Anteriormente em De Menina À Mulher:

–- Você está mesmo grávida, Julie?

***

–- Augustus... e-eu... eu não quero conversar agora. – virei o rosto para o outro lado e mexi na guia, fazendo Estrela andar em direção ao curral. Olho pro céu e vejo que já deve ser lá pras 17:00, pois está escurecendo e ficando frio.

Conduzo Estrela até a entrada do curral, onde desço dela e faço um coque frouxo com meu cabelo. Retiro a cela, depois a manta e a guia. Por fim, pego uma escova e começo a escovar seu pêlo, passando a mão em seu corpo para ver se há algum calombo ou algo do tipo. Depois que termino isso, coloco um “balde” e encho com água. Enquanto ela bebe, ouço o barulho da porteira se fechando atrás de mim e sinto a presença de alguém. Sei que é Gus.

–- Julie... – ele começa, mas não dou chance e interrompo.

–- Gus, eu não quero falar sobre isso agora. – digo, ainda sem olhar para ele. – Por favor... – murmuro. Nem sei se ele ouviu, mas espero que sim. Tenho um certo receio de magoar o Gus ou coisa do tipo, pois já teve uma época em que ficamos juntos.

Sinto braços me envolverem e ele me abraça por trás, de forma que minhas costas fiquem apoiadas no peito dele. Quero protestar contra ele e não deixar que me abrace, mas ao mesmo tempo, sei que é isso o que eu quero. Suas mãos começam a brincar com a ponta desfiada da minha blusa, enquanto ouço sua respiração bem ao lado do meu ouvido.

–- Julieta, não quero magoar você. Só quero que você me conte para eu poder te ajudar. – ele diz. Sinto uma lágrima caindo do meu olho direito e rapidamente a seco. Vejo que Estrela já bebeu toda sua água e, usando essa “desculpa”, me solto dele e pego o balde e guardo.

Encaro-o por pouco tempo e percebo o seu olhar magoado para mim. Finjo não ter visto e chamo Estrela para deixá-la solta no campo. Ela vai e eu fecho a porteira. Começo a guardar as coisas quando sinto uma mão por cima da minha.

–- Não tente me convencer a conversar com você, Augustus! – digo, praticamente falando como uma mãe. Que ironia: uma grávida reclamando de falar como mãe. – Eu não quero falar sobre isso agora e não vou fala! – falo, dando ênfase em algumas palavras.

–- Não quero que você se afaste, Julie. – ele murmura, chegando perto. Fecho os olhos fortemente e os sinto arder. Quando os abro, tudo está embaçado, mas prefiro que seja assim do que ver o que realmente está acontecendo a minha volta.

Gus me abraça e eu acabo colocando as mãos em seu pescoço, o abraçando de volta. Sinto meus olhos lacrimejarem e admito: -- Eu estou grávida, Gus. – sussurro, falando mais para mim mesma do que para ele. Ele aperta mais o abraço, mas me afasto para ver seu rosto.

Ele me olha com ternura e pena, mas não quero a pena de ninguém. Só quero alguém que me apóie. Sinto sua respiração muito próxima a mim e quando vejo, já estou me aproximando dele. Por fim, acabamos nos beijando. E sinto uma saudade dos velhos tempos.