quando parou, já consciente, evitou olhar para o garoto loiro, agachado aos pés de Mãe. Assim não lembraria de Bolt.

Aquele lugar parecia o campo de batalha de uma guerra, e ela reconheceu parte dos gennins que estavam na floresta, naquele outro dia. Eles haviam crescido. Ela viu Sasuke pular no meio deles, surpreendo a todos.

— Por quê? Por que você veio, Sasuke-kun? — Sakura o questionou, enquanto curava o garoto loiro.

— Muita coisa aconteceu. — ele respondeu. — E eu decidi que vou virar Hokage.

Sarada segurou a risada quando viu a expressão que Sakura fez.

— Você ao menos sabe o que é ser Hokage? — Sarada sussurrou, enquanto evaporava em partículas brilhantes.

Não se refez. Ainda como poeira, ela viu um homem agachado aos pés de Sakura lamentar-se por alguma coisa. Mãe, exausta, tombou para trás. A Uchiha tentou correr para acudi-la. Não foi necessário. Pai estava lá. Ele a segurou, seus olhares colidiram um com o outro.

Sarada sorriu. Por algum motivo, gostava de vê-los ali, juntos, ainda que distantes.

A poeira continuou sua viagem. Ela só voltou a ser humana num lugar onde o solo estava completamente destruído. Haviam quatro pessoas ali. O velho Rikudou a viu, é claro. Virou seu rosto para ela, confuso. Assustada, ela levou o dedo indicador à frente dos lábios em um "shiiiiiiii". O sábio entendeu e desviou a atenção para o conflito que ocorria entre dois jovens ali presentes.

— Mas, Sasuke-kun, se eu tiver um lugar no seu coração, por menor que seja, não vá! — Sarada ouviu a voz de Mãe. Ela chorava. — Se ficarmos juntos, tenho certeza que poderemos voltar àqueles dias.

Sarada se comoveu em seu coração e seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela assustou-se ao virar o olhar para o lado e ver que estava muito próxima a um Sasuke completamente indiferente. Ele olhou Sakura de esguelha.

— Você... é um incômodo mesmo. — Pai disse.

No mesmo instante, Sakura caiu inconsciente.

"Genjutsu", Sarada pensou. E a fúria voltou ao seu coração. Fúria como naquele momento, fúria por alguém ser incapaz de respeitar a droga dos sentimentos alheios. Fúria capaz de fazê-la matar. Vermelho sangue, o Mangekyou vibrou em seus olhos furiosos, fazendo novamente a aura rosa envolvê-la.

— Mas que diabos?! — ouviu alguém exclamar atrás de si. Virou-se e bateu o olhar no garoto loiro de antes. Sua fúria foi transformada em tristeza pela lembrança de Bolt e as lágrimas escorreram por sua face.

O vento a levou como poeira reluzente.

Voltou. Agora, estava tudo no mais completo caos. Parecia que duas criaturas extremamente fortes havia batalhado ali. De pé, Sarada observou Mãe, agachada, curar dois jovens completamente feridos. Estava faltando um braço para os dois.

— Me desculpe. — a Uchiha ouviu Sasuke dirigir-se à Sakura

— Desculpar? — Mãe tentou ser forte e indiferente. Até parece. — Pelo quê?

— Por tudo o que eu fiz. — ele respondeu. Havia um calor familiar em suas palavras, como alguém que passou muito tempo com estranhos e finalmente encontra sua família. Palavras relaxadas, sem constrangimento, palavras de alguém que pode ser ele mesmo.  E Sarada comparou a sinceridade desse "desculpe" com a daquele "obrigado".

— É bom mesmo... caramba... — Sakura não segurou mais as lágrimas. — Você me causou muitos problemas... idiota!

Sarada sorriu, sentindo seu peito se aquecer. Aquele parecia um novo começo.

A dor não veio. Não dessa vez. Talvez a dor dependa do quanto você aceita a si mesmo. Ainda sem a dor, ela foi deslocada dali. Ela era só vento. Só poeira. Pedaços minúsculos de si mesma.

Sua consciência voltou e ela os viu. Aqueles dois jovens. O rapaz estava partindo, de novo, mas, dessa vez, era diferente. Um novo caminho se abria. Um caminho que levava à uma estrada em comum. As pessoas podem seguir diferentes rotas e ainda se encontrarem. Talvez por isso Sakura não chorasse.

— Você não tem nada a ver com meus pecados. — Sasuke disse, mas dessa vez ele não era rude.

Sakura abaixou o olhar. Meio triste, meio envergonhada. Sasuke aproximou-se dela e tocou-lhe na testa com os dedos indicador e médio.

— Até a próxima vez. — ele disse, surpreendendo as duas com seu sorriso gentil.

Aquele gesto. Sarada o conhecia. Ela levou os dedos à testa e então lembrou-se. Ela os reconheceu como sendo Pai e Mãe.

Na sua última vez, Sarada não foi levada, foi banida, arrastada, golpeada. Tudo o que sentira antes, ah, aquilo não era nada. Era calmaria, eis que veio a tempestade. Chakra rosa transbordou, misturou-se ao tsunami de chakra azul em torno dela, e a comprimiu e esticou; quebrou-a e a formou de novo.

Em um segundo... não, menos que isso. Num centésimo de segundo, ela viu todas as coisas que Mãe já fez. Mãe estava dentro dela agora, os sonhos, as memórias, as manias, os sentimentos, um pedaço de sua alma. Foi o mesmo com Pai. Toda a dor de Pai, todo o medo, toda a solidão, todo o ódio, agora era tudo dela também. Pai passou a morar dentro da sua alma.

Sarada não era mais Sarada, era uma mistura. Eis que suas próprias memórias já não estavam mais nela, cederam lugar às outras. Seus medos, suas manias, seus sonhos e seu próprio ódio já não eram mais seus, eraMmpedaços perdidos de uma alma quebrada.

Ficou. Quanto tempo? Não sei. O tempo é matéria estranha. Sarada já nem era humana, depois de um tempo desconhecido, era só um resquício. Estava informe e vazia. Mas, então, a luz se fez.

Sua visão estava turva, mas ela viu um par de óculos redondos e uma cabeleira branca. A imagem do rapaz um pouco ofuscada pela luz estridente do sol. Aparentemente estavam em uma floresta. Ela ouviu o barulho de um rio ali perto.

— Ela tem o Sharigan. — o rapaz constatou, meio surpreso, meio animado. — Peguem-na, rápido! Vamos levá-la para Orochimaru-sama.

Sentiu-se ser pega por braços muito fortes. Seu corpo estava dolorido e seu chakra parecia ter sido quase todo sugado.

A luz fechou-se devagar. Sobreveio a tarde e depois a manhã. Eis que foi tragada pela escuridão novamente.

 

Continua...

 

No próximo episódio:

Adivinhe quem vem pro jantar

"— O que tem nessa seringa? — a menina perguntou.

— Adrenalina. — Kabuto respondeu, tão casualmente como alguém informa a hora. — E também algumas substâncias que reagem com as partes do seu cérebro responsáveis pela raiva e pela dor.

— M-Mas, por que está injetando isso em mim? — ela assustou-se.
Kabuto ajeitou os óculos e seu semblante tornou-se sinistro e misterioso.

— Orochimaru-sama quer ver o quão poderoso seu Sharingan é. Ele tem muitos planos pra você. "


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!



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