Ele tem 18 anos escrita por Hanna Martins


Capítulo 21
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Aqui estamos reunidos ainda mais uma vez. Nos vemos nas notas finais.



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Katniss sorria para ele, os dois caminhavam pela praia. Era o último dia que ela estaria ali. Já havia se habituado a conviver com Katniss naquele curto espaço de tempo. E aos poucos aquela vontade de viver que há muito tempo tinha o abandonado voltara a crescer. Ainda era uma pequena semente, mas ele percebia que ela estava lá, pronta para germinar a qualquer momento. Por muito tempo, ele acreditara que deveria ter o mesmo destino de seu pai. Porém, agora ele percebia que existia outras possibilidades.

— Sabe, Peeta, nem sempre as coisas são fáceis — dizia Katniss. — É por isso que tenho usado um lema ultimamente — sorriu para ele. — Siga em frente, enfrente a cada dia mesmo que queira morrer a cada segundo, porque chegará o dia em que você vai querer viver. Tudo isso vai valer a pena um dia.

Olhou para ela. As palavras ressoaram em seus ouvidos por um longo tempo, mesmo depois de ela ter se calado.

— Você acha que... vale a pena... viver... — disse após um longo silêncio. — Mesmo em um mundo cheio de dor?

— Claro que vale! — sorriu. — Há coisas boas na vida. Pequenas coisas que as pessoas não costumam valorizar, o canto de um pássaro, o cheiro de pão quentinho, o sorriso de uma pessoa amada... A vida é bela e vale a pena. Tudo vale a pena, se a alma não é pequena...

O sorriso de Katniss era tão lindo quanto a luz. Naquele momento, ele vira a luz de um pequeno vagalume que sempre iria guiar seu caminho. Um pequeno vagalume que lhe trazia luz naquele momento obscuro e triste. Naquela mesma tarde, ele se dera conta que amava Katniss e sempre iria amá-la. Ela era o seu primeiro amor. Seu último amor. Seu único amor.

 

****

 

— Peeta! — Katniss tentava o acordar. — Vamos, acorda... você prometeu que iria me ajudar com as caixas...

Abriu os olhos, meio a contragosto, estava tão bom ficar ali, dormindo ao lado dela, naquele domingo de manhã.

Katniss já havia pulado da cama e estava organizando em umas caixas enormes os seus livros. Relutante, Peeta levantou da cama e foi ajudá-la.

Em poucos dias, ela iria se mudar para a Suíça.

Com cuidado, ela guardava os livros.

— Acho que vou ficar louca com o tanto de coisa que preciso fazer! — disse ela, anotando o nome dos livros nas caixas. — Haymitch já me passou um monte de coisas para fazer por e-mail! — ria.

Ela realmente estava animada com esse novo trabalho. E vê-la feliz era a melhor coisa que existia.

Gastaram boa parte da manhã naquela tarefa. A tarefa nem era tanta, mas devido as constantes interrupções. Interrupções provocadas por crises de risos vindas de piadas aleatórias, beijos roubados... o trabalho demorou muito mais.

Ombro a ombro, braços se tocando, riam, jogados no tapete da sala, de alguma piada contada momentos antes. Katniss após conter a crise riso, sentou-se no tapete e o olhou.

— O que foi?

— Nada... só quero ficar olhando você — respondeu. — Gosto de apreciar as coisas belas da vida...

Peeta riu, a puxando para si e a cobrindo de beijos.

— Hum... Peeta — disse entre uma pousa nos beijos. — Tenho algo para lhe dar... — ela saiu de cima dele e sentou-se no tapete.

Pegou uma das caixas e por um momento procurou por algo. Retirou da caixa um grande envelope laranja. Ele reconheceu imediatamente o envelope. Era dele.

— O que...

— É um de seus trabalhos... eu guardei...

Já perdera as contas de quantos envelopes como aquele tinha jogado no lixo. Eram trabalhos que ele pensara em enviar para as editoras de quadrinhos. Mas nunca chegara a enviar um de fato. No último momento sempre pensara que não era bom o suficiente, que ainda não era o momento. E os envelopes iam parar no cesto de lixo.

— Você precisa enviar — disse ela. — Precisa se dar uma chance. Precisa tentar.

— Katniss, eu... — hesitava. — Ainda falta muita coisa para eu ser um bom desenhista.

— Sim, falta. Mas, não é motivo para não tentar e você disse para mim, que quando eu voltasse, já teria publicado suas histórias... — sorriu. — Tente, Peeta. Se dê esta chance. Não se preocupe com o fracasso. Ele também faz parte da vida.

— Sim, eu sei...

Katniss sorriu. Ela era realmente o seu vagalume em uma noite sem luz. E sempre seria o seu vagalume. Isso nunca mudaria.

— Amanhã, vamos enviar isso por correio, certo?

Peeta assentiu.

— Ah... — esticou uma chave para ele. Era a chave do apartamento, reconheceu devido ao chaveiro. O chaveiro de dente-de-leão. O primeiro presente que dera para Katniss, no parque de diversões.

— Por que? Eu tenho as chaves do apartamento... — disse olhando para a chave sem apanhá-la da mão de Katniss.

— Fique com meu apartamento... sei que em breve sua mãe vai voltar para sua cidade... e você vai precisar de um novo local... Cuide bem dele — sorriu. — Ah, vou ficar com o chaveiro!

O sorriso de Katniss continuava sendo como a luz de um pequeno vagalume. Seu pequeno vagalume. Katniss seria eternamente seu vagalume.

Apanhou a chave.

“Siga em frente, enfrente a cada dia mesmo que queira morrer a cada segundo, porque chegará o dia em que você vai querer viver. Tudo isso vai valer a pena um dia”. Lembrava daquelas palavras a cada dia.

Ele seguiria em frente.

***

Katniss recolheu a correspondência. Fazia um dia frio, como tantos outros na Suíça. Estava cansada (o dia fora intenso no laboratório) e quase atrasada para uma reunião com alguns pesquisadores. No entanto, se deteve e esqueceu-se de tudo, quando um grande envelope laranja se destacou das demais correspondências. Não tinha remetente. Mas ela sabia a procedência, sem precisar abrir. Abriu rapidamente o envelope. Havia um pequeno bilhete e uma revista.

Cuide bem da Garota em Chamas. Esse é o primeiro exemplar. Espero que a Garota em Chamas seja para você um pequeno vagalume. Assim como você é para mim.”

Katniss sorriu, apertando a revista contra seu peito. Ele também era um vagalume em sua vida.


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Notas finais do capítulo

Uma longa jornada se encerra. Quero agradecer aqueles que estiveram ao meu lado sempre, me dando apoio com suas palavras, me dando ânimo para chegar ao fim. Vocês me deram folego, quando eu mais precisava. Não sabem a alegria imensa que era receber as palavras de vocês. Obrigada por se importarem comigo, com meus personagens, com minhas histórias. Obrigada por dedicarem uma parte do tempo para lerem e me darem ânimo para prosseguir. Se hoje estou aqui, foi graças a vocês. Obrigada por todo o carinho. Vocês foram os melhores. Sou grata por ter leitores tão especiais quanto vocês. Vocês me fizeram rir quando estava triste, me fizeram chorar, me mostraram o poder das palavras, me fizeram acreditar que por mais que a jornada seja solitária, difícil e por vezes triste, ela vale a pena. Valeu a pena e continuará valendo a pena.
Deixar estes personagens partirem é uma grande tarefa. Afinal, convive com eles cotidianamente durante meses. Eles me conquistaram com suas histórias, com suas personalidades. Mas, sei que já está na hora. Tudo na vida tem um começo, meio e fim. É preciso deixar algo partir para que outra coisa possa nascer.
Peeta e Katniss continuaram sua jornada, perseguindo seus sonhos. Porque são os sonhos que nos movem.
Obrigada por me deixarem fazer parte de suas vidas. Obrigada por compartilharem comigo esta jornada. Sinto-me grata por ter atravessado este caminho com pessoas maravilhosas como vocês.
Eu ainda continuarei aqui, escrevendo.
Vocês podem me encontrar em “Sobre Príncipes e Princesas”, minha fic original: https://fanfiction.com.br/historia/671087/Sobre_Principes_e_Princesas/
Também há o grupo no face:
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Obrigada por todos os momentos maravilhosos que passamos juntos!