Slasher Story escrita por PW, Felipe Chemim, VinnieCamargo


Capítulo 1
1x01: Qual Sua História Slasher Favorita?


Notas iniciais do capítulo

Escrito com sangue e vísceras por PW.



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Noite gelada em Reaperswood e a lua escondia-se timidamente atrás das vastas nuvens.

O vento rugia do lado de fora do casarão da família King. A enorme residência ficava afastada do centro da cidade, onde poucas casas existiam. O terreno era cercado por árvores e arbustos e uma estrada de terra serpenteava entre as pequenas colinas, até que pegasse a rodovia principal em direção ao centro comercial de Reaperswood.

Gabriella King surgiu em uma das janelas frontais da casa. Ela ajustou os óculos sobre o rosto e puxou a cortina, na intenção de fechá-la. Fez isso com mais duas janelas e verificou uma última vez se o alarme estava acionado, tendo resposta positiva. Suspirou e fez um rabo de cavalo rápido, com seus longos cabelos negros, que outrora caíam em seus ombros como a própria noite.

A jovem de dezessete anos usava apenas um blusão branco com dois números, 88, em destaque e o nome “King” logo embaixo. A camisa pertencia ao seu pai, um antigo uniforme do time de beisebol no qual ele jogava quando mais jovem, e onde ele fez sua carreira. Sr. King e a esposa resolveram sair naquela noite para jantar e comemorar vinte anos de casados, e Gabriella não tinha nada para fazer, além de ficar em casa sozinha.

De repente, sentiu uma brisa gelada entrar por uma janela lateral que esquecera aberta e resmungou.

Aconteceu alguma coisa? — Sua amiga falava no celular, do outro lado da linha.

O objeto estava no viva-voz, em cima do sofá, enquanto a jovem morena caminhava na direção da janela aberta. Fechou-a e pegou o celular, respondendo:

— O de sempre, Brenda. Tédio e uma casa gigantesca só pra você numa noite em que eu deveria estar me divertindo. — Jogou-se no sofá.

Arfou exausta de não fazer nada e tombou a cabeça para trás, rendida ao ócio.

Por que não assiste suas séries preferidas na Netflix? Se minha mãe me deixasse sair da masmorra, eu dava um pulinho ai, mas sabe como ela é, né? — Gabriella não viu, mas tinha certeza de que Brenda revirou os olhos.

— Se você parasse de brincar com rituais satânicos, talvez ela acreditaria que tem uma filha normal. — Brincou, gargalhando em seguida.

— Então, torço pra ela não descobrir os cadáveres embaixo da cama. Mas o foco aqui é você e sua noite depressiva.

Subitamente Gabriella teve um insight.

— Tive uma idéia melhor do que me afundar em séries de drama e casos policiais! — A morena deu um salto do sofá e caminhou até o home teather. Plugou seu pendrive no televisor e aumentou o volume no máximo.

Havia apenas dois vizinhos nas redondezas, o mais próximo ficava a duzentos metros dali. Então ninguém ficaria incomodado com o som nas alturas. Na verdade, seria difícil eles ouvirem qualquer som vindo dali.

Brenda continuava sem entender nada, até ouvir a barulheira e reconhecer a canção que tocava.

— Que tal um pouco de My Chemical Romance pra animar minha noite? Já que você não está fazendo isso muito bem. — Dessa vez, ela soltou um risinho.

Gabriella soltou os cabelos compridos novamente e retirou os óculos, pondo-os sobre o sofá. Animou-se e começou a chacoalhar os cabelos loucamente no meio da sala.

Acertou em cheio, amiga! “Dead!” é minha música preferida! — Brenda gritou do outro lado da linha, sabendo que sua mãe estava distante demais para que pudesse ouvi-la. Muito menos Gabriella.

Repentinamente a garota ouviu um barulho vindo do andar de cima, mas não ligou e continuou dançando e pulando em cima do sofá. Em suas mãos, o controle remoto servia como microfone para sua performance da banda, com Brenda cantando junto ao celular:

And if your heart stops beating

I'll be here wondering

Did you get what you deserve?

The ending of your life

And if you get to heaven

I'll be here waiting, babe

Did you get what you deserve?

The end, and if your life won't wait

Then your heart can't take this

Novamente mais um barulho de objetos caindo no andar de cima. Gabriella King arfou e pausou a música. Brenda pigarreou:

Por que parou? Estava tão bom...

A morena tomou o celular em mãos e disse séria:

— Te ligo daqui a pouco.

O que aconteceu? — A amiga perguntou em tom de preocupação.

— O Gerard, meu gato, deve ter derrubado algumas coisas lá em cima. Vou checar e te ligo já. — Disse, com o celular ainda na orelha, dando alguns passos na direção das escadas.

Ela desligaria, se a outra não tivesse continuado:

Sabia que umas das principais regras de filmes de terror para uma pessoa que está sozinha à noite, seja onde for, é “se ouvir um barulho estranho, não vá checar”? — Brenda disse, fazendo um tom de voz misterioso.

— Sabia que você é péssima tentando me amedrontar? Talvez aquele seu desenho de um pentagrama, feito com sangue falso na porta do banheiro da escola assuste mais que esse falsete de mistério. — A garota sorriu. — Até já! Prometo que não vou morrer, se é com isso que está preocupada.

E desligou, rindo do que Brenda disse. Subiu a escadaria de dois em dois degraus, até chegar ao corredor que dava para seu quarto. Parou de frente para a porta entreaberta do quarto e entrou.

Encontrou Gerard, seu gato branco com manchas pretas, em cima da sua cama, aparentando estar dormindo. Ao lado da cama, bem abaixo do criado-mudo, estava seu abajur completamente espatifado. Bufou de raiva e olhou desconfiada para o gato, tirando-o de cima da cama e pondo-o no chão.

— Já disse para não vir fazer bagunça no meu quarto, seu gato maroto. — Falou, enquanto o felino saía do cômodo.

Gabriella olhou ao redor, seu quarto estava um pouco bagunçado, e sua mãe já reclamara mais cedo, mas ela só arrumaria quando chegasse do primeiro dia de aula, na manhã seguinte. Ou simplesmente chegaria tão cansada que nem arrumaria nada.

Um vento frio invadiu o quarto e ela virou-se, avistando a janela entreaberta. Apoiou os cotovelos na mesma e fitou o térreo. Teve uma leve impressão de ter visto um vulto, mas deduziu como sendo alguma ave entre as árvores. Fechou a janela e caminhou de volta para a porta, até notar que um de seus pôsteres estava caído ao lado do abajur. Apanhou o objeto e percebeu que possuía algo escrito em sua parte traseira:

“Você gosta de histórias de slashers?”

A jovem não se lembrou de ter escrito aquilo e caminhou até a soleira da porta lentamente, olhando para o corredor. Subitamente seu celular tocou e ela olhou no visor, número desconhecido. Ficou receosa em atender, mas o fez mesmo assim.

— Alô?

Olá! Qual a sua história slasher favorita?

A voz que surgiu do outro lado da linha era gutural e abafada, quase como se alguém estivesse falando dentro de um recipiente. Porém, era sombria e causava arrepios.

— Com quem quer falar?

Com você mesma.

— Mas você nem sabe quem está falando... — Gabriella deitou-se na cama e começou a balançar as pernas no ar.

Gabriella King, dezessete anos, estudante da Reaperswood High, popular entre os nerds e número um na maratona acadêmica.

— Nossa, parece que sabe muito bem sobre ela. — Começou a mexer no cabelo displicentemente. — Bom, já que é tão fã dela, vou responder a sua pergunta. Minhas histórias preferidas são as escritas por fãs. Fanfics exigem criatividade e empenho, então, possuem seus méritos.

Boa! Mas eu ainda não acabei. — Disparou. — Uma garota sozinha num casarão afastado do centro, onde ninguém pode ouvi-la gritar... Não acha excitante? Daria uma ótima primeira cena para minha história. — A voz parecia muito mais ameaçadora agora.

— História... Que tipo de brincadeira é essa? Uma espécie de “Pânico” fora de época? — Sentiu seu coração acelerar, mesmo tentando burlar seu receio. Sentou na cama em seguida.

Do tipo prazerosa. A propósito, eu gostei da música, ela daria uma boa trilha sonora para sua morte.

Um medo foi crescendo dentro de Gabriella. Ela ergueu-se da cama e caminhou até a porta, ficando de frente para o corredor. Quem era a única pessoa que sabia que ela estava sozinha e ouvindo música?

— Não estou afim de ser personagem de história alguma. Ok, Brenda. Isso não tem graça, pode parar.

Aqui não é a Brenda.

— Peter é você? Olha, isso não te ajudará a reatar nossa relação, ta? Pra falar a verdade, isso é doentio. — Era evidente o nervosismo em sua voz trêmula. — Seu conceito de “vamos dar um tempo” está totalmente avesso!

Aqui não é o Peter! Pare de bancar a espertinha!

— Então me diz quem está aí?!

A última pessoa com quem você falará antes de morrer!

Ela desligou o telefonema com as pernas bambas, mas logo seu celular tocou de novo. Atendeu:

— Vai se ferrar, seu otário! Não tem como você passar por aquele alarme, ok? A polícia vai chegar e te enfiar na viatura!

Tem certeza de que eles vão chegar antes que eu te autopsie viva? — A voz sussurrou.

Subitamente o alarme de segurança soou por toda a casa, deixando-a em estado de paralisia corporal no mesmo instante. A música de outrora começara a tocar novamente. O coração da garota parou por um segundo e pareceu que sairia pela sua boca.

x-x-x

Gabriella desligou e andou pausadamente até a ponta da escadaria. Abaixou-se para que pudesse ter visão da sala de estar, mas não viu nada além do controle remoto no chão. Caminhou de forma cautelosa, olhando para todos os lados. As pernas permaneciam bambas, o coração pulsando acelerado... Apressou-se em fechar a porta e acionar o alarme novamente. A polícia logo estaria ali e ela só precisaria se esconder até que isso acontecesse.

Quando seu celular tocou mais uma vez e uma lágrima escapou de seu olho. Ela sabia que era o mesmo número anônimo. Limitou-se em atender, mas não queria parecer mais intimidade do que já estava.

— Me diz o que você quer, por favor... — Sua frase era interceptada pelo choro baixo.

Só quero que me responda uma coisa... Você me trancou para dentro ou para fora?

Sem que Gabriella esperasse, um indivíduo de manto negro longo e usando uma máscara de caveira feita com ossos, saltou na sua frente. Ela largou o celular e desviou de uma facada, que o algoz acabou acertando na porta. Era uma grande faca de caça, que brilhava cada vez que ele a erguia.

A morena começou a correr pela casa, gritando e descumprindo uma das regras para se salvar de um assassino, ela subiu os degraus da escada às pressas. Seu coração estava a mil por hora, sua mente não pensava em mais nada a não ser na morte iminente e suas pernas tremiam, enquanto ela gritava no andar de cima.

— Socorro, alguém me ajuda!

Entrou no corredor e olhou para trás, vendo o assassino no fim dele, andando calmamente, até que começou a correr também. Correr bem rápido. Gabriella entrou no quarto e empurrou a porta, fechando-a na ponta da faca, que já estava metade dentro do cômodo. O algoz retirou o objeto pontudo e ela trancou a porta.

Começou a choramingar, enquanto tentava pensar em como escapar. Havia esquecido o celular na sala, não poderia pedir ajuda alternativa, a não ser esperar as autoridades chegarem.

Subitamente o assassino começou a surrar a porta de maneira violenta. Gabriella olhou em volta, apavorada e aproximou-se da janela, abrindo-a e pondo metade do corpo para fora, calculando o tamanho da queda. Pôs a primeira perna e empurrou um pouco mais a janela na intenção de abrir espaço para que passasse o corpo todo.

Foi aí que a porta bateu com força e o assassino com máscara de caveira entrou no quarto correndo, deferindo uma facada na altura do seu ombro.

— AAAAH!

A jovem gritou com a dor e seu corpo escorregou pelo telhado, pronto para encontrar o chão logo em seguida, alguns metros abaixo. Com um baque surdo, o corpo atingiu a grama.

Por pouco ela não bateu com a cabeça, mas o corpo doía insuportavelmente. Ela viu o sangue descendo da ferida aberta no ombro e tentou estancar, enquanto levantava. Olhou para cima e o assassino encarava-a embaixo da terrível máscara da morte. Ele entrou rapidamente e isso preocupou Gabriella ainda mais.

Ela deu a volta na casa, encontrando a fachada. Aproximou-se da estrada de terra, correndo na direção da casa do vizinho e viu o assassino sair da porta de sua casa. Ele interceptou-a no meio do trajeto, e foi ai que ela o chutou, antes que ele lhe deferisse outra facada.

Gabriella correu em direção à estrada, enquanto a terra levantava poeira embaixo dos pés descalços da moça. Os cabelos negros agora estavam bagunçados, enquanto o vento lambia-os pela estrada deserta. Mais um pouco e ela chegaria até a casa do vizinho, assim que chegasse lá, pediria ajuda.

Ainda correndo, olhou por cima dos ombros e não avistou mais o assassino mascarado, mas não desistiu de correr e continuou, mesmo que o suor pesado estivesse em sua testa, empapando seu cabelo. O blusão agora estava tingido de vermelho e seus pés doloridos esmagavam os pedregulhos no meio do caminho.

De repente, Gabriella avistou dois pontos de luz de aproximando.

Dois faróis.

— Aqui! Me ajuda! — Ergueu os braços e começou a acenar debilmente para o carro que vinha na estrada. — Socorro!

Porém, sentiu mãos pesadas agarrando seu blusão e puxando-a para o lado. Ela sentiu seus corpos rolarem para o acostamento e consequentemente, para o interior do bosque. O algoz debruçou-a contra as folhas e Gabriella gritou, mas teve a boca tapada instantes depois.

Com lágrimas nos olhos, a garota viu o carro passar pela estrada, indo para longe. Sem poder fazer nada, ela não poupou as lágrimas e lamentava por estar sendo vítima daquele maníaco com máscara da morte.

— Por favor, não... — Dizia sem mais forças para lutar.

O “face da morte” começou a encará-la, durante alguns segundos, parecia admirar seu sofrimento por trás da máscara. A garota já estava pronta para aceitar seu fim, quando teve uma ideia. Chutou a barriga do maníaco mascarado e o mesmo caiu para o lado. Ela aproveitou para tentar se erguer, mas ele acertou uma facada em seu braço. Gabriella gritou instantes depois e viu o sangue escorrer pela extensão do antebraço.

Suas pernas doíam o bastante para sua corrida não ser como a de antes. P cabelo caía enegrecidos sobre os olhos, o blusão grudava ao corpo pelo sangue e o ferimento no ombro estava em carne-viva. Ela arfou mais uma fez, saltando um galho. Foi aí que o assassino cravou uma facada certeira em suas costas e ela caiu impotente. O rosto bateu nas folhas e afundou na terra.

— Não me mate... — Sussurrou, mas o maníaco já estava de pé, bem acima dela.

O corpo de Gabriella foi virado com rapidez e a garota chorou, enquanto sangue era despejado de sua boca. Implorou com os olhar desesperado para que nada lhe acontecesse, mas já estava feito. O assassino ergueu a faca de caça, que brilhou momentaneamente com a luz da lua, e enfiou-a no peito da garota. Gabriella deu o último grito.

A partir dali, seu corpo foi aberto brutalmente dos seios até a virilha, enquanto seus órgãos – agora expostos – saltavam da grande fenda. O sangue escorria dos lábios, os olhos arregalados encaravam a relva, as pernas davam seus últimos espasmos. Até que qualquer resquício de vida em Gabriella King não existisse mais.

OPENING THEME

SLASHER STORY

1x01: Qual a sua história slasher favorita?

O conversível vermelho já se aproximava da Reaperswood High pela estrada principal. Peter achava que estacionar em frente à escola fosse mais fácil do que passar pelas inúmeras vagas preenchidas pelos carros velhos da década de setenta e oitenta dos professores no estacionamento. Parou o veículo e pôs o cotovelo para fora, analisando a situação caótica na qual o pátio da fachada institucional se encontrava.

Ele estava coberto por vans de reportagem, viaturas policiais e alunos fofocando sobre algo que parecia ser bastante interessante. Ele sabia que a Reaperswood High era conhecida por atrair casos polêmicos. Uma garota já havia vendido a virgindade para um dos professores e um rapaz já tinha se masturbado, pendurado de cabeça pra baixo no mastro da bandeira e isso trouxe mídia para a instituição, mas a fama que Reaperswood High levava não era das melhores.

Respirou fundo, pôs os óculos escuros e encarou Phillip que estava sentado no banco do carona. Peter e Phillip Van Der Hills eram irmãos gêmeos idênticos – o primeiro mais velho por um minuto de diferença –, filhos de um cirurgião plástico e de uma ex-modelo estilista de renome. Ambos tinham tudo que queriam e não só aparentavam serem metidos e perversos, como faziam parte do topo da cadeia alimentar da escola.

— Será que algum babaca prendeu o pinto no zíper da calça de novo? Olha esse tanto de equipes de reportagens e policiais no pátio. — Peter falou, abrindo a porta do conversível.

Ele era mais alto que o irmão, tendo pouco mais que um e oitenta de altura. Tinha porte atlético e um cabelo negro num corte hipster atual. O rosto era comprido e o sorriso branco, de dentes bem alinhados. Aparentemente era o sonho de consumo da maioria das garotas da escola, como também o pesadelo dos nerds e impopulares.

— Ou talvez seja um novo reality show bizarro sobre animais de circo. — O outro retrucou, também saindo do automóvel. — Pela primeira vez na vida, nossos amigos podem ser famosos.

Seu irmão, Phillip, era uma versão mais baixa e esnobe. Ele tinha uma expressão indiferente e angelical, estampada pelas sobrancelhas sisudas e as bochechas coradas. Também possuía um sorriso de parar os corredores e porte menos atlético, por praticar pouco Lacrosse, enquanto seu irmão era um antigo astro do time. Por fim, um metódico topete sobre a cabeça.

— Não me lembro de estudarmos com alguma Kadarshian. — Peter afirmou e os dois riram.

O mais alto arrumou a jaqueta Calvin Klein e Phillip, sua Versace estampada. Com as mochilas no ombro, andaram até a outra calçada. O andado era igual, a maneira de acenar para as falsianes também. Passaram por duas repórteres que relatavam o caso de um corpo encontrado nos arredores da cidade e deram de ombros, até Phillip esbarrar em uma figura quase invisível aos seus olhos. O rapaz baixinho e gordinho emburrou o rosto e baixou a cabeça, desconsertado.

Phillip reprimiu-o:

— Não está me vendo aqui, filhote de orca?

— De-Desculpe, Phillip. Não foi minha intenção entrar em seu caminho.

O rapaz bufou e contou até três, dizendo:

— Sai da minha frente Willy, antes que eu faça uma lipo em você com minhas próprias mãos!

O gordinho reprimido encolheu os ombros, agarrou os livros contra o peito e partiu dali rapidamente. Ninguém sabia seu nome verdadeiro, já que ele era comumente chamado apenas de Willy por Phillip, os dois costumavam se esbarrar nas aulas de educação física. Willy era ignorado facilmente pelos corredores, sentindo-se uma pessoa completamente descartável e inútil sempre que entrava no caminho de algum popular. Ele era um alvo fácil para o bullying.

x-x-x

Os gêmeos passaram por mais uma van de notícias, antes de avistarem Hannah Athos dando uma entrevista para a imprensa. Ela mexia nos cabelos longos, loiros e no vestido rosa de maneira empolgada, enquanto era moderada por sua melhor amiga, Melissa Smith, que vez ou outra interrompia a entrevista para reprimir alguma fala indevida da amiga.

— Olha lá. — Disse Phillip ao irmão, apontando para as garotas.

Enquanto Hannah era assistente na rádio da escola e uma patricinha fã de cantoras pop inegável, Melissa sua amiga, – Miles como era conhecida – era uma intelectual e delicada garota de alma artística, que fazia parte do grupo de teatro. Os cabelos loiros e os olhos claros de Hannah contrastavam com os cabelos castanhos e olhos escuros de Melissa. As duas são amigas inseparáveis desde o primeiro ano, quando sem saber, perderam o BV com o mesmo cara.

— Já chega, vamos! — Disse Miles, arrastando Hannah no pátio, pelo braço. — Você já pôs a boca no trombone demais, amiga.

— Eu esqueci de dizer como a Gabriella me ajudou a fugir dos sapos que colocaram no banheiro feminino! — Hannah protestava.

Repentinamente Peter virou-se para Phillip, dizendo:

— Elas falavam da Gabriella pra repórter? Que estranho.

Poderia ser qualquer Gabriella, existiam algumas na instituição, mas Peter sabia que estavam falando de sua namorada, porque ele se lembrava da amizade que ela mantinha com Hannah e Miles.

Então, o barulho do Whatsapp chamou a atenção de Peter. Ele retirou o celular moderno do bolso e conferiu a mensagem. Era de Victorya, sua ex-namorada e agora, apenas amiga. A mensagem dizia:

“Você já sabe da notícia? Estamos te esperando na fonte! Xoxo”

Os gêmeos se entreolharam e seguiram curiosos para a fonte, onde os populares costumavam ficar. Aquele era seu point de encontro nos intervalos. No meio do caminho apareceu Terry Mackenzie, a responsável pela rádio da escola. Era uma transgênero bastante popular pelas suas fofocas diárias e por ajudar alunas em crise. Boatos circulavam, desta vez sobre ela, que não tinha trocado de sexo ainda e que faria isso alguns anos depois na Tailândia. Era negra e possuía longos cabelos encaracolados, mas julgava-se que metade deles fosse aplique. Usava uma jaqueta de uma cor de verde-limão e uma mini-saia vermelha.

Terry apontou o gravador na direção de Peter, abordando-o:

— Olá, garanhão, diga olá para meu podcast do dia! Eu sei que é um péssimo dia pra você, mas vem cá... O que tem a dizer sobre isso tudo?

— Sobre o quê? — Peter estava visivelmente confuso. Parecia que todos estavam sabendo o que estava acontecendo, menos ele.

— Do que está falando, Tereza? — Phillip também permanecia com uma expressão confusa estampada no rosto.

— Oh! — Terry tapou a boca como se tivesse dito algo errado. — Você ainda não soube...

— Soube do quê? — Peter estava se alterando. — Desembucha logo de uma vez e para de fazer sensacionalismo, Oprah! — Bufou.

— Sua namorada, ex-namorada, não sei. Ela foi...

— Ei, Pete! — Lucky apareceu para cumprimentar o amigo. — E aí, Terry. — Olhou para a podcaster com olhar de segundas intenções, enquanto a garota ficava desconsertada, mas devolvesse o gesto com um ainda mais obsceno, feito com a boca.

Percebendo a deixa, Terry saiu, deixando Peter sem respostas.

Lucky Woods era o novo astro do time de Lacrosse. Ele é arremessador e tornou-se o número um do time, após a saída de Peter. Alto, descendente de latinos, com olhos escuros e cabelos negros. Tem músculos em demasia, corpo atlético e namora Miles há alguns meses. Costuma ser o alívio cômico do grupo, sempre tentando ser o mais alto astral e otimista possível. Faz parte dos populares desde que entrou para o time, sendo melhor amigo de Peter e Phillip.

— Eu ainda quero saber o que está acontecendo aqui. Parece que tem uma notícia bombástica, mas sou o único que não sabe. — Afirmou Peter.

— Nem eu. — Phillip retrucou dando de ombros.

— Eu achei que vocês já soubessem. Vem, a Tory ta afim de falar contigo. — O atleta disse, olhando para Peter.

x-x-x

Chegaram à fonte um minuto depois. E lá estavam sentados os demais populares, enquanto a água era esguichada atrás deles. Nas laterais, Marley Andrews, o segundo melhor jogador do time de Lacrosse. O negro vestia-se com o calção do time e uma camiseta preta, que destacava seu peitoral. Era um pouco mais alto que Peter, avançando aos um e noventa, com porte atlético (músculos e mais músculos) e rosto agressivo. Ele estava com headphones gigantes nos ouvidos, provavelmente alguma música eletrônica tocava ali. Acenou para o trio que chegava.

Na outra ponta estava Kat Grey, negra de cabelo avermelhado que reluzia à luz do sol e um corpo atlético. Usava uma blusa tomara que caia branca e shorts jeans cheios de strass. Dava pra ver o uniforme de Cheerleader dentro de sua bolsa. Ela e Marley tinham algum parentesco distante, que nenhum deles sabia qual era, mas que presumiam existir. Embora eles não fossem tão chegados quanto o resto do grupo, e na maior parte do tempo discutiam por motivos banais, sempre se entendiam. Kat retirou um batom chamativo da bolsa e começou a passá-lo, olhando-se num espelho de mão.

E no centro, imponente e imperiosa, estava Victorya Levin, a abelha-rainha de Reaperswood High. Ela estava no topo da cadeia alimentar e adorava devorar os nerds e impopulares. Era cobiçada entre as garotas e idolatrada entre os garotos, impossível não ceder às tentações da garota mais sexy e autoritária da instituição. Tory, como era comumente chamada na roda dos populares, possuía um corpo escultural e de dar inveja, além de longos cabelos negros com algumas mexas coloridas e um rosto de beleza arrebatadora. Os olhos eram cor-de-mel e os lábios carnudos chamavam a atenção de qualquer um; estes últimos, carregados de um batom vermelho irresistível. Ela usava uma jaqueta de couro vermelha sobre uma blusa com um cupido demoníaco estampado, que deixava sua barriga à mostra, e uma calça preta rasgada nos joelhos.

— Onde você esteve esse tempo todo, Pete? Eu tentei ligar pra você ontem, mas só dava caixa postal e mandei diversas mensagens, mas você não visualizou. — Tory ergueu-se do banco e balançou o celular com case de pelúcia na frente dos gêmeos.

— Estava preso em casa com um jogo de poker dos meus pais contra um casal de amigos, que no final ficaram bêbados e quebraram a jarra de cristal preferida da minha mãe. — Revirou os olhos.

Assim que Peter falou, Phillip fez uma careta bem ao seu lado, e então, o mais velho voltou a encarar Victorya, que continuou:

— Não quero prolongar mais ainda o assunto, mas você não deve estar sabendo do assassinato de ontem, né? Já que ficou inacessível.

— Assassinato? — O rapaz perguntou.

— Sim, um terrível assassinato nos arredores da cidade. — Tory o encarava e as palavras pareciam sair com facilidade. — O corpo de uma garota da escola foi encontrado brutalmente estripado e pendurado pelas próprias vísceras na sacada de casa, pelos pais dela.

De onde estava, Kat fez uma cara de nojo.

— Então é por isso que esses jornalistas estão aqui? — Phillip olhou ao redor e Lucky assentiu. — Achei que dessa vez tinha sido o garoto do zíper. Seriamente torci por isso.

Lucky riu, mas logo o sorriso sumiu.

— Antes tivesse sido ele de novo.

— E quem era a garota? — Peter perguntou, interrompendo o jogador.

Nesse momento, todos com exceção de Phillip, se entreolharam. Victorya respirou fundo e disparou à queima-roupa:

— Gabriella King, sua namorada.

x-x-x

Peter sentiu o nó no estômago ao encarar o reflexo pálido no espelho do banheiro. Atrás dele, Phillip tinha um olhar compadecido, escorado contra uma das portas dos boxes. Ele tocou o ombro do irmão e disse:

— Eu sinto muito.

O outro gêmeo não falou nada, apenas continuou acompanhando a face estática no espelho. No segundo seguinte, recompôs-se e colocou novamente a mochila no ombro, indo em direção à saída.

— O que vai fazer? — Phillip indagou.

— Viver.

— Você sabe o que isso significa não é, Pete? — O irmão interveio. — Sua namorada está morta, vocês estavam com a relação turbulenta, é óbvio que a polícia está aqui pra interrogar as pessoas próximas. Em quem acha que vai recair toda a culpa pelo acontecido?

— Phill, eu não estou preocupado com isso. Minha consciência está tranqüila, ok? Além disso, não estou em condições de falar qualquer coisa a respeito.

Assim que os dois saíram, deram de cara com uma dupla de estudantes que vinham entrando. Ambos estudavam com eles nas aulas de física, química e biologia. O primeiro era loiro, franzino, pálido e usava óculos de armações grossas – que escondiam seus grandes olhos verdes –, tendo um nariz avantajado e algumas pequenas sardas. O outro era mais baixo e cheinho, com descendência indígena: olhos puxados, lábios grossos, pele morena e cabelos negros. Maycon Sunshine e Newton Jones, sendo o primeiro um nerd irrecuperável e o outro, menos inteligente e mais brincalhão.

Newton segurava uma maçã e mordiscou a mesma, encarando os gêmeos com desdém. Ao seu lado, Maycon tremia na base, ajustando os óculos no nariz.

— Saiam da frente, perdedores! — Phillip bradou.

— E se não fizermos? — Newton atreveu-se.

— Você saberá o sabor da água de um sanitário. — Peter completou.

O rapaz mordiscou mais uma vez a maçã e Phillip não resistiu. Pegou a maçã das mãos de Newton e arremessou a fruta no cesto de lixo mais próximo. Acabou incitando que avançaria e Newton recuou para o canto da parede. Maycon apenas observou os gêmeos rindo.

— O que está olhando Raio-De-Sol? — Phillip referia-se à Maycon.

— Nada. — Ele balançou a cabeça em negação.

O sobrenome do garoto sempre fora motivo de piada. O “Mash” dado pelos amigos não era o bastante para encobrir o rastro de humilhação que “Sunshine” trazia para sua vida. Phillip adorava infernizá-lo, tanto pelo sobrenome, quanto por colocar em dúvida sua sexualidade. Mas Maycon não se deixava abater, embora sentisse receio de estar próximo dos gêmeos.

— Algum problema, meninos?

Quem disse isso foi uma garota de cabelos curtos e vestes pretas. Brenda Winter parecia ser aquele tipo de menina silenciosa ou arrebatadora. E ela optava pela segunda opção. Tinha o cabelo cortado bem curto e uma maquiagem pesada, com batom preto e uma blusa preta com o desenho do signo de aquário dentro de um pentagrama. A calça preta rasgada e a bota de mesma cor davam um vislumbre gótico à aparência da garota, que movia os dedos com unhas grandes e roxas constantemente.

— Nenhum problema, Bren. — Newton respondeu.

— Ora se não são o casal gótico e trevoso de Reaperswood... — Disse Peter.

— Sacrificando muitas virgens e bebendo muito sangue de bodes em cima de túmulos recém-abertos por aí?

— Não somos um casal.

O rapaz que acabara de falar estava ao lado de Brenda. Johnny Siddle era a versão masculina e mais sombria de Brenda. Ele não possuía nenhuma maquiagem ou acessórios que remetesse aos mesmos gostos da garota. Trajava apenas um blusão preto de mangas longas com o nome “Alexz Johnson” estampado e uma calça larga marrom, acompanhada de converses. Ele possuía um cabelo que parecia evitar cortá-lo e olhos escuros, assim como ela. Os dois eram franzinos e gênios, dando aulas de reforço para os amigos, além de serem as cabeças por trás do clube de cinema.

— E então, produtos de fábrica, por que não deixam nossos amigos em paz? — Brenda pigarreou se aproximando de Newton e Mash.

— Você não manda na gente, Vandinha Addams. — Peter ficou frente a frente com a garota e o contraste de tamanho entre eles era gritante.

— Achei que estivesse comovido pelo assassinato de Gabriella King, Peter. — A voz de Johnny soou quase como um sussurro.

— O que você disse?

O olhar de Peter se transformou em ira rapidamente e ele avançou contra Johnny segurando-o pela gola da blusa e prensando-o contra a parede. Brenda começou a puxar Peter, pedindo que ele parasse.

Cedeu.

— Não piora as coisas pro teu lado, maninho. — Phillip disse e o puxou para longe dali. — Deixa as aberrações comigo. Cuido deles depois. — Eles saíram dali, deixando o quarteto falando sobre o assassinato.

x-x-x

Kat, Lucky e Marley vinham caminhando pelo corredor com Victorya liderando o grupo, abrindo caminho. A cada passo que a abelha-rainha dava dentro da instituição era como Moisés abrindo o mar vermelho. Todos os alunos se afastavam e o quarteto conseguia ter o corredor só pra ele. Lucky passou por um garoto e empurrou-o contra o armário, com Marley rindo ao seu lado.

Victorya encontrou Peter e Phillip em seus respectivos armários. Os dois conversavam baixo e ela interrompeu-lhes.

— Está melhor, Pete?

— Como acha que estou me sentindo? — Ele retrucou imediatamente. — Minha namorada foi assassinada e todos estão olhando torto pra mim, achando que tive alguma culpa nisso. — Ele fechou o armário com força. — Eu não sou a porra de um assassino!

— Eu acredito em você, mas tem que convencer a mim... E sim, eles. — Ela falou apontando para o grupo de policiais vindo no final do corredor.

O homem que liderava o comboio vestia-se diferente, com o distintivo brilhando no peito. Era o xerife de Reaperswood.

— Bom dia, Xerife Browning. — Victorya cumprimentou o homem sério e calvo, se aproximando da meia-idade. Ele não disse nada, apenas prostrou-se na frente dos gêmeos. Tory sentiu-se tremendamente ofendida, mas preferiu conter-se.

— Peter Van Der Hills, é hora de colher o seu depoimento. Acompanhe-me. — Disse sua voz gutural.

O rapaz popular bufou. Victorya e Kat estouraram duas bolas de chiclete no mesmo momento, enquanto juntas de Lucky, Marley e Phillip, viam Peter ir com os oficiais de polícia para ser interrogado. Kat virou-se rindo para sua amiga e disparou:

— Fez mesmo o que eu vi?

— E o que você viu?

— Você paquerou o policial dos olhos claros, sua atrevidinha... — E riu.

— Desejar homens da lei não é pecado, ok? — Tory respondeu pragmática, balançando os cabelos e estourando mais uma bola do chiclete. — Quem vê pênis, não vê profissão, querida. E você não tem nada a ver com meu fetiche por homens fardados, então fique na sua.

Kat riu maliciosamente e deu de ombros, concordando:

— Verdade, homens de farda são um lança-chamas de genitálias! — Deu um gritinho de entusiasmo e quando percebeu que Lucky e Marley estavam olhando, calou-se e ocupou-se em apenas estourando a bola do seu chiclete.

— Vou ver como anda os preparativos para a primeira audição de novos atores pra peça desse mês. — Phillip falou e saiu em direção ao auditório.

Tory e Kat estouraram mais duas bolas de chiclete e viram Terry colhendo novas informações pelos corredores, sempre com o gravador em mãos.

x-x-x

Phillip encontrou as portas do auditório abertas. Ele entrou no lugar de maneira silenciosa, observando cada ponto do mesmo. De cima, de onde estava, era possível ver a infinidade de cadeiras que ficavam dispostas em perfeita ordem dentro da abóbada de paredes vinho, com adornos em madeira. O palco era grande e espaçoso, de modo que qualquer tipo de espetáculo poderia ser apresentado ali. As poltronas haviam sido trocadas e a cor azul agora dava destaque para as mesmas. Os equipamentos de som e iluminação estavam todos espalhados entre o teto e as paredes.

Em cima do palco estavam Miles e mais dois rapazes do grupo de teatro, arrumando algo. Seus nomes eram Mark Reynolds e Marcus Chase. Mark era um garoto visivelmente estranho. Era bronzeado, usava óculos na maior parte do tempo e tinha o corpo um tanto atlético; ele praticava atletismo, mas continuava sendo um garoto de poucas palavras. Tinha os olhos verdes, escondidos atrás dos óculos de lentes grossas e uma maneira de arquear os ombros que dava uma impressão de que estava sempre cansado. Ele andava pelos cantos acoado e dizia ter um tipo de Síndrome do Pânico, mas isso era o de menos. Em cima do palco, ele gostava de sentir-se sob controle e o mais talentoso; Isso, até Peter tomar tudo para si.

Já Marcus era mais tímido e sensível. Ele era o garoto mais sensível do clube de teatro e Peter acreditava em seu potencial, embora sempre desse algum jeito de passar por cima do talento nato de Marcus para composições de cena e roteiro. A alma artística do garoto elegante na maneira de se vestir vinha através de poemas, o que era seu ponto forte. Marcus era um verdadeiro poeta. Ele tinha a pele branca e os cabelos negros, o corpo era gordinho e escondia-se atrás de algum cardigan.

— Então, subordinados, tudo pronto para começarem os testes amanhã? Peter pediu que nada saísse do combinado. Estão ouvindo? — Phillip bradou, ainda descendo as escadas.

— É pra isso que nós estamos trabalhando duro, Phillip. — Miles respondeu, enfatizando que eles eram os únicos a estarem fazendo algo. — Mesmo com o assassinato de uma das minhas amigas. — Miles estava com os olhos marejados.

— Alguma objeção, Miles? Eu tenho o poder de estalar os dedos e arruinar sua carreira artística, melhor não se atrever a me confrontar. — Retrucou. — É pra isso que estão no clube de teatro, pra serem alguém dentro dessa escola. E enquanto eu e meu irmão estivermos aqui, vocês terão seus minutinhos de fama. Agora deixem-me ir, antes que eu acerte um desses holofotes sobre suas cabeças.

O rapaz saiu com sentimento de imponência e com um sorriso vitorioso.

x-x-x

Na sala do diretor estavam apenas ele, Peter, Xerife Browning e outro policial vigiando a porta. Os três encaravam o aluno de maneira dedutiva e Peter não queria imaginar o que pensavam dele nesse momento. Subitamente o xerife parou de apenas encará-lo e disparou:

— Onde você estava ontem à noite, Van Der Hills? — Queria intimidá-lo a qualquer custo.

— Em casa, com meus pais e meu irmão. Eles podem confirmar isso ao senhor.

— Já sabemos que você e Gabriella eram namorados e que estavam passando por problemas na relação. Pode me confirmar essa informação?

— Óbvio. Assim como todo casal tem seus atritos, eu e Gabs não estávamos num bom momento da relação. Ela tinha pedido um tempo e eu não intervi, era um direito dela. — Peter respondeu impassível.

Browning o olhou por mais alguns segundos, analisando suas expressões e suspirou.

— Ok, está liberado mocinho.

Peter puxou a jaqueta da cadeira e saiu da sala em passos metódicos e rápidos. Assim que passou da soleira da porta viu vários alunos correndo nos corredores, na direção da saída. Ele acompanhou o tumulto bastante confuso e viu quando Victorya, Kat, Lucky e Phillip correram. Miles, Hannah, Terry e mais alguns alunos, incluindo o aluno esquisitão, barbudo e misterioso da aula de matemática, Vincent Hardy, com sua jaqueta de couro - usada por motoqueiros, pesada - e seus óculos escuros, também corriam na mesma direção que os demais.

— Que porra ta havendo? — Perguntou.

Assim que chegou do lado de fora, Peter viu os inúmeros papéis caindo do terraço, todos estavam sendo arremessados e voando por todo o pátio principal. Ele e Vincent desceram os degraus ligeiramente. Peter apanhou um dos papéis no ar e leu. Era trechos de uma história que narrava com detalhes o assassinato de sua namorada.

Peter olhou para o garoto barbudo e perguntou:

— O assassino está escrevendo uma história?

Vincent olhou-o desconfiado e respondeu:

— Alguém está escrevendo uma história sim, uma história slasher. E a Gabriella foi a garota morta antes dos créditos iniciais.

Repentinamente o celular de Peter tocou em seu bolso. Olhou no visor, era o número de sua namorada.

Atendeu:

— Alô?

Gostou do que eu preparei para o primeiro capítulo, Peter? — Era uma voz gutural e modificada por algum aplicativo.

— Que merda! Quem é você?

Sou aquele que escreverá as próximas páginas!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Não esqueçam de comentar!



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