Ao chega em casa, Jake e eu nos sentamos na escada, conversamos, e por alguns momentos esquecemos de tudo. Ele reformou aquela moto e mesmo não tendo comprado a câmera ainda, prometi tirar umas fotos dela.

- “Bom agora eu tenho que ir”. Ele falou segurando a minha mão.

Eu a puxei tentando esconder a marca e ele percebeu. Segurou a minha mão e virou o meu pulso para ver o que eu escondia. Então e abaixei a cabeça e esperei pela bronca.

- “O que é isso Bells”?

- Nada. – falei cobrindo a marca com a outra mão.

- “Bells o que você fez”?

- Nada.

- “Por que você fez isso”?

- Por que sim.

Senti as lágrimas rolando em meu rosto, então ele me abraçou e eu pude senti que ele também chorava.

- “Bells, por favor, prometa que nunca mais vai fazer uma coisa dessas. Eu não sobreviveria se alguma coisa acontecesse a você”.

- Eu prometo.

Ficamos abraçados por um tempo, depois ele foi embora. E eu fui ligar para o Mike, ele aceitou minhas desculpas numa boa. Em seguida preparei o jantar de Dona Renê, a noite foi tranqüila, me deitei na cama e olhei pro teto, pensando em como as coisas haviam mudado, não demorou muito e eu dormi.

Mais uma noite sem pesadelos, eu mal posso acreditar. A cidade esta agitadíssima com a visita do astro Emment C., segundo o jornal local ele veio procurar saber como pode “ajudar” as vítimas do naufrágio, claro que isso é só jogada de marketing, mas tudo bem, um pouco de agitação é sempre bem vinda. Essa história do acidente deixou todo mundo apreensivo, a praia ta sempre cheia de curiosos e repórteres. Eu quase desisti de dar as minhas caminhadas, mas lembrei que tem um lado da praia um pouco mais distante de onde aconteceu o acidente, e como lá sempre foi tranqüilo, achei que não teria problema. Terminei os meus afazeres e fui a Port Angeles buscar a câmera que eu havia encomendado com o Mike.

Fomos a uma sorveteria e lá eu vi, Jake e a Nessie, já era possível ver a barriga crescendo, eles estavam conversando distraídos num quanto. Eles pareciam tão bem. Eu tive que sair, era felicidade demais pra mim. Eu sei que eu falei pra ele ficar com ela, mas isso não faz doer menos. Eu sei que no fundo é só egoísmo, sentimento de perda ou até um pouco de inveja. A questão é que era cedo, eu sei o que falei no dia anterior, mas isso não muda o fato de que eu ainda me sinto sozinha.

 


De repente parece que o mundo todo resolveu se apaixonar menos eu. Dispensei o Mike e fui dar a minha caminhada na praia. Sentei na parte mais alta da pedra, e tirei a minha primeira foto com a câmera nova.  Talvez não seja a minha hora! Nem todo mundo se apaixona, além do mas eu tenho um objetivo maior do que esse no momento, que é adortar a Alice.

O mar estava agitado, ventava bastante, olhei para as ondas batendo nas pedras e algo me assustou. Havia alguém se debatendo na água, que por sua vez sacudia o corpo que nem um boneco. Coloquei a câmera no chão então desci a pedra pra ver mais de perto. Era um homem, ele se segurou na rocha tentando não ser puxado novamente para o mar. Cheguei o mais perto possível na tentativa de ajuda-lo.

- SEGURE A MINHA MÃO!!! – gritei.

- “Helfen sie mir (Me ajude)”! – ele falou, mas eu não entendi.

- SEGURE FIRME! – falei enquanto ele pegava a minha mão.

Não sei quanto tempo ficamos lutando contra o mar, só sei que durou uma eternidade. Quando finalmente consegui tira-lo da água ele desabou ao meu lado em cima da pedra. E fiz o mesmo, todo esse esforço havia me deixado exausta. Ele tossia e tremia muito, a água estava congelando. Eu me levantei e o obriguei a fazer o mesmo. Ele se apoiou em mim e eu o levei até o carro, foi aí que ele segurou meu braço e me olhou com aqueles magníficos olhos verdes.

- “Dank (obrigado)”! – ele me agradeceu.

Eu só entendi essa por que a Dona Renê sempre me agradecia assim quando eu lhe fazia algum favor. Voltei a pedra, peguei a câmera e entrei no carro que nem um raio, ele não parava de tremer, devia estar com hipotermia. Não demorou muito e nós já estávamos na casa de Dona Renê. Eu poderia leva-lo ao hospital mas era muito longe.

- SR. WILLIAMS, ME AJUDE AQUI! – Falei enquanto abria a porta do carro.

- “O que houve menina”? – disse dona Renê.

- Dona Renê, chame o Richard!

- “Sim eu chamo”! – disse enquanto eu ajudava a colocar o desconhecido no sofá.
Corri para o meu quarto e logo voltei com uns cobertores.

- “Pronto ele está vindo. Agora me diga, o que houve Bella, quem é esse rapaz?” – perguntou Dona Renê.

- Ele estava se afogando na praia, ele disse “dank”, então eu o trouxe.

- “Dank”? Ele é alemão?

- Deve ser, eu não entendi uma só palavra!

- “Pobre rapaz. Vamos, leve-o lá para cima e tire essas roupas molhadas!”

- Ok.

- Coloque-o no antigo quarto do Richard!

Sr. Williams e eu obedecemos e depois de muito esforço conseguimos subir as escadas com ele. Eu o sentei na cama ele estava quase desmaiando, então eu tirei o seu casaco, em seguida a sua blusa. Ele era magro, mas definido. Ok, eu não pude deixar de olhar! Terminei de tirar a sua roupa e o cobri. Não demorou nada e o Richard chegou.

Dona Renê e eu ficamos no quarto enquanto ele o examinava e podemos ouvir mais algumas palavras. Dona Renê ficou super animada de saber que o novo hospede era um conterrâneo.

- Bom, agora é só deixa-lo dormir. – disse o Richard.- ele está com uma leve hipotermia, eu já dei uma medicação e com o cuidado que eu sei que vocês duas darão a ele logo, logo esse “garoto” vai estar de pé. – falou olhando nós duas como se fossemos cúmplices.

- Ok. – falei olhando para “o desconhecido”.

- Er, Renê não esquece de falar com o delegado Ok? O rapaz é novo, deve ter gente procurando por ele! – Richard falou.

- Pode deixar meu filho, eu falo sim! Agora vai andando antes Roselie fique preocupada.

Os dois saíram do quarto e eu fiquei lá olhando o rosto do desconhecido. Ele era tão lindo, parecia um galã de cinema.
Ele murmurou algumas coisas, que evidentemente eu não entendi, não que isso tenha me impedido de ficar em sua companhia, zelando o seu sono.