Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 24
21º Capítulo – Retorno a Forks


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo foi escrito com a colaboração da minha irmã mais velha, Sara, que é a minha co-autora.
Espero que gostem.
Bjs



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(Bella POV)

As palavras de Mary ainda me ecoavam na mente quando regressámos à casa da Avó. Claro que nós sabíamos o que aí vinha... O ataque de James. Embora eu tivesse a estranha sensação de que elas não se referiam apenas a isso.
Olhei para Edward, o seu rosto estava com uma expressão distante, não precisava de entrar na sua mente para saber o que lhe estava a passar pela cabeça, sabia perfeitamente que ele estava a pensar no mesmo que eu. Suspirei, atraindo o seu olhar que ficou instantaneamente curioso, eu apenas balancei a cabeça deixando-o saber que estava tudo bem. Ou quase tudo.
Quando chegámos a casa, já lá estavam todos, Alice e Jasper estavam sentados com Mary, achei curioso o modo como elas eram tão parecidas, como eu e a Avó éramos. Angel e Isabel olhavam pela janela para o jardim, observando o Sol a pôr-se no horizonte; Esme e Carlisle conversavam num dos cantos da sala; Rosalie e Emmett também pareciam distraídos por alguma conversa entre os dois; Ana estava sentada num dos sofás brancos da Avó e eu reparei como os seus olhos ganhavam e perdiam o foco rapidamente dando a entender que ela estava a ter visões; Emily e Joe estavam sentados também e então o Pai, encostado à parede a observar todos os outros. Aproximei-me dele, querendo estar um pouco a sós com o meu progenitor.
- Que tal irmos lá fora um bocado? – Ele sugeriu-me passando um braço sobre os meus ombros.
Assenti e dirigimo-nos ao jardim nas traseiras. A noite começava a proclamar o lugar do dia, a lua já se encontrava posicionada no horizonte esperando que o sol se deitasse, os grilos começavam a cantar as suas melodias calmas escondidos entre a vegetação. Charlie e eu sentámo-nos nas escadas do alpendre, olhando para o vazio.
- As coisas vão correr bem. – Ele disse, cortando o silêncio. – Nenhum de nós vai deixar que o James te magoe. Eu prometo-te, Bella.
- Não é por mim que temo, sabes disso. – Disse-lhe sem olhar para ele. – Sabes que temo mais que algum de vocês saía magoado do que eu.
- E isso é uma tolice! – A voz troante de Angel emergiu atrás de nós, fazendo-nos virar na sua direcção. – Sabes que somos mais e mais fortes que o James.
- Não tão fortes! – Contradisse-o. – O sangue animal deixa-vos mais fracos que o sangue humano.
- Isso é verdade, mas nós sabemos utilizar as vantagens que temos contra os nossos oponentes, querida. – Isabel surgiu ao lado do marido, sorrindo calmamente. – Temos anos de experiência.
Tudo o que eles diziam era verdade, mas eu não conseguia deixar de sentir um aperto no peito só de pensar que todos eles estariam a menos de cem milhas do vampiro que me ía caçar. Eu não o temia realmente como todos pensavam... Eu odiava-o, ele iria retirar-nos o sossego, ele iria destruir a tranquilidade que nos levara demasiado tempo a criar...
Não reparara mas nos lábios de Angel, um sorriso crescia, um sorriso que eu conhecia bem demais.
- Cullens! Venham cá pra fora! – Angel disse, o seu tom não muito alto, mas eu sabia que eles seriam capazes de o ouvir.
E todos apareceram no alpendre em poucos segundos seguidos de Mary e a Avó. Todos carregavam uma expressão curiosa, menos Alice, Mary, a Avó, Ana e Emily que pareciam estar satisfeitas em parte por qualquer ideia que Angel tivesse tido.
- Cuidado, Angel, há aqui pessoas que não têm tolerância zero a esse género de actividades. – Alice avisou-o, um pequeno sorriso a brincar nos seus lábios.
- Sim, tio. Não me parece que o parceiro dela vá achar muita piada ao teu género de dança. – Disse Ana com um sorriso zombeteiro.
Assim que a minha gémea disse a palavra dança, eu soube qual era a ideia de Angel. Olhei para o meu tio predilecto e o seu rosto dava a entender que ele já percebera que eu tinha entendido.
- Isabella, queres dançar?! – Ele perguntou fazendo uma vénia como se me estivesse mesmo a convidar para dançar.
- Com todo o gosto, Angelus.
Levantei-me do degrau e aproximei-me de Edward para lhe dar um leve beijo nos lábios, os seus olhos encaravam-me com suspeita, procurando nos meus o significado das palavras de Angel, eu apenas lhe sorri tentando assegurá-lo de que tudo ficaria bem, embora eu soubesse que ele iria passar-se.
Caminhei calmamente até o meio do relvado onde Angel já me esperava.
- Meninos, não me estraguem as flores, por favor. – A Avó pediu enquanto se sentava no banco de madeira.
- Não se preocupe. – Dissémos os dois, sorrindo em seguida.
Comecei a descontrair-me, sentindo a magia alterar o meu corpo calmamente, senti as minhas pernas formigarem com a vontade de correr tão depressa como o vento, os meus braços ardiam levemente com a força acomulada pronta a ser solta e o meu coração batia com mais frequência com a adernalina.
- Pronta? – Angel perguntou-me imitando o meu sorriso predador.
- Sempre.
E com aquelas palavras começámos a circundar um ao outro, esperando encontrar uma entrada para atacar.
- O que é que eles estão a fazer? – Ouvi Edward perguntar, mas a minha mente estava demasiado focada em Angel e no meu modo predador para se preocupar realmente com o que se passava à minha volta.
- A dançar. – Emily respondeu-lhe algures com demasiada inocência na voz.
Todos os meus instintos estavam à flor da pele, mas então algo chamou à minha atenção. Olhei para o chão, para os meus pés e fiquei ligeiramente irritada, tinha os ténis calçados. Angel pareceu pensar o mesmo que eu, pelo que ambos nos descalçámos, ficando com os pés em pleno contacto com o relvado macio da Avó. E estávamos outra vez em modo de caça. Na minha frente só estava Angel e na minha mente todos os possíveis modos de ataque, estudando as minhas vantagens e as desvantagens.
Os passos eram calculados com tanto cuidado que chegavam a demorar trinta segundos a dar, por isso o circulo era movimentado muito lentamente.
Estás à espera do quê? A minha mente perguntou. Ataca!
Não, respondi, Calma.
Eu sabia quando tinha que atacar... Angel era previsível... e impaciente. Era o que me dava a vitória, geralmente. E como eu previra, Angel cansou-se com a espera e lançou-se contra mim, facilmente me desviei do seu ataque para conseguir atingí-lo na cabeça. E então a espera acabou, os passos lentos foram trocados por investidas rápidas do lado de Angel e desvios ágeis e velozes do meu.
Tão depressa como começou acabou. Angel deu uma última investida, eu deitei-o por terra para ficar por cima e empurrei-lhe a cabeça contra o chão, expondo-lhe o pescoço.
- Ganhei. – Sussurrei ao ouvido do meu padrinho.
- Outra vez. – Ele disse enquanto o seu maxilar ainda se encontrava encostado ao chão.
Saí de cima dele deixando-o levantar-se, um sorriso convencido nos meus lábios. Procurei por Edward no meio da multidão no alpendre, os seus olhos estavam arregalados e ele parecia apavorado. Antes mesmo que eu tivesse pensado em mover-me, já estava perto dele e o seu rosto estava com uma expressão indecifrável.
- Não tenhas medo. – Pedi-lhe, elevando a minha mão para o seu rosto, querendo fazer com que aquela expressão desaparecesse.
- Ter medo? – Ele perguntou com sarcásmo na voz. – Tu acabaste de lutar contra um vampiro!
- E ganhei. – Disse num tom de voz mais baixo, temendo que a sua reacção fosse ainda pior.
- Por sorte! – As palavras saíram dos seus lábios como se isso fosse mesmo verdade.
Sorte?! Ele julgava que eu tinha tido sorte?!
- Sorte?!
- Sim, Bella! Sorte! E porque ele te deixou ganhar, estou certo! – Ele exclamou.
Ele estava a passar dos limites!
- Podias ter-te magoado!
PAF!
Ainda tinha a minha mão no ar e sentia os olhos arderem com as lágrimas que queriam cair, nunca me sentira tão revoltada em toda a minha vida, nunca ninguém duvidara realmente dos meus poderes, das minhas capacidades! Edward estava com o rosto virado, a marca da minha mão estava no seu rosto por mais incrível que parecesse.
- Nunca.mais.me.digas.isso! – Disse-lhe lentamente, odiando com todas as particulas do meu ser aquele vampiro.
Virei-me para sair a correr dali, mas uma mão fria agarrou-me no pulso. Eu sabia perfeitamente quem era e senti as lágrimas caírem-me dos olhos.
- Bella... – A sua voz de veludo trouxe uma nova onda de dor e lágrimas. – Por favor.
- Larga-me, Edward Cullen. – Disse-lhe por entre dentes, temendo que a minha voz me falhasse. – Estou a avisar-te.
- Por favor, ouve-me. – Ele insistiu.
- Eu disse... Larga-me.
Não foi preciso muito, uma onda de poder veio do centro do meu corpo e através do meu braço empurrou Edward contra a parede. Parte de mim preocupou-se se ele se tinha magoado, mas a outra parte sentia-se demasiado magoada para sequer se importar com o que ele sentia. Corri mais depressa do que alguma vez tinha corrido, sentia o chão sob os meus pés e o vento a puxar-me os cabelos para trás enquanto corria por entre as árvores da floresta.


(Edward POV)

O caminho para a casa de Marie foi feito em silêncio, tanto eu como Bella perdidos em pensamentos. Eu tentava decifrar as palavras de Mary, desejando profundamente que nas suas palavras existisse a solução para os nossos problemas. Ouvi o meu anjo suspirar e olhei para ela, a sua mente estava fechada e isso só me fazia relembrar a minha curiosidade pelos seus pensamentos, olhei para o seu rosto e ela apenas abanou a cabeça, como se me dissesse que não se passava nada.
Entrámos em casa ainda em silêncio, reparei que todos estavam com os seus respectivos pares. Bella saiu dos meus braços e dirigiu-se para o seu pai, deixei-a ir, sabia bem que ela precisava de estar com ele. Vi-os sair para a parte traseira da casa, mas não os segui, fiquei apenas a observar o sol pôr-se pela janela da sala.
Pouco depois reparei que Angel tinha saído da sala e ouvi-o na rua juntar-se à conversa da minha amada com o pai.
- E isso é uma tolice! – Angel disse. - Sabes que somos mais e mais fortes que o James.
- Não tão fortes! – Ela contradisse-o e eu abanei a cabeça. Nem acredito que ela se esteja mesmo a preocupar com aquilo. - O sangue animal deixa-vos mais fracos que o sangue humano.
Ela tinha razão, mas não ía ser isso que nos ía fazer perder contra o sádico que nos ía atacar.
- Isso é verdade, mas nós sabemos utilizar as vantagens que temos contra os nossos oponentes, querida. – Isabel disse e só então percebi que ela não estava na sala. - Temos anos de experiência.
Eles ficaram um pouco em silêncio e então a voz de Angel fez-se ouvir novamente.
- Cullens! Venham cá pra fora!
Todos nos levantámos e seguímos para o pórtico das traseiras, Alice, Mary, Marie, Ana e Emily pareciam estar a achar imensa piada a algo, mas todas pareciam estar a bloquear-me. Que estranho.
- Cuidado, Angel, há aqui pessoas que não têm tolerância zero a esse género de actividades. – Alice disse e... foi só impressão minha ou ela olhou para mim de esguelha?
- Sim, tio. – Ana concordou e então o seu sorriso tornou-se em torcista. - Não me parece que o parceiro dela vá achar muita piada ao teu género de dança.
Dança? Que tipo de dança? Porque é que elas estavam a usar tanto secretismo só para dança? Estas mulheres...
O sorriso de Angel aumentou e ele virou-se para Bella, vi o entendimento nos seus olhos, mas não esperei que ela me fosse dizer alguma coisa.
- Isabella, queres dançar?! – Angel perguntou fazendo uma vénia.
- Com todo o gosto, Angelus. – Bella respondeu-lhe levantando-se do seu lugar no degrau de madeira.
Ela aproximou-se de mim e deu-me um leve beijo nos lábios, fiquei sem perceber nada, o que é que se estava a passar? Ela sorriu-me carinhosamente e eu achei melhor confiar nela. Vi-a afastar-se e dirigir-se ao relvado onde Angel já a esperava. Eu tinha a leve impressão de que não ía gostar do que se ía passar a seguir.
- Meninos, não me estraguem as flores, por favor. – Marie disse sentando-se no banco de madeira junto à janela.
- Não se preocupe. – Ambos responderam ao mesmo tempo com um sorriso idêntico a surgir nos seus lábios.
- Pronta? – Angel perguntou-lhe com um sorriso que eu já vira imensas vezes no rosto de Emmett.
- Sempre. – Ela respondeu-lhe com o mesmo sorriso.
Eu sem dúvida que não ía gostar disto. Eles começaram a andar em circulo, circundando um ao outro, como se fossem... lutar.
- O que é que eles estão a fazer? – Perguntei alarmado.
- A dançar. – Emily respondeu-me com um sorriso nada inocente no rosto.
Oh não. Ela não podia fazer isso! Ela iria magoar-se seriamente. Angel era um vampiro! Força bruta acima de tudo! Ela tinha enlouquecido? E ele?! O que é que ele estava a pensar?!
Tentei sair da varanda, para impedi-los de lutarem, mas Isabel impediu-me, fazendo-me sinal para que apenas observasse. Naquele exacto momento, estavam os dois a descalçar-se, olhei para eles ainda mais chocado. O que estavam eles a fazer?
Vi-os rodearem-se um ao outro, observando cada movimento do oponente, até que Angel atacou e eu senti o coração querer saltar-me do peito perante aquele ataque, mas Bella desviou-se com tamanha agilidade que eu não teria visto o seu movimento caso não tivesse a minha super visão de vampiro. Continuaram assim durante trinta minutos, Angel atacava e Bella desviava-se, até uma última investida de Angel e então Bella deitou-o por terra, encostando o rosto do vampiro à relva e expondo-lhe o pescoço. Vi-a baixar o rosto até ao ouvido dele...
- Ganhei. – Ela sussurrou mas eu ouvia perfeitamente.
- Outra vez.
Ela levantou-se, deixando Angel levantar-se também, e então os seus olhos vasculharam todos os que estavam na varanda até encontrarem os meus, com uma rapridez tão natural como a nossa, ela colocou-se na minha frente em segundos.
- Não tenhas medo. – Ela elevou a sua mão para o meu rosto.
Medo? Eu? Medo dela? Eu tinha medo por ela!
- Ter medo? – Perguntei, não tinha sido minha intenção, mas a minha voz estava carregada de sarcásmo. - Tu acabaste de lutar contra um vampiro!
E eu tinha quase morrido de preocupação! Como é que ela me pedia para não ter medo quando ela se comportava como uma criança irresponsável?!
- E ganhei. – Ela disse-me, baixando o seu tom de voz.
- Por sorte! – Cuspi as palavras, continuava a não ser a minha intenção ser tão duro, mas eu estava fora de mim... em choque.
- Sorte?!
A sua expressão era magoada, como se eu a tivesse acabado de acusar de algum crime que ela não tinha cometido.
- Sim, Bella! Sorte! – Exclamei, detestando-me o suficiente por dizer aquilo, mas certo de que tinha razão. - E porque ele te deixou ganhar, estou certo!
A mágoa passou a uma expressão furiosa que eu não compreendi, quem devia estar furioso era eu! Tanta coisa por protegê-la e ela fazia de tudo para correr riscos! Eu não podia proteger quem não queria ser protegida! Mas eu não ía desistir dela, não tão facilmente.
- Podias ter-te magoado! – Tentei esclarecer o que eu pensava, mas foi tarde.
PAF!
Ela deu-me um estalo... e, de facto, doeu. Ela tinha força suficiente para que aquele estalo me tenha magoado e feito com que eu virasse o rosto. Sentia a cara quente no lugar onde ela me tinha batido e doía.
- Nunca.mais.me.digas.isso! – Ela síbilou.
Eu não precisava de ser Jasper para sentir a sua raíva que era toda direccionada para mim... Quantas vezes não tinha eu desejado que ela me odiasse? Quantas vezes não tinha eu rezado para que ela se afastasse de mim? Mas eu não queria nada disso, não agora!
Virei-me a tempo de impedí-la de se ir embora. Agarrei-lhe o pulso, impedindo-a de correr, de fugir de mim.
- Bella... – Implorei. - Por favor.
- Larga-me, Edward Cullen. – Aquelas palavras foram como um novo estalo, mas este doeu mais, porque ela estava a chamar-me pelo meu apelido. - Estou a avisar-te.
Eu largá-la-ia, se ela me ouvisse! Eu queria explicar-lhe! Queria que ela entendesse que eu só estava preocupado com ela, que eu só queria o seu bem-estar!
- Por favor, ouve-me. – Voltei a implorar.
- Eu disse... Larga-me.
Ao mesmo tempo que as suas palavras me batiam, uma onda de poder vinda dela empurrou-me contra a parede e a dor que veio com o impacto da parede contra o meu corpo não foi tão grande como a dor da rejeição. Vi-a correr a uma velocidade incrível e desaparecer na escuridão no meio das árvores.
- Bella! – Gritei, levantando-me e preparando-me para correr atrás dela.
Antes que eu pudesse avançar, fui lançado de novo ao chão e uma nova onda de dor espalhou-se pelo meu corpo. Levei as mãos ao rosto onde tinha sido atingido por um murro, olhei para cima e vi Angel com um ar furioso.
- Como te atreves?! – Ele perguntou-me.
- Deixa-me passar.
E fui novamente lançado ao chão...
- Tu não vais atrás dela, seu miserável! – Angel exclamou, pronto a avançar para cima de mim novamente. – Tu realmente não a mereces.
Estava pronto para levar outro murro, para outra onda de dor, mas ela nunca veio.
- Angel! Chega! – A voz de Charlie fez-se ouvir e quando abri os olhos para ver o porquê de ele tê-lo mandado parar, deparei-me com o ar desiludido de Charlie. – Ele já estava a sofrer o suficiente.
- Ela é tua filha... – Angel tentou raciocinar com o cunhado, o seu rosto furioso passou a incrédulo. – Vais tomar o partido dele?
- A Bella precisa de pensar! – Ele exclamou. – E o Edward não fez por mal. Ou tu não farias o mesmo caso fosse a Isabel?
- Não nos compares, Charles. – Angel disse entre dentes.
- O Charlie tem razão, Angel. – Isabel intreviu, colocando as suas mãos nos braços do marido. – O Edward não vê a Bella como nós a vemos.
Eu estava demasiado atordido, ainda sentia a dor do estalo dela, a dor da rejeição, as suas palavras cortavam-me como facas afiadas e eu desejei poder chorar. Senti um par de mãos quente tocar.
- Vamos. – A voz calma e sensata de Marie disse-me. – Levanta-te.
Fiz como ela me mandou e estava pronto a correr atrás de Bella, mas como eu tinha feito à sua neta, Marie agarrou-me o pulso, impedindo-me de ir.
- Não. Deixa-a ir. – Olhei para Marie. – Ela precisa de um tempo a sós consigo mesma.
- Mas…
- Acredita em mim, Edward. – Marie disse largando-me o braço e olhando para a escuridão onde Bella havia desaparecido. – Neste momento, tu não estarias seguro com ela e qualquer acção dela, iria magoá-la mais tarde. – Os olhos castanhos da matriarca tinham um brilho triste e entre as suas sobrancelhas surgiu a mesma ruga que costumava surgir em Bella. – A Bella que vistes sair daqui, não é a mulher que amas.
- Como não? – Perguntei.
- Reparaste nos seus olhos? – Balançei a cabeça negativamente. – Aquela era Isabella, a bruxa. Ela não iria pensar duas vezes em matar-te, Edward.
E eu queria ir atrás dela... Não importava que morresse, só queria poder pedir-lhe desculpas, explicar-lhe porque é que tinha reagido assim.
- O que devo fazer? – Perguntei-lhe, esperando sinceramente que ela tivesse uma resposta para mim.
Marie suspirou e bateu-me levemente no braço, de um modo reconfortante.
- Espera por ela aqui. Quando ela voltar já deverá estar mais calma.
- Mas não deveria ir alguém à procura dela? – Emmett perguntou, na sua mente eu ouvia ameaças e todas dirigidas a mim, ele estava preocupado com a sua irmãzinha. – É quase noite cerrada, ela pode perder-se nos bosques...
- Ela conhece essas florestas melhor que ninguém. – Ana interrompeu-o. – Ela saberá encontrar o seu caminho de volta... e se ela não souber, a floresta mostra-lo-á.
Eles entraram todos deixando-me sozinho na varanda.
Eu tinha errado tanto...


(Bella POV)

Já estava longe o suficiente de casa quando parei. As lágrimas começavam a desfocar a minha visão e a dificultar a corrida, nunca fizera isto assim. Geralmente quando corria a estas velocidades, era ou para testar os meus limites ou para descarregar a minha energia negativa. Hoje era diferente... Eu conhecia os meus limites e estava cheia de raiva e ódio pelo homem que eu amava.
Porque é que as coisas tinham que ser tão difícies? Porque é que ele tinha que ter duvidado de mim?! Já não lhe tinha mostrado que era capaz de muita coisa? Porque é que ele não confiava nem um pouquinho em mim?!
Talvez porque ele estava preocupado com a tua segurança, a minha consciência preveniu-me. Mesmo que ele estivesse preocupado, isso não era motivo para não confiar em mim! Eu confiava nele! Eu confiava-lhe a minha vida!
Sentei-me num rochedo junto de um dos abetos que me rodeavam. Sentia-me emocionalmente exausta. Tinha acabado de ter uma luta contra um vampiro com o dobro do meu tamanho, o triplo do meu peso e força e ainda imensamente mais velho que eu e, no entanto, sentia-me capaz de enfrentar Emmett e ainda lutar contra Jasper; não era costume libertar o meu lado menos humano com tanta força, deixar que toda a força que eu tinha fosse liberta podendo causar danos sérios, deixar as minhas pernas ganharem mesmo toda a velocidade que elas nunca poderiam correr livremente quando eu aparentava ser muito mais humana. Neste momento, eu era a Bella que tinha sido criada em pequenos Verões em Salem, livre para ser a bruxa semi-vampira.
Encostei a minha cabeça ao tronco da árvore, ouvindo as folhas roçarem umas nas outras enquanto o vento passava por elas, deixei a minha mente voar até ao sentimento agradável que eu tinha quando corria, pensei nisso e pensei em Edward, como seria bom ele poder estar comigo naquele momento de liberdade, que ele fosse tão livre como eu me sentia quando corria como o vento por entre a floresta. Suspirei, como é que nós poderíamos resultar juntos se tínhamos pontos de vistas tão diferentes?
- Oh Edward... – Suspirei sentindo as lágrimas alcançarem-me os lábios. – Eu queria tanto odiar-te...
- Não peças isso muitas vezes. – Uma voz tão encantadora como estranha disse vinda da escuridão.
Levantei-me de um salto, pronta para um ataque.
- Quem está aí?!
Senti as minhas mãos aquecerem com o fogo que eu esperava por evocar se assim tivesse que ser. Procurei freneticamente à minha volta, esperando ver algum vampiro desconhecido e então ouvi um ramo partir-se atrás de mim e virei-me na direcção do som. A claridade do fogo que agora ardia controladamente nas palmas das minhas mãos iluminou o desconhecido.
- Oh! Calma! – Era um homem, os seus cabelos não eram muito compridos, mas também, não eram curtos, e eram tão negros como a escuridão da noite, a sua pele era clara como a dos Cullen e a minha suspeita de que fosse um vampiro foi confirmada, especialmente pelos seus olhos, vermelhos... vermelhos-sangue. – Venho em paz!
Dei um passo atrás, tentando manter uma distância segura do vampiro.
- Quem é você?
- Ora, ora, ora... Não me reconheces, pequena Isabella? – Ele perguntou dando um passo cauteloso à frente, fazendo-me recuar outro. – Está bem, mantemos a distância então.
- Quem é você? – Voltei a perguntar, a minha paciência a ficar curta.
- Se não me reconheces... – Ele endireitou-se, mostrando o seu porte altivo. – Marcus Swan Volturi, marido de Marie Swan, pai de Carlisle Cullen, Carl, Charles e Isabel Swan. Patriarca da família Swan.
E então a sua face foi reconhecida...
- Avô?! – Deixei o fogo das minhas mãos morrer e corri para abraçá-lo. – Avô!
Senti os seus braços envolverem-me e senti-me segura, não porque os seus braços eram frios como eu sabia que deveriam estar, mas porque estavam confortavelmente mornos.
- Calma, minha Isabella. Calma. – A sua voz suavizava os meus medos e as suas mãos alisavam os meus cabelos enquanto ele me sussurrava palavras carinhosas em italiano. – Ma Bella... Ma bambina.
Fiquei um pouco em silêncio, inspirando o odor do meu Avô, deixando que o seu cheiro ficasse registrado na minha mente. O seu cheiro não era muito doce, mas era fresco, cheirava a brisa marinha, um odor suave e calmante.
- Estás pronta para me explicar o que fazes aqui tão longe de casa? – Ele perguntou puxando-me para o rochedo outra vez. – Ainda por cima a estas horas?
- Chateei-me com o Edward. – Murmurei olhando para os meus pés.
- Edward Cullen? – Marcus perguntou-me como se quisesse ter a certeza. Eu apenas assenti. – Porque é que te chateaste com ele, querida?
- Eu estive a lutar contra o Angel. – Senti-o enrigecer à minha volta. – Estávamos só a practicar! Eu já conheço todas as tácticas do Tio, é fácil vencê-lo e foi o que fiz! Ganhei-lhe! – Eu já estava a ficar exasperada, como é que uma coisa que eu costumava fazer frequentemente poderia magoar-me? – Mas o Edward não percebeu que eu ganhei por mérito próprio! Ele julgou que eu tinha ganho por sorte e porque o Angel me tinha deixado ganhar! Isso é ridículo!
Eu percebia tudo... Eu tinha prática, tinha uma excelente táctica para derrotar Angel! Eu sabia usar tudo ao meu redor para ganhar, sabia confiar nos meus instintos, sabia confiar em mim num campo de batalha, tudo o que eu aprendera que era necessário para conseguir ganhar! O que é que Edward não conseguia ver? Até Ana sabia ver que eu era uma lutadora sem igual!
- Já pensaste que talvez ele tivesse os seus motivos para ter reagido como reagiu? – O Avô perguntou. – Já pensaste que ele não te conhece totalmente, Bella? Que ele não conhece realmente a tua natureza?
As perguntas do Avô faziam sentido, Edward não me conhecia realmente, ele não conhecia a minha natureza por completo.
- Há quanto tempo lhe contaste que eras uma bruxa? – Aquela pergunta fez despertar a razão por detrás das palavras de Edward e eu percebi que quem errara fora eu.
- Há dois dias.
- E esperas que ele conheça e compreenda tudo? Oh minha querida, nem eu consegui apanhar o passo do mundo bruxo tão depressa e acredita que eu tenho muitos mais anos que o teu vampiro em cima. – Ele sorriu. – A tua Avó que o diga, levou-me duas semanas inteiras para aprender as coisas das bruxas, os seus rituais, as suas leis, as suas tradições... e mesmo assim ainda hoje não compreendo bem certas coisas. Não podes esperar isso dele, meu pequeno anjo.
Assenti dando-lhe razão, ele, de facto, tinha razão, eu não podia esperar que Edward fosse um expert no que tocava à minha natureza quando ele só estava em real contacto comigo à dois dias.
- O que achas de irmos para casa e tu conversares com o teu vampiro? Esclarecer esses vossos problemas?
Assenti novamente, levantando-me, pronta para correr, mas antes que eu conseguisse dar um passo para começar a corrida, as minhas pernas fraquejaram e eu não caí no chão apenas porque os braços de Marcus me agarraram antes que os meus joelhos alcançassem o chão.
- Wow! Calminha! Não me parece que estejas em condições de correr.
Ele pegou-me ao colo e começou a correr, o vento passava por nós mas não incomodava.
- Porque vieste a Salem? – Perguntei.
Ele suspirou. – A tua Avó ligou-me e contou-me tudo... Eu queria estar cá para impedí-lo de te caçar... Seria fácil ficar em Volterra, mas tu és muito mais importante do que a farsa que eu suporto há centenas de anos.
- Porque não abandonas Volterra, então? – Vi como o seu rosto ficou pensativo, como ele se mostrou relutante em responder-me.
- Não é uma questão de não querer voltar para casa, Bella... É uma questão de vos proteger... Comigo dentro dos Volturi, vocês estão todos seguros.
Ficámos em silêncio, senti o vento começar a desacelarar e aprecebi-me de que o Avô não estava a correr tão depressa como antes. O seu rosto estava sereno, tentei ouvir a sua mente e só ouvi a mesma calma e tranquilidade que pintava o seu rosto. Gostava da sua companhia, era agradável.
- Tu e a Avó discutem? – Não queria sentir-me como uma criança, mas a presença dele levantava tantas perguntas...
Um pequeno sorriso surgiu nos seus lábios e ele olhou para mim. – Sim... Ás vezes discutimos... É normal num casal isso acontecer, querida. É um modo mais simples de mostrarmos as nossas opiniões, mas já nos conhecemos bem demais para ficarmos chateados um com o outro durante muito tempo, tanto que a distância não nos permite ficarmos zangados um com o outro. – Ele fez uma pequena pausa. – Tu e o Edward irão compreender um dia, não estou a dizer que terão que se separar como eu e a tua Avó temos, mas o teu lugar e o dele nesta sociedade serão muito importantes. O rei e a rainha desempanham funções diferentes e muitas vezes são obrigados a separarem-se.
Contemplei a informação do Avô e só o pensamento de que uma distância seria imposta sobre mim e Edward magoava-me, eu não conseguia ficar muito tempo afastada dele, nem queria. Recordei-me do mês que tínhamos passado sem falar um ao outro depois do acidente no parque de estacionamento da escola e arrepiei-me toda com o sentimento de vazio que se queria apoderar do meu peito. Eu não permitiria que estivéssemos zangados quando tivéssemos que nos separar.
E uma separação está próxima, a minha consciência relembrou-me fazendo-me encolher-me com o pensamento.
- Avô, podes voltar a correr? Eu quero chegar ao pé do Edward o mais depressa possível.
- Claro, ma bambina. – Ele beijou-me a testa e começou a correr.
O vento frio da noite aqueceu à medida que nos aproximavamos da casa, sentia o calor da lareira acesa, o cheiro da lenha a arder já enchia o ar, trazendo a promessa de um lugar acolhedor para descansar. No passo de corrida do Avô, não demorámos muito a entrar na clareira, mas eu não estava à espera de o ver ali.
Edward encontrava-se sentado no banco de madeira da Avó, os seus cotovelos apoiados nos joelhos e as suas mãos a cobrirem-lhe o rosto, procurei a sua mente com a minha e quase gemi com a dor que me trespassou no momento em que ouvi os seus pensamentos.
Ela odeia-me... E tem razões para isso...
Como podia ele pensar uma coisa dessas? Eu não o odiava, não tinha como fazê-lo, eu só o amava... e muito.
O Avô poisou-me no chão da maneira mais silenciosa possível, tentando não chamar à atenção de Edward, e depois desapareceu novamente na escuridão. Fiquei quieta, não sabendo se tinha forças nas pernas para dar um passo como tinha acontecido à minutos atrás. Uma brisa forte supro nas minhas costas, levando os meus cabelos para a frente do meu rosto.
- Edward. – Sussurrei e ouvi as minhas palavras serem levadas pelo vento.
Assim que a minha voz lhe chegou aos ouvidos, o meu vampiro levantou a cabeça e os nossos olhos encontraram-se, castanho com verde. Não tinha reparado antes no peso que tinha no coração até este ser retirado e deixado o meu coração bater mais depressa do que tinha batido quando eu tinha corrido para longe do meu vampiro. Num momento ele estava na varanda do outro lado da clareira e no outro já estava junto de mim, as suas mãos no meu rosto, a limpar lágrimas que até então eu não reparara estar a deitar.
Os seus olhos estavam atormentados, tristes, vi como as lágrimas se formavam, detestei vê-lo assim, mas eu tinha noção de que até os meus olhos estavam assim.
- Desculpa, desculpa. – Ele pedia, limpando as lágrimas que caíam umas atrás das outras. – Eu devia ter confiado em ti... eu devia...
- Shh... Shh... – Eu só conseguia dizer aquilo, não conseguia dizer mais nada. – Não... Não... Eu... Eu é que peço desculpa, eu não te devia ter batido, eu devia ter-me lembrado que... que tu não conheces o meu mundo, que não sabes todas as verdades sobre mim. Eu é que peço desculpa. Eu é que errei.
Eu tinha errado tanto em relação a ele e continuava a errar, a metê-lo em perigo, como é que ele não me odiava? Como é que ele podia amar-me?
- Não, Bella, eu deveria ter confiado. Deveria ter respeitado o teu espaço, ter prestado atenção, eu deveria saber que tu não eras realmente a rapariga indefesa que eu conheci no liceu de Forks. – Ele disse, tirando-me o cabelo da cara e limpando-me as lágrimas outra vez. – Diz que me perdoas, meu amor.
- Se tu me perdoares, o que eu fiz foi inadmissível.
Ele encostou a sua testa à minha, o seu nariz roçou no meu e eu senti o seu hálito fresco no meu rosto, sabia bem. Os seus olhos perscutavam os meus e eu perdi-me na sua profundidade, perdi-me na sua alma que era a mais bela de sempre.
- Seria impossível não te perdoar, temos que aprender a confiar mais um no outro. – Ele acabou por dizer. – Amo-te tanto, Bella.
- E eu a ti.
Os seus lábios tocaram nos meus, um beijo leve, cheio de carinho, amor, perdão. A discução estava esquecida em instantes. Senti os seus braços enroscarem-se à volta da minha cintura, puxando-me para mais perto de si. Fiz o mesmo, prensando-me contra o seu peito, sentindo-me feliz por estar ali, por tê-lo só para mim. Não queria separar-me dele nunca mais...
Ficámos durante algum tempo em silêncio, sentindo a presença um do outro, inspirando o cheiro do outro. Conseguia sentir o vento remexer-me os cabelos, sentia-o frio, mas eu sentia-me quente nos braços de Edward.
- Vamos para dentro? – Ele perguntou, afastando-me ligeiramente. – Está a ficar frio para ti.
Assenti, sentindo-me exausta e desejando apenas estar na minha cama abraçada ao meu anjo. Ele soltou-me para me dar apenas a mão, ía começar a caminhar quando a minha visão começou a ficar escura nos cantos e as minhas pernas me falharam, levando-me em direcção ao chão.
- Bella! – Ouvi-o exclamar, mas já não conseguia raciocinar.
Porque é que eu ouvia o medo na sua voz? Ele não tinha que ter medo... Estava tudo bem, não estava?
Soube que estava a ser carregada pois sentia o ar a movimentar-se à minha volta bem mais depressa do que eu conseguiria mexer-me. Soube que já não estava na rua mas que deveria estar nos braços de Edward, o ar estava mais quente, cheirava a madeira a ser queimada, o cheiro acolhedor de fogo caseiro e café, havia vozes aflitas à minha volta, muitas vozes femininas, mas a que se fazia ouvir mais alto era uma voz masculina repleta de medo.
- Bella! – A voz exclamou, eu sabia que a conhecia, mas não conseguia dizer de onde, a minha mente estava muito nublada e tornava-se cada vez mais difícil ficar acordada. – Bella! Minha menina, Bella!
- Eu estou bem. – Balbuciei, não sabendo ao certo se me ouviriam. – A sério.
Só queria dormir um pouco, estava cansada.
- Carlisle! – A voz de Edward exclamou de muito perto dos meus ouvidos, nem a aflição na sua voz conseguia passar pelo cansaço. – Depressa, Carlisle.
- Eu estou bem... – Voltei a tentar dizer, mas a minha voz desvaneceu-se e eu deixei de lutar contra a escuridão da inconsciência.
Abri os olhos para um local iluminado, reconheci a luz dourada como sendo a luz do Sol, sabia que estava a sonhar pois não sentia o calor da luz na minha pele nem via o brilho característico da minha pele sobre a luz, mas tudo parecia demasiado real.
- Mamã, mamã! - Uma voz infantil chamou fazendo-me virar na direcção de onde ela vinha.
Vi uma criança que não deveria ter mais de quatro ou três anos, um rapazinho cujos cabelos revoltos eram de uma peculiar cor de outono, cor de cobre com algumas madeixas mais ruivas, que eu estranhei o sentimento de familiaridade; o seu rosto era lindo, de um pequeno anjo mas que prometia vir a tornar-se o rosto de um belo homem; os seus olhos foram o que mais me despertaram a atenção, eram de um verde vivo, um verde esmeralda que parecia arder com vida. Senti uma pontada de desconforto enquanto me esforçava inutilmente para tentar recordar-me de onde conhecia aquele rosto. Segui a criança com os olhos, vendo-a correr para os braços de uma mulher que não poderia ter mais de vinte e cinco anos, os cabelos da mulher eram da mesma tonalidade que os da criança, mas os seus eram lisos e longos e baloiçavam na brisa que eu não sentia, a pele da mulher era da mesma tonalidade de pálida que a minha com as bochechas rosadas, os seus olhos eram do mesmo tom verde que os do rapaz, ela era extremamente elegante e o sorriso nos seus lábios tornavam-na ainda mais bonita, algo nela me fazia lembrar Denize.
Vi-a baixar-se com os braços abertos e receber a criança que correu para si, ambos gargalharam e eu vi os olhos da mulher brilharem para a felicidade óbvia no rosto do pequeno rapazinho. Ela arrumou-o nos seus braços, apoiando-o na sua cintura para poder olhá-lo. Vi os seus lábios mexerem-se, mas eu não percebia nada do que ela dizia, não conseguia ouvir as palavras... E no fim eu só percebi um único par de palavras.
- Meu Edward. – A voz da mulher veio até mim.
- Edward. – Sussurrei, olhando para a criança no colo da mulher.
As imagens desapareceram e eu voltei a ficar envolta pela escuridão que começou a desvanecer para dar lugar à luz fraca de algum candeeiro. Senti a suavidade sobre as minhas costas e o peso de cobertores e lençóis sobre o meu corpo, abri os olhos devagar, deixando-os habituar-se à alteração de luz. Olhei ao meu redor lentamente e reconheci as paredes pintadas de um azul clarinho e suave, estava no meu quarto, mas não me recordava de como lá tinha ido parar, tentei lembrar-me, procurando na minha mente alguma coisa que me respondesse.
- Oh! Finalmente. – Ouvi alguém suspirar junto dos pés da cama.
Olhei na direcção de onde tinha vindo a voz e deparei-me com Edward, ele parecia cansado, como se tivesse passado uma noite sem dormir mas isso não fazia sentido... Ele não dormia. Senti as suas mãos no meu rosto, retirando-me o cabelo da cara, fazendo-me festas. Olhei para os seus olhos, estavam novamente atormentados.
- Que horas são? – Perguntei num fio de voz rouca.
Reparei então que tinha a garganta seca e que me custava um pouco a falar. Tentei sentar-me, mas o meu corpo também estava todo dorido, como se tivesse passado um dia inteiro a levantar pesos ou a correr grandes distâncias. Edward fazia de sombra a cada movimento meu, procurando algum modo de me ajudar.
- Fica deitada. – Ele ordenou pegando no copo de água que tinha na mesa de cabeceira. - São cinco da manhã, podes dormir mais um pouco.
- O que é que aconteceu?
Não me conseguia lembrar de nada e queria saber o que raios se passava, eu não me lembrava de ter subido para o meu quarto, não me lembrava de ter sequer saído do jardim.
- Não te lembras? – Ele perguntou, parecendo levemente assustado. – O Carlisle disse que seria possível isso acontecer. Ontem desmaiaste nos meus braços. Fiquei imensamente assustado.
Enquanto ouvia as suas palavras, a memória começou a voltar para mim muito lentamente, recordei-me do cansaço e da dificuldade em fazer o que quer que fosse.
- A tua Avó disse que era porque tinhas usado muito os teus poderes. – Ele disse e eu assenti, ele já vira como eu ficava quando usava magia. – Não quero que fiques assim, que te desgastes tanto.
Sorri-lhe, colocando-lhe a mão no rosto para o sossegar. Ele tinha razões para ficar preocupado, mas eu tinha que usar os meus poderes, tinha que usá-los ao extremo, porque era necessário.
- Sabes que tenho que os usar.
Ele sorriu e assentiu.
- O teu Avô deu-me uma palestra sobre Bruxas e as Suas Tradições. – Ele imitou a voz do Avô com tanta precisão que foi assustador. – Já aprendi mais umas coisinhas sobre ti e a tua família. Aprendi que vocês, bruxas, enquanto jovens são descontroladas, são em parte controladas pelas emoções e que o uso de magia se torna cada vez mais preciso à medida que vão avançando no tempo.
- Pelo menos até à primeira lua cheia do décimo oitavo aniversário. – Corrigi-o. – Então passamos a ser bruxas adultas, já somos nós e as nossas vontades que controlamos os poderes.
Ele beijou-me a testa e eu li no seu rosto a preocupação, algo mais o preocupava, mas eu não tinha forças suficientes para lhe invadir a mente e descobrir o porquê. Ficámos um pouco em silêncio e então Edward saiu do quarto para me ir preparar o pequeno-almoço. O sol não ía muito alto quando Ana entrou no meu quarto acompanhada por Alice; com a minha gémea, fora um autêntico pesadelo ter que me submeter durante anos aos seus gostos por arranjar as pessoas mas agora com a irmã de Edward, eu estava condenada.
Ambas arranjaram-me os cabelos, maquiaram-me e ainda me vestiram. E era apenas um dia comum, não queria imaginar se estivesse para haver alguma festa. Quando elas me deixaram, decidi que já estava recuperada o suficiente para descer as escadas e encontrei todos na sala.
- O que foi que perdi? – Perguntei, caminhando para o sofá mais perto onde Edward se encontrava sentado.
- Estamos de regresso a Forks, Bella! – O pai disse parecendo também não muito animado.
Eu sabia que ele gostava imenso da cidade na qual era polícia, afinal era pequena e ele podia andar livre e à vontade, mas isso não mudava o facto de ele gostar muito mais de Salem.
- Sim e eu vou convosco! – Ana disse, um sorriso sonhador no seu rosto, soube porque é que ela sorria, num instante.
- E nós vamos convosco! – Ella corrigiu a loira.
- O quê?! – Perguntei. – Porquê?
Olhei para o Angel que não parecia muito contente com as palavras da filha, depois olhei para Isabel e o seu rosto estava pávido e sereno.
- A Ella tem muito mais controlo da magia do que tu ou a Ana. – Isabel disse. – Ela será uma mais ajuda.
- Mas, Madrinha, é a quantidade de magia no nosso sistema que faz com que o nosso sangue tenha um cheiro mais doce! – Relembrei-a. – A Ella será uma chamariz maior que eu!
Vi Angel enrigecer as suas costas, não precisava de lhe ler os pensamentos para saber que ele estava cheio de vontade de dizer que a sua filha não iria sair de Salem de modo algum, mas uma coisa que ele nunca faria e que lhe renderia uns belos “gritos” se fizesse, era contradizer alguma ordem da minha tia. Era parte das tradições das bruxas, as mulheres eram os seres mais importantes de qualquer comunidade, nós é que governavamos, não os homens, eles eram apenas os acompanhantes.
Reparei que o Avô estava sentado ao pé da Avó e que ele se remexera desconfortavelmente quando me ouvira referir o facto conhecido por todos acerca do sangue das bruxas, nós geralmente cheirávamos melhor do que qualquer outro humano devido à magia presente no nosso sangue.
- No entanto, a tua tia tem razão, Bella. – Carlisle fez-se presente. – A Ella pode ajudar muito mais do que pensas, especialmente enquanto a Emily e os restantes não forem para Forks.
- E para além disso, irmãzinha. Depois daquilo que aconteceu ontem, eu vou precisar da ajuda da Ella com o meu querido lobito. – Ana disse, quase dando pulinhos de alegria.
Tive pena de Jasper naquele exacto momento; vi Alice abanar a cabeça e franzir o nariz à menção dos lobos, ouvi-a murmurar qualquer coisa como “o dia desapareceu” mas não liguei muito; Rosalie também parecia descontente com a futura parceria entre os lobos e nós; Emmett não parecia aborrecido, mas ele também era difícil de ficar aborrecido com alguma coisa; o único que não parecia muito mais satisfeito era Edward, eu conhecia a sua opinião acerca daquele assunto e sabia que não era uma das melhores, mas ele também conhecia os riscos que se corria com a separação perlongada de Jacob e Ana. Os adultos também não pareciam muito satisfeitos, especialmente o pai... Ele não queria perder Ana para Jacob, não ainda.
- Quando partimos? – Perguntei inocentemente.
- Daqui a pouco.

A viagem de regresso a Forks foi mais irritante do que a viagem para Salem. Fui no carro de Edward com os seus irmãos, mas o ambiente no carro não era o mesmo descontraído que tínhamos sentido no dia anterior, havia demasiada tensão na atmosfera. O pai, Ana e Ella seguiram no carro de Carlisle com ele e Esme, tentámos fazer o caminho todo sem parar, o que não foi impossível.
Chegámos a Forks antes das cinco da tarde, Ana correu para o seu quarto assim que chegou, a única coisa que a ouvi dizer era que tinha que se arranjar, mas antes de o fazer deu as especificas indicações de que o pai deveria ligar para Billy e convidá-lo para jantar e que Edward deveria ficar connosco. Eu ficara satisfeita com a parte de ter o meu namorado em casa para jantar comigo, fiquei foi pouco confortável com a ideia de ter o meu futuro cunhado na mesma sala que o meu namorado e com o meu pai. Não achava que esses três juntos numa sala fosse a melhor combição.
Ella também não parecia confortável com alguma coisa, via-a inquieta pela casa, quase como se algum mau agoiro estivesse a caminho, começava a ficar irritada com ela quando ela decidiu que deveria ajudar-me a pôr a mesa e a preparar o jantar.
- Talvez eu deva fazer o feitiço para que o Edward possa jantar connosco. – Ella disse quando acabámos de pôr a mesa. – Não será bom para a relação de amizade que o Edward venha a criar com o Jacob caso eles se conheçam como vampiro e lobisomem.
Não sabia o que é que ela tinha para estar naquele estado, mas lá lhe permiti fazer o feitiço que deixaria Edward semi-humano. O meu querido namorado ajudou-me a fazer o jantar, o pai conseguiu convidar o Billy que aceitou prontamente o convite e prometeu estar na nossa casa às sete da noite. Eram seis e quarenta e cinco da tarde e eu começava a ficar nervosa.
- Acalma-te! – Edward disse, ele estava na sua melhor aparência sentado na cadeira da cozinha. – Vai correr tudo bem.
- E se não correr? – Perguntei. – A Ana pode ter grande controlo sob os seus poderes, mas acelerar processos que demoram mais tempo é demasiado perigoso. É uma loucura.
Ele levantou-se, abraçando-me pelas costas, beijou-me o pescoço e senti-o expirar no meu pescoço também. Segui o seu ritmo de respiração e acalmei-me, custava como um raio ter que me manter calma quando sentia o meu corpo todo ligado à corrente.
- Estás a deixar que os nervos da Ella se peguem a ti. – Ele disse.
- Não consegues dizer-me porque é que ela está assim, pois não?
Ele encolheu os ombros, parecendo indiferente ao assunto, não conseguia imaginar sequer porque razão a casa parecia ter uma atmosfera tão stressante. O tempo passou num instante, logo eram sete da noite e todos ouvímos um carro encostar ao passeio, os únicos que agiram como se aquilo fosse normal foram Ana e o pai, nenhum dos dois parecia estar preocupado com o que se ía passar.
Edward enrugou o seu nariz como se um cheiro horrível tivesse tomado o ar, Ella pareceu ficar ainda mais eléctrica e eu comecei a ficar ainda mais enervada pelo movimento.
- Calma. – Edward voltou a murmurar-me ao ouvido enquanto nos reuniamos no hall à espera dos convidados.
- Já sabem o que têm a fazer, agora não vamos falhar, está bem? – O pai perguntou olhando para nós antes de se virar para a porta. – Edward, mantém-te atento aos pensamentos deles. Bella, tenta entrar-lhes na mente e presta atenção àquilo que o Billy pensa.
Ambos assentimos e abrimos a nossa mente, prontos para ouvirmos tudo. Do lado de fora já conseguia ouvir os pensamentos deles, mas algo não estava bem.
- Eles são três! – Edward disse aquilo que eu estava a pensar. – Convidou mais alguém?
- Não.
Vi a irritação trespassar os olhos do pai, mas então ele disfarçou a sua irritação, escondendo-a perfeitamente sob uma máscara de calma com um sorriso. Ele abriu a porta e do outro lado encontravam-se Billy, Jacob e então ainda outro rapaz, não parecia muito mais velho que Jacob, mas era tão alto como ele. Pelo canto do olho, reparei que Ana abriu um enorme sorriso e Ella enrigeceu no seu lugar, vasculhei a mente das duas e soube que a presença dos dois rapazes parecia afectá-las de maneiras diferentes.
- Billy! – Charlie disse, apertando a mão do amigo na cadeira de rodas. – Vejo que trouxeste o jovem... Seth, se não estou em erro.
- Sim... Desculpa não ter avisado, mas a Sue só me foi deixar o rapaz à bocado. – Billy desculpou-se.
Billy não tinha reparado em Edward ao meu lado, pelo que a sua reacção foi notada por praticamente todos quando reparou.
- Cullen?! – Ele exclamou a sua voz denotava o alarme presente também na mente dele. Um frio? Oh Deus! O Charlie não sabe...
- Boa noite, senhor Black. – Edward disse, parecendo desconfortável por ter sido reconhecido.
- Ah! – O pai chamou à atenção, olhei para ele e depois para Jacob, percebi que o que ele queria fazer. – Vejo que já conheces o namorado da minha Bells. Mas não te deves lembrar aqui da minha outra menina, Anabella.
- Pai. – Ana reclamou, fazendo o seu melhor ar de inocência. – Prazer, sou a Ana. – Ela apertou a mão de Billy e esticou a sua mão para Jacob que a apertou sem nunca parar de olhar para ela.
- E esta é a minha sobrinha, filha da minha irmã, Ella. – Charlie concluíu apresentando Ella.
- Olá. – Ela disse timidamente.
Senti pena da minha priminha. Ela não passava de uma miúda de dezasseis anos (ignorando a parte que ela era filha de um vampiro e de uma bruxa e de que ela própria era uma bruxa) que estava a ser envolvida na vida complicada e perigosa de um familiar. Senti-me culpada por a estar a fazer passar por isto, mas então... eu não tinha realmente culpa, Ana era a maior culpada por termos que envolver Ella na vida em Forks.
Suspirei, chamando à atenção de Edward que estava a prestar tanta atenção aos pensamentos dos recém-chegados como aos meus. Os seus olhos (que agora estavam verdes devido à magia) viraram-se para o meu rosto, alertados pelo cansaço que ele denotara no suspiro.
Estás bem? Ele perguntou-me através dos seus pensamentos. Este era pelo menos uma das vantagens que tínhamos encontrado na nossa capacidade. Estás cansada ou qualquer coisa?
Assenti muito ligeiramente para não chamar à atenção dos convidados. Nunca tirei os meus olhos de Jacob e Seth, via como os olhos escuros dos dois estavam iluminados de curiosidade ao olhar para Ana e Ella, não me sentia confortável com isso, não sabia porquê, mas não gostava nem um bocadinho do modo como ambos olhavam para elas. Estava mais atenta aos pensamentos dos dois rapazes do que aos do velho indío.
Jacob parecia estar a debater-se acerca de algum sentimento que sentira mais forte por mim, parecendo querer convencer-se (e com razão) de que eu quisera ser apenas simpática naquele dia na reserva. Ele via em Ana alguma coisa mais... não percebi se seriam os seus genes a entrar em acção, tentando mostrar-lhe que a minha gémea era a sua alma gémea, mas o sentimento de familiaridade que ele parecia sentir com ela deixou-me ligeiramente curiosa.
Seth, tal como Ella, não passava de uma criança, praticamente. Pelo que eu tive pena da timidez do rapaz, no entanto, também parecia sentir o mesmo sentimento de familiaridade em relação à minha prima, sentindo também alguma atracção que ele não parecia saber identificar.
- E que tal irmos jantar? – Perguntei, fazendo quebrar o contacto visual dos jovens.
Charlie pareceu aprovar a minha atitude, seguindo à minha frente em direcção à sala de jantar. Ana e Ella acompanharam os outros para a sala enquanto eu e Edward fomos à cozinha buscar o jantar.
O meu namorado não parecia estar satisfeito com alguma coisa.
- Passa-se algo? – Perguntei, num tom baixo o suficiente para que Billy, Seth e Jacob não nos ouvissem.
- Não... Só não me sinto confortável, é só. – Ele respondeu, desviando o seu olhar do meu.
- De certeza? – Insisti, querendo saber a verdade sem ter que invadir o seu espaço.
- O rapaz, o Jacob, estava a pensar sobre ti. – Ele disse, olhando-me finalmente. – Eu acreditei em ti quando me disseste que tinhas tentado namoriscá-lo e sabia que deverias ter sido imensamente boa nisso, sem quereres tens um vampiro aos teus pés e um liceu inteiro também, imagina fazendo alguma coisa... seria perfeitamente natural que até o lobo tivesse ficado caído aos teus pés. – Edward estava encantador com ciúmes. – Só não julguei que ele fosse... cultivar sentimentos daquele género por ti! Não gosto disso...
- Eu gosto. – Disse-lhe, aproximando-me dele e fazendo-lhe uma festa no rosto, sentindo o calor ameno da sua pele na minha. – Gosto de te ver assim, um pouquinho ciumento. E sem querer... acho que te enganaste... eu só quero um vampiro aos meus pés! Tu! Não me interessa o lobo ou os humanos irritantes como Mike Newton.
Ele sorriu, parecendo ficar mais calmo. Sorri reflexivamente para o sorriso enviesado dele.
- Agora vamos levar o jantar? Não preciso de ver o futuro para saber que devem estar a ficar esfaimados.
E como se em dica, o estomâgo dele fez um barulho indicando que o meu querido vampiro estava com fome. Ri-me e dirigi-me ao forno para tirar a lasanha que tinha estado a preparar de tarde.
Quando retornámos à sala, o silêncio era incómodo... O pai estava calado, vi na sua mente que se concentrava para não pensar que a presença de Seth iria arruinar as coisas, tinha que concordar com ele... O rapaz teria certamente o gene dos lobos e era possível que ao activarmos o gene de Jacob, pudessemos activar acidentalmente o gene de Seth. Pelos pensamentos de Ana, vi apenas adoração por Jacob, ela não parecia desconfiar sequer que aquilo que iria fazer a seguir ao jantar poderia ter repercursões não só em Jacob como também no outro jovem; Ella parecia considerar isso, sentindo pena de Seth por aquilo que iria acontecer, mesmo não sabendo o que poderia vir a acontecer; Seth apreciava Ella (achei muito queridos os pensamentos dele), achando-a um anjo que tinha aparecido; Billy temia pela segurança de todos na sala devido ao seu conhecimento do que Edward era, só me apetecia rolar os olhos aos pensamentos supersticiosos do velho indío.
Jantámos calmamente, comentando em certas coisas, os pais a falarem dos jogos de basebol e mais alguns. Acabei por puxar um assunto que até agradou a Edward, Ana, Ella e Seth quando perguntei a Jacob como estava o desenvolvimento do seu carro em construção.
- E então, Jacob? Já encontraste aquilo que precisavas para o teu carro? – Perguntei-lhe. – Edward, já te tinha contado que o Jacob estava a construir um carro?
- Não, querida, não tinhas. – Vi o esforço que Edward estava a fazer para ser cordial. – Constróis, é?
- Sim, estou a construir um Volkswagen Rabbit de 1986. – Jacob disse e eu consegui reparar no tom avermelhado sob o seu tom de pele escuro.
Bah! Uma velharia... Ouvi Ella pensar, ela partilhava o mesmo amor por carros que o seu pai... Em parte, eu também adorava carros... não percebia nada deles, mas adorava-os.
- A sério? – Ana parecia tão desapontada como Ella, no entanto, o seu amor (era tão estranho pensar que ela já o amava mesmo que isso não fosse correspondido) por Jacob era maior que o seu interesse por automóveis.
Vi o rosto de Jacob corar mais e não pude deixar de me sentir atraida para os seus pensamentos, estando interessada em que tipo de pensamentos corriam loucos pela mente do jovem futuro lobo. Ele sentia algo forte, algo que nem ele conseguia explicar, algo que me estava a deixar tão confusa como os meus sentimentos inexplicavelmente fortes por Edward me deixavam no principio.
E foi naquela linha de raciocínio que eu cheguei à brilhante conclusão de que era isso. Aquilo que fizera com que o pai visse Jacob e Edward no nosso futuro, aquilo que fizera Ana vê-los quando ainda não passava de uma miúda pequena, aquilo que me fizera sentir tão próxima de Edward antes mesmo de nos apaixonarmos um pelo outro. O Destino. Aquilo que explicava o que não tinha explicação... mas seria isso explicação para o sentimento que eu via crescer em Seth em relação a Ella e o sentimento de preocupação e, até, carinho que a minha prima começava a sentir em relação ao rapaz? Talvez fosse.
O jantar correu calmamente, Edward acabou por se dar melhor com o futuro namorado da minha irmã; Ella e Seth tinham começado uma conversa acerca de música, não percebi de onde tinha surgido aquilo e porque razão o meu vampiro amante de música não se encontrava a falar com eles, mas estava a apreciar o facto de que o meu namorado estava a dar-se tão bem com Jacob. Billy e Charlie também conversavam sobre algo, ao que eu não prestei atenção nenhuma. Quando terminámos, o pai ofereceu café a Billy e eu decidi levantar a mesa com Edward; Ana estava demasiada envolvida numa conversa com Jake, os olhos dos dois brilhavam enquanto olhavam um para o outro, era curioso como as coisas entre eles estavam a acontecer; Ella continuava a conversar com Seth, sorrindo e gargalhando quando ele dizia alguma coisa engraçada; achei que Jasper iria gostar imenso de estar aqui, o ambiente estava muito leve e agradável.
- Parece que está a correr bem... – Edward disse limpando a loiça enquanto eu a lavava.
- Por enquanto. – Concordei, sentindo-me um pouco desconfortável por voltar a pensar nas coisas que iriam acontecer. – Estavas a dar-te muito bem com o Jacob.
- Ele é um bom rapaz... Desde que os seus pensamentos não estejam focados em ti. – Edward sorriu, beijando-me na cara. – Ele gosta da Ana.
- Já reparei... e o Seth também parece gostar muito da Ella. – Comentei sorrindo.
- Sim. Ele também não é mau rapaz. Por acaso, gostei bastante dele.
Sorri e aproximei-me dele, abraçando-o pela cintura, um sorriso provocador no rosto.
- Devo ficar preocupada com isso? – Perguntei calmamente.
- Acredito que tenho a minha sexualidade bastante bem definida. – Ele disse sorrindo-me também. – E não penso que vá mudar de preferências.
- Isso é bom saber.
Estava a beijá-lo quando alguém clareou a garganta na entrada da cozinha, fazendo-nos separar rapidamente.
- Desculpem, não queria interromper nada. – Seth desculpou-se colocando as garrafas em cima da mesa da cozinha.
- Oh! Não peças desculpas, Seth. – Ana entrou na cozinha seguida por Jacob e Ella. – Eles sabem bem que temos visitas em casa.
O olhar que lançei a Ana era obviamente irritado, detestava quando ela se armava e era o que ela estava a fazer. No entanto, ela sorriu-me, quase que me desafiando; não gostava de ter as minhas forças postas à prova e Ana sabia perfeitamente disso.
- E que tal tu levares as ditas visitas ao jardim?! – Perguntei.
Tentei passar-lhe a informação de que estava na hora de fazer a magia acontecer em Jacob, quanto mais cedo melhor. Olhei para Ella e ela entendeu mais depressa do que Ana, era óbvio que ela sabia que aquilo não iria correr bem.
Leva-o lá para fora também... Pensei para ela, referindo-me a Seth. É o melhor para ele.
Não o vamos envolver naquilo do James, pois não?
Eu não tinha uma resposta para aquilo, se eu estivesse certa e aquele sentimento de familiaridade e atracção que Seth sentia fosse um simbolo de que também ele iria sofrer a Impressão com Ella assim que se transformasse, ele provavelmente não iria abandonar a sua alma gémea, mas Jacob era necessário.
Não sei, prima, deixa-o decidir isso. Pedi-lhe vendo-a assentir.
Ela percebia melhor do que Ana que nós não íriamos mexer nos sentimentos deles, apenas na genética. Vi ambas encaminharem Jacob e Seth para o jardim das traseiras, sentindo-me como se os estivesse a condenar.
- Vai correr tudo bem. – Edward assegurou-me, abraçando-me.
Assenti e com um gesto de mão, fiz com que a loiça se limpasse e arrumasse sozinha. Perparei o meu corpo para o cansaço que eu sabia que iria seguir o uso de magia. Calmamente, eu e Edward juntámo-nos aos outros no jardim, onde eles observavam o céu que por mais incrivel que pareça não estava nublado.
Os raios de lua tocaram na nossa pele, fazendo com que a minha pele brilhasse levemente num tom prateado, oposto ao tom dourado com que brilhava quando exposta ao sol. A pele de Edward também tinha uma leve luminosidade, nada de tão forte como se ele estivesse em modo de total vampiro, mas era lindo também. Ana estava demasiado ocupada a olhar para Jacob para sequer reparar no brilho da sua prórpia pele e foi a olhar para ela e para a figura escura de Jacob que eu percebi porque é que senti que era errado que ela se envolvesse com ele.
Ana era tão o oposto de Jacob como era o meu, ela, assim com o brilho prateado do luar, parecia uma vampira, os seus cabelos loiros pareciam prata com a luz branca e seria impossível negar que ela era linda, uma visão na noite; Jacob era o total oposto, não havia brilho suave a ser irradiado da sua pele, os seus cabelos castanhos pareciam negros e ele praticamente que se fundia com o fundo negro da floresta, não havia comparação possível. Ella também brilhava, no entanto, ela não era nada completamente aberrante e diferente como Ana, ela encaixava perfeitamente bem ao lado de Seth que conseguia ficar ainda mais parecido com Jacob no escuro.
Não vou conseguir. Pensei, permitindo que Edward me ouvisse.
Se ele estivesse a olhar para a minha irmã e para o meu supostamente futuro cunhado, ele perceberia o que eu tinha percebido. Era impossível eles serem compativeis, quase tão impossível como eu ser compatível com Edward.
Mas vocês são compatíveis... em muitos extremos. A vozinha no fundo da minha mente informou-me, relembrando-me que eu e Edward éramos diferentes de Ana e Jacob.
Tentei permanecer calma enquanto murmurava palavras em latim para pedir protecção à lua. Ana parecia estar demasiado distraída pela presença de Jacob, o que me fez ficar ligeiramente irritada, se ela queria que ele fosse um lobo antes da meia noite era bom que se começasse a mexer.
- Hei, Jacob! – Chamei à sua atenção. – Gostas de histórias assustadoras?
Mesmo sob a luz do luar, vi os olhos de Jacob brilharem e o seu rosto corar, reparei no modo como ele olhou para Edward e baixou os olhos, já o meu namorado parecia estar a gostar do facto de que o rapaz se sentia culpado.
Embora eu lhe esteja agradecido por me ter facilitado a vida contigo, meu amor, ele não deixou de quebrar o tratado que temos com os lobos. Edward pensou, disfarçando a sua impaciência pela atitude do rapaz.
- E tu, Seth? – Vi o mais novo sorrir e assentir com a cabeça.
Seria o melhor começar por contar-lhes sobre as bruxas... Para que eles não stressassem assim do nada, já seria mau demais o que o fluxo de magia ía fazer a Seth, não o queria zangado connosco por isso. Sentámo-nos todos no chão, formando quase um circulo à minha volta, olhei para todos eles; sentindo que ficaria muito melhor se estivéssemos à volta de uma fogueira, como acontecia em Salem.
- Esperem um momento. – Disse-lhe, levantando-me.
Dirigi-me à sala, onde os adultos estavam a ver o jogo. Billy estava tão distraído que nem me ouviu aproximar, já Charlie nem desviou o olhar do ecrã para olhar para mim.
- Pai! – Billy saltou na sua cadeira de rodas quando me ouviu. – Posso...?
- Sim, Bella, podes! – Charlie respondeu-me apenas, não removendo os seus olhos da televisão, fazendo com que Billy lançasse olhares confusos do seu amigo para mim. – Tem apenas cuidado para não serem vistas.
- Claro! – Respondi sainda a correr, mas mesmo assim ainda ouvi Billy sussurrar para Charlie.
- O que é que ela q ueria?
Sorri para mim, ía ser divertido ver a cara de Billy quando revelássemos que éramos bruxos... Ia ser muito divertido. Regressei ao jardim, onde todos me esperavam, Ella, Jake e Seth com uma expressão curiosa e Ana e Edward com sorrisos interessados nos lábios.
Achas que é uma boa ideia? Edward perguntou-me, enquanto o puxava comigo para o relvado. Talvez a Ella...
Eu faço isto. Respondi-lhe. Virei-me para os outros e vi-os seguirem-me até ao meio do relvado.
Ana e Ella pareceram enteder o que eu queria fazer, pois cada uma se sentou num ponto estratégico, formando um triângulo comigo. Edward sentou-se à minha esquerda, entre mim e Ella, enquanto Jacob se sentou à minha direita, entre mim e Ana, e Seth se sentou à minha frente entre Ella e Ana. Respirei fundo, esperando que o vento fraco da noite começasse a fazer com que me acalmasse, mas não foi o vento que me acalmou, mas as palavras nele sussurradas.
Sorri calmamente enquanto as vozes da floresta me chegavam aos ouvidos, sussurrando no latim morto das bruxas palavras de confiança e tranquilidade; baixei as minhas mãos e deixei-as roçar na relva, sentindo as pontas do gramado fazerem-me cócegas nas mãos mas fazendo-me sentir a vida que fluía sob mim. Ouvi Ella deliciar-se com o vento que nos remexia os cabelos e também ela sussurrava para o vento, a sua voz tão baixa que seria imperceptível aos ouvidos dos dois rapazes. Ana, no entanto, parecia apreciar a humidade do solo, reparei (mesmo no escuro) como as suas mãos ficaram molhadas quando tocaram no relvado. Cada uma de nós estava a conectar-se com o seu elemento, algo que certamente tanto Ana como Ella faziam regularmente, já eu... era outro assunto. Voltei a levantar-me e segui até ao pequeno amontoado de lenha que tínhamos ao pé do alpendre, voltei de lá com uns quantos barrotes nas mãos e posicionei-os no meio do circulo, todos encostados uns aos outros. Olhei para Ella e Ana e acenei-lhes, vendo os seus olhos tomarem o brilho do fogo, soube que os meus olhos estavam como os delas quando senti a sensação de calor crescer no meu peito.
Assim que me sentei, o amontoado de lenha explodiu em chamas, as cores vivas que surgiram repentinamente assustaram os rapazes que se encolheram ligeiramente perante a explosão e depois olharam desconfiados e assustados para nós as três.
- A história que vos vou contar leva-nos aos tempos antigos, muito antes da civilização ser industrializada, muito antes dos Estados Unidos terem sido descobertos... – Reparei que a minha voz parecia ter um som estranho, quase como a voz das bruxas que contavam as histórias da nossa espécie nas noites de rituais e tradições.
O tom grave, solene e intemporal coloria a minha voz de um modo que eu só ouvira nos Verões da minha infância. Ana e Ella seriam capazes de reconhecé-lo melhor, mas eu recordava-me da voz da Avó no meu primeiro ritual, era tão diferente... Para além da voz da Avó, da sua aura de poder que aumentou drasticamente enquanto ela contava as histórias, eu lembrava-me das palavras de Denize, que sempre fora a bruxa do Conselho mais próxima de nós, que um dia eu teria a imponência da Avó, um dia seria eu que todos iriam ouvir e respeitar, um dia seria a mim que todos pediriam conselhos, que todos se ajoelhariam para pedir perdão, que um dia seria eu a quem ela mesma se iria ajoelhar diante e, muito provavelmente, agradecer por ainda a ter no meu Conselho. Era uma das coisas que eu poderia mudar, o Conselho: Denize, Mirela, Anaíza e até Esme poderiam ser obrigadas a sair quando eu assumisse o trono de Salem, eu poderia colocar pessoas da minha confiança dentro das paredes do Conselho... mas eu nunca o faria, elas seriam livres de escolher, servirem-me a mim como serviram a Avó, ou sairem... era a escolha delas, não minha.
- Na Grã-Bretanha, terra do Rei Arthur, existiam mulheres imensamente ligadas à natureza... e que lhe agradeciam tudo o que esta lhes dava, começaram a adorá-la como uma Deusa e a Mãe-Terra respondeu-lhes, dando-lhes a capacidade de poderem ajudar as pessoas, oferecendo-lhes poderes mágicos. – Continuei depois do que me pareceu ser um século mas que não passou de poucos segundos. – As pessoas aceitavam as suas ajudas e algumas até chegaram a tomar a sua adoração pela Mãe-Terra, passando a chamar-lhe de Deusa... No entanto, entre essas mulheres, havia sempre algumas que não se limitavam por quererem aquilo que a Deusa lhes dava, sempre queriam mais... e começaram a cobrar as suas ajudas aos humanos, como elas lhes chamavam por se acharem superiores, mas quando as pessoas não tinham hipóteses de pagar, elas utilizavam os seus poderes para “castigá”-los. – Fiz uma pausa, este momento da história era o ponto crucial para a questão de todas as bruxas. – Os humanos começaram a ficar furiosos com as mulheres, começaram a odiá-las e então começaram a chamar-lhes bruxas, como um termo perjurativo. A Deusa ficou triste e zangada com as suas seguidoras e, então, por aquelas que ambicionavam mais poder, a Deusa castigou todas, impondo-lhes a sua imortalidade, obrigando-as a caminhar a Terra com a aparência que as mulheres ambiciosas queriam: todas as bruxas seriam imensamente atraentes, imensamente belas; no entanto, muitas pensaram que não seria assim tão mau serem lindas e imortais, então a Deusa mostrou-lhes o lado negativo do seu castigo, as pessoas que amavam, seriam obrigadas a ver morrer; mesmo que não o quisessem, seriam obrigadas a sentir a sede de poder do seu monstro interior, seriam atormentadas por ele, não importava por mais que lutassem, a sede nunca morreria...
Eu chegara ao meu ponto fraco. Poderia apostar que em toda a minha família, nunca nenhuma bruxa ou bruxo se sentira atraído pelos poderes de alguém como eu me sentira pelos poderes de Edward... e eu não gostava de admitir a minha fraqueza perante os outros. Deixei a minha voz morrer naquele ponto, perdendo a magia por completo.
- Vários anos se passaram, as bruxas sempre a serem perseguidas como animais. – Ana continuou, a sua voz com um terço da magia que a minha carregara anteriormente. – Até entre nós matávamo-nos, não necessitando que os humanos fizessem isso. As lutas entre clãs conseguiram fazer com que as bruxas quase desaparecessem ao nível da extinção. Mas foi apenas isso, quase! – Os olhos da minha irmã ardiam com o fogo da fogueira, com o ódio dirigido aos humanos e às bruxas que tinham causado a desgraça da nossa espécie, no entanto, ela continuou a história. – Nessa altura, mesmo em tão baixo número, as bruxas uniram-se, fazendo pactos de que nunca iriam atacar-se umas às outras e acabaram as guerras entre os clãs.
- No entanto, os humanos não perdoavam as bruxas pelas mortes causadas pelas suas disputas e quando as Criaturas da Noite começaram a deixar ainda mais espaços abertos entre as suas matanças, iniciou-se a Caça à Bruxa. – Ella disse, continuando a história a partir de onde Ana a tinha deixado.
- Criaturas da Noite? – Seth perguntou. – Como assim?
- Vampiros, Seth. – Respondi-lhe, vendo Edward fazer a mais leve careta ao meu lado e Jacob encolher-se à menção do nome. – Embora as bruxas estivessem inocentes, tendo também elas incluido os humanos nos seus pactos, jurando nunca mais matar um humano ou sequer envolver-se com um, os humanos começaram a caçá-las e a mandá-las para a Fogueira... Fizeram isso não só com as bruxas mas com os vampiros, os lobisomens e mais outras criaturas que não compreendessem. Foram tempos terríveis para as comunidades mágicas existentes na Inglaterra, mas as bruxas e bruxos encontraram uma solução para se salvarem da Fogueira.
- Qual? – Foi Jacob que perguntou desta vez.
- Os Estados Unidos já tinham sido descobertos e várias pessoas vinham para colonizar o Novo Mundo. – Continuei. – Foi complicado, mas muitas bruxas e bruxos vieram para cá, com a esperança de que poderiam criar um novo recomeço nestas terras, pensando que seria possível voltarem a entrar em contacto com a Deusa, pedindo-lhe desculpa por tudo. Esconderam-se em vários sítios: Ipswich, Massachussets; Salem, Oregon; e outras cidades, ergueram as suas cidades e os clãs sossegaram.
Parei quando a fogueira estalou, lançando fagulhas de chama para os céus escuros. Olhei para as chamas, vendo quase as batalhas que se seguiram.
- Por mais que fizessem, o único clã que realmente pareceu tentar obter o perdão da Deusa foi o clã de Salem. As bruxas misturavam-se, ofereciam a sua ajuda como antes tinham feito, mas as pessoas não as percebiam, não compreendiam a mágoa que as movia para ajudar o povo que as matava, os humanos sentiam medo e nos EUA começaram os movimentos da Inquisição, tal como tinha acontecido em Inglaterra. Conseguiram matar imensa gente, famílias foram destruidas e os seus descendentes juravam vingança contra os mortais, prometendo que estes pagariam pela dor causada àquele povo de inocentes. – Sentia as lágrimas fazerem-me arder os olhos. – A única razão que movia as Bruxas de Salem a não atacarem os humanos era o mago que chefiava o clã, Salem – o bruxo que dera o nome à cidade e que aprefilhava muitas bruxas e feiticeiros da cidade -, ele era sábio e fazia a razão chegar às mentes atordidas pela dor da perda das bruxas, mas a paz acabou quando os humanos conseguiram matá-lo, vários dos clãs que tinham respeitado as palavras do mago revoltaram-se e atacaram os humanos, mas as Bruxas de Salem permaneceram a seguir as palavras do seu antigo chefe e lutaram contra os outros clãs para proteger a cidade e os humanos que nela habitavam.
- Houve imensas mortes, quase ninguém sobreviveu à guerra e a cidade destruida e arruinada caiu no esquecimento, abandonada para ser tomada pela floresta. – Ella disse, a sua voz embargada pela tristeza da perda da nossa espécie.
Recordava-me desta história como se eu a tivesse vivido, a dor permanecia na memória das bruxas e estava decretado que não deveria ser esquecida, que mães, rainhas e sacerdotisas deveriam contar esta mesma história ao seus filhos e povo, tal como os seus antepassados lhes tinham contado a elas. Nem eu, nem Ana, nem Ella nos encaixávamos nas características daquelas que deveriam passar a história; eu ainda não era rainha de Salem, Ana ainda não era mãe e Ella ainda não era uma sacerdotisa da Deusa como ela desejava.
- Muitos anos mais tarde, em 1766, na cidade de Volterra em Itália, Marie, uma bruxa descendente das Bruxas de Salem, passeava pela cidade e acabou por conhecer Marcus... um vampiro. Acabaram por se apaixonar e vieram para os Estados. – Disse. – Vieram para a cidade de Salem, aquela que tinha sido destruida e abandonada. Juntos com um vampiro pela bruxa considerado filho, reconstruiram a cidade e devolveram-lhe a sua glória. Nos dias de hoje, bruxas, vampiros e humanos habitam a cidade em harmonia.
A minha voz reverberou pela noite, fazendo uma fagulha de fogo saltar para os céus, através do fogo vi os olhos de Seth cheios de uma emoção que eu não reconheci imedeatamente, depois olhei para Jacob e vi confusão nos seus.
- Isso é uma história assustadora?! – Ele perguntou com um tom de desafio na sua voz.
Sorri, ouvindo na mente de Edward uma pequena quantidade de ameaças contra o lobo.
- Depende... Acreditaste nela?
A pergunta ficou no ar, sentia o sorriso nos meus lábios aumentar enquanto o silêncio se prolongava, detestava momentos assim, mas sentia-me poderosa comparativamente à minha aparência frágil. Jacob mexeu-se inqueitamente ao meu lado, senti a sua apreensão perante a minha pergunta, algo me dizia que os seus instintos lhe estavam a dizer para se levantar e ir-se embora, mas a outra parte dele, aquela parte que já se sentia imensamente ligada à minha irmã, impelia-o a ficar.
- Então?
- Não me pareceu tão real como a história que eu te contei. – Ele disse, lançando um olhar de esguelha a Edward.
Levantei-me, sentindo-me estranhamente natural neste ambiente, como se esta fosse a natureza em que eu habitava constantemente. Os movimentos vinham a mim fluidamente, chegavam até a ser graciosos, mas nada iguais aos movimentos de Ana ou da Avó. A minha irmã e prima seguiram o meu exemplo, ficando nós as três de pé, um leve sorriso nos lábios de cada uma.
- Não acreditas na nossa história, portanto. – Declarei, observando atentamente os três rapazes no chão.
Bella? Edward perguntou-me, parecendo inquieto com a nossa súbita atitude.
- Talvez... Se eu te mostrasse a verdade... Talvez acreditasses... – Ponderei em voz alta, enquanto Ana, Ella e eu começavamos a andar sincronizadamente à volta da fogueira e dos três rapazes.
Senti a força da Terra invadir-me enquanto circundava o lume, senti a força do vento aumentar enquanto Ella sorria calmamente, senti algumas gotas de água cairem do céu enquanto Ana aumentava o seu sorriso gradualmente. Nunca me sentira tão ameaçadora quanto me sentia agora, sabia que o sorriso no meu rosto deveria ser igual ao do pai quando ele se preparava para lutar, sabia que ele não era propriamente um lutador, mas tinha a sua táctica que o tornava um alvo difícil... e ele sabia disso.
- Terra, Mãe de toda a vida, o teu poder chamo a mim. Obedece-me! – Ordenei para o vento e as árvores mais próximas fizeram um som de protesto enquanto os seus ramos se inclinavam na minha direcção.
- Vento do Norte, Portador do frio e da mudança, o teu poder eu chamo a mim. Obedece-me! – Ella exclamou e o vento que já começara a soprar com mais força, agora assobiava vindo do Norte, criando um vendaval no jardim de trás da casa do meu pai.
- Água, Alimento da Vida, o teu poder chamo a mim. Odebece-me! – Ana gritou por fim e uma chuva torrencial começou a cair, molhando-nos e apagando a fogueira.
Ver a indicação dos nossos elementos, assustou Seth e Jacob. Edward parecia pacífico demais e eu quase me perguntei se ele podia sentir a tranquilidade que eu sentia quando estava ligada ao meu elemento.
- E agora, Jacob Black, acreditas?! – Perguntei, elevando a minha voz acima do vento que assobiava ferozmente.
Vi o ar assustado dos dois indios e quase, quase tive pena deles, quase deixei a compaixão levar a melhor de mim e protegê-los desta dura realidade. Mas eu não podia fazê-lo, não podia deixá-los ignorantes quanto à nossa verdadeira natureza, não se era para eles fazerem parte da vida da minha irmã e prima.
Os olhos de Jacob seguiam-me enquanto eu me movimentava de uma lado para o outro, vi a incredulidade e o medo neles espelhados, vi aquilo que certamente nos iria dificultar a vida.
- O que raio se está a passar aqui! – Ele exclamou por cima da chuva.
- Nós somos bruxas, Jacob. – Ana disse-lhe. – Eu tenho o poder da visão, vejo o futuro e o meu elemento protector e guardião é a Água. Posso controlar a água no seu estado líquido.
- Eu não tenho nenhum dom específico, sou apenas uma feiticeira simples e o meu elemento é o Ar. Tenho controlo sobre todos os ventos, posso conjurar uma ventania fria do Norte ou uma aragem quente do Sul. – Ella disse olhando para Seth vendo o olhar questionador do rapaz.
- O meu elemento é a Terra, possuo o controlo sobre o chão que pissas e as florestas que protegem o teu lar. – Disse-lhe. – O meu dom é ser um escudo mental, protego as mentes das pessoas de ataques psiquicos, mas recentemente adquiri a abilidade de ler mentes, embora nisso eu seja selectiva.
- E eu sou mesmo um vampiro. – Edward disse levantando-se e encaminhando-se na minha direcção para se abraçar a mim. – As tuas lendas são verdadeiras, Jacob Black. A família Cullen é mesmo uma família de vampiros, todos nós o somos. Mas traquiliza-te, nunca vos faria mal.
- As lendas são verdade... – Ouvi Seth sussurrar.
- Eu quebrei o tratado. – Jacob disse baixinho com um ar abismado.
- Ninguém te culpa, nem tencionamos retaliar. Mas, infelizmente, precisamos da vossa ajuda e dos vossos dons.
- O quê?! Quais dons? – Perguntou Seth, agora realmente assustado.
- Na realidade, vocês descendem de uma longa linhagem de lobos, tal como contam as vossas lendas! – Ana esclareceu olhando preocupada para Jacob, que fitava Edward parecendo indeciso.
- Jacob em que estás a pensar? – Perguntei querendo aliviar um pouco a preocupação da minha irmã.
- Não sei. Sempre pensei que as lendas eram apenas lendas, mas o que me estas a mostrar...
- Sim, continua. – Incentivei-o, mesmo sabendo que lhe podia ler a mente e tendo a certeza de que Edward já o tinha feito, achei que o meu futuro cunhado se sentiria mais confiante se o deixasse falar.
- Não sei o que pensar, mas disseram que precisavam da nossa ajuda, Porquê?
Edward lançou uma sonora gargalhada. – Falou como um verdadeiro líder, tal como Ephraim.
- Desculpa?! – Jacob olhava confuso para Edward.
- O teu Bisavô, apenas fez o tratado porque acreditava que todos mereciam segundas oportunidades e nunca recusava ajudar ninguém mesmo que isso o prejudicasse. Um grande homem! – Edward explicou e eu vi o brilho no seu olhar, ele sentia orgulho daquele homem que nada lhe era, mas que aparentemente tanto lhe tinha dado.
Reparei que a chuva parara, assim como o vento já não soprava com força, descontrai-me, deixando que as árvores voltassem à sua posição inicial, mas não larguei a magia que sabia que iria precisar.
- Mas disseste que precisavam da nossa ajuda. – Seth chamou-nos à atenção, puxando-nos novamente para a linha de raciocínio que nos levara a esta situação.
- Sim, mas não tem de ser vocês os dois. – Ella disse depressa e não pude deixar de sorrir, institos protectores.
- Precisamos da ajuda dos lobos. Mas vocês ainda não fizeram a transição, pois não?
- Como assim? – Jacob e Seth perguntaram ao mesmo tempo.
Olhei para Edward e vi-o responder negativamente com a cabeça. – Ainda não. Na verdade, nem sabemos o que permite a transformação.
Olhei para Jacob, seria bom se tivesse ideia do que procurar na mente dele para responder às perguntas que se formavam, se não sabia como tranformá-los, se não havia ninguém que os pudesse ajudar com isso, não poderia fazê-lo.
- Quem é o rapaz mais velho na tribo?! – Perguntei.
- O Sam, mas o que é que isso tem a ver? – Jake respondeu-me parecendo ficar novamente confuso.
Sam... Seria possível que... não poderia ter a certeza sem perguntar a alguém que soubesse... mas isso implicaria muito provavelmente perguntar a Billy o que teria por consequência a exposição daquilo que nós éramos... Problema atrás de problema... porque é que a vida não podia ser um pouquinho mais simples.
- O que é que se passa?! – Jacob perguntou, agora impaciente.
- Há um bando de vampiros que vai chegar a Forks no Domingo, um deles vai sentir o cheiro da Bella e vai decidir caçá-la para se alimentar. – Ana disse. – Nós somos suficientes para superá-los em número, mas temos demasiados pontos fracos... Eu, a Bella e a Ella podemos ser poderosas a usar magia, mas ainda não somos fortes o suficiente fisicamente para poder lutar mano a mano com um vamp.
- E então precisam de nós. – Concluiu Jake, parecendo ponderar na informação.
- Sim. – Edward disse, respondendo a algum pensamento que eu não apanhei. – Por favor, nunca pediria nada do género, nunca me dirigeria a vocês se não fosse mesmo necessário.
- Ela ficou a saber de ti por minha causa? – Jake perguntou agora em voz alta.
- Eu já andava desconfiada de algo... Nunca pensei na possíbilidade de ele ser um vampiro antes de tu me contares a lenda da tua tribo.
Os olhos escuros de Jacob fixaram-se em mim, vi como ele parecia estar com pena e não suportei a curiosidade, acabei por entrar na sua mente. Acabei por sentir mais raiva dele do que pena...
- Eu não me sinto nem um pouco arrependida de ter entrado nesta confusão. – Disse entre dentes, sentindo a nova raiva inflamar a magia. – Não me interessa minimamente que tenhas quebrado um estúpido pacto que os teus antepassados fizeram, não me interessa que eu esteja prestes a ser perseguida por um vampiro sádico, não me interessa sequer que a tua aldeiazinha possa vir a sofrer com as consequências dos teus actos. Interessa-me apenas que aquilo que tu fizeste me levou a ter o amor da minha vida.
- Bella. – Ella disse em tom de aviso, soube que ela sentira a força dos meus poderes a aumentar.
- Eu se fosse a vocês também me punha em guarda, não me parece que possamos deixá-los ir sem que estejam transformados.
- O que queres dizer, Isabella?! – Ana disse aproximando-se de Jacob, a possessividade dela era quase palpável.
- O mesmo que tu, Anabella. – Respondi. – Não podemos mexer no destino, mas podemos mexer com as pessoas. Tu sabes os riscos que corremos, tu sabes...
- ISABELLA!!!! – A repreenda sonora do meu pai fez com que a minha raiva se acalmasse, mas nem por sombras tinha desaparecido, continuava ali a aguardar o momento para sair.
- Jake, penses o que pensares os nossos destinos há muito que estão traçados e embora tenha a certeza que serás um bom marido, nunca serás o meu. Por isso, deixa-te de tretas e não me faças arrepender por sequer te ter deixado entrar cá em casa.
Ao ouvir as minhas palavras, vi a sua determinação fraquejar, no entanto não desapareceu.
- Como queiras, Bella. Mas não estou a ver em que é que poderiamos ajudar-te ou em que é que o Sam te poderia ajudar e se ele tem realmente alguma coisa a ver com as lendas dos lobos e isso, dúvido que ele quisesse ajudar os vampiros. – Jacob cuspiu esta última palavra e eu respirei fundo, prendendo a minha raiva bem lá no fundo. Bolas, como é que um rapaz tão querido podia ser tão irritante. Aqui estava a semelhança com a minha irmã, eles vão se dar lindamente, estou a ver!
- Bella, Jacob, chega. – Ana aproximou-se de Jake e colocou a sua pequena mão no seu peito, um gesto que aparentemente o acalmou. – Tu não queres arrepender-te mais tarde, Bells.
- Ele que não queira arrepender-se mais tarde. – Disse à loira, tendo a certeza de que só ela me ouviria para além dos outros com super audição.
- Calma, meu amor. – Edward sussurrou-me ao ouvido.
- Mas... Nós podemos ajudar? – Perguntou Seth.
A voz de Seth trouxe um pouco de senso ao pátio. Ainda não me tinha acalmado em relação aos pensamentos de Jacob, ainda não me tinha passado a raiva e por isso decidi começar a lançar a minha magia na direcção de Jacob e Seth.
- Nós tínhamos esperança que sim. – Ella disse e no seu olhar havia novamente preocupação, ela tinha percebido o que eu estava a fazer e ela começou a fazer o mesmo. – Vocês conheceram o Edward, ele não é mau... Há vampiros bons. O meu pai... ele é um vampiro. E nós só precisávamos da vossa ajuda mesmo.
- Bella? – Ana chamou-me e eu acenei-lhe.
- És a última necessária. – Disse-lhe mas o meu olhar manteve-se em Jacob. – Estás disposto a ajudar-nos, Jake? Estás disposto a ajudar uma amiga?
Vi-o hesitar, ele olhou para mim e então para Edward e por fim olhou para Ana, reparei na sua mente como ele desejava que alguém olhasse para ele do mesmo modo que eu olhava para Edward.
- Prometo-te que vais ter, que ela está apenas à tua espera... – Disse-lhe e o seu olhar voltou para mim. – Mas ajudas-nos?!
Ele voltou a olhar para Ana e então deu-me a sua resposta.
- Sim.
Senti Ana libertar a sua magia em direcção aos lobos e ouvi Ella pedir desculpa a Seth que olhou para Ella ainda mais confuso. Sussurrei uma preçe à Deusa para que tudo corresse bem e então tudo acabou.
- Seth, Jacob depressa agarrem-nas. – E senti os braços de Edward a segurarei-me.
- Obrigada. – E usando as forças que tinha coloquei-me de pé.
- Não sinto nada. – Seth disse ajudando Ella a sentar-se na relva.
- É normal, mas toma atenção, os cheiros, os sons, o que vês para além das árvores? – Ella recuperava as forças e sem se dar conta nos seus olhos um brilho nasceu quando olhava para Seth.
Jacob estava distraído e ao entrar-lhe na mente vi o que o distraía, a minha irmã. Ele viu nos olhos dela aquilo que mais desejava e neste momento tudo tinha mudado.
- Mais calmo, Jake? – Perguntei. - Eu disse-te, ela estava apenas à tua espera.
Ele olhou para mim e voltou a olhar e disse. – Não sei como as bruxas tratam as borbulhas, mas está te a nascer uma na ponta do nariz.
- Incrivel, é incrivel! – Ri-me. - Acabou de adquirir super visão e a primeira coisa que este cachorro vê é uma borbulha no meu nariz.
E a gargalhada foi geral.
- Ainda bem que se estam todos a divertir! – Charlie disse saindo de casa. – Mas já são horas de os rapazes irem para casa.
Assenti. - Só um momento, pai.
- Jake, Seth, preciso que se lembrem que o que se está a passar convosco é algo instável, precisam de manter a calma e senão conseguirem, corram.
- Procurem-nos. Se precisares de alguma coisa, sabes onde estou! - Ana sussurou a Jacob e abraçou-o. E eu vi que se pudessem, nenhum deles sairia dali.
- Rapazes, está na hora. – O meu pai chamou novamente.
Enquanto todos se despediam, Edward abraçou-me. – Correu bem! Amanhã venho ter contigo bem cedo. Até amanhã, meu amor!
- Até amanhã! – E beijámo-nos carinhosamente.
- Exibicionistas. – Retorquiu Ana.
- Invejosa! – Disse-lhe. – Mas cada coisa a seu tempo.
Depois de todos sairem o meu pai felicitou-nos. – Muito bem, meninas, foi um bom trabalho mas amanhã vai ser um dia complicado e temos muitas coisas para preparar. Começando por um pequeno passeio a La Push, não é, Ana? - A minha irmã corou furiosamente. Definitivamente o pai tinha tocado num ponto sensível. Ri-me!
- Até amanhã, pai.
E subi para o meu quarto, com uma esperança renovada.

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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?!
O que acham que deve vir a seguir?
Deixem-me as vossas opiniões!
E qualquer dúvida na linguagem utilizada, não hesitem em perguntar!
Bjs



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