Hunter - A caçada começou escrita por Julia Prado


Capítulo 21
A utilidade de Dakota Coppens


Notas iniciais do capítulo

Nos falamos lá embaixo ;*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641320/chapter/21

O café da manhã foi colocado na minha frente por uma nova careta de Dakota. Eu não sabia se preferia a companhia de Farad – com todas as suas insinuações malucas – ou a de Dakota, que não era mais agradável do que um verme. Seus olhos estavam constantemente focados em mim, enquanto eu comia, enquanto eu usava o banheiro, enquanto eu fingia que dormia – não tinha como conseguir dormir com ela no quarto, minha autopreservação falava mais alto sempre. Eu tinha decidido que tudo o que Farad havia me dito era loucura da cabeça dele. Ele precisava me manter viva, manter Jacob ciente de que eu não estava morta.

É claro que ficar sentada esperando ser resgatada não era o meu ideal de situação, mas eu poderia tirar vantagem disso.

Farad havia me dado uma baita dor de cabeça com as informações que me trouxe na noite anterior, então era a minha vez de fazer isso. E eu já sabia como, só precisava arranjar coragem o suficiente para fazer.

Tentei imaginar a situação sob um ponto de vista diferente, como se não fosse uma vampira louca e gloriosa ali na sala e sim John, uma pessoa que eu geralmente gostava de desafiar.

Comi com lentidão, por mais que meu estomago protestasse pelo alimento, eu estava nervosa demais para comer. Não me surpreenderia se eu vomitasse tudo por causa da ansiedade. Fazendo um leve esforço, forcei outra garfada de ovo mexido goela abaixo.

— É irônico, não acha? – comentei a olhando e erguendo uma sobrancelha. A coragem veio como sempre vinha, em um impulso de loucura. – Farad é quem se transforma em algum parente distorcido dos cães, mas quem está encoleirada é você.

Eu peguei no ponto certo, em um ponto que era evidente para qualquer pessoa que passasse algumas horas com os dois. Também poderia atribuir meu conhecimento a tudo o que Brady e Jacob me disseram sobre os frios e suas reações à eles.

Os olhos de Dakota se incendiaram, parecendo duas labaredas prestes a me queimar. Tentei manter o meu olhar firme, mas não podia fazer nada sobre as mãos trêmulas e o coração acelerado de medo.

— Como é, pirralha? – ela, em um movimento rápido e ágil estava na minha frente.

Travei meus músculos, não só para não me mexer, mas também de pavor. Eu nunca a vi tão de perto, geralmente ela mantinha uma distância segura. Eu não gostava de tê-la assim, tão próxima.

— É só algo que notei. – falei, tentando fingir indiferença, mas minha voz tremeu um pouco. – Não sei quais são os seus motivos nessa história, mas Farad parece ter a liderança. Irônico, não?

— Sabe o que vai ser muito irônico? – ela falou sorrindo cruelmente, exibindo uma fileira de dentes brancos e perfeitos... Perfeitos para me estraçalhar. – Quando eu arrancar sua cabeça e mandar em uma caixa para o seu querido lobinho. O que acha disso?

— Bem bizarro. – soltei sem pensar, franzindo o cenho. – Quanta sujeira ia fazer. Você conseguiria se controlar?

Eu escutei seus dentes travando.

— Eu faria um esforço – falou entre dentes.

A porta se abriu em um rompante. Eu vi Farad entrando e parando ao lado de Dakota, embora ela não tivesse saído de sua posição de ataque. Meu coração redobrou o batimento com ela tão próxima e tão inclinada a me matar.

— Para trás, Dakota. – Farad ordenou.

Eu abri um sorriso para Dakota.

— Para trás – sussurrei para ela.

Um rosnado se formou no fundo da garganta de Dakota e eu me encolhi para longe dela, ou até onde a cama me permitia, agora não conseguindo controlar o medo. Ela tentou avançar, mas Farad a segurou e a jogou para trás.

Dakota nem chegou a cair, nem tropeçar. Como uma felina, ela estava em pé, mas afastada. O corpo de Farad servia como barreira.

— Escutei aqui, Farad, eu não me importo o que essa vaca fala para você. Mas se ela vir com essas gracinhas para cima de mim... – ela não terminou a frase.

— Você vai ter sua oportunidade, Dakota. Ela ainda é importante, sabe disso – a voz dele era fria. Estava claro que ele não se importava se eu morria ou não, só queria garantir benefícios comigo antes.

Em um piscar de olhos ela não estava mais no quarto. Eu nem a escutei sair, nem mesmo quando a porta se fechou silenciosamente. Era como se ela nunca tivesse estado ali.

O meu medo estava passando aos poucos, parcialmente eu estava feliz por ter conseguido desestabilizar Dakota, ainda mais se fosse ficar aqui por mais tempo. Talvez eu até conseguiria desfazer essa aliança misteriosa. O único obstáculo estava bem na minha frente: Farad tinha sacado a minha.

— Você não deveria irritar tanto ela, sabe. – ele disse me olhando gelado. – Em breve você terá rápidas sessões com ela. Dakota poderia fazê-las mais agradáveis, agora eu duvido.

— Sessões sobre o que? – perguntei, não tive como evitar minha voz de tremer.

— Entenda, existe alguns frios que são mais especiais que outros. Você deve saber disso. – ele explicou – Dakota tem um dom muito formidável, foi com ele que chegamos até aqui. Ela consegue manipular as pessoas, bom, é uma manipulação mais física do que puramente mental. Mesmo assim, ela invadirá sua mente em busca de alguma pista sobre as informações que te passei ontem. Manipulará suas terminações nervosas para mostrar as imagens que ela quer e isso pode ser bem doloroso.

Eu estava suando, meu coração acelerado.

— Jacob vai sentir minha agonia. – falei

Farad sorriu.

— Acho que ele terá que lidar com isso, não é mesmo?

Farad tirou a bandeja de comida da minha frente e saiu do quarto com um sorriso astuto. E eu estava suando de pânico. A final de contas, eu aparentemente seria torturada então. Tentei entender como poder me machucar a manipulação de Dakota, mas era muito subjetivo e abstrato. Eu nunca tive minha mente invadida antes, como poderia me preparar para algo assim?

Em meio ao pânico, minha mente começou a encontrar uma saída. Dakota então só me manipularia, qual seria a minha força para não dizer nada? Eu só saberia na hora, provavelmente.

Não havia como se preparar para isso. Não havia para onde correr. Era muito diferente de quando descobri sobre Jacob, ou quando deixei que o imprinting entrasse – mesmo com dificuldade – em minha vida. Eu tinha me preparado antes, tinha as informações. Agora eu não tinha nada, eu estava no escuro e nada mais me assustava do que ficar no escuro.

Quando a porta se abriu novamente e Dakota entrou com um sorriso brilhante para mim eu soube que era o momento. Meu corpo estava mais tenso e eu travei na cama, travei todo o meu ser. Mantive a minha expressão o mais entediada o possível, não deixaria que eles lessem através de mim. Ordenei a mim mesma a manter o controle, eu não estava tremendo, meu coração não estava acelerado. Eu estava negando qualquer sentimento de medo que me assolou durante aqueles poucos segundos em que os dois entraram no quarto.

Não haveria nenhuma explicação, nenhum preâmbulo, nada para me ajudar. O propósito deles estava claro enquanto se aproximavam da cama. Eles me usariam e depois sabe-se lá o que fariam comigo. Travei meu corpo novamente, eu não cederia. Não se tivesse como impedir. Isso estava tão claro para mim, que acredito ter ficado claro para eles também. E, embora não dissessem nada, pude ver os olhares divertidos.

Dakota sentou-se ao meu lado na cama, seus movimentos tão sutis e fluídos que me distraíram um pouco. A realidade voltou com a força de seu cheiro ardente. De certa forma eu estava me acostumando com ele, me acostumando com as dores de cabeça. Algo que eu não estava acostumada era com o toque dela, com o toque de qualquer um deles. Então, quando Dakota tocou meu ombro, sua mão fria como gelo e dura como pedra, eu me encolhi.

No entanto, devo ter feito muito mais do que isso. Não imaginava que estava com tanto medo assim para ter desmaiado, mas tudo estava escuro. O estranho era manter a consciência na inconsciência. Era como se tivessem apagado as luzes. Eu estava no meio do nada, a única pessoa na escuridão.

Movi minhas mãos e, para a minha surpresa, elas não estavam mais presas. Eu estava deitada em algo sólido. Ergui-me com cuidado, não sabendo ao certo o que estava acontecendo. Nunca fui muito de desmaiar, mas tenho certeza que nas vezes em que desmaiei não mantive a consciência. Olhei ao redor, como se a escuridão estivesse apenas na minha frente. Mas não, ela me circulava e eu não conseguia ver nada.

Imaginei quando isso iria passar. O que eu iria encontrar quando acordasse.

Vindo do nada, como um relâmpago completamente inesperado, um brilho azulado iluminou tudo a minha volta e então se foi. Seguido dele veio a dor. Eu não podia gritar, por que não conseguia. A dor sufocava o grito, sufocava qualquer súplica. Só percebi que estava caída de joelhos quando a dor passou. Ofegando, olhei ao redor em busca da causa da dor, talvez alguém, talvez alguma coisa. Não havia nada. Eu continuava sozinha.

Com as mãos suando e o coração acelerado eu tornei a me levantar. Fiz a única coisa que me acalmava em situações assim, comecei a andar. Não tinha nada na minha frente e nada atrás de mim. Não havia para onde ir e nem um lugar para chegar. Mas não me importei. Eu estava entrando em pânico e ficar paralisada em uma hora dessas não era de muita utilidade. É claro que andar também não era, mas estava me ajudando.

O suor foi passando e os batimentos se tornaram mais estáveis, pararam de retumbar em meus ouvidos.

Outro relâmpago. E eu sabia o que esperar.

Novamente a dor veio, quente como fogo e afiada como uma lança. Atravessou a minha cabeça e me fez cair novamente. Eu estava sem voz, não tinha como gritar apenas trincar os dentes. Não havia uma reza divina na minha cabeça para suplicar por ajuda celestial. Era impossível pensar em qualquer coisa além da dor.

E ela foi embora, como se nunca tivesse estado ali.

Dessa vez eu estava deitada, as mãos na cabeça. Virei de bruços e encarei o nada. Eu sentia meus cabelos grudados na nuca me incomodando, o suor em minhas costas esquentando meu corpo. Meus tímpanos pareciam prestes a estourar pelo retumbar de meu coração.

Eu poderia ficar ali, deitada e esperar a nova onda. Mas fazer isso parecia errado, inadequado, quase humilhante. Irônico, pois o sentimento de humilhação geralmente era acompanhado pelo fator social, por alguém estar presente e ver essa humilhação, ou por sua própria consciência. O meu era o segundo caso. A minha consciência era a única coisa além de mim naquela escuridão, ficar deitada era humilhante.

Com os braços e as pernas tremendo eu me levantei. Demorou para que conseguisse ficar estável. Demorou ainda mais para que eu conseguisse dar os primeiros passos.

Um pé depois o outro, pensei conforme forçava meus músculos a continuar.

Pela terceira vez o relâmpago veio. Tentei travar meu corpo para não cair, mas não consegui pensar em me manter de pé. A onda de dor dominou meus pensamentos novamente. Dessa vez eu consegui gritar.

Nunca fui uma pessoa muito escandalosa e sempre repreendi quem era. Mas o grito, de certa forma, ajudou a lidar com a dor. Pois a nova dor era em minha garganta e isso distraiu a minha mente.

Ofegante, percebi que estava caída novamente. Meus músculos estavam doloridos de tanto cair, assim como minha cabeça das dores excruciantes. Senti algumas lágrimas estúpidas saindo lentamente de meus olhos e escorrerem quentes até minhas têmporas. Dessa vez, não havia como levantar mais. Eu não consegui encontrar a força dentro de mim.

Algo macio tocou a minha bochecha. Era suave como o vento e fina como papel. Fazia leve cócega. Eu gostaria de virar meu rosto para ver o que era, mas não consegui. Ainda encarava a escuridão, completamente sem esperanças de sair dali tão cedo.

O cheiro veio, enchendo minhas narinas, meus pulmões e minha alma.

Novas lágrimas caíram, dessa vez de saudade, dor e alívio.

O cheiro terroso e fresco da floresta, quase gelado pelo tempo tão ruim a qual era submetida. Havia uma suavidade nesse cheiro, como se estivesse longe e fora trazido por um vento inexistente. Meus olhos se fecharam com a dor que me assolou dessa vez. Eu preferia a dor do relâmpago, era mais física. Essa dor era dentro de meu peito, parecia tomar conta de cada músculo, cada fibra minha. Era pior, muito pior.

Eu queria minha casa.

O toque de algo suave em minha bochecha se atenuou. A curiosidade substituiu grande parte da dor. Consegui mover minha cabeça lentamente para o lado, abrindo os olhos. Eu ainda estava envolta em trevas, mas abaixo de mim, ao lado de minha bochecha, havia algo tão inusitado quanto aquela situação em que eu me encontrava.

Era grama.

De um verde escuro e lamacento. Estava um pouco úmida também.

O ofegar saiu com choque e alívio. Ao meu redor, como um vírus que se espalha, a grama foi crescendo e se espalhando, dominando a escuridão. Havia períodos em que ela não estava, mas eu conseguia ver a lama nesse espaço. Tudo era úmido, fresco. E o cheiro de terra molhada se acentuou.

Como se notasse a minha felicidade, outro relâmpago veio. Enfiei minhas mãos na terra, agonizando antes da hora. A dor veio, na mesma escala de antes. Dessa vez foi impossível gritar, eu não tinha mais voz. Então só abri a boca, soltando um rouco lamento. A dor foi embora e eu estava chorando silenciosamente de novo. Se antes eu achava que não conseguiria me levantar, não era nada comparado a isso. Nem o cheiro de terra, nem o toque suave da grama em meu rosto foram o suficiente para que eu tivesse esperança.

Tudo parecia perdido.

“Levante-se”, a voz veio como um murmúrio suave do vento inexistente. Parecia tão distante que por um momento eu achei que a tivesse imaginado.

“Levante-se Gaele”, a voz disse novamente, dessa vez mais forte, mais firme.

Não consigo, tentei falar. Não posso me mexer.

Não parecia haver propósito em mexer. Para que eu faria isso? Que bem isso me traria? Quem se importava se isso era humilhante? Eu me levantaria de novo para cair? Era mais fácil ficar no chão, me pouparia mais dores.

“Levante-se, Gaele”, a voz disse novamente, ainda firme.

Não consigo, pensei encarando a escuridão acima de mim. Não vou me mexer.

“Levante-se, Gaele”.

Não, obrigada. Não consigo.

“Levante-se, Gaele”.

Tá legal, isso já está me irritando. Não vou, obrigada.

“Levante-se, Gaele”.

Pode parar, por favor? Eu não consigo.

“Levante-se, Gaele”.

Estava começando a ficar irritada com a voz. Ela não parecia ser fruto da minha imaginação e estava realmente a fim de me fazer levantar. Suspirei. Por que não tentar? Uma última vez, sim, só dessa vez.

Movi meus braços lentamente para apoiar meu tronco. Movi as pernas agora, as trazendo para mais perto. Apoiei os joelhos no chão e então impulsionei meus braços, ficando agachada. Eu respirava com dificuldade conforme ia me mexendo. Era complicado tentar me levantar em meio a tantas dores e o sentimento de incapacitação que sentia. Minhas mãos estavam enterradas na grama e lama e isso me trouxe alegria. Era bom ter minhas mãos ali, algo além daquela escuridão opressora.

O relâmpago veio. A dor o seguiu.

Não, não podia me mexer. Todas as vezes que eu tentava o relâmpago vinha, a dor também. Não, era melhor ficar deitada e esperar o fim disso tudo – se é que haveria um fim.

“Levante-se, Gaele”, a voz voltou assim que a dor foi embora.

Não, estou bem assim, obrigada.

“Levante-se, Gaele”.

— Não consigo! – gritei.

O choque de ter gritado, de ter conseguido falar tomou conta de mim assim que as palavras saíram. Não é como se eu tivesse sido proibida de falar antes, quando acordei aqui – ou será que continuava dormindo? -, mas era como se eu tivesse sido.

— Ah sim, você consegue. – a voz agora estava próxima, eu poderia arriscar que estava ao meu lado. Era suave como o vento, límpida como a água e quente como a terra.

Não percebi que tinha fechado os olhos – ficar com eles abertos dava no mesmo. Assim que os abri, visualizei um par de pés descalços na minha frente. Estavam parcialmente coberto por um longo e esvoaçante vestido bege.

Subi os olhos, esperando encontrar Dakota talvez, ou qualquer outra pessoa familiar. Mas eu não a conhecia.

Ela me encarava no chão. O vestido era de alças e seus braços longos e suaves estavam postos ao lado de seu corpo. O pescoço era longo e belo, trazendo nobreza. Encarei o rosto da estranha. A pele dela era marrom-avermelhada, a cor que eu tanto vi durante esses meses, mas que também aprendi que não significava sempre bondade – tome Farad como exemplo. O rosto era levemente pontudo, havia suavidade nos lábios cheios e ternura nos olhos castanhos amendoados. Os cabelos eram cheios e quase cacheados, caiam em formosas ondas até seus cotovelos. Não havia vento aqui, mas eles pareciam constantemente em movimento.

Eu não sabia quem ela era, mas de alguma forma ela também não me era totalmente estranha.

— Vamos lá, você consegue – ela disse novamente, a voz doce e quente. Era como um sopro terroso em meu rosto.

Eu sabia que não iria conseguir, não sabia há quanto tempo ela estava lá, mas se estava o suficiente para ver meu sofrimento, então sabia que eu tinha falhado nas outras vezes. No entanto, uma vergonha me assolou por estar no chão ao lado da mulher.

Pressionando os lábios em contradição eu retomei o ritual de alguns minutos atrás. Primeiro os braços, depois as pernas e então o impulso. Oscilei para frente, mas apoiei os braços com mais firmeza. Em nenhum momento ela tentou me ajudar. Apenas ficou me observando. De certa forma, fiquei levemente incomodada. Parecia que ela estava esperando que eu caísse. Trincando os dentes, determinei que não daria essa satisfação. Eu iria levantar e dessa vez iria ficar.

E eu estava de pé, oscilando um pouco, os joelhos trêmulos, mas estava em pé. O relâmpago veio novamente e eu me encolhi, esperando a dor.

No entanto, ela não veio.

Depois de alguns segundo a mais, estranhando a falta de dor, eu ergui os ombros e olhei ao redor. Tive que fechar os olhos novamente, pois a claridade do relâmpago parecia continuar. Quando tornei a abri-los, deixei que se acostumassem com a nova luz, sentindo alívio e não querendo perder nenhum segundo dela, vai que a escuridão voltava.

Mas ela não foi embora e as formas começaram a ficar mais firmes.

Eu estava na floresta novamente. E rindo, percebi que chovia. É claro que chovia. Eu estava livre e estava de volta a La Push. Nunca adorei tanto essa chuva como agora. Ela parecia lavar a dor remanescente em meu corpo, limpar o sofrimento da minha alma e me energizar com esperança.

Eu estava livre. De alguma forma tinha conseguido escapar de Farad e Dakota. Eu poderia ir para casa ver meu pai, Austin e Jane. Correria para Jacob e, depois que me cansasse de abraça-lo e beijá-lo, eu abraçaria Brady, verificaria se estava tudo bem com ele.

Olhei ao redor e percebi que a mulher ainda continuava comigo.

Na luz ela era ainda mais linda. Não era gritante como Dakota, com toda sua perfeição estranha. Era suave, de maneira simples e correta. Era mais alta que eu também, uma palma talvez. Agora ela sorria e havia orgulho em seus olhos.

Estreitei os meus, tentando me lembrar de onde eu a conhecia, por que certamente seu rosto me era familiar. Eu me lembrava de contornos borrados entre preto e branco. Linhas que aparentemente eram indistintas, mas que, se olhasse com atenção para o preenchimento, veria a imagem.

Com um arregalar de olhos, lembrei de onde a tinha visto. No livreto.

Sahale Umi.

Então se ela estava aqui, ainda sorrindo para mim e para a minha descoberta, então isso não era a realidade. Eu ainda estava presa em minha mente, presa em uma cama dentro de uma cabana com dois psicopatas em busca de uma adaga perdida na floresta e que contavam profecias para eu dormir.

A decepção socou meu peito e me deixou momentaneamente sem fôlego. Tudo parecia tão real. A chuva me molhava, me dava arrepios por ser gelada. Como isso não poderia ser real? Como minha mente tinha ido tão longe a ponto de criar tais ilusões?

Até onde isso vinha de Dakota?, a parte mais racional de minha mente questionou.

— Está tudo bem. – Sahale disse com a mesma suavidade do início. – Você não ficará na cabana para sempre.

Estreitei meus olhos para ela, dessa vez desconfiada.

Para a minha surpresa, ela riu.

— Sempre tão desconfiada. – comentou.

— Acredito ter motivos suficientes para ser desconfiada. – falei um pouco petulante demais. As pessoas gostavam de apontar o quão cética eu era.

— Com certeza os têm. – ela assentiu – Achamos, no entanto, que isso iria diminuir conforme você aprendia.

Olhei ao redor, ainda mais desconfiada. Minha mente não deixava de gritar: Isso é obra da Dakota, você nunca terá certeza se isso está realmente sem influência dela.

— A fria não pode te tocar aqui. – Sahale respondeu aos meus pensamentos, ou talvez estivesse muito claro em minhas feições.

Ergui uma sobrancelha para ela.

— Ah é? – falei. – Como posso ter certeza?

— Você não pode. Só precisa ter fé.

Franzi o cenho com isso. Eu não era uma garota de fé, não somente por minhas inclinações científicas, mas por que nunca parei para criar algum sentimento de fé dentro de mim. Vahiné também nunca trabalhou isso em mim, nunca fomos a igrejas, cultos, centros ou qualquer outro lugar que pregasse a fé.

— Não digo fé em uma religião. Digo fé nas pessoas. – Sahale explicou, novamente bem posicionada sobre a direção de meus pensamentos.

— É difícil ter fé nas pessoas. Elas costumam errar e com isso nos desapontar – rebati, menos presunçosa dessa vez.

— Não é por isso que devemos desistir delas, não acha? – Sahale suspirou quando um novo relâmpago passou por nós, momentaneamente clareando tudo de novo e sumindo com as formas das árvores, deixando nós duas na luz.

Eu esperei pela onda de dor novamente, mas ela não veio. E eu respirei mais aliviada.

— Por que não andamos um pouco? Andar parece lhe fazer bem – sugeriu.

Assenti e comecei a segui-la. Não parecia haver um destino, assim como a escuridão era. Estávamos dentro da floresta, sem nenhuma trilha ao nosso redor. Então eu não precisava me preocupar com a direção que estávamos seguindo, eu só precisava andar.

Como ela observou tão bem – fiquei imaginando por quanto tempo ela estava me observando, será que desde que acordei aqui? – andar me ajudava e logo eu estava mais tranquila podendo me movimentar novamente. A chuva continuava forte em mim, mas não me importei com as roupas molhadas, nem com a água gelada ou os cabelos pingando nas minhas costas.

Tudo isso era mais do que bem-vindo.

— Se Dakota é o motivo de tudo isso, então o que é? – perguntei depois de um tempo.

O caminhar de Sahale era mil vezes mais cadenciado e descontraído que o meu, como se caminhar descalça pela floresta molhada não fosse problema algum. Meus joelhos ainda estavam fracos e virava e mexia eu tropeçava nos troncos ou raízes.

— Eu não disse que a Fria não era o motivo disso tudo. Falei que ela não poderia tocar em você aqui. – ela explicou, a voz tão suave que me perdi nela por alguns instantes, deixando que o alívio que ela trazia me dominasse. – Ao tentar invadir sua mente, a Fria lhe colocou em um estado muito profundo de inconsciência, o suficiente para que eu pudesse estar aqui. O poder dela não é forte o suficiente para lhe alcançar.

Franzi o cenho.

— Mas Farad disse sobre a dor...

— Ah sim. Farad. – ela disse com um suspiro triste, como se realmente sentisse por ele. Não consegui encontrar tal sentimento em mim. – Ele estava certo, o processo de manipulação da Fria é doloroso. Contudo, o estado em que você se encontra só permite que ela lhe infrinja dor em suas tentativas de alcançar você. Ela não tem tido muito sucesso para manipulá-la.

— Eu não entendo o que eles estão procurando. – sussurrei. – Não há nada na minha mente que os ajudará de alguma forma.

— Oh, há muita coisa em sua mente que os ajudará, Gaele. – Sahale disse com os olhos arregalados de surpresa pela minha linha de pensamento.

Continuei com o cenho franzido.

— Não, não há. Não posso ajuda-los em absolutamente nada.

Sahale balançou sua cabeça levemente, os cabelos ondulados esvoaçando ainda mais. Ela não a balança de incredulidade, apenas negava o meu argumento.

— Memórias recentes talvez não. – ela disse – Você reprimiu muita parte Quileute ao longo de sua vida fora da Reserva. Quando criança, no entanto, há muitas memórias que eles podem usar. Farad tem uma leve suspeita sobre isso.

E ela apontou para frente.

Eu ouvi um riso infantil soar e ressoar por toda a floresta. Caminhei um pouco a frente de Sahale, identificando o meu riso infantil. Lá estava uma versão miniatura minha. De calças jeans, botas de galochas por causa da chuva e da lama, casaco de chuva com o capuz puxado para me proteger da chuva forte. Era muito pequena, talvez uns 6 anos? Menos? Não soube definir.

Eu pulava nas poças de lama, sujando toda a minha roupa. Não estava com John. O que era estranho, nunca me lembrei de estar sozinha na floresta. O meu riso se seguiu conforme eu ia pulando, saindo completamente da trilha. E então eu parei, agachada junto a uma árvore caída.

— Luizinhas! – exclamei infantilmente. – Voltem aqui.

Eu corria atrás da menininha, não conseguindo ver as luzes que ela via na terra. Seria só imaginação de criança? Um jogo infantil? Parei de correr quando cheguei próxima de uma das maiores árvores já vistas dentro da floresta. O tronco era largo, quase da largura de uma casa, grosso e completamente firme no chão, suas raízes longas e altas saindo da terra, formando um círculo a sua frente.

— Rá! Peguei! – falei afundando as pequenas mãos na lama, mas ao puxar fazendo bico ao ter pego apenas lama e grama.

— Magia sempre deixa vestígios. – Sahale disse ao meu lado, também observando a criança. – Você a via por toda parte.

Eu não me lembrava disso, provavelmente por ser pequena demais para me lembrar. Observei a criança com mais atenção. Estava de joelhos na terra, tentando olhar uma abertura na raízes da árvore.

— Coelhinho! – ela falou. – Vem aqui! Coelhinho, vem aqui!

Esticou as mãozinhas para dentro da toca do coelho, que ficava abaixo de dentro da árvore, e tirou um coelho cinza de olhos castanhos. A criança o ergueu e então o aninhou nos braços, balançando de um lado para o outro e cantarolando uma canção de ninar.

— Você tem filhinhos? – perguntou e então voltou a ficar de joelhos. – Os seus filhotes brilham?

A voz dela estava abafada por estava com a cabeça dentro da toca. Era quase engraçado, as pernas balançando para fora completamente suja de lama. Quando saiu da toca – a parte da frente do casaco toda enlameada – tinha um embrulho nas mãos.

— Olha, brilha! – ela disse balançando o embrulho para o coelho. Eu não via o brilho, apenas um embrulho bege sujo com o tempo.

Ela o abriu e então tirou o objeto tão bem protegido. Eu senti meu corpo perder todo o ar. Era a adaga. O cabo era marrom e de madeira, trançado em diferentes símbolos quileute, a ponta era de metal e não estava enferrujada pela constante umidade do local, estava brilhante e bem conservada. Também entalhada com símbolos quileute.

— A adaga. – sussurrei.

— Você a encontrou em uma de suas visitas no verão. – Sahale disse e então soltou uma leve risada e apontou para algo atrás do tronco. Era ela, observando a criança. – Fiquei muito contente em saber que você era a minha descendente destinada aos ensinamentos que deixei há tanto tempo para meu povo, mas que sua maioria foi esquecido com o tempo e com a ambição.

Eu ainda estava em choque. Observava minha versão infantil não ligar muito para aquilo, dobrar o pano de novo em volta e colocar onde encontrou, virando sua atenção para o coelho cinza que continuava fora da toca.

A criança pegou o coelho e retomou seu caminho, parecendo ter bastante certeza de onde estava indo. O coelho era segurado na metade seu corpo, suas pernas traseiras balançando enquanto a criança cantarolava a cantiga de ninar e saltitava entre as poças de lama.

— Gaele! – escutei o grito em pânico de John.

Observei meu pai em uma versão mais novo, mas nem tanto. Já tinha suas rugas ao redor dos olhos e aquela expressão severa de sempre. Ele vinha correndo, as roupas encharcadas.

— Papai, encontrei um coelho! – a criança disse esticando os braços pequenos e mostrando o animal. – Posso ficar com ele?

— Gaele, você me deu o maior susto! Quantas vezes tenho que dizer para não sair de perto de mim? – ele brigou.

O rosto da criança se vincou em preocupação e remorso.

— Desculpa papai, é que eu vi as luizinhas brilhantes. – falou chorosa.

John suspirou e então se agachou para nivelar seu rosto com o da criança. Ele sorriu como quem já desculpou pelo incidente e então pegou o coelho dos braços da criança.

— É um coelho muito bonito. – falou.

— É sim, ele estava debaixo de uma grande árvore lá dentro da floresta. – ela apontou para trás – Tinha uma faca com ele também. Bem grandona assim.

— Uma faca? – John perguntou confuso.

— Sim, ela brilhava. Estava cheio de brilho, acho que era glitter. – disse pensativa. – Ou pó mágico. Parecia mais pó mágico.

A curiosidade no rosto de John foi embora com essas últimas palavras.

— Por que não soltamos o coelho, hein? Ele fica melhor na floresta.

— Mas eu quero ele, papai. – fez bico e fazia carinho cobiçosamente no animal, que continuava completamente alheio a situação. – Vou cuidar bem dele, ele vai ser bem feliz. Eu prometo.

— Filha, certas coisas devem permanecer onde estão. – John explicou. Então começou os seus discursos sobre natureza que eu me lembrava como se fosse ontem.

Era lições sobre a natureza, seu ciclo e a nossa responsabilidade sobre ela. Caminhando de mãos dadas comigo criança, ele andava pela trilha enquanto explicava. Por fim, conseguiu me demover da ideia de ter um coelho e o soltou novamente.

— Isso, com certeza ajudaria Farad e a Fria. – Sahale disse e então os dois sumiram e voltou a ser apenas nós duas.

Fiquei observando o ponto onde eles estavam. Tentando entender como aquilo funcionava, como aquela criança via o que eu não via. Como podia? A experiência era minha, eu deveria ver as luzes brilhantes também, não deveria? Mesmo que eu tivesse amadurecido.

— Essas coisas se perdem conforme sua mente se afinca ainda mais com o mundo dos homens. – Sahale disse, novamente pegando corretamente a direção dos meus pensamentos.

— Eu não entendo. – admiti por fim. – Então... Tudo o que eu sei sobre a natureza não é verdade? Além disso, tudo o que eu sempre senti por ela não é verdade? Isso é fruto de algo que você deixou para mim?

Sahale sorriu como se já esperasse por essas perguntas, elas vinham carregadas de angústia.

— A verdade possui muitas vertentes. – refletiu – Nada é concreto por muito tempo, mas mesmo assim não deixa de ter sido verdade na época, não é mesmo? Veja você, antigamente acreditavam que a terra era quadrada. Que, após o horizonte, cairíamos no abismo. Foi comprovado que não é verdade, mas isso não deixou de ser verdade no passado. O caso é que a verdade evoluiu. Não é diferente da sua verdade, Gaele. O que você acreditava continua sendo tão real quanto o que você ainda não consegue acreditar. Tudo o que os homens ensinaram para você é verdade, toda a forma sólida que lhe apresentaram é verdade, mas há muito mais na natureza do que o ciclo físico que ela vive.

— Magia. – falei com um suspiro derrotado.

— Espiritualidade. – ela corrigiu. – A magia existe, mas não é nada mais do que uma manipulação de uma espiritualidade já contida na própria natureza. Fornecida e abastecida por ela.

Soltei um gemido de pavor.

— Então eu sou destinada a salvar a tribo e essas coisas? – perguntei novamente derrotada.

Sahale riu.

— Não. Você é uma das pessoas destinadas a ajudar o seu povo. – falou sorridente. – Ninguém consegue nada sozinho, Gaele.

Era, de certa forma, um alívio compreender exatamente o que Farad tinha colocado em minha cabeça, por mais impossível que isso possa parecer. Mas se eu era uma dar, então quem eram as outras?

— Outros. – ela corrigiu e eu nem me incomodei com a intervenção dela em meus pensamentos. – Há outras pessoas que estão destinadas a isso, em sua própria categoria.

— Os lobos. – falei.

— Certamente.

Pensei um pouco mais. Talvez nem tudo precise ser totalmente sobrenatural, é claro que isso ajudava – tome como exemplo os lobos, sempre tão fortes e prontos para proteger. Mas havia outras pessoas além deles, pessoas que explicaram para eles como deveriam ser as coisas, como elas funcionavam.

— O Conselho.

Sahael sorriu em confirmação.

— Emily Young e Sue Clearwater também. – ela disse. – Ambas são o mais próximo que o povo tem agora de curandeiras, embora não sejam tão fortes quanto você pode ser. Elas têm o seu papel também.

Suspirei.

— Estou presa em La Push, então? – todo o meu futuro acadêmico parecia ter sido jogado ao vento com essas novas descobertas. E eu não via isso como algo bom, era uma restrição que eu desejava que nunca houvesse. Conhecimento era o que me mantinha e eu queria conhecer o mundo.

— É claro que não. – ela disse suavemente – Você pode ir aonde bem entender, Gaele. A escolha sempre será sua, ninguém irá tirar isso de você. Assim como os lobos também podem decidir sair, se assim preferirem.

— Mas... Não seria o correto. – franzi o cenho, o meu senso de certo e errado era muito mais forte do que eu.

Sahele sorriu.

— Não, não seria. No entanto, também não seria para sempre.

Bufei.

— Tenho 18 anos, logo farei 19 e então 20... – deixei a frase morrer. – Essa situação com Farad não acabará tão rápido, se o que você disse e o que Farad disse é realmente verdade, então eu tenho muito o que aprender e fazer em La Push.

— Você está muito preocupada com o tempo.

— Ele passa bem rápido, sabia. – falei secamente.

Sahale riu e o som era como um repicar de sinos, ecoando pela floresta e entrando dentro de mim.

— O tempo só significará algo para você, Gaele, quando outra descendente tão forte quanto você aparecer. – os olhos eram calmos e gentis. – Você tem razão, a história de Farad com a tribo é antiga e vai demorar para sarar, mesmo com a morte dele. A tribo precisa de pessoas fortes até quando isso acabar e, se assim for feito, não haverá mais a necessidade da magia tão presente.

— O que isso quer dizer? – franzi o cenho. – Pera ai, olha estou tentando entender tudo o que está passando, mas ter um filho agora não está nos meus planos. Nem nos planos de cinco anos, ainda tenho muita coisa pra viver antes de ter um filho.

— Não precisa ter um filho agora.

Deixei que as palavras dela entrassem em minha mente, penetrasse meus mais profundos pensamentos. Então compreendi, com um ofegar eu compreendi. “O tempo só significará algo para você, Gaele, quando outra descendente tão forte quanto você aparecer”, isso não precisava ser hoje ou amanhã. Isso poderia demorar, então se isso ia demorar... Significava que eu não... Morreria?

— O imprinting precisa ser tão forte quanto o lobo – ela disse sorrindo.

Um relâmpago apareceu novamente e eu soube que estava acordando – de alguma forma consegui sentir isso. Sahale estava se torando menos visível, mais borrada. A floresta foi se apagando como se luzes desligassem, pouco a pouco.

Eu ainda não estava pronta para voltar, eu não queria voltar. Queria continuar aqui nem se fosse para sempre. Voltar significava dor e aprisionamento. Aqui eu era relativamente livre.

— Preciso que tenha fé, Gaele. – a voz dela era presente, embora sua forma não. – Só posso guia-la se você permitir que eu o faça e não daremos mais provas de nossa existência para você. Você já teve muitas.

Espere, tentei dizer, mas não consegui. Espere, ainda não. Só mais um pouco!

Mas a escuridão voltou e eu senti como se alguém me puxasse para trás. Eu estava viajando de costas rapidamente. A consciência começou a voltar. Senti a maciez do travesseiro pressionado em minha bochecha, das cobertas me mantendo quente. Alguns sons, rosnados acredito.

E então eu acordei. Mas não abri os olhos, não queria abrir os olhos. Os sons voltaram aos poucos. Dakota parecia insana, fala algo muito rápido e muito alto para que eu conseguisse entender. Farad também gritava com ela, mas parecia tentar acalmar.

Uma hora eu teria que abrir os olhos e encará-los. O que eu faria? Teria Dakota visto tudo o que vi? Ela saberia se eu mentisse? Eu iria mentir?

Sim, eu iria. Eu devia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sorry pela demora, people! Estava terminando de editar a história, mesmo assim se tiver erros peço desculpa antecipadamente. Essa semana foi foda.
Enfim... O que acharam????
Alguém arrisca saber o que vem a seguir? Quando Jacob vai chegar? Será que ele vai chegar?
Queria agradecer imensamente pelos comentários lindos e carinhos que venho recebendo. Muito feliz com isso! Leitora novaaaas também me deixam mega feliz! Então vamos lá, pois amo todos os comentários!
Obrigada Jayne Stark (adoro seus reviews flor, obrigada pela assiduidade na fanfic!!); Terumi M W Lahote (que bom que está gostando, amore!, vamos que vamos); Isabella Black (tem que ter paciência com a Gaele, amoreee!, rsrs); Pinky (gata, ri muito com o seu review, obrigadaaa); Puro_Sangue (obrigada pelo comentário e pelo carinho com a fanfic, fico mega feliz!); Angel Rose Black (seja super bem-vinda a nossa humilde fanfic, haha, obrigada por comentar e pelo carinho com a fanfic, muito feliz em saber que está gostando!) e Sandrinha (seja super bem-vinda também!, mega feliz que está gostando e acompanhado, espero que continue conosco).
É isso meu povo, até semana que vem, uma ótima semana para todax. Estou sentindo falta de algumas antigas leitoras por aqui *SNIF*, mas sei que a vida fora do computador é complicada, então espero que esteja tudo bem com vocês!
Muitos beijooos!
Até a próxima ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hunter - A caçada começou" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.