Pra onde vou agora? O que vou fazer? Preciso encontrar a minha mãe! Decido ir pela esquerda. Essa rua dá acesso á Avenida principal da cidade. Ando com passos largos e apressada. A rua está deserta, e silenciosa o que me deixa um pouco aflita, pois a minha rua é sempre movimentada e sempre passa carro. Quando viro a esquina e vou de encontro a avenida, entendo o motivo. E o barulho começa a ecoar a cada passo dado, Um grande congestionamento está formado, com pessoas desesperadas e começo a ouvir barulho de buzinas. Chego na Avenida Principal e o

barulho se torna insuportável. O que está acontecendo? Pessoas dentro e fora dos carros, outras correndo, crianças e adultos chorando Estão todos desesperados em meio ao caos. Porém ao ouvir os tiros, o silêncio reina por 2 minutos, até o desespero aumentar. Um tanque do exército se aproximava atirando nas pessoas, sem distingui-las dos infectados. Corri de volta para a minha rua. Agora haviam alguns infectados vindo em minha direção, como vou fugir? Entrei em uma casa vizinha. Ao fechar a porta e olhar para dentro, um jovem que aparentava ter a minha idade, cabelos pretos e olhos escuros, apontava uma arma para mim, e uma menina de aparentemente 6 anos, que se aprecia com o mesmo, estava atrás dele.

= Levanta as mãos onde posso ver. - Levantei as mãos lentamente. - Foi mordida? - Neguei com a cabeça. - Qual é o seu nome?

= Melody. - Murmurei.

= Nome completo. - Ele forçou uma mira com a arma.

= Moore, Melody Moore. Eu sou sua vizinha. Moro na casa 17. - Me identifiquei ainda com os braços rendidos.

= Melody? Eu sou o Robert. Estudei na mesma escola que você. Você cresceu, está... diferente.

= Bem... se isso for um elogio, obrigada. Posso abaixar as mãos e me esconder aqui? Prometo não ficar muito tempo.

= Claro! - Disse ele abaixando a arma enquanto eu abaixava as minhas mãos. - Desculpa, é que o que está acontecendo é surreal. Ah, essa aqui é a Dany.

= Não tem que se desculpar, você está certo. Olá Dany. Você é muito bonita, sabia? Amei o seu vestido! - Disse simpática, o medo tomava conta do seu rosto, mas mudou quando elogiei o vestido.

= Obrigada - Disse baixinho, quase num sussurro. E se sentou no sofá. O Robert se sentou também e indicou para que eu me sentasse.

= Do que você estava correndo?

= Um tanque militar está atirando nas pessoas, sem se quer verificar se estão infectadas! Estão todos desesperados.

= Imagino. Onde está sua mãe, seu padrasto e seu irmão?

= Eu me perdi da minha mãe. Não consegui encontrá-la. - Uma tristeza me invadiu. - E os seus pais?

= Eles saíram e até agora não voltaram. Temo que tenha acontecido algo ruim. - Ele comenta baixo para a Dany não ouvir. Sua afeição de perdida estava óbvia, ela encarava a televisão, mas não assistia o que estava passando, apenas prestava atenção, nos tiros e gritos que vinha lá de fora.

= Dany... - Ela despertou um pouco assustada quando a chamei. - Vem aqui. - Ela virou seus olhos escuros para o Robert que assentiu levemente. A menininha se levantou e veio em minha direção. - Vou te emprestar uma coisa, tá bom? - A pequena assentiu. - Quando eu estou com medo, eu

canto baixinho. Toma, coloca isso. - Entreguei meu fone, ela colocou, conectei no celular e coloquei uma musica calma para tocar e aumentei o volume ao máximo. - Ela sorriu e começou a murmurar as batidas da música.

= Obrigado. - Robert agradeceu.

= Não me agradeça. Não podemos ficar aqui. Pode ser perigoso.

= Lá fora me parece mais.

= Se um soldado entrar por aquela porta, ele não vai perdoar nem a Dany, acredite em mim. - Disse em um tom sério para ele.

= Já está escuro. Vamos ficar vagando por ai de noite?

= Podemos passar essa noite aqui, mas temos que partir ao amanhecer. - É verdade, já está de noite, como iria sair por ai com uma criança no meio da noite?

= Tudo bem. Vem, vou te mostrar o quarto. = Segurei a mão da Dany e a guiei conosco subindo as escadas e entrando no quarto. Era uma suíte e havia uma cama de casal, criado mudo, um sofá de 2 lugares, uma TV, um guarda-roupas e uma cômoda próximo a porta. - Podemos dormir todos aqui. Você e a Dany dormem na cama e eu me ajeito no sofá, daí reforçamos a porta essa noite.

= Por mim tudo bem. Obrigada Robert. - Ele sorriu e desceu.

Arrumei a cama e retirei os fones do ouvido da Dany que já estava sonolenta. Ajeitei a menina na cama, a embrulhei e dei um beijo em sua testa. Fui em direção a janela e fiquei observando, algumas pessoas infectadas vagando desnorteadas pela rua. E vi ao longe, um explosão. Meu Deus! O que está acontecendo? O celular vibra. Olho no visor, uma mensagem, é a Liz, uma amiga da minha antiga cidade.

Liz: " Isso também está acontecendo ai?"

Eu: " Então é o mundo todo?"

Liz::" Tomara que não, porque estou com medo."

Eu: " Fim do mundo, Liz"

A luz de toda a cidade apagou e perdi o sinal da minha operadora. Era só o que faltava, para completar o filme de terror. Me assustei com o Robert adentrando o quarto com uma lanterna. Olhei um pouco espantada para ele, que retribuiu o olhar.

= Vem, me ajuda. - Ele colocou a lanterna na boca e fechou a porta. Quando ele disse ajuda, se referia em ajudar a empurrar a cômoda até a porta, por segurança. Empurramos a cômoda até a porta. - Trouxe comida e bebida, e achei algumas velas e essas quatro lanternas, toma, dois e dois, pela bateria. = Sorri para ele que apontava a lanterna para a parede e me iluminava. - Ah, achei esse carregador portátil, acho que vai ajudar a Dany. - Robert fitou a menina que pegara no sono e retirou da mochila que trouxe uma boneca de pelúcia, chegou perto, colocou embaixo da coberta e envolveu a boneca com os braços da pequena menina, e deu um beijo em sua testa.

= Não se preocupe, Robert, farei o possível para que nada de ruim aconteça a Dany. - Ele assentiu e sorriu, grato.