Cartas para Jane Austen. escrita por Lizzy


Capítulo 1
Prólogo - Mais uma carta.


Notas iniciais do capítulo

Ok, não sei o que escrever! Essa é a primeira história que posto, então... sendo sincera... estou com medo. Mas, uma vez, me disseram que o medo costuma roubar sonhos. Acho que já deixei o medo fazer isso por muito tempo. Enfim... aqui estou, mesmo com medo! Espero que vocês gostem!



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One Republic - Say (All I Need)

Quimera, 14 de maio de 2015.

Querida Jane Austen,

Quantas decepções são necessárias até que a sua mente e coração entendam que você não foi feita para o amor? Para a primeira, mais realista e pessimista, foram necessárias apenas três. Quanto ao segundo, que acredita na ilusão e gosta de sofrer, tive que passar por mais duas dolorosas experiências. No meu caso, foram cinco. Mas, acredito que isso varia de pessoa para pessoa dependendo do quanto ela goste de sofrer. Alguns precisam de dez, vinte... infinitas experiências até que finalmente entendam do que estou falando. Outros, (Sortudos!), na primeira experiência mal-sucedida, já desistem desse sentimento estúpido. Muitas vezes, elas se tornam amarguradas e as pessoas falam que é falta de amor. E é quando me pergunto, quem disse que para ser feliz a gente precisa amar? Novamente, digo que depende de como a pessoa encara a situação. Se ela ficar, chorando pelos cantos e se lamentado por não ter ninguém, é evidente que vai se tornar amargurada. Agora se ela fizer isso por apenas duas semanas e fazer algo de produtivo para a sociedade, bem não precisa ser só para a sociedade pode ser apenas para ela mesma, sentiria-se melhor. Pelo menos eu me sinto melhor! E você o que acha disso Jane Austen?

Desde já agradeço,

Victoria Albuquerque.

Deixei a carta em cima da mesa por alguns instantes para que a tinta, da minha caneta tinteiro preta com o bico prata, secasse. Guardei a caneta no estojo e, em seguida dobrei o papel amarelado da carta colocando em um envelope dentro da minha bolsa, onde mais tarde, guardaria dentro do baú.

Dei uma lida na carta antes, é engraçado como coloco " Desde já agradeço" nelas. Jane Austen nunca vai lê-las. Mas, é como se fosse um agradecimento por ser a única capaz de me fazer desabafar. Com toda a certeza teria ficado amargurada, se não fossem pelas cartas.

Terminei de tomar o meu café e deixei o dinheiro embaixo da caneca. Coloquei a bolsa nos meus ombros me preparando para sair.

- Até amanhã, Vics. Tenha um bom dia! - O sr. Alessandro, dono da livraria e cafeteria, disse com um sorriso.

O Sr. Alessandro com o cabelo praticamente todo grisalho é uma boa pessoa de cinquenta anos que criou a livraria Sonhos e Palavras, depois de se formar em jornalismo. Ele também é dono da revista de fofocas local. Foi graças a ele e sua mulher Elena que consegui o emprego de colunista nela. Bem, não sabia o que iria fazer quando me mudei para Quimera. Só queria ficar longe da família por um tempo.

Sorri como se fosse uma despedida, não estou com muita vontade de conversar hoje, e saí pela porta com sininho que faz barulho quando a gente abre, ideia de Elena. Ela queria que lembrasse aquelas lojas dos filmes antigos sabe?

É maio. O frio da manhã, em alguns dias, é insuportável nessa época. Coloquei as mãos no bolso da minha blusa de lã verde e andei até o supermercado que fica a duas esquinas da livraria. Preciso comprar algumas coisas lá em casa a geladeira está praticamente vazia.

Comprei só o básico. Sorvete de flocos, chocolate meio amargo, batata palha, pão... e decidi levar queijo e macarrão para fazer de noite. Enquanto, passava as compras no caixa e entregava o meu cartão de crédito, percebi que o atendente me encarava de uma forma descarada. O sistema do computador caiu, tive que esperar alguns instantes até que ele voltasse. Infelizmente, não sei porque, o atendente precisava conversar comigo.

- Você é gaúcha não é? - Com toda certeza ele percebeu que eu não era daqui. O sotaque sempre evidenciaria isso.

- Sou. - Respondi com cara de poucos amigos.

- É solteira? - Perguntou olhando para as minhas mãos enquanto entregava o cartão de volta.

Acho que ele não entendeu a minha cara de poucos amigos, o que me obriga a ser mais direta.

- Sou, mas pelo visto você não pode dizer o mesmo. - Falei secamente, olhando para a aliança dourada em seu dedo.

Ainda bem, que já tenho doutorado em decepções. Isso me impede de sentir outras.

*****

"Louis, você precisa escrever um livro. A editora está nos pressionando. Deram um prazo de seis meses para você e já se passaram dois. O que está acontecendo? Nunca atrasou um manuscrito!" Foi o que Jean visivelmente irritado disse em uma reunião que tivemos na sexta.

Mal entrei na sua sala de assistente editorial da Editora Lune, a melhor de Paris, e ele já começou a me dar uma bronca. "Não tenho culpa! Agora eu simplesmente não consigo escrever. A história vem na minha mente, mas quando vou passa-lá para o papel fica horrível. Olhe! Veja, alguns rascunhos e você vai me entender." Lembro que joguei os papéis em cima da sua mesa. Ele sentou na cadeira com rodinhas, de estofado verde e pegou um papel.

"É você tem razão. Uma coisa assim não é publicável." Disse com uma expressão séria. Olhei-o com, ou que eu esperava que fosse, a minha cara de 'Viu! Eu avisei'. Ficamos em silêncio por algum tempo o que me fez pensar. "Acho que não levo mais jeito para isso," falei com descrença. "Então, ache uma forma. Preciso de um livro novo em quatro meses ou você está fora do nosso grupo de escritores. Ah! E essa última frase foi do editor não minha." Depois disso ele me dispensou.

Sabe Jean Fontaine é um ótimo assistente. Sempre foi compreensível, atura meu temperamento complicado de escritor, dá algumas opiniões em meus manuscritos inacabados, na verdade ele é o único que os vê assim. Mas, naquele dia ele foi muito idiota. A culpa não é minha se não consigo escrever. Pensei, sentado na mesa do fundo de uma cafeteria.

Afastei a discussão da minha cabeça e comecei a olhar ao redor. Dizem que um escritor escreve aquilo que observa. Mas, acho que sou uma exceção a regra. Não consigo escrever só sobre o que vejo preciso sentir. Se não fica igual aqueles rascunhos idiotas que mostrei ao Jean. Simplesmente, não flui.

Mas, das outras vezes, quando acontecia dava para escrever uma história razoável. Agora, nem isso. Droga! Preciso fazer alguma coisa. Se não a minha carreira como escritor vai por água abaixo. Não lutei tanto para ver que tudo foi em vão. A palavra desistir não é uma possibilidade para mim. Na verdade, de alguma forma, sei aonde a minha inspiração está. E vou atrás dela.


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Notas finais do capítulo

Bem, se você chegou até aqui espero que seja porque gostou e ficarei feliz se me deixar um comentário.
Desde já agradeço,
Lizzy.



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