Mamãe a papai estavam no sofá conversando sobre algo. Me escondi para escutar melhor.

—E então,como estão os preparativos?-Perguntou papai para mamãe.

—Tudo pronto Ian.- Mamãe parecia muito feliz.- Todos da região estão convidados.Elisa e Lucas também virão.

—Meu amor...-Papai se aproximou de mamãe.

—O que foi querido?- Ela colocou uma mão no rosto dele.

—Nada.- Ele sorriu.- Apenas gosto de te chamar de MEU amor, somente meu.

—Você também Ian. Somente meu, agora e para sempre.-Disse mamãe.

—Meu passado...

—Meu presente...

—Meu futuro...

—Minha vida.- Disseram os dois ao mesmo tempo.

O amor dos meus pais é algo que eu sempre desejei para a minha vida, eles se amam de uma forma que eu só vejo nos livros. Mamãe sempre que pode usa o anel que papai deu quando papai a pediu em casamento

—E onde está Marina?- Perguntou papai.

—Ali atrás da parede.- Mamãe apontou para a minha direção. Papai se virou.

—Marina! Venha!- Papai fez uma cara de raiva, me aproximei dele- Por que se escondia?

—Perdoe-me papai.- Falei.- Mas estava curiosa com o assunto.

—Por que estava curiosa com um assunto que íamos falar para você?-Perguntou mamãe.

—Como?

—Venha.- Se levantou papai e deu a mão para mamãe.- Falaremos sobre isso durante a refeição.

Dona Madalena serviu uma macarronada que minha mãe ensinou a fazer, peixe assado no forno, suco de caju e uma torta. Madalena adorava cozinhar para nós, há um tempo ela fez três tipos de bolos e me fez comer uma fatia de cada para ver qual era o melhor.

—E então senhorita?- Estava ela com um dos bolos na mão.- Esse é bom?

—Todos são bons. Madalena, seus pratos não são ruins.- Me encostei na cadeira.- Muitas famílias gostariam de ter uma cozinheira como você.

—Não só uma cozinheira.- Entrou mamãe.- Uma babá, irmã, mãe, amiga. Já é parte dessa família.- Mamãe olhou para os três bolos.- Madalena, quer explodir a minha filha é?

—Não minha querida Sofia.- Ela se assustou.- Nunca faria isso com a senhorita Marina.

—Não é o que parece. – Falou mamãe.

—Oh minha querida Sofia, me perdoe.- Os olhos de Madalena se enchiam com água.- Senhorita Marina me perdoe, não sabia que estava lhe fazendo mal.

—Calma Madalena. Você não fez nada de errado, olhe para mamãe, ela não está com raiva de ti.-Falei.

—É Madalena, sossega aí.- Mamãe começou a rir.- Fique peixe.

—Peixe?- Eu e Madalena falamos ao mesmo tempo.

—Gíria da minha terra.- Ela notou que ainda não entendíamos.- Esquece.

O almoço estava ótimo, mamãe e papai olhavam um para o outro de uma forma estranha. Eles sempre tinham esses códigos estranhos, alguns eu entendia, mas outros eu deixava passar. Geralmente sempre era uma boa notícia como um novo cavalo ou novos livros, dessa vez eu estava mais curiosa do que nunca.

—O que houve?-Perguntei. Meus pais se olharam e disseram.

—Faremos um baile para a mais recente família da região, o senhor e a senhora Romanov e seus dois filhos.- Disse papai.

—Interessante, e qual é o objetivo desse baile?

—O objetivo...- Disse mamãe.- É que eles façam amizade com as pessoas daqui, vai que eles sejam tímidos.

—Precisam realmente fazer esse baile?

—Sim.- Respondeu mamãe.-Nina, será uma boa oportunidade de você conhecer pessoas novas.

—Eu posso conhecer viajando.-Falei.

—De jeito nenhum.- Disse papai.- Você ainda é muito nova.

—Ian, ela já tem 21 anos. Na idade dela eu já trabalhava e tomava conta da minha própria casa.

—Sério mamãe?- Perguntei impressionada. – Ninguém falava mal da senhora?

—Não. –Ela respondeu. – É normal na minha antiga terra.-Mamãe olhou de uma forma estranha para papai. Mas não vamos fugir do assunto, faremos esse baile.

—Está bem.-Falei.