Dramione - Start a Fire escrita por Anne Bridgerton


Capítulo 8
What do you want from me?


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas! Minha rotina esta meio corrida, por isso não tenho postado diariamente. Mas aí está. Espero que gostem!



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Fiquei ali, tenho certeza, com cara de retardada, olhando para Malfoy, que tinha o sorriso de lado de sempre. No entanto, quando me pronunciei, minha voz estava firme:

– Senhor, acho que não será necessário. – disse isso ainda virada para o loiro, colocando no meu olhar toda a raiva que estava dele. Este não demonstrava reação nenhuma.

Isso me deu mais raiva ainda.

– Pelo contrário, Srtª Granger. Você é muito talentosa, então é bom que continue treinando para se tornar ainda melhor. O Sr. Malfoy estava livre, então farão dupla. Sem mas. – finalizou quando ia protestar.

Bufei, irritada, mas me posicionei.

Nem dei tempo para Malfoy se endireitar e lancei, com toda a minha raiva, o feitiço “Estupefaça” nele, que, pego desprevenido, foi lançado longe, em direção aos fundos da sala. Ao contrário do que fiz com Simas, não me movi para ajudá-lo, deixando que se levantasse sozinho.

Ao ficar de pé, se encaminhou de volta ao seu posto, o sorriso debochado ainda ali. Por acaso ele estava afim de morrer?

– Está brava, Granger? Quer se vingar de mim?

Levantei minha varinha e gritei repetidamente em minha mente “ESTUPEFAÇA! ESTUPEFAÇA! ESTUPEFAÇA! ESTUPEFAÇA!”. No entanto, Malfoy agora estava preparado, se protegendo do meu ataque de fúria com repetidos Protegos.

Abaixei minha varinha, decepcionada por não ter conseguido acertá-lo uma única vez. Ele riu, sem graça.

– Já cansou? Nossa, até que foi bem fácil te vencer. Acho que a raiva não foi combustível suficiente.

Ah, não, aquela foi demais, ele não me rebaixaria, não de novo! Ensandecida, disparei todos os feitiços que pude pensar.

“DESTRUCCIO! FLIPENDO! LEVICORPUS! CONJUCTIVITIS! RICTUMSEMPRA! INCENDIO! ASCENDIO!” Lançava um raio atrás do outro, em uma onda tão frenética que Malfoy teve dificuldades para se proteger. Quando achou que havia terminado, abaixou sua varinha. Aproveitei esse momento de baixa guarda e lancei o primeiro feitiço que me ocorreu.

“PETRIFICUS TOTALUS”.

Posso dizer que me dividi nesse momento: sim, senti um prazer doentio ao ver Malfoy sendo pego de surpresa ao ficar imobilizado e cair duro como uma pedra no chão. Mas me senti um pouco culpada também – por quê? Não me pergunte porque eu não faço ideia. Mas a satisfação era maior, então joguei a culpa para escanteio e fiquei ali, apreciando a cena, até que Lockhart apareceu, do nada, ao meu lado.

– Hum, Srtª Granger, acho que levou o treino um pouco a sério demais. – ficou olhando Draco caído no chão, com a surpresa estampada no rosto congelado. Era o que mais me alegrava ali!

– O que posso dizer, professor? Eu gosto das coisas bem feitas. – sorri de lado, cruzando os braços. Ele olhou para mim, parecendo não saber se brigava ou parabenizava. Suspirou.

– Bom, então acho que seu objetivo foi alcançado. – fez uma meia reverência. Se endireitou e passou a se dirigir a todos. – Já está bom por hoje alunos, meus parabéns á todos. Estão liberados. – estava pronta para me virar e sair, quando Gilderoy me chamou. – Menos você, Srtª Granger. Creio que terá que fazer companhia ao Sr. Malfoy até o efeito do feitiço passar.

Balancei a cabeça, incrédula. Como assim? Eu queria me livrar dele e agora teria que ficar ali de babá? Olhei para a porta e vi que todos os alunos já tinham saído. Droga, não tinha ninguém pra me pendurar em cima como desculpa! Me voltei para Lockhart.

– Mas professor, eu...

– Ah-ah-ah! – levantou o dedo, como se fosse uma criança fazendo malcriação. – Srtª Granger, não podemos deixá-lo aqui desse jeito. O efeito logo passará, mas, infelizmente, não tenho esse tempo para vigiá-lo eu mesmo. Mas como a Srtª foi a administradora do feitiço, nada mais justo que fique.

– Gild... Professor! – me corrigi rapidamente. – O senhor não está entendendo: Malfoy e eu temos alguns problemas, acho que não seria uma boa ideia nos deixar, hã, próximos, por agora. – levantei a sobrancelha e sorri esperançosa. No entanto, o professor nem vacilou. Pegou sua pasta e se dirigiu a mim.

– Srtª Granger, com todo respeito, vocês já passarão boa parte deste ano “próximos” – enfatizou as aspas. -, então, a meu ver, o melhor seria que se resolvessem de uma vez, do que ter que passar um período desconfortável em seu próprio dormitório. Agora, se me der licença... – saiu andando, mas parou na porta. – E não se esqueçam de ajeitar as cadeiras. – dito isso, sumiu pelo corredor.

Bufei de raiva. Quer dizer que, além de babá, eu daria uma de dublê do Filtch ali?

Olhei para Malfoy jogado no chão. Fui me aproximando lentamente, sempre fitando o rosto do loiro. Aquela visão trouxe á minha mente, quase que em um fluxo, todos os momentos em que ele havia me chamado de sangue-ruim, desde a primeira vez... “Ninguém pediu a sua opinião, sujeitinha de sangue-ruim!”... Até a de alguns dias atrás... “Você vai sujar a cabine com esse seu sangue sujo”...

Além de todos os outros insultos, todas as provocações, todas as humilhações, as noites que chorei de raiva, a tristeza que ele me fez passar, a jeito como me manipulou, tudo isso sem nunca demonstrar remorso, sempre se achando superior, sempre achando que poderia pisar em quem quisesse... Esses pensamentos foram se amontoando, um em cima do outro, me deixando com uma raiva cega, fazendo com que eu cerrasse os punhos e trincasse o maxilar, me aproximando mais e mais de Malfoy. Eu sentia raiva de cada centímetro que via dele.

Até que parei em seus olhos.

Inconscientemente, meus punhos foram relaxando. Eu encarava aquelas íris e esperava ver tudo - deboche, raiva, indignação, neutralidade, tudo -, menos o que estava ali: um pouco de surpresa, mas esta ofuscada pela melancolia, por um remorso que escurecia seus olhos.

Franzi a testa lentamente. Pra ser sincera, tinha achado que estava louca por achar ter visto qualquer indício de tristeza em seus olhos ao longo do dia, mas ao que parecia eu... Estava certa. E aquela constatação me assustou além de qualquer outra coisa. Digo, Draco não era bem conhecido por se arrepender das coisas.

Estava realmente confusa. Não sabia o que pensar daquilo, ou se eu DEVIA pensar alguma coisa sobre aquilo. Me lembrei da vontade que tive de conversar com ele sobre o que o estava afligindo ao encontrá-lo com o sono perturbado. É, ela estava de volta. Olhei para baixo, direto para Malfoy, e sabia que ele me via e me ouvia. Sentei ao lado dele e suspirei pesadamente.

– Acho que vou aproveitar esse momento em que você está de boca calada e... Bom, te falar umas verdades, sem que você diga asneiras de volta. – passei a mão pelo cabelo, tomando coragem. Inspirei.

– Sabe, eu estava muito bem com a nossa relação de antes. De verdade, era bem mais fácil. Eu sabia que você me odiava, então te odiava de volta. Mas agora, eu sinceramente não sei o que pensar. Primeiro, teve aquela cena no trem, não pense que me esqueci. Depois, você me agarra no nosso dormitório e, mais tarde, me protege como... Como se me ver machucada fosse um insulto a você! Mas quando tento me aproximar, você me afasta com ofensas! – joguei os braços pra cima, exasperada. – Eu... Eu não entendo. Você manda eu me afastar e depois fica com essa cara de depressivo! Sim, porque não pense que não vejo seus olhares tristes, porque eu vejo. Consigo vê-lo agora. Vi até mesmo hoje de manhã em meio aos seus insultos. Então eu não sei, não sei se fico com raiva ou se te procuro pra conversar, porque mesmo que meu orgulho me diga pra mandar você se danar, alguma coisa em você me chama. Alguma coisa me atrai, como um ímã, e isso me deixa louca. – passei a mão pelo rosto, confusa.

Fechei os olhos por um instante, lutando contra algumas lágrimas. Não sabia por que queria chorar. Estava tudo muito complicado. Pressionei as pálpebras até sentir as gotinhas voltarem.

Quando abri novamente os olhos, Draco já se encontrava livre do feitiço, mas continuava na mesma posição, estirado no chão. A mesma tristeza nos olhos, que desta vez era a única coisa presente neles. Respirei pesadamente; não conseguia entender. Eu queria ficar com raiva dele, mas aquela cena estava acabando comigo.

Não sabia mais o que pensar, sobre nada.

– Afinal, o que você quer de mim, Draco?

Malfoy prendeu o ar, surpreso. Não entendi o motivo até que repassei mentalmente o que havia acabado de dizer. Eu o havia chamado pelo primeiro nome!

Fechei os olhos novamente. Certo, tinha sido apenas um deslize. Ele não havia reclamado, estava tudo bem. Eu podia simplesmente ignorar e continuar normalmente.

Enquanto isso rondava minha mente, por estar de olhos fechados, não vi o discreto sorriso que nasceu nos lábios do loiro deitado á minha frente.

No entanto, quando abri os olhos, o sorriso já não estava mais lá.

Cansada do silêncio dele, me levantei, alisando minha saia. Malfoy continuou na mesma posição enquanto me dirigia para a porta. Ao chegar nela, me virei para o loiro, que me observava pelo canto do olho.

– Não se esqueça de arrumar as cadeiras. – me virei e saí, sentindo um desânimo que fazia minhas pernas parecerem pesar toneladas.


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Notas finais do capítulo

... podem esperar pela treta... ;)