Dear, Soldier escrita por TheKlainerGuy


Capítulo 3
A Terrible Person


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Acharam que eu não iria atualizar, né? Olha eu aqui! Passei o dia inteiro tipo: "Não posso deixar de atualizar, se não vai ficar uma coisa 'Uma semana com atualização, outra não, uma com, outra não'". Mas aqui estou eu.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641188/chapter/3

Depois da conversa estranha que teve com Sebastian, Quinn voltou para o quarto e os dois adolescentes formam dormir. Nessa noite, Kurt não sonhou com Sebastian. Na manhã seguinte, os dois tomaram café sem a presença do irmão de Quinn, pois o mesmo se retirou assim que os dois desceram para o café. Além disso, Quinn pela primeira vez usou o carro de Sebastian, porque ele disse que não poderia leva-la naquele exato dia.

Depois que voltou da escola na segunda, Kurt foi com Quinn comprar seu novo casaco. Quando voltou para casa, arrumou seu guarda-roupa conforme a nova estação que se aproximava, escolheu a roupa que usaria no dia seguinte, assistiu suas séries favoritas e foi dormir, sem ao menos desejar boa noite à família. Ele estava muito cansado. De tudo.

Kurt acordou com uma tremenda vontade de voltar a dormir novamente. Hoje era terça-feira e um dos dias que Kurt mais detestava, porque hoje ele teria Educação Física. Desde de novo, ele sabia que teria que passar por essa aula, portanto teve a ideia de deixa-la para seu último ano, onde estaria mais velho e saberia se defender melhor. Mas o maior problema com a matéria, era porque o professor só sabia passar queimada e Kurt sempre era o alvo principal do time adversário. As vezes até do próprio time. Esperar ficar mais velho não havia mudado muita coisa.

O castanho levantou da cama preguiçosamente e se espreguiçou. O rapaz ficou por um tempo encarando a luz que era bloqueada de entrar no quarto pela cortina. Depois do que pareceram dez minutos, Kurt se levantou e abriu as cortinas, indo para o banheiro em seguida.

Depois de longos vinte minutos, Kurt saiu do banheiro e iniciou seu tratamento de pele diário. Em cima de sua cômoda, eram depositados por volta de trinta produtos diferentes, para diferentes regiões do corpo. Na parte da manhã, Kurt passava dez, sendo cinco apenas para o rosto. Depois de toda sua produção, Kurt colocou uma camisa branca de mangas curtas com o bolso decorado em laranja; uma calça preta e sapatos marrom.

Kurt recolheu seus livros, suas bolsas e seu celular antes de sair do quarto. Depois de descer as escadas e entrar na cozinha, encontrou seu pai sozinho, lendo o jornal. Era novidade o homem estar ali, já que Burt sempre ia trabalhar mais cedo.

– Bom dia, papai. – O rapaz foi direto para os armários em cima da pia, procurando algo para que pudesse preparar para si.

– Bom dia. – Respondeu o homem sem tirar os olhos do jornal. – Dormiu bem? Não o vi ontem a noite. – Burt procurava algo interessante para ler, mas como não encontrou nada, resolveu dar atenção ao seu filho e seu desjejum.

– Estava muito cansado. Na medida do possível. Preciso que olhe minha janela depois. Ela está difícil de abrir e fechar. Quase dormi com ela aberta essa noite. – Kurt separou seu cereal e o despejou em uma tigela.

– Finn pode ver isso? Eu vou trabalhar mais tarde porque chegarei mais tarde. – Kurt concordou com a cabeça.

– Posso saber porque vai chegar mais tarde? – Kurt agora já sentara ao lado do pai. Ele também aproveitou a oportunidade para checar as mensagens no telefone e as redes sociais.

– É final de mês, Kurt. Se esqueceu? – Kurt agora se lembrara que seu pai realmente chegava mais tarde no final do mês, porque era quando ele conferia os lucros da mecânica. – E espero que se lembre que Finn saí mais cedo no final do mês, então ele foi para escola sem você.

– Por que ele não me acordou?! – Kurt começou a comer mais rápido, ele iria se atrasar para a aula pois perdera sua carona.

– Bom, ele fez, mas você não acordou. Achamos que você estava muito cansado, então deixei que você faltasse hoje. – Burt bebeu mais um pouco de seu café preto. – E infelizmente não poderei te levar hoje. Acho que você terá que ir andando...

Kurt rolou os olhos. Não que ele fosse um garoto mimado, mas ele odiava andar a pé. Em um bairro preconceituoso como o dele, toda vez que ele andava por aí, escutava alguém o descriminando pelas costas.

Quando terminou de comer e colocou a tigela na pia, Kurt começou a remover os fones de ouvido da bolsa. Ele havia encontrado uma forma de fugir das ofensas. Pelo menos ele não escutava os xingamentos e não se sentiria mal por isso.

– De qualquer forma, eu preciso ir. – Kurt pegou seus pertences e encaixou seus fones no celular. O rapaz beijou o rosto do pai. – Até mais tarde, pai.

Enquanto o menino saia de casa, Burt o assistia. Kurt poderia não dizer, mas Burt sabia o que usar aqueles fones significava. O Hummel mais velho respirou fundo e massageou as têmporas. Isso provavelmente o mataria, mas ele não via a hora de Kurt finalmente poder ser feliz e ele mesmo em outro lugar.

– Agora me explica. Por que você precisa levar duas bolsas para escola? – Perguntou Sebastian, enquanto levava Quinn para a escola. – Você tem quantas aulas por dia? Na minha época eles não escravizavam os alunos dessa forma.

– Uma está levando meus livros e a outra está com meu uniforme. – Quinn não havia contado para Sebastian que era uma animadora de torcida. Muito menos que era líder. Mas agora que os dois estavam sozinhos, não via melhor hora.

– Uniforme? Está praticando esportes, Luc- Oh, não. Não vai me dizer que seu esporte é aquele com levantamento de pompons, pernas e outras meninas. – Sebastian dividiu sua atenção entre a rua e Quinn.

– Seb, não tem problema algum em ser animadora de torcida! Pode não ser considerado um esporte, mas é um exercício para o corpo e as coreografias tem sua beleza. – A loira cruzou os braços e olhou pela sua janela. Ela sabia que Sebastian iria detestar a ideia.

– Tem problema sim: os meninos! – Sebastian rolou os olhos. Ele entrou na rua da escola. – Se você soubesse o que os meninos comentavam sobre as animadoras de torcida no vestiário, você ficaria de queixo caído. Eu só não quero imaginar os nomes das meninas da minha época, sendo substituído pelo seu.

– Kurt disse que nunca ouviu nada dessas coisas! – Respondeu Quinn.

– Aquele garoto é jogador? O que ele faz? – Sebastian franziu a testa. Kurt praticava esportes? E pior, estava em um dos times do McKinley? Os dois agora entravam no estacionamento da escola.

– Não. Ele é líder de torcida assim como eu. – Sebastian puxou o freio de mão e encarou Quinn. Sebastian encarava Quinn com espanto e a loira a seu irmão com ódio. Foi quando pessoas passaram correndo ao lado do carro. – O quê... – Ao longe, um grupo de alunos faziam um círculo no meio do estacionamento. – Ah, não. De novo, não. – Quinn tirou o cinto e saiu correndo do carro.

– Lucy! Volta aqui, Lucy! – Sebastian também saiu do carro e foi atrás da irmã.

Enquanto Sebastian corria atrás da loira, a mesma já havia se enfiado no meio da confusão. Quando o Fabray alcançou a confusão, começou a empurrar as pessoas para se encontrar com Quinn. Quando chegou a ela, segurou seu braço antes que ela se jogasse no meio da briga e viu para onde ela estava olhando.

Kurt estava no chão, abraçando seus joelhos. Três meninos a sua volta davam socos e pontapés por todo seu corpo, como se o castanho fosse algo descartável como uma lata de lixo. Kurt usava uma camisa branca, que agora estava começando a ficar vermelha de sangue. Seus pertences estavam todos espalhados pelo chão e sua camisa rasgada. Quando olhou para o rosto do rapaz, viu uma enorme careta de dor, que começava a se desfazer, conforme ele ia desmaiando.

– Kurt! – Gritou Quinn. Antes que Quinn pudesse fazer uma besteira, Sebastian fez por ele mesmo.

Sebastian entrou no meio da briga, empurrando os três jogadores de cima de Kurt. Os três começaram a ir para cima de Sebastian. O castanho deu um murro em um deles, que logo caiu no chão. Quando ia bater no segundo, o terceiro puxou o amigo para trás. Sebastian não precisava fazer mais nada, pois eles já estavam saindo do meio da roda.

– Lucy, recolhe as coisas dele e me ajuda a leva-lo até a enfermaria. – Sebastian pediu. Pelo o que ele entendia sobre ferimentos, Kurt iria ficar com alguns graves, mas iria ficar bem depois de um devido tratamento. – Vai ficar tudo bem, Kurt. – O Fabray retirou Kurt do chão em seus braços e começou a correr pelo estacionamento com o castanho em seus braços.

O Hummel estava zonzo. A lateral de sua cabeça pulsava intensamente como se algo implorasse para sair pela sua têmpora. Seus braços estavam fracos e pareciam que os ossos das costelas e braços estavam quebrados em mil pedaços. As pernas estavam pensas, como se ele nunca mais fosse senti-las. Kurt temia o pior.

Enquanto pensava no estrago que haviam feito a ele e na possível ideia de ficar paralítico, Kurt percebeu que estava voando. Mas não voando, sendo carregado. Quando o castanho olhou para os braços que o seguravam, viu Sebastian. Se tudo já estava confuso, agora havia ficado pior. Por que e como Sebastian havia chegado lá?

Sebastian estava dizendo algumas coisas para Kurt, que ele não conseguia ouvir. Kurt franziu a testa. Será que ele havia ficado surdo? Não era possível que um chute na cabeça havia o causado um problema tão grave. A menos que tivesse sido mais de um... Antes que pudesse ler os lábios de Sebastian, ele desmaiou, ficando inconsciente nos braços do irmão de sua melhor amiga.

Kurt piscou os olhos conforme foi acordando. Seu corpo doía como nunca. Uma dor intensa percorria desde sua testa até as canelas. Pelo menos agora ele tinha certeza de que não havia ficava paralítico, mas por conta da dor intensa, queria que estivesse. Seu ouvido parecia que era outra coisa que estava normal, porque agora ele podia escutar alguns barulhos a sua volta.

Acima dele, viu um teto branco. Kurt se perguntava se ele estava em algum hospital, mas quando viu uma mancha conhecida no teto, parou de se preocupar. O castanho sabia que estava em uma das mancas no canto da enfermaria da escola.

Kurt começou a mover mais os olhos e percebeu que alguém estava ao se lado, quando moveu sua cabeça para a figura, viu Sebastian com os cotovelos nos joelhos, cabelos bagunçados e um corte na bochecha e outro na testa.

– Sebastian? – As primeiras silabas do nome do Fabray saíram de forma esquisita. A voz de Kurt estava rouca.

O outro levantou o olhar para Kurt e pareceu ficar mais tranquilo quando viu que Kurt estava acordado. Agora Kurt podia vez que a bochecha de Sebastian estava na verdade arranhada e o machucado aberto da testa, estava sendo segurado por pontos de esparadrapo.

– Hey, Kurt. – Sebastian se aproximou da cama. Sua voz estava mais baixa do que o normal e seu olhar sobre Kurt estava menos intenso. Pelo contrário, seu olhar sobre Kurt era como de alguém que tinha piedade. Não em mau sentido, Sebastian parecia que queria ajudar Kurt de alguma forma.

– O que está fazendo aqui? – Perguntou Kurt, tentando se levantar, mas não tinha forças o suficiente nos braços. Sebastian foi até ele e o ajudou.

– Quando trouxe Lucy mais cedo, você estava... bom, você sabe. – Sebastian encarou suas mãos. Um silêncio caiu sobre os dois, enquanto Kurt o observava atentamente. – Não consegui vê-lo naquela situação sem fazer nada.

– Por quê? – Questionou Kurt. Nem todos os cremes do mundo iriam prever o quão franzida ficaria a testa de Kurt. A confusão em sua cabeça voltou e mil perguntas rondavam seu cérebro. Sebastian ficou em silêncio, talvez reunindo uma resposta.

– Não me pareceu certo vê-lo apanhando seja por qual fosse o motivo. – Sebastian não encarou Kurt. Pela primeira vez, Kurt se sentiu no controle do outro castanho. – Entrei na briga e te tirei de lá.

– Então é por isso que você está machucado? – Perguntou Kurt, para confirmar suas dúvidas sobre os machucados no castanho. Sebastian agora encarou Kurt. Seus olhos estavam vermelhos, mas ele não estava chorando. Não ainda.

– Quando chegamos aqui, você estava muito machucado... – Sebastian passou as mãos pela boca. – Eu fiquei tão cego de raiva que tive que ir atrás daqueles moleques. Acabei entrando em uma briga com eles. – Sebastian virou o rosto e olhou para o chão. Kurt deixou suas sobrancelhas se erguem em surpresa.

Kurt ficou chocado com a novidade. Ele abriu a boca, mas nada saiu, só um som estranho. Isso não poderia ser verdade. Não fazia sentido. Sebastian e ele nem ficavam no mesmo cômodo juntos, porque o Fabray iria fazer aquilo por Kurt?

– Você se meteu em uma briga por mim? Mas tudo já tinha acabado. Não faz sentido você ter ido atrás deles! – Kurt finalmente disse. Ele sentia sua cabeça voltar a doer.

– Eu não fiz isso por você... – Sebastian olhou Kurt. O Hummel sentia que era mentira, mas ficou em silêncio e incentivou Sebastian a continuar com a cabeça. – Eu fiz por mim. Como soldado, não posso ver injustiça. – Kurt virou o rosto e não falou mais nada. Depois de um longo silêncio, Sebastian voltou a falar. – Quinn avisou que vai voltar aqui assim que puder. Achei melhor não avisarem ao seu pai e resolvi me responsabilizar por você.

– Não precisava. Você já fez demais. – Disse Kurt em um tom seco. Ele estava furioso por não saber como tratar Sebastian e em próprias ideias que constantemente se confrontavam.

Mais um longo silêncio se instalou. Esse estava sendo amargamente longo. Kurt sentia que Sebastian o encarava de modo curioso.

– Por que eles fizeram aquilo com você? – Perguntou Sebastian. Ele estava com medo de perguntar aquilo. Tinha medo que só piorasse a situação e o ódio de Kurt. Mas ou o Hummel responderia ou continuaria a ignora-lo.

Kurt o encarou. O castanho tinha lágrimas nos olhos. Ele se odiava por estar quase chorando na frente de Sebastian, mas ele não estava aguentando mais segurar. Eram diversos sentimentos para lidar de uma vez só, sem que sua estrutura não se abalasse.

– Pelo mesmo motivo pelo qual eu sou xingado e empurrado contra armários. Pelo menos motivo por sempre ser o último a usar o vestiário e fazer todos os outros meninos correrem do banheiro quando entro. Pelo mesmo motivo que conheço tão bem essa enfermaria e a enfermeira não se importa em não chamar o meu pai. Pelo mesmo motivo de não ver a hora de me mudar para New York e sumir dessa cidade. – Sebastian via a dor em todas aquelas declarações de Kurt. – Eu sou gay, Sebastian! – Kurt disse, fazendo o outro arregalar os olhos. – É por isso que não passo praticamente uma semana sem um hematoma em meu corpo. Eu sou gay e parece que o mundo tem repulsa por mim. E segundo eles, eu sou uma pessoa terrível para a sociedade.

Depois disso, ninguém falou mais nada e o único som vinha de Kurt, que começou a chorar. Sebastian havia descoberto a verdade sobre Kurt. Praticamente forçar Kurt a dizer aquilo, havia feito Sebastian se sentir muito mal.

Então Kurt era gay. Sebastian encarou as costas do menino mais uma vez. Kurt sofria mais do que Sebastian poderia imaginar e ele havia ajudado a vida de Kurt se tornar um inferno desde que havia chegado. O castanho encarou as mãos. Ele pensava em como poderia ajudar Kurt, mas nada o ocorreu. Foi quando uma lágrima caiu em suas mãos. Ele era uma pessoa terrível para sociedade, não Kurt.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem é a "terrible person": Kurt ou Sebastian? Eu voto no Jimmy, sei lá...

Espero que tenham gostado e até a semana que vem.