Dramione - Start a Fire escrita por Anne Bridgerton


Capítulo 4
What is he doing here?


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas, tudo ok?



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Quando entrei, a seleção dos alunos novos já tinha acontecido, esse ano feita pela professora Sprout. Minha casa ganhou alguns alunos, mas não reparei nas outras.

Já na mesa da Grifinória, me sentei ao lado de Rony, de frente para Gina e Harry. Aqueles dois não se desgrudavam desde que tinham começado, finalmente, a namorar. Mas eu entendia: depois de tudo o que passaram, era compreensível que quisessem passar o maior tempo possível juntos, e estavam muito felizes assim. Tudo bem, né?

Infelizmente, não podia dizer o mesmo da pessoa que me arrumaram para suportar durante o resto do ano. Fechei a cara com o pensamento, o que Harry percebeu:

– O que houve, Mione? Tudo bem?

Sua pergunta despertou uma Gina a meio caminho de beijá-lo. Esta olhou para mim e percebeu meu “discreto” mau humor.

– Você está com uma cara horrível! Aconteceu alguma coisa? – largou Harry e se inclinou para mim – ok, a cara de dó que ele fez foi hilária!

Agora, pensando na pergunta de Gina, repassei mentalmente minhas últimas horas e engoli em seco: é, era aterrorizante.

– Acho que você não quer saber.

Olhei além da cabeça dela para a mesa da Sonserina, encontrando uma massa de cabelos claros até demais. Malfoy estava imerso numa conversa com Zabini – taí, outro maluco. A ruiva notou minha tensão e também olhou para trás.

– O que aconteceu nesse tempo que você ficou longe da gente? – ouvi isso vagamente, pois continuava com o olhar vidrado, comendo o cérebro de Malfoy com os olhos, até que Gina disse um pouco alto de mais. – E o que você tanto olha na mesa da Sonserina? – olhou irritada pra trás de novo, junto com metade da Grifinória.

Dessa vez, Malfoy parou de conversar e olhou diretamente para mim, como se já soubesse exatamente onde eu estava. Seus olhos encontraram os meus e, por um instante, me senti como se estivesse nua perante seu olhar.

Fiquei paralisada por alguns segundos, e, ao me recompor, ele respondeu minha pequena falha mental com uma piscada. Eu juro, se Gina não estivesse segurando minha mão por sobre aquela mesa, eu teria levantado e estuporado aquele loiro falso.

– Hermione, o.que.aconteceu? – Gina apertou minha mão um pouco forte demais. Suspirei pesadamente.

– Sabe o que é, Gina... – ia começar a explicar meu mais recente inferno pessoal, quando a voz magicamente ampliada da diretora me interrompeu. Dei de ombros para minha amiga como se dissesse “desculpa” e me virei para escutar. Depois de me encarar por mais alguns segundos, ela fez o mesmo.

Ufa! Por pouco tinha acabado de ser evitada outra guerra bruxa, dessa vez pior – tudo bem que seria engraçado ver Harry e Rony acertarem uns murros na cara do Malfoy, mas conhecendo aqueles dois, também sobraria briga pra mim, mesmo eu não tendo feito PORCARIA nenhuma.

Salvar temporariamente a minha pele era o mínimo que aquela senhora MARAVILHOSA poderia fazer depois de me colocar na minha cova e jogar terra em cima. Pode continuar falando aí!

– Boa noite, alunos, e sejam bem-vindos. Após esse período negro na história da magia, aqui nos encontramos, firmes e fortes, apesar de todas as perdas, que com certeza deixarão saudades, mas sempre estarão em nossos corações. Nesse momento, pela segunda vez no dia, me lembrei de todos que haviam se sacrificado... Uma lágrima ameaçou descer, mas a limpei antes disso. Rony percebeu e me deu um sorriso, apesar de haver, ao longe, um pouco de tristeza nesse. Sorri de volta: sabia que ele pensava, apesar de todos, em Fred.

Minerva continuava seu monólogo.

– Mas não temos mais o que temer. Voldemort está morto. Finalmente, estamos em paz! – palmas e assobios foram ouvidos com essa declaração; eu gritava um “É” animado. A diretora riu. – Sim, sim, mas vocês não querem ficar ouvindo discurso, não é? Estão com um olho em mim e outro no prato. – nossa, como ela adivinhou? Sherlock Holmes!

– Mas... Antes que ataquem as mesas, gostaria de lhes apresentar, ou melhor, reapresentar seu professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. – só aí notei uma figura encapuzada, sentada no lugar de Snape. “Será que conseguiram negociar com Merlin e o trouxeram de volta?” Olhei melhor para aquela criatura. “Não, não tem jeito de ser o Snape. Mas engraçado, eu conheço aquela postura...”.

– O professor Gilderoy Lockhart! – o homem que eu encarava se levantou e retirou o capuz, revelando a cabeça loura do meu professor do segundo ano. Minha cabeça explodiu. O que aquela farsa estava fazendo ali?

Depois de Harry me contar o que havia acontecido na Câmara Secreta, passei a ter nojo daquele cara. Mas como ele estava de volta? Todo mundo naquela mesa de professores odiava ele também!

E ele? Estava com a memória de volta? Eu queria ter um bom argumento para justificar meu punho na cara dele.

Olhei para Harry e vi a mesma confusão em seu rosto.

O salão estava em silêncio absoluto. Não sabia quantas pessoas estavam por dentro do incidente de anos atrás, mas mesmo sem saber, nem todos estavam contentes por ter aquele idiota como professor novamente. Prova disso? Uma Gina Weasley assassinando um bolinho em seu prato. Ninguém disse nada até que Gilderoy se pronunciou:

– Bom, sei que não sou nenhuma novidade, por isso, não merecedor de aplausos ou discurso, mas gostaria de dizer que, depois de toda essa guerra, vejo como fui um professor relapso, o quanto de conhecimento lhes neguei enquanto estava preocupado em amaciar meu próprio ego. Sendo assim, me esforçarei ao máximo para lhes compensar e ser um professor digno do seu respeito. – finalizou solene e se sentou novamente Algumas palmas foram ouvidas das mesas da Grifinória, Corvinal e Lufa-Lufa; a Sonserina continuava do mesmo jeito: desinteressada. Também continuei quieta. Seria necessário mais do que um discurso para se desculpar por ter atacado Harry e Rony daquele jeito! – e me iludido! Humpf!

Mas notei uma coisa; aliás, duas coisas: a 1ª era que ele parecia estar novamente com suas memórias, já que se lembrava de que era um bruxo, de como andar sem dar com a cara no chão e das aulas idiotas dele – fala sério, quem pergunta na prova “Qual a minha cor favorita?” Tudo bem que eu sabia a resposta, mas na época eu era uma menina de 12 anos apaixonada por um cara famoso. Dá um desconto!

E 2º, ele não estava mais com aquela pompa toda. Não era mais aquele cara espalhafatoso e cheio de dedos de antes. Ele parecia... Sóbrio. Quase como, em um exemplo bem literal, um bêbado após um banho frio. Isso se confirmava pelas suas vestes e gestos: desde quando ele usava preto? E desde quando era reservado? Estranho.

Perdida nesses pensamentos, não notei quando a diretora havia acabado de falar, sendo acordada por um pedaço de bacon voando na minha cara. Olhei para o bacon e depois para Gina, que me olhava furiosa.

– Podia pelo menos ter mirado na boca.

– Há, há. – debochou. - É sério, como aquele cara tem a cara de pau de pisar aqui de novo? – ela apontou Lockhart com a cabeça, imerso numa conversa com um animado Slughorn.

O que me deu medo era que ele não falava alto nem gesticulava abertamente! Estava neutro e parecia... Sei lá, isolado numa bolha pessoal. COMO ASSIM? Snape tinha encarnado no corpo dele e voltou para nos assombrar? Tinha deixado sua “impressão na terra” grudada na cadeira e se infiltrava em Lockhart? Ok, isso foi um pouco estranho.

– Não sei, mas ele está muito estranho. Parece até... Outra pessoa. – deixei escapar, chamando a atenção de Gina.

– Talvez, mas não vou esquecer o que ele fez com Harry tão rápido. – se voltou para ele, suavizando o olhar, que também não parecia lá muito contente.

– Nem eu. Mas... – parei diante do olhar dela. Como eu continuava viva, nem Merlin sabe, tamanha a fúria que tinha ali – Sei lá, só acho estranho.

Pelo menos ela havia se esquecido de continuar com o interrogatório sobre o meu estado pós-Malfoy. Olhei para Harry, que conversava aos sussurros com Gina. Com as caras que faziam estavam parecendo uma versão barata de Fred e Jorge Weasley. Acho que se alguma coisa suspeita acontecer com o “novo” professor, já sei a quem parabenizar.

Olhei para este, que passava o dedo na borda de sua taça, olhando fixamente para um ponto. Segui seu olhar e me deparei com os olhos de Malfoy sobre mim. Ignorando o estranho fato de ele estar me observando, me voltei para Gilderoy, que ainda estava com atenção concentrada em Draco, o qual também continuava me fitando. Mas o quê que é? Levantei minha cabeça para ele, como que perguntando “O quê?”. Ele não se mexeu, mas após poucos segundos, olhou para a direção do professor, que agora cortava algo em seu prato e ouvia um animado Flitwick. Quando voltou seu olhar para mim, rapidamente virei a cabeça, não esperando para ver sua reação, acabando com aquele joguinho de olha-olha.

Levantei para ir me deitar – tinha sido muita merda para um dia só. Foi quando lembrei: deitar aonde? Eu nem sabia ONDE era o dormitório! Ótimo! Agora eu tinha que esperar os outros e ir acompanhada dos meus dois problemas para onde queria ir para ignorá-los! Podia ser melhor? Suspirei, e encaixei minha perna a meio caminho do chão novamente no banco. Apoiei a cabeça na mão e esperei.

Sinceramente? Depois de tanta esquisitice, eu estava até com medo de encontrar Filtch distribuindo docinhos para os alunos, então fiquei com a cabeça baixa, encarando meu prato. Não queria conversar, estava me preparando psicologicamente, emocionalmente e vários outros “mentes” para aguentar Malfoy.

Depois do que pareceu uma eternidade, Luna apareceu ao meu lado, me chamando para acompanhá-la. Levantei num pulo, dizendo a Rony, Harry e Gina que já iria me deitar e amanhã lhes contaria tudo o que quisessem saber – até porque, se eu não fizesse isso, Gina iria garantir que eu nunca mais falasse nada na vida.

Desejei boa-noite á todos, saindo do Salão com Luna em meu encalço e sendo seguida mais atrás por Draco e, mais MAIS atrás, por Hannah. Merlin, por que raios ela tinha tanto medo do Malfoy? Tudo bem que ele não era a pessoa mais simpática do mundo, mas ela não era trouxa, então ele não seria grosso com ela como é comigo. Querendo ou não, somos parceiros agora, e vamos ter que trabalhar juntos. É só chegar e falar “Malfoy, eu tenho meus direitos de ficar onde quiser, e se me tirar do sério, eu desço-lhe o tapa”. Acabou!

Lá fora, Lockhart já nos esperava. Ele observou todos e pousou seu olhar por mais alguns segundos em mim e em Malfoy, antes de pronunciar:

– Sigam-me. – se virou e saiu andando.

Enlacei meu braço no de Luna e fomos atrás dele, na mesma ordem em que saímos do Salão. A loira ao meu lado, como sempre, se encontrava no mundo da Lua, e eu, pelo menos naquele momento, não estava muito diferente. Diversos pensamentos rondavam minha cabeça, e o fato daquele homem á minha frente... Estar á minha frente não ajudava muito. Não olhei para trás uma única vez: não queria olhar para Draco. Já Luna não seguiu a mesma política. Depois de olhar para trás algumas vezes, me perguntou:

– Hermione, por que o Malfoy fica te encarando?

Wow. Direta ela, não?

– Não sei, não quero saber, e amaldiçoo quem me contar. – disse, um pouco ríspida demais. Luna não tinha culpa nenhuma, mas ela havia tocado num ponto que não era pra tocar.

Depois disso ela não me perguntou mais nada. Ficamos em silêncio, prestando atenção no caminho. Mentira, eu só passei a prestar atenção quando estávamos no sétimo andar, o que não entendi, já que ali era onde estavam os dormitórios normais. Mas passamos direto pelo quadro da Mulher Gorda, nos dirigindo para o final do corredor, onde estavam duas estátuas, uma á esquerda, com uma cobra enrolada em um leão, e a outra, á direita, com uma águia pousada em um texugo.

Entre elas havia apenas a parede. Olhei para aquilo sem entender, mas logo Gilderoy disse “Draco Dormiens Nunquam Titillandus”. Com isso, uma porta lentamente se formou no espaço entre as duas estátuas. Ah, ok, o lema de Hogwarts funcionava como senha, muito esperto, muito lindo.

O professor girou a maçaneta dourada e abriu a porta, revelando um cômodo enorme, como uma sala comunal, mas duas vezes maior, com as paredes em branco e o símbolo das casas de Hogwarts gravados em preto. O chão era coberto por um tapete marfim, enquanto o teto era enfeitiçado como o Salão Principal para parecer o céu! Era lindo! Havia dois sofás pretos no centro, em torno de uma mesa de granito preto. Estantes cheias de livros ocupavam as paredes, e essa era praticamente toda a mobília, além de alguns pufes e almofadas das cores das casas espalhados pelos cantos.

Em uma extremidade da sala, saía uma escada, que seguia para um segundo andar, em que tinha duas portas: uma com a escultura de uma cabeça de leão por cima e a outra, com uma cabeça de cobra. Na outra extremidade, havia a mesma escada com as mesmas portas no segundo andar, mas estas com as cabeças de uma águia e de um texugo. Gilderoy quebrou o silêncio maravilhado de todos.

– Acho que como já puderam assimilar, á esquerda é onde estão os quartos da srtª Granger e do Sr. Malfoy, e á direita, das Srtªs Lovegood e Abbott. – nos olhou com expectativa nos olhos. – Vão conferir.

Malfoy e eu subimos a escada praticamente correndo, enquanto Luna saltitava como sempre, e Hannah subia... Normalmente. Abri a porta de supetão e me deparei com outro cômodo de dois andares. Onde eles arrumavam tanto andar? Não importa, era incrível!

A diferença daquela sala comunal para a de baixo era que não havia a mesa de granito no centro e os dois sofás eram curvados, imitando dois meio círculos, em torno de um tapete circular marfim. As paredes eram brancas, mas a parede da esquerda estava com os panos vermelhos com o brasão da Grifinória e a da direita, com o da Sonserina. Havia apenas uma estante com livros, situada no meio da parede paralela á da porta. Saía uma escada em semi-espiral de cada lado da estante, dando para o segundo andar – ou seria o terceiro? -, onde haviam duas portas. Como a parede da esquerda estava decorada com as cores da Grifinória, supus que a porta desse lado seria a do meu quarto. Malfoy pareceu ter tido a mesma ideia, já que seguiu para a escada oposta á minha.

Como estava maravilhada com aquele lugar, estava praticamente ignorando sua existência, o que estava me fazendo muito bem, obrigada. Abri a porta de supetão e meu primeiro pensamento foi “Malfoy que se dane, eu nunca mais saio daqui!” O quarto era simplesmente LINDO! As paredes eram em um tom de marfim, e no teto havia um pequeno candelabro cobre pendurado.

Minha cama era de dossel, com os panos transparentes e detalhados em alguns pontos em vinho. Minha roupa de cama era completamente vinho e as barras da cama, douradas. Dos dois lados da cama havia mesinhas de mogno, além de uma cadeira marfim e marrom em uma parede, sobre a qual estava minha mala. Meu guarda-roupa se encontrava na parede oposta. Ao lado da minha cama, havia uma porta, com cortinas brancas, que dava para uma sacada. A porta estava aberta, fazendo com que entrasse um delicioso vento noturno, balançado as cortinas.

Deixando minha mala intocada, abri ainda mais a porta e saí, sendo acariciada por uma leve brisa, típica do outono. Fechei os olhos e deixei a natureza levar embora todos os meus pensamentos. Naquela hora, eu não tinha mais que me preocupar nem com Malfoy, nem com a esquisitice do Gilderoy. Era apenas eu e eu mesma.

Quando abri os olhos novamente, percebi que havia uma outra sacada, saindo do quarto que provavelmente era do Malfoy, com cortinas pretas que tremulavam para dentro e para fora do outro cômodo.

Por mais que quisesse ficar ali fora, não estava a fim de encontrar com Draco. Então, me apoiei na sacada para dar uma rápida analisada na paisagem antes de entrar. O céu estava estrelado, com uma linda lua lançando uma luz fraca pelo terreno. Podia ver o Salgueiro Lutador, inocentemente balançando sua folhagem e, mais ao longe, a cabana de Hagrid. Devido á pouca iluminação, não conseguia ver muita coisa, mas ainda assim era uma bela vista.

Virei para entrar, mas já era tarde demais: Malfoy se encontrava apoiado no batente da porta, me fitando por entre as cortinas pretas. Por um momento, o ar me faltou. Ele estava me olhando, com os braços cruzados e os olhos indecifráveis, as mangas do uniforme dobradas até os cotovelos, a brisa balançando seus cabelos loiros, dando-o um ar de mistério e sensualidade...

E fui arrastada de volta á realidade porque ele tinha que abrir a boca e estragar aquela imagem:

– Apreciando a vista, Granger?

– Sim, algum problema?

– Nenhum. Apenas preocupado com as criaturas que rondam á noite. – se desencostou da batente. – Elas podem se assustar com você. – e entrou. Rolei os olhos.

Como Malfoy já havia estragado o meu momento de tentar relaxar, também entrei e só dessa vez notei uma porta branca na parede esquerda. A abri e soltei um assobio. Aquele era o meu banheiro? Mesmo? Sem pegadinha? Era tão lindo quanto o resto!

Corri para pegar meu pijama e tomar um banho antes de dormir. O banheiro era quase todo branco. Os azulejos nas paredes eram brancos, assim como o chão. Havia uma bancada retangular acoplada á parede, suspensa, e espelho, ambos brancos. Diversos sais e cremes já se encontravam sobre a bancada. Embaixo desta estava uma prateleira de madeira com toalhas vermelhas sobre ela. A banheira, branca, estava no fundo do banheiro. Algumas chamas se encontravam em alguns pontos das paredes, animadas por magia.

Me despi e fiz um coque. Abri a torneira e deixei a água quente sair, adicionando alguns sais e logo havia espuma. Quando a água já estava bem alta, entrei e ali me esqueci do mundo. Sério, eu parecia uma criança de dois anos brincando com a espuma, a soprando para cima e a observando cair. Levantava meus braços e pernas, espalhando a espuma no ar, fingindo ser neve.

Ali, me divertindo, tão inocentemente, me lembrei de Malfoy. Não sei por que, já que Malfoy e inocência são dois extremos, mas a cena dele na sacada me veio á cabeça. Por que havia pensado aquelas coisas? Tudo bem, naquele momento ele estava bem parecido com os heróis dos livros trouxas que eu sempre leio, mas eu sabia o que se encontrava além das aparências, e sabia que ele não se parecia em nada com nada dos meus livros.

Tá, eu não iria falar que Draco Malfoy era feio, porque não era. Mas a quantidade de ofensas que ele me dirigia e o seu caráter sempre ofuscaram isso. O ódio me fazia ver apenas um garoto metido e sem-noção, que era pálido demais e tinha uma voz arrastada. E ele não havia mudado, então por que eu havia reparado agora? E por que ele estava me observando naquela hora?

Quando tive esse pensamento, Draco invadiu meu banheiro. Dei um grito e tentei me cobrir com o que tinha em mãos – no caso espuma. Ele levou um susto com a cena, como se tivesse levado um choque, mas não se mexeu e ficou parado ali na porta, com a mão na maçaneta e olhando pra mim. Merlin, quando as pessoas dizem “Falando no diabo ele aparece”, elas não estão brincando!

– O QUE VOCÊ QUER, MALFOY? – gritei quando vi que ele não se mexia. Ele balançou a cabeça, voltando á realidade e anunciou:

– Eu estava te procurando pra avisar que as rondas começam amanhã. Lockhart avisou. – acrescentou diante do meu olhar desconfiado. – Te espero no terceiro andar amanhã, às 21h. Não se atrase.

– Ok, tá, agora SAI! – meio gritei, meio rosnei, o que ele respondeu com uma risada e levantou as mãos, em sinal de rendição. Cara abusado! Já ia me encostar na banheira novamente, quando o ouvi dizer:

– A propósito, belas pernas. – deu um sorriso safado, fechando a porta rapidamente no momento em que lançava um pé do meu sapato nele. Ainda ouvi sua risada enquanto saía do quarto. Apurei meus ouvidos, completamente escondida pela água, para me certificar se ele realmente havia ido embora. Mas, de novo, quem disse que eu consegui relaxar? Desistindo da ideia, saí da banheira, a deixando esvaziar enquanto me secava.

Coloquei meu pijama de seda: um short e uma blusa de alcinha, ambos pretos. Saí do banheiro cautelosa, conferindo se estava realmente sozinha. Quando constatei que sim, me joguei na cama, de costas. A porta da sacada continuava aberta, e ficaria assim. Sempre tinha gostado daquele vendo noturno de fim de verão.

Olhando para o teto, diversas imagens do dia invadiram minha mente: a “briga” com Malfoy no trem, a conversa com McGonagall, a estranha timidez de Hannah e a relativa frieza de Gilderoy. Com aqueles pensamentos, embalada pelo sussurro das folhas, rapidamente adormeci, com uma única pergunta na cabeça: “O que está acontecendo?”.


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Notas finais do capítulo

E então? Coloquei só alguns diálogozinhos entre a Mione e o Draco, mas acho que deu pra sacar que o ponto principal do capítulo foi outro, né?! O que você acham que vai acontecer, hein? ;P



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