Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 23
20º Capítulo - Anciã




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(Bella POV)

 

Assim que saímos da biblioteca, fui abalroada por alguém.

Um par de braços quentes envolviam-me e elevavam-me do chão, fazendo-me girar à volta. Assim que ouvi a voz mental da pessoa que me tinha “atacado” comecei a gargalhar, era realmente aquilo que eu precisava.

- Põe-me no chão! – Gritei entre gargalhadas. – Nick!

Ele pôs-me no chão no momento seguinte e abraçou-me, retribui o abraço com toda a força que tinha, mas ele continuava a ser mais forte que eu. Quando nos afastámos observei o rapaz com atenção, procurando nele as marcas do rapazinho que eu tinha deixado aqui há um ano. Os seus olhos azuis claros como águas cristalinas brilhavam com alegria e estavam obviamente mais profundos, começando a ganhar a marca e semelhança de todos os olhos da família; os seus cabelos negros estavam desarrumados, dando-lhes um ar selvagem e rebelde; a sua pele pálida parecia levemente mais corada que o habitual e por isso supus que ele tenha utilizado algum tipo de esforço para além das suas habilidades; decidi então observar o seu corpo, que já não suportava as gorduras de bebé e dava agora lugar a músculos bem definidos. Nick era alto e por isso muito esguio, mas não deixava de ser um belo rapaz.

- Estás lindo. – Elogiei.

Ele ofereceu-me um dos seus sorrisos que faziam as jovens bruxas e humanas de Salem suspirar por ele. Balancei a minha cabeça, divertida. Pelo canto do olho vi Edward olhar atentamente para Nick com os olhos semi-cerrados, os seus punhos estavam fechados e a sua posição mostrava-me que ele estava prestes a atacar. Nick deve ter percebido o mesmo pelo que o seu braço rodeou-me a cintura de modo provocador e o seu sorriso tornou-se desafiador assim que ele se virou para o meu namorado.

- Prazer... – Nick disse olhando Edward de cima a baixo. Tive vontade de lhe bater só por isso. – Chamo-me Nicholas. A malta trata-me por Nick.

- Sou Edward Cullen. – Edward respondeu-lhe, educado como sempre.

- Edward, o Nick é... – Tentei dizer ao mesmo tempo que me tentava desenvencilhar dos braços de Nick para ir ter com o meu vampiro, mas Nick não permitiu que eu saísse e apertou-me mais contra si.

- Um velho amigo. – O idiota que me prendia nos seus braços disse, tentando picar o meu namorado.

Nick, seu estúpido, não piques um vampiro se não queres ter problemas. Pensei, reprovando a atitude do meu amigo.

- Já que assim o tomas... Nick, o Edward é... – Tentei novamente dizer, mas desta vez foi Edward que me interrompeu e eu tive uma imensa vontade de bater a ambos.

- O namorado da Bella. – Edward disse parecendo estar a marcar território.

Era fácil sentir a testosterona lançada no ar... e era irritante a tensão que ela causava.

- Edward! Nicholas! Parem! – Exclamei conseguindo libertar-me dos braços de Nick. – Edward, este é Nicholas Swan, o meu primo!

A posição de Edward relaxou e o seu rosto foi coberto por uma máscara de surpresa e choque, no entanto, a posição desafiadora de Nick transformou-se numa desiludida.

- Bolas, Bells! – Ele exclamou olhando para mim desapontado. – Eu só me queria meter com o teu vamp aqui.

- Tu és um idiota, isso sim! – Ripostei.

Andei até Edward que mesmo sabendo que o rapaz na sua frente se tratava de um parente meu, colocou os seus braços à volta da minha cintura protectoramente.

Minha, ouvi-o pensar possessivamente, mas em vez de ficar irritada com a sua atitude, senti-me extremamente satisfeita.

Todinha tua, respondi-lhe mentalmente, fazendo um sorriso maravilhoso (e convencido) aparecer nos seus lábios e os seus braços apertarem-me mais, trazendo-me para mais perto.

- Nick! – Alguém gritou fazendo-nos virar todos na direcção da porta.

Lá encontrava-se uma rapariga, muito bonita com os seus cabelos castanhos escuros e olhos azuis tão claros quanto os de Nick, pele tão clara como a de Nick e um corpo elegante. Quando ela colocou os seus olhos em nós, vi-os brilhar e então ela correu na minha direcção.

- Bella!!! – Ela gritou enquanto corria para mim.

Libertei-me do abraço de Edward e então abracei a recém-chegada.

- Ella! – Exclamei assim que tinha a rapariga nos meus braços. – Há tanto tempo!

Depois de me separar dela, fí-la dar uma volta à minha frente para que eu a pudesse ver melhor. Os seus cabelos castanhos tinham o mesmo comprimento que os meus, mas os dela eram mais ondulados do que eu os tinha; ela não era tão alta quanto eu, em parte, devido à sua idade, mas não deixava de ser muito bonita.

- Estás linda, Ella! – Elogiei-a, vendo-a sorrir-me ainda mais. – Nem acredito que sejas mesmo tu.

Ela deu uma leve gargalhada que parecia um espanta-espirítos e os seus olhos brilharam com humor. Era tão bom estar de volta a casa.

- Sou uma Swan ou não?! – Ela riu-se mais um pouco, subitamente mostrando tanto do seu pai como eu a conhecia. Então ela olhou para Edward e voltou a colocar o seu sorriso quente igual ao da Tia Isabel. – Tu deves ser o Edward. Muito prazer, sou Ella Swan Angelus, prima da Bells. – Antes que o meu vampiro pudesse responder ela virou-se para Alice e Jasper. – Tu deves ser a Alice e tu o Jasper.

Os dois vampiros olhavam para ela com expressões chocadas e eu tive que me rir, tinham sido poucas as coisas até agora que os tinham chocado relativamente à minha natureza, mas isto era hilário.

- Diz-me, Ella. Ganhaste algum dom na minha ausência? – Perguntei recuperando da onda de riso.

- Oh não. – A Avó disse e fez com que ambos os meus primos se curvassem perante ela. – Parem com isso de uma vez por todas! – Ela exclamou parecendo zangada, então virou-se para mim, a sua expressão ficando mais suave. – A Ella apenas continua com o velho hábito de escutar atrás das portas.

- Não tenho culpa que vocês gostem de falar de coisas interessantes quando nós estamos por perto. – Ella respondeu sorrindo. – Agora, se não se importam... – Então ela virou-se para Nick com um ar imensamente zangado. – Esqueces-te que eu não tenho a mesma velocidade que tu?! Onde raio tinhas a cabeças quando saiste da sala de aula com aquela velocidade?! A Prof ficou a dizer que lá porque somos netos da Rainha não somos mais que os outros! E os humanos ficaram a dizer que tu tinhas enlouquecido! Queres que continue com a lista de coisas que ouvi pelos corredores da escola enquanto corria numa velocidade humana para vir ver a minha prima?!

Edward voltou a abraçar-me depois de me afastar da minha prima, os seus olhos observavam os meus dois primos mais novos enquanto Ella refilava com Nick.

- O que é que se passa com estes dois?! – Ele perguntou cautelosamente enquanto Alice e Jasper se aproximavam de nós, observando também os dois morenos.

- A Ella é filha da Tia Isabel. Ela, como eu, é mais bruxa que vampira. – Expliquei-lhes calmamente. – O Nick é o irmão mais novo da Emily e como ela é mais vampiro do que bruxo. Eles os dois andam sempre juntos, visto que são os mais novos e conseguem complementar um ao outro. Ele ajuda-a a deslocar-se com a vossa velocidade, ela ajuda-o com a magia.

- Hum... Útil. – Jasper disse.

Alice olhou para os meus... Acho que vou ter que me habituar a pensar nela como minha prima... Olhou para os nossos dois primos e então as suas sobrancelhas uniram-se deixando bem clara a sua dúvida. Jasper apercebeu-se disso e ficou a olhar confuso para a esposa, já Edward inclinou a sua cabeça para o lado, parecendo também confuso. Deixei a minha mente ouvir a de Alice para, pelo menos, perceber qual era a sua dúvida.

Será que consigo fazer magia?! A pergunta fez-me perguntar o mesmo.

- Bem... É uma questão de tentarmos. – Disse-lhe, fazendo-a olhar para mim.

Assim que ela o fez, sorri-lhe de modo encorajador. Se Alice fora uma bruxa antes de ser transformada em vampira, então era possível que os seus genes mágicos ainda funcionassem, não? Olhei para a Avó, procurando respostas no seu rosto, no entanto, também o dela estava pensativo. Vi os seus olhos castanhos passarem dos seus outros netos para nós e a questão estava, literalmente, escrita nos seus olhos. Ela estava a perguntar-se o mesmo que Alice e eu.

- Achas que é possível? – Jasper perguntou. Não estava certa se o ar no seu rosto era esperançoso se era receoso.

- É possível. – Respondi-lhe. – Afinal de contas, ela era uma bruxa antes de ser transformada... Pergunto-me se ela já era uma bruxa adulta se não...

- Pelo ar da tua Avó, eu diria que sim. – Edward disse, apercebendo-se do olhar distante da Avó.

Soltei-me dos braços do meu vampiro e dirigi-me à Avó, esperando que a minha aproximação a pudesse tirar dos seus pensamentos. Assim aconteceu, mal ela me viu, sorriu-me e então estendeu-me o seu braço.

- É melhor irmos antes que estes dois decidam começar a gritar. – A Avó disse-me quando lhe agarrei no braço. – Salem tem esperado pelo vosso regresso há muito tempo.

- Lamento ter partido...

- Não lamentes, meu anjo. A tua partida ensinou-te muito mais do que terias aprendido aqui.

- Por vezes, pergunto-me como seria se a Mãe não me tivesse levado e tivessemos ficado as duas com o Pai e a Ana. – Disse-lhe, de facto, já tinha pensado inúmeras vezes naquilo... em especial, no decorrer da minha infância. – Se tivessemos ficado aqui em Salem...

- Não te preocupes com isso agora, minha querida. Passado é passado, nada podemos fazer para o alterar e tu sabe-lo.

- Ás vezes gostava de voltar atrás no tempo...

- Não, Isabella. – A voz da Avó tornou-se repentinamente áspera, como se estivesse convicta de que eu iria tentar algo mau. – Parece-me que já te esqueceste do que é ser uma Swan.

- Não, Avó, não esqueci.

Era um dos motivos que me faziam orgulhar de ser o que era, a magia de pertencer à minha família, de ser portadora do legado de uma família tão antiga como as tradições das bruxas. Havia apenas uma coisa que eu não gostava... o facto de que perante todos, eu seria a próxima Rainha/Alta Sacerdotisa, etc do clã Swan.

Seguimos todos pela praça principal, recebendo novamente os grandes cumprimentos de todos os que se atravessavam no nosso caminho e, enquanto a Avó fazia apenas um pequeno manejo com a cabeça, eu fazia as vénias como eles, porque a maior parte deles eram vampiros que realmente eram importantes para a nossa... comunidade. Quando chegámos em casa, foi algo que eu nunca tinha imaginado ver... Angel estava esparramado no sofá, vendo Emmett contar todo animado a Rosalie os seus combates com os vampiros da academia, a vampira loira apenas sorria.

- E aquele grandalhão! Que idade é que ele tinha, Ang?! Ah! Não interessa! Ele era mesmo rápido e... Edward! Jasper! Finalmente chegaram, vocês perderam uns combates e tanto, meus! – Emmett exclamou logo assim que nos viu.

Rosalie, Esme e Isabel meteram-se logo de pé, ansiando por respostas.

- E então?! – Rosalie foi a primeira a perguntar.

Ia-lhe responder quando Ana apareceu nas escadas, correndo na nossa direcção e antes que qualquer um esperasse, ela atirou-se, literalmente, ao pescoço de Alice!

- Eu sabia! – Ela gritou. – Vai ser tão divertido! Vamos fazer compras juntas, quase como irmãs!

- Anabella! – Ouvi o Pai chamá-la, mas ela nem sequer lhe ligou. – Vejo que voltaram... E pelos vistos, eu tinha razão.

- Ahn... Alguém importa-se de explicar?! – Emmett perguntou, como se estivesse perdido na conversa.

Dirigi-me ao sofá e Edward sentou-se ao pé de mim com um sorriso brincalhão no rosto, ele parecia realmente divertido com algo. Então senti uma onda de confusão no ar e apercebi-me do que aquilo queria, de certo modo, dizer; olhei para Jasper e ele ria-se tal como Edward.

- Importam-se de não ser tão mauzinhos?! – Pedi-lhes vendo o ar de confusão de Emmett.

- Hei! – O grande urso exclamou percebendo aquilo que os irmãos estavam a fazer. – Isso não é porreiro, pah!

- Jasper! Edward! – Esme repreendeu-os.

- Desculpa, mãe! – Disseram os dois e então tudo na sala voltou ao normal.

- Então?! Importam-se de explicar?!

- Bem, nós fomos aos registos procurar pelo nome da Alice na árvore genealógica dos Swan. – Edward disse.

- E encontraram? – Esme perguntou olhando preocupada para Alice, mas esta última só lhe lançou um sorriso.

- Sim. – A pequena fada respondeu calmamente com um grande sorriso no rosto. – A minha tetra-tetra-avó era irmã da Marie.

Esme, Rosalie e as outras felicitaram Alice e Emmett, não deixando de lado o seu lado sempre brincalhão até fez uma piada arrepiando ainda mais os cabelos de Alice.

- E que tal fazermos um teste?! – A Tia Isabel sugeriu depois de terem contado a Alice algumas das regras das bruxas.

- Que tipo de teste? – A Avó perguntou erguendo a sobrancelha de modo desconfiado. – Isabel?

- Não é nada de mal, Mãe. – Isabel explicou-se olhando para mim. – Vamos só testar os poderes da Bella e ver se a Alice ainda mantém alguma da magia.

Fomos para a sala de jantar onde se encontrava uma longa mesa de mogno encerada, sobre a mesa encontravam-se dois candeladros de três velas. Meti-me a contar quantas bruxas se encontravam na sala, perguntando-me se precisaríamos de mais velas.

- Alice, Tia Izy, Esme, Avó, Ana, eu e Emily... – Contei baixinho.

- O que estás a fazer, querida? – Edward perguntou ao meu ouvido.

- Estou a contar. – Respondi-lhe. – Somos sete bruxas e só há seis velas, quando uma bruxa desafia outra a fazer este tipo de testes, geralmente, a bruxa que desafiou deve participar do desafio.

- Dizes sete? – Ele olhou para as outras, procurando entender. – Mas a tua tia só dirigiu o desafio a ti e à Alice.

- Não propriamente... Ela desafiou todas. – Sorri-lhe. – Vou adorar ver a tua cara quando a Avó fizer magia.

- Porquê? É alguma coisa mais fantástica do que tu?

- Oh... Muito mais. Com a idade, as bruxas tornam-se mais fortes. – Disse-lhe com um pouco de arrogância na voz. Estava a exibir os meus conhecimentos. – A Avó, apesar da sua aparência ser enganosa, tem 271 anos... muito bem conservados, não achas?

Ele riu-se um pouco e depois de me passar com o nariz pelo pescoço, disse: - Aposto que quando tu tiveres 271 anos vais estar muito melhor que a tua avó.

Senti o meu rosto queimar mas não comentei. Sentámo-nos todas à volta da mesa com a Avó na cabeceira ladeada por Esme e a Tia Izy, eu sentei-me no topo oposto da mesa, ocupando o meu lugar de mais nova. As velas eram brancas e eu vi como Alice olhava curiosa para as elas, já as outras não se mostravam surpreendidas.

- Bella? – Alice, que estava do meu lado esquerdo, de frente para Ana, chamou-me. – O que é que é suposto fazermos?

- É suposto acendermos as velas sem usarmos fósforos ou isqueiros. – Ana respondeu por mim.

- E como é que é suposto fazermos isso? – Alice voltou a perguntar.

- Utilizando magia. – Disse-lhe. – A Avó vai ser a primeira a fazê-lo, depois a Isabel e por último, delas as três, a Esme... Depois da Esme terá que ser a Emily, porque é a mais velha das descendentes, a seguir será a Ana... por último, eu. Depois tu.

- Vocês seguem uma hierarquia?

Assenti olhando para a Avó e vendo-a observar-nos, ela inclinou um pouco a cabeça, como se perguntasse se podia começar, assenti novamente para lhe dizer que sim. Todos nos virámos para observar a Matriarca e os seus olhos castanhos brilhavam com uma chama própria, eu conhecia a magia de um modo diferente das outras, sabia que o que viria a seguir seria ainda mais fantástico do que feito por outra bruxa qualquer.

E eu não estava enganada. Os olhos da Avó estavam focados no pavio da vela e, saído de puro ar, surgiu um pássoro vermelho (uma fênix), tão pequeno que poderia passar facilmente por uma mosca, mas as suas penagens distinguiam-no facilmente. Ele esvoaçou à volta da Avó e depois voou para a vela, tocando com as patas na ponta do pavio e levantando as asas, tornou-se numa labareda de chama que iluminou a primeira vela do candeladro.

Ouvi muitos prenderem a respiração ao verem o que a Avó fez, mas aquela magia já era antiga e por isso ainda era mais bela. Os meus olhos viraram-se para a minha tia e madrinha, Isabel, o sorriso convencido dos seus lábios não me surpreendeu, certamente ela iria tentar algo tão grandioso como a Avó, mas conhecendo-a bem, era capaz de dizer que ela iria tentar destacar-se. Foi o que ela fez, os seus olhos azuis também faíscavam com as chamas que ela queria evocar, mas ao invés de surgir um pássaro como acontecera com a Avó, Isabel ergueu as mãos à vela, reparei no modo como elas pareciam emitir um pequeno brilho, como se ardessem com a mesma chama que os seus olhos. Observando bem, vi o brilho crescer e depois focar-se como uma pequena bola no topo da vela, fazendo com que esta se acendesse.

- Convencida. – Ouvi alguém murmurar nas minhas costas, mas não me virei para ver quem era, sabia pela sua voz que se tratava do meu pai.

Depois foi Esme, os seus olhos verdes estavam tão focados como os de Isabel, mas ela não ergueu as mãos como a minha tia, só olhava para a vela e então umas pequenas faíscas surgiram do pavio e a vela acendou-se, fazendo com que um sorriso satisfeito surgisse nos lábios da mãe de Edward. Então todos os olhares se voltaram para Emily, a única sem vela, mas eu conhecia a minha prima para achar que aquilo a iria prejudicar; vi como os seus olhos azuis faiscaram e num pequeno movimento das suas mãos, observei-a criar uma vela a partir do encerado da mesa de mogno, sempre com um sorriso satisfeito e convencido nos lábios. Ela costumava ser uma das mais modestas, mas pelos vistos queria exibir-se para Joe. Então, acendeu a vela com a maior das facilidades.

- Exibicionista... – Nick reclamou do lugar onde estava encostado.

Emily lançou-lhe um olhar que faria qualquer pessoa em sua sã consciência encolher-se, mas Nick não o fez, ao contrário de Emmett e Jasper que se retrairam levemente ao olharem para a minha adorada prima. Sorri ao ver aquilo e ao ouvir os pensamentos de Rosalie apreciarem a reacção do seu marido e do seu irmão.

Então olhei para a minha irmã que examinava as suas unhas perfeitamente pintadas da sua cor favorita, quando ela reparou que todos esperávamos a sua... exibição, sorriu brilhantemente e focou a sua atenção na vela, contrariamente àquilo que já nos fora apresentado, os olhos de Ana não faiscavam, não ardiam com o fogo que seria evocado. As suas feições estavam calmas e tudo o que ela fez foi... soprar, um sopro calmo, como se a sua intenção fosse apagar a vela já apagada, mas isso provocou o efeito contrário, o pavio acendeu-se com uma chama tão brilhante como as outras.

- Fácil-fácil. – Ela disse, voltando a dar atenção às suas unhas.

E era a minha vez... Olhei para a vela, pensando num modo de acendê-la, poderia fazer como Ana, um só sopro, mas então perderia a graça... Poderia tentar imitar a Avó, evocando uma fênix para acender a luz e deixaria de ser única a magia que ela fizera... Mas então lembrei-me de algo... Poderia fazer algo quase como Emily com a minha própria vela e algo tão grandioso como a Avó.

Sorri e foquei-me na vela, permitindo que na minha mente surgisse a forma que eu queria que a vela tomasse; ergui as minhas mãos para que cercassem o objecto de cera, senti o espaço entre as minhas mãos aquecer e vi a vela começar a diminuir para se tornar num objecto arredondado, comecei a trabalhar as formas que queria no ar, recortando a cera para lhe dar detalhes e quando acabei tinha uma rosa feita de cera no lugar da minha vela. Sorri satisfeita, sentindo pequenas gotas de suor na minha testa, limpei-as e então continuei, mas desta vez baixei as mãos, permitindo-me repousá-las no meu colo; olhando para a nova vela, focalizei os meus pensamentos para que esta se tornasse vermelha e assim aconteceu, a cor começou a surgir da parte inferior da vela, seguindo até ao pavio e então acendeu-se sem que eu precisasse tocar-lhe ou fazer outra coisa qualquer.

Voltei a sorrir, mas sentia-me exausta, novamente o custo para executar magia para a qual ainda não estava bem preparada.

- Linda. – Edward sussurrou-me ao ouvido e beijou-me no topo da cabeça. Novamente me senti melhor com o carinho que ele me fazia nos cabelos.

E por fim, todos olhámos para Alice, uns esperançosos (mais as mulheres do que os homens), outros ligeiramente receosos e outros ainda curiosos. No entanto, a fadinha parecia tremer de medo só com o pensamento de não conseguir acender a vela, embora eu estivesse segura de que ela iria conseguir, ergui a minha mão para pegar na dela e esfreguei-a, tentando assegurá-la.

E se eu não conseguir? Ela perguntou-me mentalmente, olhando para mim com os olhos cheios de receio.

Por momentos desejei que ela conseguisse ouvir-me, tal como eu e Edward a podíamos ouvir. És uma Swan... Pensei e vi os seus olhos arregalarem-se quando o meu pensamento tocou a sua mente. Somos capazes de fazer tudo o que queremos.

Os seus olhos ficaram emocionados e então decididos, mas não demorou muito para uma onda de confusão e novo receio lhe assombrarem o seu brilho.

- Como...?

- A Bella guia-te. – A Avó disse antes de mais nada.

Assim que os meus olhos voaram para os dela, eu vi aquilo que ela queria, aquilo que ela esperava de mim, aquilo que todos esperavam... Que eu fosse a rainha quando esse lugar e título ainda nem me pertenciam.

Tu sabes o que tens a fazer! Sabes como fazê-lo, Bella. A voz gentil e autoritária de Marie Swan encheu-me o pensamento. Não me desiludas.

Eu não queria isso, não queria nem sequer ter que ser eu a ser a guia das próximas gerações de bruxas que estavam por vir! Eu só tinha desassete anos, pelo amor da Deusa! Eu não tinha nada para vir a ser uma Rainha como a Avó.

Tentei procurar apoio nos que me rodeavam, mas ao encontrar os olhos castanhos do meu pai, que me olhavam com um brilho orgulhoso, tudo caiu por terra... eu não iria apenas desiludir a Avó se me recusasse a guiar Alice.

- Pensa no fogo. – Disse-lhe, recordando-me da primeira vez em que a Avó me ensinara a acender uma vela magicamente, a evocar o fogo. – Foca a chama na tua mente.

Entrei na sua mente, permitindo-me acompanhá-la. Ela estava a seguir-me à risca, focando-se no fogo que já sentira queimar a sua garganta e também eu o senti por momentos.

- Isso, Alice. – Disse, sentindo o fogo que começava a queimar com mais força, mas contive a vontade de levar a mão à garganta para me certificar de que esta não estava mesmo em chamas. – Foca-te no fogo. Sentes-o?!

A pergunta mais ridícula que podia ter feito, claro que ela o sentia, eu sentia-o. Queimava-me viva, praticamente impedindo que eu pudesse respirar facilmente, sentia-me menos... humana, a cada golfada de ar. Conseguia sentir o cheiro de todos no ar, o cheiro doce da Avó era incrivelmente o mais forte mas havia outros... o cheiro de Edward era o mais próximo, o mais inebriante, e o cheiro de Ella... o mais tentador.

- Ella. – A Tia Isabel chamou a filha, num tom baixo, mas totalmente audível para os meus ouvidos. – Sai da sala... Não estás a ajudar a Bella.

- Mas, mãe... – Ouvi-a contestar, mas a minha mente estava a perder a batalha interna que estava a decorrer.

O meu corpo parecia mais frio e praticamente pronto para correr, como se estivesse preparado para atacar. Percebi o que se passava e esforcei-me para me focar naquilo que eu tinha que fazer... Guiar Alice.

- Agora, Alice, pensa que tu controlas o fogo... – Disse-lhe com dificuldade, tentando a todo o custo controlar-me. – Pensa que tu és o fogo, Alice. Tu és a chama.

Os seus olhos estavam totalmente focados na vela e eu via perfeitamente neles a mesma faísca de magia que eu vira nos olhos das outras, a mesma faísca que eu sabia que todos teriam visto nos meus olhos. Mas aquilo que eu via em Alice era mais... muito mais que apenas o fogo. Tal como eu vira a chama surgir nos seus olhos, vi-os mudarem de cor, deixarem a sua cor dourada para adquirirem um tom castanho esverdeado, a sua pele subitamente deixou de parecer tão pálida e eu comecei a pensar se, de algum modo, ao tentar reactivar a magia nela existente, não a tivessemos transformado de volta em bruxa... Esperei ouvir o seu coração, mas ele não bateu e eu descartei o meu pensamento anterior.

- Agora dirige o fogo, dá-lhe uma direcção. – Indiquei-lhe. – Podes usar as mãos se quiseres, ou podes fazer como a Esme, olha fixamente para a vela.

Ela seguiu o exemplo de Esme, fixou o seu olhar na vela, os seus olhos já ardiam com as chamas que eu sentia na sua mente, e, tal como acontecera com Esme, a vela acendeu-se, tremeluzindo levemente, como se estivesse prestes a apagar-se, mas manteve-se acesa, tornando-se cada vez mais forte até que estabelizou.

Quando olhei para Alice, reparei que esta ofegava como se estivesse cansada, mas um sorriso victorioso iluminava-lhe os lábios e os olhos. O seu olhar saiu da vela e dirigiu-se a mim, parecendo grato e mesmo, mesmo à beira das lágrimas, então, já não eram os seus olhos em cima de mim mas os seus braços à volta do meu pescoço.

- Obrigada, Bella! Obrigada! – E continuou durante mais um bocado.

- Chega, Lice. – Disse-lhe afastando-a ligeiramente de mim.

Assim que o fiz, ouviu-se alguém prender a respiração, eu própria não conseguia sentir a minha cara. O rosto de Alice estava corado, como se sangue realmente corresse pelas suas veias, os seus olhos estavam daquela cor tão bonita de castanho esverdeado que era tão mais castanho do que verde e grossas lágrimas caiam, molhando o seu rosto perfeito. Quando ela se apercebeu de que todos olhavamos para si, apressou-se a limpar o rosto, para depois se começar a rir como se tivesse encontrado alguma piada.

- Estou a chorar. – Ela disse entre risos, que só então percebi serem risos de histeria. – Estou a chorar como uma humana.

Jasper apressou-se a abraçá-la, mas eu via a confusão escrita nos seus olhos que agora estavam azuis devido à magia presente na sala. Quando lhe ouvi os pensamentos, odiei-me internamente por aquilo...

Será que a perderei?! Ela pode escolher ficar com eles, afinal, são a sua família.

Edward pareceu ter ouvido também e deve ter reparado na minha expressão desolada pois depressa senti os seus braços a rodearem-me e os seus lábios a encostarem-se à minha nuca. Quando me virei para ele e me deparei com os seus lindos olhos verdes vivos, senti o meu coração falhar um batimento ao ver a dor espelhada no seu olhar.

- Nem todos podemos ter a sorte de já sermos totalmente completos, não é?! – Ele perguntou-me, baixo o suficiente para que só eu ouvisse.

Encostei-me ao seu peito, inspirando calmamente o seu odor que me fez relaxar. Ele tinha razão, mas Alice completava Jasper, tal como ele a completava, seria complicado duvidar disso e ainda eu conseguia ter dúvidas... Porque Alice poderia mudar, como Esme... Alice poderia decidir realmente tornar-se uma de nós, abraçar a sua verdadeira natureza (embora ainda não estivesse totalmente certa de como haveriamos de lhe devolver a humanidade, estava certa de que ela iria optar por essa escolha). Voltei a olhar para os dois e vi neles aquilo que eu já vira tantas vezes em Angel e Isabel, o amor e adoração nos seus olhos...

- Então... Está decidido, não?! – Ana curtou o silêncio, olhando para a Avó. – Vamos ter com o Conselho?

Alice olhou para mim, assustada e Jasper fez o mesmo, senti pena de ambos por momentos. Temiam perder um ao outro, não sabendo o que Ana queria dizer.

- Primeiro a Alice terá que escolher. – A Avó era justa. – Podes continuar a ser vampira, minha querida, ou podes tornar-te uma de nós, como a Esme.

Alice mordeu o seu lábio de mármore e, incoscientemente, agarrou a camisa de Jasper com mais força. Os seus olhos saltavam da Avó para mim e vice-versa como se procurasse ajuda.

- A escolha é tua, Alice. – Disse-lhe. – Nada te será retirado. O Jasper poderá ficar, nada vos impedirá de ficarem juntos, disso vos garanto. Continuarás a ser imortal, claro que serás muito mais frágil, mas imortal. Ainda terás a eternidade para ficar com o Jazz.

Vi os olhos de ambos sossegarem e Jasper sorriu-me, agradecido, mas não havia nada para agradecer, nós não tínhamos o poder de separar as almas gémeas, não era assim que funcionavamos. Novamente, Alice decidiu abraçar-me com novas lágrimas nos seus olhos e eu tive que me rir, para uma vampira com não sei quantos anos, ela era definitivamente muito emotiva.

- Então, pixie?! Pára de chorar e escolhe. – Disse-lhe. – Não temos o tempo todo e se não escolheres agora, terás que esperar durante mais algum tempo para escolheres.

- Eu... – Ela hesitou e então olhou para a sua “mãe” e depois para Rosalie. – Eu... Escolho tornar-me como vocês, mas... e os meus poderes?!

Eu não lhe iria responder àquilo, era demasiado óbvio, não?! Por.favor!

- Alice, minha pequena, não prestaste atenção ao que te dissemos antes? Tu nasceste com esse dom, nada to pode tirar, a magia poderá quanto muito aumentar e melhorar as tuas capacidades. – A Avó respondeu-lhe.

- Bem. Agora que ela escolheu, vamos para o Conselho?! – Ana disse levantando-se, totalmente impaciente. – A Mirela e as outras já devem ter presentido a convocação de uma reunião.

Procurei na sua mente o motivo da sua impaciência e não me admirei ao encontrar uma parede impermeável, ela conseguia bloquear-me, sempre fora assim até mesmo com o elo de gémeas que nos ligava, talvez esse fosse também um dom herdado...

Esme concordou com Ana e voltámos a sair, Edward insistiu em carregar-me, enquanto Angel decidira carregar Ana, já que Nick e a Ella iriam ficar em casa, pois ainda eram demasiado jovens para tomarem partido das reuniões do Conselho (não que eles fossem muito mais novos que eu e Ana, mas a diferença estava na apresentação de dons... Ana e eu éramos dotadas, eles não). Chegámos rapidamente ao centro da cidade, sendo novamente recebidos com os gestos respeitosos, mas desta vez não demos especial atenção a quem por nós passava, tínhamos pouco tempo para fazer tudo e não podíamos desperdiçar nem um segundo.

Assim que entrámos no edíficio principal – um grande prédio com um requintado ornamento de colunas de mármore na frente e um friso enorme sobre elas -, fomos recebidos por três mulheres cujas aparências lhes davam pelo menos quarenta anos a cada uma. Aquelas três completavam o Conselho de Salem... E pelo ar de poucos amigos de uma delas, eu previa que as coisas estavam prestes a ficar complicadas.

 

(Edward POV)

 

Eu estava estupefacto com a cidade, com os vampiros expostos, com a harmonia que era praticamente palpável no ar... A cidade de Salem era totalmente um novo mundo dentro do planeta Terra. Os pensamentos que eu ouvia variavam por muitas coisas, mas aqueles que deram pela nossa presença, praticamente que festejavam...

A princesa regressou... Era geralmente o pensamento mais ouvido, especialmente na mente dos vampiros. Não sei se me agradou ou não a veneração que eles pareciam ter para com Bella ou a sua família... Mas eu já não sabia nada.

Os meus irmãos também não pareciam estar muito longe daquilo que eu sentia, Alice era a única que parecia destoar nas emoções... Ela tivera uma visão, uma que ela não me permitia ver, mas que a deixara estranha... Já eu, imaginava como seria uma vida aqui com Bella, livres para sermos quem éramos... livres para constituir uma família.

Ouvi Bella dar-me as indicações para a casa da sua Avó e eu segui até ao local indicado, imensamente devagar para mim, mas eu precisava de ver as casas pelas quais passava com especial atenção. Eram tão perfeitas. Quase como casas de sonho, tinha um imenso relvado na frente, todas elas, um daqueles relvados verdes e bem-tratados, um daqueles que faria Esme delirar de entusiasmo; na geralidade, todas tinham dois andares e as fachadas eram repletas de janelas, que não permitiam ver grande coisa para o interior, mas que deixavam a luz brilhante passar à vontade. Eu queria tanto poder dar este tipo de coisas a Bella... vivermos os dois numa destas casas, com crianças... Contive um suspiro, sentia os olhos do meu anjo no meu rosto e não a podia deixar perceber que me sentia de algum modo triste.

Não tinha percebido antes, mas assim que comecei a ouvir os pensamentos dos meus irmãos, deparei-me com mais ou menos o mesmo desejo que eu na mente de Rosalie... ela compartilhava comigo o mesmo desejo por uma vida normal com a pessoa que amávamos.

Depois de prestar atenção ao caminho, deixei os meus olhos focarem-se em Bella, ela parecia tão calma, tão relaxada. Vi-a abrir a janela e o cheiro que entrou no carro era muito agradável, quente e doce, acolhedor em si. Reparei como o denominador das emoções no carro diminui, a tensão aliviou-se e a calma deixou-nos muito mais descansados, embora ainda ansiosos pelo momento em que chegaríamos à casa dos Swan, que já era visível no horizonte.

Quando parei o carro na frente da casa, examinei as pessoas que nos esperavam, à parte dos meus pais, do meu irmão e do pai e irmã de Bella, não conhecia mais ninguém. Supus que a mulher que era tão parecida com o meu anjo fosse a sua Avó, Marie, mas não me pronunciei, esperando que a minha amada o fizesse; ela pareceu mudar totalmente, de repente, a Bella que se encontrava na minha frente já não era a Bella descontraída que eu conhecia, esta estava rodeada por uma aura (quase palpável) de respeito, os seus olhos ficaram cautelosos e a sua postura ficou mais rigida. Vi-a fazer alguma espécie de gesto de respeito para a sua Avó, mas não compreendi porquê, tal como não percebi porque é que Marie fizera o mesmo para a neta nem porque é que ela pareceu ficar tão assustada quando viu a feiticeira mais velha fazê-lo. Não digo que tenha ficado aterrorizado quando o vampiro – que eu reconheci sendo o vampiro que Bella me mostrara numa das suas memórias - que estava no alpendre abraçado à tia de Bella, me chamou à atenção relativamente àquilo que eu fazia com a minha namorada, mas fiquei mais cauteloso, não estava no meu território para poder reclamar os meus direitos.

Depois de entrarmos, contámos o plano a Marie, ela não ficou satisfeita com algumas partes, mas aceitou e então foi a vez de expormos o problema de Alice, Charlie estava convicto de que ela pertencia verdadeiramente a Salem, mas eu temia que ele estivesse errado. Não queria nem imaginar a dor de Alice caso ela não pertencesse aqui. Decidimos ir procurar nos Livros das Gerações Perdidas, como Charlie lhes tinha chamado. Fiquei imensamente alíviado quando vi o nome de Alice escrito numa letra cuidadosa no papel antigo, se pudesse, teria produzido lágrimas tamanho era o meu alívio, custara mais do que eu poderia imaginar ver o sofrimento que Alice sentia por saber a verdade do seu passado e agora... era muito mais do que eu poderia agradecer a Bella.

Quando íamos a sair da biblioteca, fomos “atacados” por um rapaz... Poderia dizer que ele era bem parecido, tinha um aparência realmente jovem demais, mas a sua mente quase que funcionava como a de um adulto, não pude conter a curiosidade que me invadiu ao ouvi-lo pensar numa língua que me era completamente estranha. Ele tinha cabelos negros quase tão desarrumados como os meus, a sua pele era tão clara como a neve, mas os seus olhos eram o que se destacavam na sua face, eram de um azul ainda mais vivo que o de Ana, mas não tão profundos como os da irmã de Bella. Havia algo no rapaz que não me era estranho, algo que parecia ligá-lo a alguma memória, talvez de Bella, mas ele não era um estranho...

Mas o sentimento de reconhecimento foi abalado pelo ciúme que eu senti quando vi o estranho rapaz agarrar Bella, não gostei de algum modo o facto de que ele parecia tão íntimo da minha namorada. Ela ria-se, fazendo-me deixar de perceber se deveria estar prester a matar o jovem intruso ou se deveria ficar quieto, como eu observara Angel junto de Isabel. Eu estava tão confuso...

Ela gritou que ele a metesse no chão, quis abraçá-la, recuperá-la daquele desconhecido, Nick, como Bella se referira a ele. Custou-me observar calado o olhar de quase adoração que ela lhe lançava, observei-o melhor, sentindo raiva do sorriso perfeitinho do rapaz. Quando ambos repararam em mim, vi como os olhos de Bella ficaram preocupados, mas a sua mente continuava silenciosa e isso impedia-me de saber o que a preocupava. Já Nick teve um sorriso nos lábios que me fez odiá-lo ainda mais, assim como o seu braço que se envolveu à volta da cintura da minha namorada.

- Prazer... Chamo-me Nicholas. A malta trata-me por Nick. – Ele apresentou-se com um tom tão petulante que só me apeteceu esmurrar-lhe a cara.

- Sou Edward Cullen. – Respondi-lhe, embora me sentisse enraivecido pela criança, não iria descer ao nível que ele apresentava.

Reparei no princípio de um sorriso no rosto do meu anjo, mas isso não deixou que a minha raiva diminuisse... O rapaz continuava com o seu braço à volta da cintura dela.

- Edward, o Nick é... – Ela tentou dizer, mas aquela criatura que se considerava gente não a deixou continuar. Reparei também na sua luta contra o braço de Nicholas, isso fez-me querer arrancá-lo.

- Um velho amigo. – Ele disse, eu realmente não me importava quem ele era.

- Já que assim o tomas... – Bella parecia começar a ficar irritada. - Nick, o Edward é...

- O namorado da Bella.

Sei que fui estúpido, mas eu não pude conter a vontade de demonstrar que ela já era de alguém... Que ela era minha. Os meus olhos ficaram a encarar os do rapaz, ele certamente que não sabia com quem se estava a meter... e isso era perigoso, especialmente para ele.

- Edward! Nicholas! Parem! – Bella exclamou, libertando-se do abraço incomodo do rapaz. Não tinha reparado como a estava a incomodar. - Edward, este é Nicholas Swan, o meu primo!

Aquela nova informação desarmou-me... Eu estava com ciúmes do primo dela?! Mas... Mas... Ele não se tinha comportado como primo dela! Fiquei confuso, sem saber o que fazer. No entanto, reparei como a figura altiva e segura do rapaz se alterou para se tornar numa desconfortável e quase infantil.

- Bolas, Bells! – Ele reclamou. - Eu só me queria meter com o teu vamp aqui.

- Tu és um idiota, isso sim!

Bella voltou para os meus braços, deixando-me muito melhor. Não conseguia deixar de me sentir excessivamente possessivo, até porque não conseguia compreender realmente as intenções da população masculina desta cidade, a língua dos seus pensamentos não correspondia a nada do que eu conhecia.

Minha, pensei enquanto apertava Bella totalmente contra mim.

Não tinha reparado, mas ela tinha-se aninhado nos meus braços, os meus olhos encontraram os seus e vi o brilho que os dela tinham.

Todinha tua. Ouvi-a pensar e sorri, ela sabia como melhorar o meu humor, tinha sempre as palavras certas na ponta da língua.

- Nick! - A rapariga que surgiu na entrada, gritou.

Dirigi a minha atenção para ela e nada me surpreendeu quando a minha mente encontrou as mesmas estranhas palavras naquela língua estranha, mas diferentes dos pensamentos de Nick, a rapariga tinha pensamentos legiveis... mais fáceis de ler, de entender, até porque alguns estavam em inglês... às vezes, conseguia apanhar perfeitamente o tom do italiano ou de outra língua, mas o mais fácil de ler na sua mente era a irritação, a fúria e o inconfundível desejo de bater no rapaz, quis-me rir com a comparação que fiz sem sequer pensar. A rapariga era familiar em certos aspectos, tinha cabelos castanhos e olhos azuis, algumas das suas feições poderiam ser comparadas com as de Isabel, mas aquilo que me era mais familiar nela era a fragilidade e a fúria de gatinho que eu adorava e achava tão humorista em Bella.

Quando a rapariga viu o meu anjo, gritou pelo seu nome e correu na nossa direcção, ter-me-ia posto em frente da minha Bella caso não achasse a jovem tão indefesa.

- Ella! – Bella abraçou-a sorrindo, um sorriso tão amoroso que me derreti, literalmente. - Há tanto tempo!

Vi como ela a observou, quase como uma mãe observa um filho depois de muito tempo afastados. Não consegui evitar pensar no meu amor naquela posição maternal, mas todas as novas informações me faziam pensar nisso, fora uma das primeiras coisas que aprendera sobre ela: que gostava de tomar conta dos outros, e a minha curiosidade sobre qual seria a sua reacção como uma mãe era quase tão insuportável como aquela mesma curiosidade que me queimava sobre os seus pensamentos escondidos.

- Estás linda, Ella! – O meu anjo elogiou a rapariga, Ella, ainda com o sorriso carinhoso nos lábios. - Nem acredito que sejas mesmo tu.

Ella ofereceu-lhe um sorriso convencido e os seus pensamentos acompanharam a mudança de humor da rapariga.

- Sou uma Swan ou não?! – Depois de dar uma voltinha para se mostrar completamente ao meu amor, ela virou-se para mim, ainda a sorrir. - Tu deves ser o Edward. Muito prazer, sou Ella Swan Angelus, prima da Bells. – Então a familiar rapariga era prima da Bella?! Interessante. Ella virou-se para os meus irmãos. - Tu deves ser a Alice e tu o Jasper.

Bella gargalhou, aliviando a tensão que surgira. - Diz-me, Ella. Ganhaste algum dom na minha ausência?

- Oh não. – Marie pronunciou-se, chamando à atenção para a sua presença. Tal como Bella fizera quando chegámos, Ella e Nick curvaram-se numa vénia perante a sua avó, fazendo-a reclamar. - Parem com isso de uma vez por todas! A Ella apenas continua com o velho hábito de escutar atrás das portas.

- Não tenho culpa que vocês gostem de falar de coisas interessantes quando nós estamos por perto. – Ella disse fazendo ar de ofendida, mas na sua mente, o desejo de, de facto, ter algum dom manifestava-se. - Agora, se não se importam... – Ela virou-se para Nick, o seu rosto voltando a estar furioso. - Esqueces-te que eu não tenho a mesma velocidade que tu?! Onde raio tinhas a cabeças quando saiste da sala de aula com aquela velocidade?! A Prof ficou a dizer que lá porque somos netos da Rainha não somos mais que os outros! E os humanos ficaram a dizer que tu tinhas enlouquecido! Queres que continue com a lista de coisas que ouvi pelos corredores da escola enquanto corria numa velocidade humana para vir ver a minha prima?!

- O que é que se passa com estes dois?! – Perguntei depois de a abraçar, mas continuando a observar os dois.

Reparei que Jasper e Alice se juntaram a nós. Embora ambos estivessem com a sua atenção tão presa nos dois jovens, ouviam com atenção a explicação de Bella.

- A Ella é filha da Tia Isabel. Ela, como eu, é mais bruxa que vampira. O Nick é o irmão mais novo da Emily e como ela é mais vampiro do que bruxo. Eles os dois andam sempre juntos, visto que são os mais novos e conseguem complementar um ao outro. Ele ajuda-a a deslocar-se com a vossa velocidade, ela ajuda-o com a magia.

De certo modo, fazia sentido. Nick e Ella viviam numa relação simbiótica, tirando os dois partido daquilo que o outro podia proporcionar.

- Hum... Útil. – Jasper disse, estando os seus pensamentos na mesma linha que os meus.

Vi Alice olhar para os dois recém-chegados, na sua mente, ela remoía as palavras de Bella acerca de Ella ser capaz de fazer magia e Nick não, vi como se formou novamente a curiosidade e o desejo na sua mente, a sua dúvida evidenciou-se no seu rosto, mas não foi isso que chamou à atenção de Jasper. Reflexivamente, inclinei a minha cabeça para o lado, tentando tirar algum sentido dos sentimentos misturados com pensamentos na mente da minha irmã e então a pergunta...

Será que consigo fazer magia?!

Não fui o único a ouví-la, mas diferente da outra pessoa, eu não tinha resposta para a pequena pixie.

- Bem... É uma questão de tentarmos. – Bella disse, sorrindo carinhosamente para Alice.

Segui o seu olhar quando ela o afastou e deparei-me com o rosto pensativo de Marie, a sua mente também revolvia à volta da mesma pergunta, mas ela tinha teorias, por muito loucas que estas me parecessem, talvez pudessem dar resultado, talvez.

- Achas que é possível? – Ouvi Jasper perguntar, mas não consegui afastar a minha mente da mente de Marie, era fascinante, para dizer o mínimo, estar dentro da consciência daquela bruxa, as coisas que ela já vira, que já vivera... Tanta coisa para aprender em tão pouco tempo.

- É possível. – Ouvi a resposta de Bella. - Afinal de contas, ela era uma bruxa antes de ser transformada... Pergunto-me se ela já era uma bruxa adulta se não...

A mesma questão encontrava-se na mente da avó dela, ela remexia nas possíbilidades de transformar Alice, como Carlisle fizera com Esme, mas então adivinhava-se um problema... Pela segunda vez no mesmo dia, ouvi a referência a uma anciã nos pensamentos de bruxas.

- Pelo ar da tua Avó, eu diria que sim. – Respondi a Bella, conseguindo por fim afastar o meu olhar da Matriarca.

Bella saiu dos meus braços e dirigiu-se para ao pé de Marie, ela queria falar com a sua Avó e eu deveria respeitar a sua vontade, pelo que não iria ouvir do que elas falavam. Segui o caminho todo de volta até à casa dos Swan a observar Bella, a sua expressão variava entre triste, determinada e triste novamente... Eu desejava poder ir abraçá-la, confortá-la, mas não me iria intrometer na conversa das duas, eu sabia melhor que isso. Quando chegámos, todos estavam na sala de estar, Emmett falava sobre algo animadamente.

- E aquele grandalhão! Que idade é que ele tinha, Ang?! Ah! Não interessa! Ele era mesmo rápido e... Edward! Jasper! Finalmente chegaram, vocês perderam uns combates e tanto, meus! – Revirei os olhos quando o ouvi. Acontece que Emmett era demasiadamente previsivel.

Assim que a nossa presença foi declarada, Esme, Rosalie e Isabel levantaram-se, os seus pensamentos estavam todos voltados para Alice, preocupadas com as descobertas que tinhamos feito na biblioteca.

- E então?! – Rosalie perguntou.

Antes que algum de nós tivesse a oportunidade de responder, Ana surgiu nas escadas e desceu-as a correr, envolvendo Alice num abraço que eu estava certo que iria sufocá-la caso a fadinha precisasse mesmo de respirar.

- Eu sabia! – A loira disse, parecendo mais a Alice. - Vai ser tão divertido! Vamos fazer compras juntas, quase como irmãs!

- Anabella! – Charlie chamou-a, mas a loira não pareceu prestar-lhe atenção. - Vejo que voltaram... E pelos vistos, eu tinha razão.

- Ahn... Alguém importa-se de explicar?! – Emmett pediu, parecendo completamente perdido.

Puxei Bella para o sofá, olhando de esguelha para Jasper, esperando que ele entendesse a minha ideia. Claro que ele percebera e logo uma onda de confusão preencheu o ar. Não consegui impedir o sorriso que me cresceu nos lábios ao ver a cara confusa de Emmett, Jasper estava na mesma situação que eu, tentando conter o riso a todo o custo. Mas claro que eu não poderia esperar que Bella não reparasse no que estava a acontecer.

- Importam-se de não ser tão mauzinhos?! – Ela pediu-nos, mas também ela sorria.

- Hei! – Emmett exclamou, parecendo imensamente indignado quando Jasper fez desaparecer o sentimento que ele tinha implantado na sala. - Isso não é porreiro, pah!

- Jasper! Edward! – Esme ralhou-nos.

- Desculpa, mãe! – Acabámos por dizer ao mesmo tempo.

- Então?! Importam-se de explicar?!

Olhei para todos, esperando que alguma das mulheres começasse, mas elas não o fizeram.

- Bem, nós fomos aos registos procurar pelo nome da Alice na árvore genealógica dos Swan. – Comecei.

- E encontraram? – Esme perguntou, era evidente a preocupação tanto no seu rosto como na sua mente.

- Sim. – Alice respondeu-lhe, vibrando com felicidade. - A minha tetra-tetra-avó era irmã da Marie.

A pequena fadinha foi felicitada por todos, não escapando de ninguém. Só depois das coisas acalmarem um pouco é que comecei a perceber melhor aquilo que se passava nas mentes de alguns deles.

- E que tal fazermos um teste? – Isabel perguntou, fazendo crescer a suspeita em todos quando os seus lábios se abriram num sorriso sugestivo.

- Que tipo de teste? – Marie perguntou, em alerta para o sorriso da filha. No fundo da minha mente, naquela parte que nunca parava de imaginar, perguntei-me se Bella seria assim como a sua Avó para os nossos filhos. - Isabel?

- Não é nada de mal, Mãe. – Isabel defendeu-se, parecendo em parte ofendida pela desconfiança da sua mãe. - Vamos só testar os poderes da Bella e ver se a Alice ainda mantém alguma da magia.

Acabámos por nos levantarmos todos e seguimos atrás de Marie até à sala de jantar que era idêntica à nossa em Forks, mas esta era bem mais ampla que a nossa. Observei atentamente a sala que era de uma elegância e sobriedade só, todos os móveis deveriam ser de mogno ou carvalho, não sabia dizer, sobre a mesa dois candeladros de prata que reluziam com a luz do sol que entrava pela janela aberta que dava para um campo verde. Eu que seguia Bella, parei com ela na entrada da sala, prestei mais atenção à nossa paragem.

- Alice, Tia Izy, Esme, Avó, Ana, eu e Emily... – Ouvi-a dizer baixinho.

- O que estás a fazer, querida?

- Estou a contar. Somos sete bruxas e só há seis velas, - voltei a olhar para os candeladros e reparei no que ela dizia sobre as velas - quando uma bruxa desafia outra a fazer este tipo de testes, geralmente, a bruxa que desafiou deve participar do desafio.

- Dizes sete? Mas a tua tia só dirigiu o desafio a ti e à Alice.

Olhei para as outras, contando-as também.

- Não propriamente... – Ela encolheu os ombros, como se fizesse pouco caso. - Ela desafiou todas. Vou adorar ver a tua cara quando a Avó fizer magia.

Ela riu-se, virando-se para mim com um sorriso fantástico no rosto.

- Porquê? É alguma coisa mais fantástica do que tu?

- Oh... Muito mais. Com a idade, as bruxas tornam-se mais fortes. – Reparei no pontinho arrogante na sua voz, não compreendi porquê, mas o seu rosto iluminou-se como o de uma criança. - A Avó, apesar da sua aparência ser enganosa, tem 271 anos... muito bem conservados, não achas?

Tive que me rir, eu tinha que concordar, Marie era uma mulher imensamente bela para a idade que tinha, mas a beleza de pessoas com a sua idade já não me surpreendia, afinal de contas, Esme tinha 110 anos e era também muito bela. No entanto, não resisti ao pensamento que me surgiu.

 - Aposto que quando tu tiveres 271 anos vais estar muito melhor que a tua avó.

Ela corou, como eu pensei que ela faria e deliciei-me com a cor que lhe ficava tão bem. Seguímos até à mesa, vi como todas se sentaram, ficando Bella e Marie nas pontas opostas uma à outra, as outras cinco sentaram-se de um modo que me fez questionar se estariam a seguir algum género de... hierarquia.

- Bella? – Alice sussurrou quando já estava sentada do lado esquerdo de Bella. - O que é que é suposto fazermos?

- É suposto acendermos as velas sem usarmos fósforos ou isqueiros. – Ana respondeu-lhe com uma calma quase forçada na sua voz. Eu via na sua mente que ela era realmente o oposto de Bella, enquanto a sua irmã era calma e paciente, Ana era demasiado activa e imensamente impaciente.

- E como é que é suposto fazermos isso? – Alice voltou a perguntar.

- Utilizando magia. – Bella respondeu-lhe num tom de voz baixo e ao contrário de Ana, bastante paciente. - A Avó vai ser a primeira a fazê-lo, depois a Isabel e por último, delas as três, a Esme... – Comparei mentalmente as idades das três mulheres e, de facto, elas eram as mais velhas. - Depois da Esme terá que ser a Emily, porque é a mais velha das descendentes, a seguir será a Ana... por último, eu. Depois tu.

- Vocês seguem uma hierarquia?

Bella assentiu, confirmando a minha teoria acerca da hierarquia de idades. Depois de um curto espaço de tempo em silêncio, todos focámos a nossa atenção em Marie.

Foi quase impossível não dizer que a aura de poder à sua volta não era paupável, mas era nos seus olhos que a magia era incontestável. O castanho-chocolate dos olhos da Matriarca ardia como se tivessem fogo, o seu foco era a vela e eu achei que só por olhar para o objecto de cera com aquela chama no olhar, ela seria capaz de acende-la, mas antes que isso acontecesse, um pequeno pássaro surgiu do nada e esvoaçou à volta de Marie, senti os meus olhos arregalarem-se quando o pequeno pássaro enrompeu em chamas sob o pavio da vela, simplesmente espectacular.

Tal como a minha amada disse, depois de Marie foi Isabel, que parecia tão concentrada como a sua mãe, não era difícil encontrar as semelhanças entre as duas, mas as feições de Isabel eram muito mais parecidas com as feições do rosto de Marcus. Reparei como os seus olhos azuis faíscaram, quase como tinha acontecido nos olhos da sua mãe, mas não surgiu nenhum pássaro vermelho no ar, foi então que a vi elevar as suas mãos e colocar cada uma de um lado da vela, estando paralelas e semi-fechadas, elas pareciam estar a emitir algum tipo de luminosidade, depressa a impressão passou a certeza quando entre as suas mãos uma esfera de luz se acendeu, observei fascinado enquanto ela acendia a vela com aquela pequena esfera.

- Convencida. – Charlie resmungou e eu virei-me para o ver fazer uma careta carrancuda perante a exibição da irmã.

Isabel não lhe respondeu, mas eu vi o sorriso convencido surgir nos seus lábios. No entanto, a minha atenção tinha passado toda para a minha mãe que olhava atentamente para a vela, como se estudasse o objecto mais interessante do mundo, ninguém teria reparado na magia acontecer caso a vela não tivesse dado sinais disso, vi como o pavio se acendeu sozinho, começando a arder com uma chama saudável. Foi impossível não reparar no sorriso que surgiu no rosto do meu pai e como o seu pai inflou com orgulho.

Depois foi a vez de Emily, que fora a única que não tinha uma vela, não a conhecia tão bem, mas o sorriso no seu rosto e o ar descontraído de Bella disse-me que aquilo não iria prejudicar o seu desempenho em relação às outras. Mas isso não quis dizer que eu ficasse menos espantado pelo que aconteceu no exacto momento em que ela colocou a sua mão sobre mesa, fazendo um pequeno circulo com as unhas no tampo da mesa, vi com espanto uma vela surgir da mesa, formando-se na mão da rapariga morena, e, então, com um estalar de dedos, a sua vela acendeu-se com facilidade. Eu estava pasmo com aquilo.

- Exibicionista... – Nick resmungou, ele quase se parecia com Charlie, mas o primo da minha Bella não tinha a mesma aura que o seu tio.

Ao contrário de Isabel, Emily não disse nada, mas o olhar que ela lançou ao seu irmão fez-me estremecer, vi como Jasper e Emmett se encolheram perante o olhar assassino de Emily, ouvi a apreciação de Rosalie por aquele olhar, mas não vi nem ouvi quaisquer reacção de Nick que se manteve no seu lugar encostado à parede como se aquilo nada fosse. E então, todos nos virámos para Ana, eu já fora surpreendido pelas tácticas de magia anteriores e esperava que a gémea do meu amor me fosse surpreender mais um pouco, talvez não tanto como Bella me surpreenderia, mas um pouco talvez... A rapariga loira examinava as unhas como se nada se passasse, não pude deixar de a comparar a Rosalie, tão centrada em si mesma, ela olhou para todos, vendo que já era a sua vez e sorriu, esperei vê-la elevar as suas mãos para fazer qualquer coisa à vela, mas tudo o que ela fez foi lançar um pequeno sopro na direcção do pavio, eu estava parvo com a sua atitude, mas então a vela acendeu-se.

- Fácil-fácil. – Ana disse voltando a examinar as suas unhas.

Eu estava demasiado espantado para ter ideia do que é que se acabara de passar, pelo que foi fácil a minha mente esquecer-se totalmente da existência de Ana quando reparei que era a vez de Bella. Observei-a, estando mais que ansioso por saber e por ver como ela o faria... A minha querida mordia o lábio, como ela costumava fazer quando estava perdida em pensamento, vi os seus olhos saltarem de Emily para a sua Avó, analisando, estudando um método, supus.

Reparei como os seus olhos se iluminaram quando alguma decisão foi feita, então focaram-se na vela à sua frente e, tal como Emily e Isabel, Bella ergueu as mãos, esperei ver a esfera de luz que Isabel criara surgir entre as mãos do meu anjo, mas eu conhecia-a melhor que isso, ela não iria imitar ninguém, eu tinha certeza. No entanto, vi a vela ser reduzida a uma esfera de cera e perguntei-me qual seria a sua ideia, de repente, Bella começou a mexer as suas mãos no ar e a bola de cera começou a tomar nova forma, fiquei ainda mais espantado quando vi o resultado final, uma rosa. A cor pálida da cera era única coisa que nós indicava realmente que aquela flor não passava de uma vela. Vi o meu amor sorrir, reparei nas pequenas gotas de suor que adornavam a sua testa, colando alguns fios de cabelo à sua fronte, quis avançar para as limpar, mas uma mão no meu cotovelo impediu-me, olhei para trás, vi Angel balançar a cabeça negativamente e voltei a olhar para Bella a tempo de a ver limpar o suor com as costas da sua mão para depois poisar ambas no seu colo. Foi nesse exacto momento que a rosa de cera começou a ganhar cor, um vermelho fogo lindissímo, e a vela acendeu-se.

Eu não conseguia achar palavras fortes o suficiente para dizer o que eu tinha achado da demonstração de Bella, fora tão diferente das outras, tão mais... magnífica.

- Linda. – A palavra saíu-me dos lábios sem que eu sequer pensasse no que dizer.

Mas ela também lê os pensamentos, tótó. A vozinha da minha consciência recordou-me... e eu tive vontade de bater com a cabeça na parede. Como poderia eu ter-me esquecido de tal coisa?!

Enquanto eu me “espancava” mentalmente, todos virámos a nossa atenção para Alice que olhava fixamente para a sua vela.

E se eu não conseguir? Ouvi os pensamentos da minha irmãzinha e senti-me extremamente mal por não a poder ajudar.

Não soube bem o que se passava, mas no momento pareceu-me que Alice estava a ter uma conversa psiquica com alguém, só então reparei no sorriso quase que convencido e, no entanto, encorajador no rosto de Bella. E então o desespero no olhar da fadinha tornou-se em determinação e depois tornou-se em confusão.

- Como...?

- A Bella guia-te. – Marie disse cortando a hipótese de mais alguém responder.

Reparei no olhar de Bella, assustado, sem saber o que fazer. Por momentos, também eu fiquei desesperado. A troca de olhares entre elas foi algo que me deixou sem compreender nada, era como se uma longa conversa se passasse entre elas, apenas por olharem uma para a outra, senti-me incomodado por estar a observar aquilo, eu não pertencia aqui...

- Pensa no fogo. – Bella começou, voltando a chamar-me à atenção. - Foca a chama na tua mente.

Eu conseguia ver perfeitamente as indicações na mente de Alice, o que me fazia ficar quase sedento... Custava voltar a sentir a ardência na minha garganta, Bella “curara”-nos da nossa sede, mas isso não queria dizer que não fossemos sofrer com o fogo do veneno.

- Isso, Alice. Foca-te no fogo. Sentes-o?!

Eu sentia-o, tanto na minha mente como na mente de Alice e isso duplicava o sofrimento, mas algo trouxe-me para fora da estranha sensação. O rosto de Bella estava pálido e as pequenas gotas de suor que estavam a correr pelo seu rosto davam à sua pele um estranho brilho, reparei no modo como ela inspirava fundo, quase como se estivesse a “farejar” o ar à sua volta, também reparei no modo como o seu corpo estava posicionado, não gostei do modo como reconheci aquele estado.

Edward... Ouvi os pensamentos de Jasper a chamar-me. A Bella... Ela...

E tudo se encaixou quando vi as suas mãos procurarem a berma da mesa. Ela estava a comportar-se como uma vampira. Tinha que fazer alguma coisa e bem depressa senão ela iria arrepender-se mais tarde.

- Ella. – Isabel chamou, não tirando os olhos de Bella enquanto chamava a filha. - Sai da sala... Não estás a ajudar a Bella.

- Mas, mãe... – Ella ainda tentou contestar a decisão da mãe, mas acabou por fazer como lhe mandaram.

Foi naquele momento que o meu anjo pareceu voltar a si.

- Agora, Alice, pensa que tu controlas o fogo... Pensa que tu és o fogo, Alice. – A sua voz saía baixa mas determinada. - Tu és a chama.

Olhei para Alice por um segundo, foi tudo o que me bastou para reparar nas diferenças. Eu tinha visto a magia nos olhos das outras, mas nada acontecera como o que estava a acontecer aos olhos de Alice, que estavam a voltar à sua cor de quando ela era humana; a sua pele estava a ficar menos pálida como a de um vampiro e estava a ficar mais rosada como a de um humano. Esperava a qualquer momento ouvir o coração de Alice bater, mas isso não aconteceu... e talvez nem aconteceria.

- Agora dirige o fogo, dá-lhe uma direcção. – Ela indicou calmamente. - Podes usar as mãos se quiseres, ou podes fazer como a Esme, olha fixamente para a vela.

Alice decidiu-se pelo método de Esme, acender a vela só por olhar para ela. Soube que seria difícil para ela... ainda mais difícil do que era para Bella, seria mais cansativo, tanto fisicamente como psicologicamente. E eu conhecia Alice, o que quer que fosse necessário fazer poderia matá-la ou até mesmo enfraquecê-la, mas ela iria fazê-lo, pois o que ela queria mesmo era conhecer o seu passado. Não foi muito depois que a vela se acendeu, começando por arder com pouca intensidade para depois arder com uma chama forte e firme.

Depois, o olhar de Alice afastou-se da vela e as lágrimas de gratidão nos seus olhos também me comoveram... Eu estava feliz pela pequena fadinha, ela finalmente tinha conseguido encontrar a sua origem. E então ela abraçou Bella, fazendo-me ficar com uma pontadinha de medo de que a força de Alice pudesse magoá-la.

- Obrigada, Bella! Obrigada!

- Chega, Lice. – Bella disse afastando-se da fadinha e paralisando em seguida.

Todos ficámos... As lágrimas que corriam pelo rosto de Alice foram o motivo que nos fez congelar, porque como poderia ela estar tão mais... humana. Aquilo despertou algo nos pensamentos de todos à minha volta, mas eu não conseguia focar-me, eu estava atónito com aquilo que eu acabara de presenciar. Só realmente me apercebi de tudo quando Alice se apercebeu do que se estava a passar também.

- Estou a chorar. – Ela disse levando as mãos ao rosto para limpar as lágrimas. - Estou a chorar como uma humana.

Jasper saiu detrás de mim e abraçou Alice, o tormento nos seus pensamentos era espelhado na confusão no seu olhar. Já me custava imenso a dor de não poder ajudar Alice, mas a dor do meu irmão era mais complicada... porque eu via-me na situação dele, perder a mulher que amo.

Será que a perderei?! Ela pode escolher ficar com eles, afinal, são a sua família.

Reparei então na expressão no rosto de Bella, tão sofrida como a minha, a dor que ambos viamos na mente de Jasper. Aproximei-me dela e abracei-a, tentando reconfortá-la, quando ela se virou para mim o seu coração acelerou e, num dos cantos mais afastados da minha mente, soube que os meus olhos deveriam estar daquele tom verde que ela adorava, mas ela deve ter visto a dor nos meus olhos pois o seu rosto espelhou-a com perfeição.

- Nem todos podemos ter a sorte de já sermos totalmente completos, não é?!

Ela encostou a sua cabeça no meu peito, senti-a inspirar o meu odor e eu inspirei o dela, sentindo-me confortado pelo seu perfume.

- Então... Está decidido, não?! – Ouvi Ana perguntar, juro que nunca realmente me senti tão irritado por alguém como ela. - Vamos ter com o Conselho?

- Primeiro a Alice terá que escolher. – A voz sábia de Marie fez a minha irritação diminuir ligeiramente. – Podes continuar a ser vampira, minha querida, ou podes tornar-te uma de nós, como a Esme.

Bella afastou-se de mim e ambos olhámos para a fadinha, ela mordia o lábio com nervosismo ao mesmo tempo que se agarrava à camisa de Jasper como se a sua vida dependesse de isso. O olhar aterrozidado que ela lançou a Bella disse tudo.

- A escolha é tua, Alice. – Bella disse-lhe, por momentos, com tanta certeza na sua voz, eu pude vê-la como a sua Avó, como Rainha de Salem. - Nada te será retirado. O Jasper poderá ficar, nada vos impedirá de ficarem juntos, disso vos garanto. Continuarás a ser imortal, claro que serás muito mais frágil, mas imortal. Ainda terás a eternidade para ficar com o Jazz.

E Alice, com novas lágrimas no rosto, voltou a abraçar Bella. Juro que a minha pequena irmã começava a ser irritante com tantas lágrimas, aquela não era a Alice alegre que eu conhecia e adorava...

Mas Bella rir-se do desespero da fadinha não era nada comum dela.

- Então, pixie?! Pára de chorar e escolhe. – Bella disse depois de controlar o riso. - Não temos o tempo todo e se não escolheres agora, terás que esperar durante mais algum tempo para escolheres.

- Eu... – Ela olhou para Esme e para Rosalie, na sua mente, ela estava temerosa pelo que a sua escolha lhes poderia fazer. - Eu... Escolho tornar-me como vocês, mas... e os meus poderes?!

Um pequeno sorriso surgiu nos lábios de Marie e Bella revirou os olhos, Isabel escondeu um sorriso e Esme sorriu carinhosamente, quando procurei o olhar de Carlisle e Charlie vi que ambos tinha um ar de riso, como se o que Alice perguntou fosse a coisa mais absurda de sempre.

- Alice, minha pequena, não prestaste atenção ao que te dissemos antes? – Marie perguntou com um sorriso carinhoso. - Tu nasceste com esse dom, nada to pode tirar, a magia poderá quanto muito aumentar e melhorar as tuas capacidades.

- Bem. Agora que ela escolheu, vamos para o Conselho?! – Ana perguntou levantando-se. - A Mirela e as outras já devem ter presentido a convocação de uma reunião.

Eu não precisava de ser Jasper para sentir a impanciência dela, nem Alice para me dizer que ela queria mesmo estar em frente ao dito Conselho, mas eu poderia ver o motivo por detrás disso tudo. Mas o muro de silêncio que encontrei a cercar a sua mente surpreendeu, quando a conheci, ela era o total oposto de Bella, eu ouvia todos os seus pensamentos, como era possível que agora não ouvisse absolutamente algum?!

Olhei para Bella e o seu rosto estava confuso, como se também ela não conseguisse ouvir aquilo que Ana pensava... Tencionava voltar a tentar auscultar algum dos pensamentos da Swan loira, mas Esme decidiu que seria melhor fazermos como Ana disse e isso desviou-me do meu intento.

Fomos quase todos, excepto por Nick e Ella. Eu carreguei Bella no caminho para o edíficio do Conselho e Angel carregou Ana, pelo que a viagem foi muito mais rápida do que a nossa viagem para a biblioteca. Quando lá chegámos, não me demorei a admirar a beleza do edíficio, não era algo que me chamásse particularmente à atenção, mas as três mulheres que nos esperavam no átrio, chamaram.

A que se encontrava mais à frente tinha longos cabelos castanhos escuros, a sua pele não era muito escura, no entanto, também não era clara como a pele de Bella, era um tom de pele bronzeado que lhe realçava os seus olhos castanhos-café, a sua postura era quase idêntica à de Marie, só não tinha a mesma aura de poder que envolvia a Matriarca Swan, mas era imensamente bonita e elegante. Já a que se encontrava no lado direito da primeira mulher também não lhe ficava atrás, era muito bonita, os seus cabelos eram tão longos como os da mulher de olhos cor de café mas os seus eram de um tom loiro que fazia lembrar campos de cearas de trigo ao sol, os seus olhos de um tom de mel que era acolhedor e doce, já o seu tom de pele era ligeiramente diferente, um bronzeado leve que dava um tom dourado à sua pele, ela parecia brilhar levemente com os contrastes de dourados que a envolviam. Por último, a terceira mulher era tão parecida com as outras duas como era diferente, impossívelmente bonita, elegante, uma aura indefinida de poder à sua volta, a única coisa que a diferia das outras era o tom claro de pele - tão branco como a neve -, os olhos - verdes... como duas esmeraldas mas com sombras que me faziam recordar o verde das florestas de Forks - e os seus cabelos, que diferentes das outras duas não eram nem loiros-dourados como as cearas de trigo nem castanhos-escuros como o grãos de café, eram de uma cor tão particular e estranha como bela, coloridos com as cores vermelhas do Outono fazendo-me recordar as folhas que caíam e se acomulavam nos jardins e florestas.

- Creio que nos chamaste, Marie. – Disse a primeira mulher chamando à minha atenção. O seu ar sério não lhe retirava quaisquer traços da sua beleza, mas acentuava a força da sua aura.

Marie curvou ligeiramente a cabeça num cumprimento respeitoso para depois olhar para a mulher tão séria quanto ela. – Sim... De facto chamei, Mirela.

Então a mulher de cabelos castanhos era Mirela?! Não tinha pensado que ela tivesse um ar tão... indigena, mas aquilo só atiçava o misticismo da sua natureza. Mirela correu o seu olhar pelo grupo, parando em Esme e sorrindo calmamente.

- Sê bem-vinda de volta, irmã. – Ela acabou por dizer curvando-se ligeiramente como Marie fizera.

- É bom estar de volta. – Esme respondeu-lhe imitando o gesto.

E então a bruxa voltou a olhar para o grupo, sorrindo levemente perante os rostos presentes. Mas o seu sorriso aumentou mais quando os seus olhos encontraram o rosto de Bella, ela avançou um passo e fez a vénia que a minha amada fizera quando chegou. Vi o rosto de Bella corar mas ela respondeu ao cumprimento do mesmo modo. As outras duas bruxas fizeram o mesmo que Mirela, mas eu reparei que o olhar da terceira mulher que não me largava, a sua mente nada me dizia, mas o meu rosto aparecia muito.

- Vejo que trouxeste a tua família, meu bom Carlisle. – Mirela disse, falando para o meu pai.

- Sim. E viemos pedir-lhes ajuda. – Carlisle disse com um ar sério.

Os olhares das três bruxas saltaram para a pequena Alice, vi como ela se encolheu contra Jasper, mas os olhares das três não recuaram.

- Uma filha de Salem sem dúvida. – A mulher loira disse com um sorriso amável. – Procuras as tuas origens, minha querida?

- Ela já as sabe. – Disse a mulher ruiva e então baixou o seu tom de voz e ninguém mais a ouviu. – Já este... É uma pena.

O seu olhar estava novamente em mim e eu senti-me incomodado por isso e pelas suas palavras, o que queria ela dizer?!

- E por já saber é que viemos ter convosco. – Alice proferiu-se, fazendo com que todos olhássemos para ela. – Vim pedir-vos que me deixassem tornar-me uma de vós. Eu quero voltar a ser uma bruxa.

- Hum... – Mirela disse. – Talvez devessemos seguir para a nossa sala... Que acham?

Marie e as outras duas assentiram e todos seguimos para a sala a que Mirela se referia, tal como todo o edifício, a sala era ricamente decorada, embora de modo simples, a decoração era bastante bonita. Havia uma lareira e um pouco mais afastadas da lareira estavam cinco poltronas, nas quais Esme, Marie, Mirela e as outras duas se sentaram. E então o seu olhar voltou a incidir sobre nós.

- Vieste pedir-nos que te transformássemos de volta numa bruxa. – Ponderou a mulher loira. – Mirela, o que achas?

- Sabendo quem ela é, eu diria que sim, que devemos fazê-lo, Anaíza. – Mirela disse olhando para Alice. – O que achas, Denize?

A mulher ruiva, Denize, retirou o seu olhar de mim e passou-o para Alice. O modo como olhava para ela era analítico, como se estudasse a pequena fadinha, e então um leve sorriso surgiu no seu rosto, tão carinhoso que me fez arrepiar. Então levantou-se da sua poltrona e dirigiu-se a Alice.

- Filha de Mary e Bernard, sob a luz das estrelas da constelação Cisne nascida, portadora da visão. – Denize disse rodeando a minha irmã calmamente para depois olhar para Mirela e sorrir. – Uma Swan autêntica sem dúvida.

- Um problema surge, no entanto... – Anaíza começou mas foi interrompida por Ana.

- Oh, pela Deusa! – Ana exclamou saindo do grupo.

O seu rosto estava zangado, algo que ela vira fizera aquilo eu tinha a certeza, mas a sua mente estava silenciosa e eu não podia confirmar qualquer suspeita.

- Ela é uma de nós. A Denize já o disse! Que problema poderia haver para transformá-la?! Qualquer uma de nós pode dar um pouco do seu sangue para a transformar, vocês só dizem isso para atrasar as coisas.

- Anabella! – Bella exclamou saindo dos meus braços, nunca vira o seu rosto tão enfurecido como naquele momento. – Onde pára o teu respeito pelos teus superiores?! Esqueceste-te do modo como foste educada para respeitar e obedecer às ordens que se tão dadas?! Quem quer ser respeitado, deve respeitar! Não te esqueceste disso, espero.

Os olhos azuis de Ana semi-cerraram-se para a irmã e a fortaleza que defendia os seus pensamentos cambaleou o suficiente para me permitir saber o que ela pensava, o que ouvi não me surpreendeu, no entanto. Ela queria voltar para Forks, o quanto antes possível...

- Não, não esqueci. – Ana acabou por responder voltando a colocar-se ao lado de Rosalie.

Vi Marie balançar a cabeça, desiludida, e Charlie fechar os olhos e os punhos com um ar triste, senti pena dele e imaginei como teria ficado Carlisle se eu tivesse morto Bella naquele primeiro dia (encolhi-me infinitesimalmente ao pensamento). Os olhos de Mirela, Denize e Anaíza estavam em Bella, ambas as três com um sorriso aprovador nos lábios.

- No entanto... – Anaíza voltou a dizer, lançando um olhar desafiador a Ana. – Um problema surge... Carlisle, bem sabes que é necessário que a bruxa que dê o sangue à tua filha, tenha compatibilidade com o dela quando ela era humana. Sabes qual era o tipo sanguíneo dela?

- Não fui eu que a transformei. – As palavras de Carlisle sairam tão baixinhas que duvidei que fosse para alguém ouvir. – Mas sabemos que ela pertence à família Swan.

- Sabes que não podemos permitir que retires amostras do sangue de todas as bruxas da família Swan, não sabes? – Denize proferiu-se, a sua voz tão calma que repassava a calma aos outros. – Imagina que o sangue de uma delas iria cair nas mãos erradas...

- Eu sei, eu sei. Mas eu nunca pediria uma coisa dessas à minha mãe! Nem a nenhuma delas, é uma das coisas que eu não conseguiria fazer.

- Então que solução ofereces, Carlisle Cullen? – Mirela perguntou.

- Eu... – Carlisle começou, mas alguém o interrompeu.

O barulho das portas a abrirem-se fez com que todos nos virássemos para trás para ver quem viera interromper a reúnião, as cinco bruxas levantaram-se, os seus rostos com uma expressão perplexa e quase assustada.

- Eu, Mary Swan Brandon, ofereço o meu sangue para que Mary Alice Swan Brandon Cullen retorne à sua natureza original. – A voz feminina era suave quase como música, mas decidida.

Caminhando com passos decididos na nossa direcção vinha uma mulher idêntica a Alice, a única diferença entre as duas era o tamanho do seu cabelo, porque de resto, poderia jurar que ambas eram gémeas originais. Escutei com cautela todos os sons que rodeavam a mulher: o som do seu coração a bater calmamente, o som ritmado dos seus passos que davam a ideia de que a mulher dançava em vez de andar, tal como Alice. Assim que o seu olhar encontrou o de Alice, um sorriso esplendoroso brotou dos seus lábios.

- Faz muito tempo que desejava conhecer-te. – Ela disse aproximando-se mais de Alice e os seus olhos arregalaram-se quando encontraram os cabelos da fadinha. – Oh Deusa! O que te fizeram ao cabelo, minha linda menina?

Assim que elas estavam frente a frente, reparei noutra diferença, as suas alturas, a recém-chegada era ligeiramente mais alta que Alice e os seus olhos brilhavam com a sabedoria de centenas de anos. Todos assistimos em silêncio o modo como Mary examinava Alice cuidadosamente, o silêncio só foi curtado quando o som de passos ecoou pela sala.

- Julguei que nunca te juntarias a nós novamente, Mary. – Marie disse passando calmamente por todos.

- Também eu julguei que nunca teria que voltar a envolver-me com estas coisas, Marie. – Mary respondeu a Marie olhando para ela com um ar atormentado. – Sabes o quanto detesto misturar-me com o teu reino.

- Também é teu, irmã.

As palavras da Avó de Bella fizeram um sorriso irónico surgir nos lábios da Avó de Alice, na mente da última, as palavras de Marie surgiam como uma piada sem graça. Não gostei nem um pouco da intensidade do sofrimento que envolvia a mente da mulher que eu agora reconheci como a anciã que tinha sido referida na mente de Ana e Emily. Os olhos castanhos esverdeados de Mary vasculharam a sala procurando por rostos conhecidos, parou em Bella e os seus olhos iluminaram-se.

- O futuro brilhante da cidade amaldiçoada descança nas tuas mãos, minha jovem? És tu que vais trazer o sangue antigo da cidade de volta? – Então os seus olhos caíram em mim e em Joe. – Vejo que mesmo sem teres o peso da coroa sobre os teus ombros já executas aquilo que o povo espera de ti, minha filha.

- Mary, por favor... – Marie disse, olhando da neta para a irmã.

- Tens razão, Marie. Vamos tratar de assuntos sérios. – O rosto quase elfico de Mary virou-se para Mirela. – Ouviste-me bem, Mirela. O meu sangue corresponde ao da minha neta quando ela era humana, eu dou o meu sangue para que ela volte a ser como nós.

- Conheces os riscos...

- Sim, conheço e estou disposta a tomá-los para que a minha família volte a fazer parte activa de Salem. – As palavras de Mary colocaram um ponto final na reúnião e então os seus olhos voltaram-se para Alice. – Vamos, minha pequena, temos muito que conversar. Mas antes... Carlisle. – Os olhos do meu pai voltaram-se na direcção da Avó de Alice. – Meu querido sobrinho, espero que não te importes de fazer a recolha do meu sangue para a minha neta e tua filha.

Os olhos de Carlisle brilharam com uma emoção tão forte que reparei que Jasper tremeu no seu lugar. – Sim... Tia.

O sorriso caloroso de Mary atingiu os seus olhos, mas não durou muito e com um suspiro o sorriso desapareceu. Mary virou-se para mim e para Bella, os seus olhos mostrando pena.

– Vocês carregam tanta desgraça, meus queridos...

- Lamento pelo sofrimento que antecipam. – Denize disse levantando-se e dirigindo-se a nós os dois, os seus olhos mostrando uma tristeza tão profunda como a cor dos seus olhos. – A minha família e o meu coração sofrem convosco, minhas crianças.

- Por favor... – Encontrei as palavras a saírem dos meus lábios. – Não há nada que possam fazer por nós?

Denize abrira a boca para me responder, mas não foi dela que a resposta veio, nem dela nem de qualquer outra das bruxas do Conselho.

- A força da união vence mundos, jovem Edward. – Mary respondeu-me. – O desespero e o medo toldam-te o discernimento e a razão, mas não deves nunca duvidar da força do coração de uma bruxa, meu rapaz. Especialmente de uma apaixonada. Mas as respostas virão mais cedo do que pensas.

Começaram todos a ir-se embora, apenas eu e Bella ficámos para trás juntamente com Denize que deixára Anaíza e Mirela seguirem à sua frente.

- Não desesperes nem percas a esperança, meu filho, tudo há-de resolver-se.

E aquelas foram as últimas palavras que ouvi naquela sala.


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Notas finais do capítulo

Gente este é o último capítulo que tenho pronto!
Ainda estou a trabalhar no próximo!
Espero que estejam mesmo tanto a gostar da história como eu a gosto de escrever!
Bjs e até ao próximo poste!



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