Pensei no sorriso de Alice, nas conversas com Mike, na canção de Dona Renê e no ultimo beijo que dei em  Jake.

TROM MMTRATUM TUM!!!

O que foi isso?- falei olhando em direção a porta.

Seja lá o que fosse havia rolado as escadas.Quando voltei os olhos para o pulso, notei que com o susto, havia dado um corte no local onde posicionei a gilete. Mas agora isso não tinha importância, peguei uma toalha e amarrei tentando estancar o sangramento. Se quem caiu da escada for à mesma pessoa que vem me assustando com passos toda a madrugada talvez eu tenha encontrado a prova de que eu não estou maluca!

Abri a porta com cautela e do topo da escada olhei para o ultimo degrau. Meu coração acelerou, um nó em minha garganta impediu que eu respirasse normalmente.

- DONA RENÊ!!! – gritei enquanto descia as escadas. – Dona Renê acorda, por favor! – falei tocando em seu rosto. Olhei para o seu corpo procurando fratura e encontrei uma perna quebrada.

Ela respirava, mas estava inconsciente. Sai pela porta gritando por ajuda e pude ver a silhueta de um homem dobrando a rua.

- EI VOCÊ! PRECISO DE AJUDA!!!

Quando o homem se virou percebi que era o Sr. Williams então fui ao seu encontro, informar o que estava acontecendo.

- O que houve? – falou preocupado.

- Me ajuda, a Dona Renê caiu da escada!!!

Ele não esperou nenhum segundo. Correu comigo até a casa e se jogou próximo ao corpo de Dona Renê.

- Precisamos tirá-la daqui!- falei enquanto imobilizava sua perna, quebrada.

- Mas como?

- Vá até a garagem e traga aquela porta velha da cozinha que o Senhor trocou essa semana.

- Tá. - ele saiu e eu voltei a olhar Dona Renê.

Notei que ela segurava algo em sua mão. Era um chapéu! Estranho. O que o chapéu do Senhor Williams estava fazendo na mão de Dona Renê? Enquanto eu indagava comigo mesma o que tinha acontecido Sr. Williams voltou com a porta entre os braços. Com muito cuidado, colocamos Dona Renê no carro. Peguei as chaves, e quando estava colocando as mãos no volante, comecei a suar frio. Eu tinha toda a certeza de que se saíssemos de casa algo de ruim iria acontecer.

Mas isso não se tratava de mim, e sim de Dona Renê. Eu não podia abandona-la em um momento tão difícil. Ela precisava de mim, mais do que eu mesma.

- Algum problema? – falou o Sr. Williams, provavelmente se perguntando o porquê de ainda estarmos parados.

- Problema algum! – falei enquanto ligava o carro.

(...)

Ao chegar no hospital liguei para o Dr. Richard que foi direto ver o estado da mãe. Depois de mais ou menos meia hora ele voltou com notícias.

- Ela vai ficar bem! Só sofreu uns arranhões e quebrou a perna. Nada grave. 

- Que bom! – falei me sentando.

- E com você o que houve? – ele falou apontando para o meu braço.

- Hã?  Comigo? Nada! Er, eu cai, e me cortei com um vidro, foi só! – menti descaradamente.

- Deixe-me ver. – ele falou tirando a toalha.

Ele me olhou com cara de desconfiado, então me levou até a enfermaria.

- Bella, não minta pra mim, eu sei que isso não foi um corte comum. – falou enquanto fazia o curativo.

- Sinto muito! Isso não vai acontecer novamente.

- Bella, você percebe o quanto é importante pra Renê? O quanto você é importante pra todos nós?

- Sim. – falei olhando pro chão, morrendo de vergonha por ter tentado algo tão imbecil.

- Eu não consigo nem pensar o que teria acontecido com minha mãe se você tivesse levado isso adiante.

- Eu sei, foi uma idiotice. Não irá acontecer novamente, eu juro! – falei já com os olhos cheios de lágrimas.

Então Richard me deu um abraço.

- Eu só espero que você esteja falando sério, caso contrário terei que enviar você de volta ao orfanato.

Eu fiz que sim com a cabeça então fomos interrompidos por uma enfermeira.

- Dr. Richard, ela já acordou e deseja vê-lo.

Ele me soltou e foi em direção ao quarto da mãe, então eu voltei para a recepção e me sentei ao lado do Sr. Williams, que agora parecia menos preocupado.