Era Uma Vez... #paralisada escrita por Luhluzinha


Capítulo 16
Capitulo 15 – Fada Madrinha


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente!
Venho humildemente pedir perdão pelo sumiço. Tive que colocar algumas coisas em dia da minha vida e isso me sobrecarregou. Mas aqui estou eu novamente, nao garanto ainda um capitulo por semana como estávamos no ano passado, porém vamos voltar com as postagens regulares! hahaha

Espero que gostem. Enjoy!



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Capitulo 15 – Fada Madrinha

Seus olhos encheram de lagrimas ao ver seu bracelete exposto na vitrine. Ela não tinha conseguido afinal. Os dias se passaram tão iguais e sem qualquer novidade. Tinha adotado uma rotina, vendo o sol nascer, se refugiado no estabulo com o cavalariço Ben Bennett e tentado ser imperceptível na mansão.

Uma desesperança tomava conta de sua mente. Será que ela ficaria ali para sempre?

Ela estava se moldando aquele século. Não podia imaginar o Duque mais certo em dizer que Margot poderia lidar com ela. Isabella sentia uma necessidade inexplicável em não decepcionar aquela governanta. Tanto que se sentia domesticada.

Quase sorriu com aquele pensamento, mas a imagem do bracelete diante de seus olhos não permitiu. Aquele objeto fazia parte do que ela costumava ser.

E Deus sabia o quanto ela sentia falta dela mesma.

Era como se estivesse desaparecendo. Depois que o Capitão a tinha proposto e ela fugido como uma louca, tudo ficou confuso e duvidoso.

McCartney assumiu que tinha sido muito direto e a assustado, mas ela se assegurou de acalmar o pobre homem e explicar que poucas coisas a assustava e que um pedido de casamento não estava entre elas. Mas quando ele perguntou o que a assustava, isso a fez se desculpar e não revelar seus segredos.

Não tinha fugido de McCartney e pensava que ele nunca a faria fugir em qualquer modo. O que arrancou o ar dos seus pulmões e a fez correr como nunca antes e até mesmo se perder pela propriedade por ter seu norte destruído, era o fato de que com aquela proposta, uma verdade, até então desconhecida, veio sobre ela.

Isabella Swan teria jurado não se apaixonar, mas com isso ela havia subestimado as coisas incontroláveis que regiam o mundo.

A vida. A morte. O tempo. O amor.

Suspirou. Dessas coisas ela não poderia fugir e eram elas que a assustava. A aterrorizava na realidade.

— É lindo. – Isabella se virou para Margot que havia finalmente terminado sua conversa com o leiteiro – e vale cada 32 moedas de ouro. Uma peça única.

Isabella trincou o maxilar. O senhor Farrel tinha se aproveitado de seu momento de fraqueza e desconhecimento monetário para tapeá-la. O infeliz estava ganhando cinco vezes mais pelo o que havia pagado. Soltou o ar um tanto furiosa; se ela tivesse conseguido chegar a tempo, nada disso teria acontecido. No dia anterior o prazo havia terminado, mas ela tinha decidido vir buscar o bracelete há três dias. Entretanto uma chuva continua e sem trégua atingiu a região deixando as estradas impossíveis de serem utilizadas e ela sem desculpa plausível para vir ao vilarejo. E como um castigo, hoje, tinha amanhecido um dia ensolarado de dar inveja aos melhores dias de verão, então aproveitou que Margot vinha a vila e pediu que seria possível acompanha-la. Não tinha palavras para a sua decepção ao encontrar seu bracelete na vitrine valendo cinco vezes mais do valor que empenhorou.

— Ora, não fique assim, concordo que toda dama precisa de uma joia tão única, mas pensei que não era como as damas.

Margot estava zombando dela, é claro. Tinha aquele sorrisinho no rosto, como de alguém que sabe das coisas.

— Está correta, não sou como as outras damas – exibiu seu orgulho ferido – eu nem sou uma dama. Não vejo necessidades de joias. – Mentiu descaradamente tentando se enganar, ou se conformar que já tinha perdido seu bracelete.

Margot sorriu e afagou sua face.

— Querida, não pense que será capaz de me enganar.

Aquele gesto arrancou a casquinha de uma das cicatrizes do coração de Isabella. Aquela ternura mesclada com aquele olhar maternal a fazia sentir saudade de ter uma mãe, de ter uma família. Fazia tanto tempo que ninguém a olhava daquela maneira e a tratava com tanto carinho mesmo quando ela parecia não merecer.

Levantou as muralhas de suas defesas. 1792 estava a deixando muito mole.

Subitamente, sem poder explicar como, sentiu a presença dele. Era algo inconsciente depois que havia se tornado consciente de seu enorme castigo. Se virou quebrando o contato de seus olhos com o de Margot e para a sua surpresa o Duque estava praticamente em sua frente.

Ele saudou ambas, e Isabella fez o que estava treinando nas últimas semanas, assentir, desviar os olhos e ignorar qualquer coisa que ele viesse a dizer.

Não que ela estivesse obtendo sucesso.

— Oh não sabia que vinha ao vilarejo, poderia ter te esperado. – disse Margot.

— Eu tampouco sabia. Recebi uma nota do vigário e decidi resolver isto antes de ir caçar.

Isabella sabia que ele não devia satisfações a Margot, mas mesmo assim ele se reportava a ela como um filho faria a sua mãe. Chegava a ser cômico algumas vezes, ele perdia aquele ar soberano e arrogante. Até mesmo chegava a sorrir o que era algo que o deixava realmente bonito.

Suspirou. Ela não estava realmente fazendo um bom trabalho em ignora-lo.

— Algo lhe aflige, Senhorita Swan?

— O que? – voltou a olha-lo -  E-eu?

Margot riu.

— Esta inconformada com o bracelete e seu preço. – zombou Margot – Acha ser exorbitante.

— Eu não disse isso. – rebateu chateada.

— O que eu disse sobre que não pode me enganar?

Isabella rolou os olhos.

— Se me derem licença – disse com os dentes trincados – vou contar quantas folhas tem nas arvores. Parece mais divertido.

Saiu pisando duro, pode escutar Margot ainda rir e teve um leve deslumbre do Duque sorrindo.

Margot a seguiu com um olhar e então desviou o seu para o menino que jamais iria crescer. Ele ainda fitava Isabella se afastar. Não podia muito dizer o que significava aquele olhar já que nunca antes o havia visto ali.

— Ela é geniosa. – disse o sondando.

— Sim. – ele suspirou e voltou a olha-la – Sim. Depois dessas semanas isso me conforta. É um fato concreto que sabemos sobre ela.

Margot sorriu fazendo os cantos de seus olhos formarem rugas, deletando que já não era mais tão jovem.

— Tenho mais fatos colecionados. E creio que o Duque também.

Ele fez uma careta.

— Posso até ter alguns, mas não são concretos.

— Os meus são! – rebateu animada.

— Poderia compartilha-los? – ele disse galante.

— Não sou tão tola rapazinho. Vá fazer você mesmo a sua lição de casa! – O Duque voltou a fazer uma careta, mas não parecia realmente irritado com a omissão de Margot – Quer que o esperemos?

— Não será necessário. Podem voltar sem mim.

E assim foi. Isabella já estava dentro da carruagem á espera da governanta que para seu prazer não demorou. Ainda permanecia furiosa com essa falta de controle sobre ela mesma. Talvez morreria sem poder se conformar com isso.

Estar apaixonada não era de maneira alguma algo feito para ela, mas ali estava. Isabella Swan apaixonada pelo Duque. Tinha jurado não fazer uma besteira dessas, só que não sabia como havia acontecido, eram um pouco mais de três semanas que estava ali, e... esse desastre a pegou de jeito.

Além de ter se perdido no tempo, a única coisa plausível para a sua situação era ter perdido o juízo também.

Que pessoa sã se apaixonaria por Edward Cullen? Ele havia a ofendido, humilhado, zombado e mesmo assim, não conseguia deixar de se sentir de pernas bambas ao lado dele, seu coração perdia completamente o ritmo quando ouvia a sua voz e o estomago enchia de borboletas quando seus olhares se cruzavam.

Santo Deus! Ela estava apaixonada sim. Custava acreditar, mas estava.

Quando isso aconteceu? No dia de sua aventura ao vilarejo? No baile de máscaras? Na conversa matinal?

Ou era consequência do prazer secreto que tinha ao vê-lo chocado ou irritado?

Ah porque isso sem dúvidas era interessante. Apesar dela não gostar de admitir que isso era uma das coisas mais favoritas dela em Devonshire; irritar Edward Cullen era muito interessante e incansavelmente prazeroso; porque ele nunca sabia o que fazer nesses momentos. Um homem que prezava o controle e a boa educação, não sabia se portar diante de uma situação embaraçosa.

Isabella não percebeu que sorriu amplamente.

— Mesmo que eu queira saber o que passa em sua cabeça para sorrir deste jeito, sei que não deve ser apropriado que eu saiba. – Alfinetou Margot. Isabella ampliou o sorriso.

— Está correta Margot. As vezes a ignorância é uma benção!

E como era. Isabella gostaria de ainda ser ignorante aos seus sentimentos.

Mas se tinha uma coisa que ela se orgulhava; era que seus sentimentos não iriam interferir em absolutamente nada em suas ações. Não gaguejaria como uma idiota e muito menos voltaria a corar. Nesse quesito, Isabella ainda seria Isabella. Isto era um dom.

Alice inclinou a cabeça analisando a Condessa caminhar sorrateira e esguia pela sala. Era como se estivesse praticando seus passos, ou cercando a presa para o abate. Definitivamente era a segunda opção. O Conde escrevia uma carta totalmente absorto ao bote da esposa, Alice teve pena do homem no exato momento em que Tânia falou.

— Querido. – Alice se encolheu e tentou disfarçar dando uma atenção desnecessária ao bordado.

— Hmm. – o homem não se deu trabalho de sequer falar uma palavra compreensível.

Querido...— Ela parou em frente à mesa. O tom da voz fez com que ele levantasse a cabeça – Bem melhor quando olha em meus olhos. – ela sorriu um tanto cruelmente – Eu estive pensando, você estará com a perna imobilizada por mais duas semanas o privando da única atividade ilustre, que é caçar. – ela piscou fazendo com que seus cílios abanassem – Já que não é mais possível, poderíamos gastar nosso tempo e dinheiro chegando um pouco adiantados para a temporada de Londres.

— Pensei que estava usufruindo da hospitalidade do Duque e da Lady Alice. – o homem parecia confuso.

Alice quase o chacoalhou pelos ombros. Aceite seu energúmeno! Ela queria gritar em seus ouvidos. Estava cansada de ficar se desdobrando em mil para entreter tanta gente. Seu estoque de jogos tinha sido saqueado nos últimos três dias. Aquelas chuvas interruptivas estavam dando nos nervos e justamente hoje que tinha aparecido um sol esplêndido, a lama do lado de fora não era do agrado da Condessa e o Conde não poderia se arriscar escorregar. Alice não queria estar bordando, queria estar do lado de fora com Aurora, Kate, Robert e Willien, mas Edward teve que ir ao Vilarejo forçando-a a fazer sala e Emmett que poderia estar fazendo companhia para ela, assim como Isabella, havia desaparecido.

Disfarçou novamente sua atenção para o bordado, aquela flor estava mais parecendo uma mancha no tecido.

Tânia ronronou como uma gata. Alisou o indicador no braço do marido. Abaixou o tom da voz.

— Eu adoro Chatsworth. Adoro Lady Alice e o Duque. Mas uma parte de mim esta preocupada com Kate, pobrezinha, faz dois anos que debutou e teve apenas três propostas de casamento. Quero que esta temporada seja perfeita para ela, porque agora ela tem uma mãe.

Alice quis rir, mas se controlou porque ali estava uma lição importante. Se sua mãe estivesse viva provavelmente teria explicado a ela quão fundamental era manipular o marido a fazer exatamente o que quisesse. Mas ela poderia se contentar com a demonstração gratuita da Condessa. Plantava uma ideia submissa e inocente que faria que ele tomasse a decisão que ela realmente desejava, que era ir para Londres se divertir nos bailes e ver gente diferente a todo instante. Se livrar do marido no clube e partir para as compras. Alice desejou ter um pouquinho da esperteza da Condessa.

Seria uma mulher incrível para seu marido e ainda por cima...

Abanou a cabeça como se quisesse espantar a ideia. Marido. Ela não precisava dessa esperteza sombria para lidar com seu marido, se ela conseguisse dobrar e convencer Edward, ela sequer precisaria se preocupar em debutar. Ela tinha o marido dos sonhos. Ela tinha um amor para a toda a vida. Ele estava tão perto que se quisesse olhar pela janela dos fundos o admiraria. Suspirou apaixonada não se importando que aquela flor amarela tivesse se tornado uma bola inútil no meio do desenho. Precisava de tão pouco para ser feliz. Precisava apenas dele junto dela para sempre, além da vida.

—  Não é mesmo, Lady Alice? – Levantou a cabeça. Ela tinha se perdido da conversa da Condessa e do Conde.

— Do que falam? Desculpe estive concentrada. – espiou a bola amarela e escondeu com a mão.

— Disse ao meu esposo – repetiu Tânia a todos sorrisos – Que poderíamos encurtar a estadia em Chatsworth, sei que não se sentiria ofendida devido ao ferimento dele.

Alice assimilou a nova informação.

— É claro que não me sinto ofendida. Entendo completamente que nas atuais circunstancias, o melhor sempre é estar em casa. – deixou o bordado de lado – Mas antes gostaria que ficassem para mais uma dinâmica que preparei. Uma peça de teatro em que seriamos os atores. – bateu palminhas empolgada.

— É claro. – o sorriso congelado no rosto da Condessa deu a Alice a resposta que ela imaginava, a mulher queria esgana-la agora – Uma despedida.

— Exato! – se levantou – Eu mesma escrevi a peça!

Foi para o armário exibindo um sorriso genuíno, mesmo que tivesse escrito em uma intenção de colocar todos em saia justa e explicar eventos futuros, Alice realmente estava empolgada. Deixou o casal na sala com as copias do roteiro e saiu atrás dos outros. Entregou para os que estavam no jardim e então se aventurou atrás do Capitão.

O capitão ultimamente estava um tanto entristecido. Aquele sorriso que se recusava sair de seu rosto, agora andava um tanto apagado. Ele desaprecia pela casa, ou saia muito cedo para cavalgar ou caçar sozinho. Estava silencioso e metódico. Um tanto diferente do Capitão que Alice conhecia.

Depois de muito procurar, ela o encontrou na galeria. Estava sentado debaixo do arco da janela e escrevia em um caderno.

— Capitão? – ele levantou a cabeça e quando a viu, sorriu. Não aquele sorriso que provocava as covinhas de seu rosto, apenas um sorriso de quem estava surpreso ao vê-la.

— Pequenina Alice, qual a honra de sua presença? – ela rolou os olhos. Pelo menos esse comportamento brincalhão não havia mudado.

— O que faz por aqui? Na parte não habitada de Chatsworth?

— Ah - ele suspirou fechando o caderno e retirando as pernas de cima da base da janela – recebi algumas noticias não muito favoráveis do exército. Estou fazendo uma lista dos meus homens mais confiáveis e tecendo algumas estratégias.

— Algo com que eu deva me preocupar? – Alice não queria ter soado tão angustiada. Mas as sombras de guerra não paravam de assusta-la desde que a França e Napoleão decidiram conquistar pela Europa.

Se uma guerra fosse declarada, todos os homens acima de 18 anos e saudáveis, deveriam se apresentar ao exército. Não conseguia imaginar Edward sendo levado por uma guerra, sequer suportava a ideia quando adicionava a soma o homem que seria seu marido sendo obrigado a se unir ao irmão.

— Não. – ele sorriu para tranquilizá-la – Nada com que deva se preocupar. Estamos seguros. E para nos mantermos assim, devo ser precavido e estar pronto. O que é isto que tem em mãos?

Alice sorriu e entregou a ele.

— O roteiro do teatro que faremos, eu mesma escrevi! – acrescentou orgulhosa.

— Céus, não esta falando sério não é? – ele pedia a Deus que não.

— Muito sério. Será a despedida da família Denali. A Condessa anunciou a mim a sua partida.

— Deveras que Deus existe então.

— Tolo! – disse rindo – Não que eu não tenha pedido em orações que alguém decidisse ir embora.

— Estou entre o alguém?

— Jamais! – rindo se sentou ao lado dele – Mas a Condessa me assusta em varias formas.

Emmett observou a jovem ao seu lado, ela tinha o cenho franzido.

— Porque diz isso?

— Porque ela sabe de coisas que não sei. Porque todas as vezes que olha meu irmão, é como se estivesse analisando um homem que eu não conheço. Porque o jeito que ela fala, anda se comporta me faz me sentir uma criança acuada. – suspirou – Não tenho medo dela, mas temo sua ardileza. É esperta e manipuladora. Temo ser peça de um jogo qualquer e não conseguir enxergar isso.

Emmett desviou os olhos da figura delicada e gentil que era Alice. A Condessa era tudo isso que ela dizia, mas também fora um dia igual a própria Alice. Ingênua e doce. A vida tinha batido em sua porta e ser Tânia Dawson, uma das garotas de Cornélia, era a única maneira de sobreviver.

— Não pense nisso – disse calmamente – pelo menos do jogo da Condessa você não faz parte.

— Então realmente existe um? – Alice ofegou.

— Sim – ele riu – Varias tramas. Nossa própria aristocracia é um jogo. Nossos bailes, nossos recitais. Tudo é um jogo Alice, e sei que também faz os seus e com toda a certeza as vezes cai como uma peça no tabuleiro de alguém. Mas quanto a Condessa, pode dormir tranquila, ela não tem nada preparado para você.

— Como pode ter tanta certeza?

Emmett ficou de pé.

— Porque sobre estratégias eu sei muito, e para o jogo dela, você não é necessária. – ele colocou o caderno debaixo do braço e com as mãos livres abriu o roteiro – Tem fada madrinha nisso aqui? É alguma sátira de Cinderela?

Alice riu ainda desconfiada.

— Leia. Ainda esta noite quero passar as falas.

Emmett estremeceu. Ele odiava interpretar qualquer coisa que não fosse ele mesmo.

Alice ainda pensando no que o capitão havia dito sobre jogos, voltou para a ala norte. No meio do caminho decidiu que não estava preparada para ficar novamente presa na sala com o casal. Desceu as escadas dos empregados e foi para a cozinha. Ia fazendo rebuliço entre os criados, eles não esperavam que a senhora da casa passaria por ali. Isso era engraçado pelas expressões que invadiam o rosto antes relaxado e descontraído de cada um.

Foi então que ouviu uma risada. A risada de Isabella.

Então era ali que ela se escondia a maior parte do tempo? Era ali que ela preferia ficar? Não que Alice a julgasse por isso, mas se sentia as vezes um pouco chateada com a ausência de sua convidada. Isabella nunca estava onde deveria estar, as vezes apenas a encontrava durante as refeições, o que também não era uma regra.

Espiou. Ela estava de pé ao lado das sacolas de compras de Margot. Alice estreitou os olhos analisando as roupas de Isabella, ela também teria ido ao Vilarejo?

Aquela pulguinha da desconfiança novamente a picou. Isabella seria mesmo quem dizia ser? Ou algum dia tinha dito quem era?

Margot sorriu.

— Qualquer dia irá encontrar alguém que tire esse seu sorriso irônico do rosto. Homens não gostam de mulheres que falam demais.

— Melhor para mim! – Isabella arqueou as sobrancelhas.

Alice suspirou. Isabella não poderia ser alguém indigna se Margot a tratava bem, e se ela foi ao Vilarejo, não importava se seu irmão também tinha ido, porque Margot estava lá. Não havia engano ou traição. Mesmo assim, era difícil se esquecer daquele olhar que Edward e Emmett trocaram no café da manhã, e das palavras duras e logicas de sua amiga de infância.

Empurrou esses pensamentos para longe. Respirou fundo. Entrou no corredor.

— Ora, vejam só quem o destino permitiu que eu encontrasse por aqui!

Isabella sorriu para Alice.

— Não sabia que você sabia ser engraçadinha.

Margot rolou os olhos e sorriu. Recebeu Alice em um abraço.

— Porque tem essa expressão de preocupação?

Alice nunca sabia como Margot podia notar qualquer mudança, mesmo quando ela fazia de tudo para ocultar.

— Não é nada. – mentiu, eram muitas coisas. Emmett, a guerra, Isabella, a Condessa, Aurora, o irmão, o tempo acabando e ela senda afastada de seu grande amor. – Bella – se virou para a convidada – está interessada em um passeio?

A veterinária deu de ombros, pegou uma maça.

— Vamos lá.

E assim, sem precisar de muito, saíram. O sol brilhava no céu e pássaros cantavam. A relva ainda estava húmida e algumas poças de lamas se espalhavam. A terra era um pouco escorregadia, mas nenhuma das duas se importou. Alice, porque preferia qualquer coisa a ficar trancada em uma sala com a Condessa; e Isabella porque era acostumada.

A princípio caminharam sem dizer nada. Era um momento de paz. Cada uma presa nos próprios pensamentos. Em suas divagações e teorias. Mas chegou um momento em que não estavam mais na trilha do bosque, e sim em uma ampla campina além do lago. De repente, Alice se viu precisando de palavras. Porque Isabella quase nunca conversava? Era tão vaga sobre si mesma?

— Me fale um pouco de onde você vem.

Isabella a olhou um pouco surpresa.

— Não sei o que teria que falar.

— Me pareceu uma vez que, você e o Capitão, conversavam sobre isso. Sobre de onde você veio. Pode parecer infantil da minha parte, mas me sinto um pouco magoada por ver como sua amizade com o Capitão evoluiu enquanto a nossa não. – suspirou e antes que Isabella dissesse qualquer coisa ela completou – Se bem que nestes últimos dias ambos estão se evitando. Aconteceu algo?

Isabella arrancou um maço de grama alta e torceu entre os dedos. Respirou fundo. Alice era muito observadora, teria que se lembrar disso no futuro.

— Bem, de onde eu venho – começou com a parte mais fácil – As pessoas não são conhecidas por se importarem umas com as outras. Isso o que você e seu irmão fizeram por mim, acolher uma desconhecida por tanto tempo, não acontece. Pelo menos nunca ouvi falar.

— Isso me parece triste.

— As pessoas pararam de confiar umas nas outras. – continuou calmamente – E não as culpo por isso. O mundo tem se tornado mal. – suspirou – Como te disse uma vez, cresci com minha tia, morávamos em uma pequena fazenda. Logo que meus pais faleceram... – parou, porque estava falando isso? Ela não precisava contar tudo. Olhou para Alice, ela parecia esperar o que quer que fosse que diria. Tomou folego – Por muito tempo foi apenas eu e meus pais. Minha tia se afastou da família sem um motivo – que agora Isabella acreditava saber -  e se mudou para essa fazenda. Depois da tragédia, bem, eu não sei dizer o que foi mais difícil, aceitar a morte dos meus pais ou aprender a conviver com uma completa desconhecida. – respirou fundo novamente – Éramos duas estranhas que não sabiam como se entender. Não tínhamos palavras, eram mais sinais indicando o que queríamos ou pretendíamos. – Isabella riu ao se lembrar dos cutucões e inclinações de cabeça de tia Nora – Então o primeiro contato mais profundo foi quando ela começou a me dar livros para ler e com o tempo nosso dialogo era com ações. Eu lia os livros, fazia as tarefas e ela me ensinava coisas novas. Sobre a administração da fazenda, plantação, cavalos, porcos, galinhas. E assim eu cresci.

Isabella olhou para Alice que a observava.

— Eu nunca contei isso a ninguém.

— Porque não?

Isabella riu tristemente.

— Porque ninguém nunca perguntou Alice.

— Se as pessoas do lugar de onde você veio são tão frias e egoístas, porque não fica aqui em Devonshire?

Isabella franziu o cenho. Essa era uma pergunta que a tinha pego desprevenida. Ficar. Ela nunca tinha pensado nessa possibilidade.

— Ficar? Alice o que eu iria fazer? Não sei se por aqui aceitam mulheres trabalhando em estábulos, e é a única coisa que sei fazer da vida.

Além de que não teria família, amigos e...

Sentiu seu estomago embrulhar e a maçã que havia comido, quase voltar para a boca. Ela também não tinha família, amigos, um lugar para chamar de seu no século XXI. Quem ela era? Que tipo de pessoa ela era? Não se permitia fazer amigos, não se relacionava com ninguém e sempre tão vazia e impessoal que provavelmente ninguém estaria sentindo a falta dela. Tropeçou nos próprios pés. Também não tinha refletido sobre isso. Teria alguém se perguntando o que aconteceu com ela? Porque desapareceu?

Jacob. Jacob poderia se questionar, mas será que se importaria com isso por quanto tempo? Ela havia o ferido e o afastado como um cão sarnento.

Lutou contra as lagrimas que desesperadamente começaram a subir. Engoliu aquela sensação que desceu queimando pela garganta. Ela não tinha acabado de fazer o mesmo com o Capitão?

— Você poderia se casar. – disse Alice alheia ao que acontecia com Isabella – Ou então aprender um novo oficio. Mas sempre terá a mim e minha casa – Alice enlaçou seu braço no de Isabella – Seria minha amiga para sempre.

Tentou sorrir, mas qualquer musculo facial que movesse, lagrimas romperiam por seu rosto.

— Não me vejo casada ou em um novo oficio. – se forçou a dizer.

— Mas me vê como amiga para sempre? Sabe que meu irmão jamais se oporia em ter você na família, mesmo como agregada. Ele pode ser um tanto ranzinza e tivemos aquele momento constrangedor, mas acredite, agora que a conhece, se importa demais para que a deixe sozinha por ai.

Isabella suspirou. Se Alice soubesse o que aquelas palavras estavam fazendo com seu coração.

— Alice – disse parando e ficando de frente para ela – É claro que vejo você como uma amiga para sempre, mesmo que eu mesma não saiba o que significa “para sempre”. – A jovem sorriu – Mas eu não posso ficar. Não posso.

E não podia, mesmo que se quisesse. Mesmo querendo. Porque ela não iria ceder aos caprichos de seu coração e se render ao sentimento que começava a nutrir insanamente por Edward Cullen. Ainda não entendia como podia gostar romanticamente dele. E também não era portadora de uma loucura para viver sob o mesmo teto de Alice pra qualquer lugar que ela fosse depois que se casasse ou pior, ficar por Devonshire depois que o próprio Duque se casasse e desse continuidade a sua descendência. Assim como, ela mesma não iria se contrariar por inteira e se tornar alguém como Alice, Aurora, Kate ou qualquer outra jovem que mal tinha ideia do que queria da vida.

Isabella não podia. Era orgulhosa demais para isso. Na verdade, se sentia superior a isso. Não teria estudado, trabalhado, ganhado uma vida independente para no fim acabar como uma simples dona de casa que passava seus dias bordando, pintando, lendo, promovendo bailes e com uma meta de vida tão aterrorizante que a dava calafrios: ter filhos homens.

— Sabe – disse Alice num sussurro desnecessário, como se estivesse enxergando essa dor e esse medo nos olhos dela – os planos não contam com imprevistos. Voce planejou algo, mas a vida não segue linhas. Existem dois caminhos, ou você se molda como a agua ou você se parte como o ferro.

— O que quer dizer Alice? – Isabella não soube porque também sussurrou.

— Que precisa ser maleável. – ela suspirou e voltou a andar. Desta vez já tinha um sorriso no rosto – e participar mais das minhas dinâmicas!

Isabella rolou os olhos e começou a acompanha-la.

— Não sei se sou capaz de participar mais das suas dinâmicas.

— Ah, pode sim, porque a próxima é a garantia da despedida da família do Conde.

— O Conde vai embora?

—Sim! E temos uma peça de teatro para apresentar!

Isabella estacou. Alice ela maluca? Uma hora estavam sentimentais e na outra Alice estava pedindo para ser estrangulada?

A jovem tirou um conjunto de folhas escondido no corpete que usava naquela manhã.

— Aqui está o roteiro, fada madrinha.

 


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Era o que esperavam? O proximo nao vai demorar, temos uma peça de teatro para apresentar certo? hahaha

Vou me comprometer em responder todos os comentários de voces hahahaha
Eu estava com saudadeeeeeeeessss S2 S2 S2 S2
Comentem e recomendem!

XOXO :*



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