Justin POV:

Até que meu primeiro dia no laboratório não foi tão ruim como imaginei que seria. Fui em direção ao meu carro assim que o sino bateu. Cheguei em casa, tomei um banho bem quente e demorado. Deite-me na cama na tentativa de descansar. Liguei para Chris e o chamei para dar uma volta de skate e ele se recusou. Não pôde ir comigo pois tinha machucado o joelho da última vez que tentou fazer uma manobra. Fazia tempo que eu não andava de skate desde que cheguei na cidade.

–Ah quer saber? Eu vou dar uma volta sozinho mesmo. –Disse para mim mesmo enquanto me levantava da cama.

Coloquei uma camisa grande preta e um moletom por cima, um jeans rasgado e com meu tênis de skatista. Arrumei meu cabelo de um jeito bagunçado, desci as escadas, peguei meu skate e fui rumo a pista de skatista e patinadores que havia há uns quarteirões depois da minha casa. Cheguei lá e encontrei aquela garota com quem fiz dupla na aula de laboratório. Seu cabelo liso estava preso de uma forma impecável, seus olhos eram negros como o céu depois de meia-noite, seu rosto era liso, com uma pinta pequena perto da boca, quase igual uma que tenho, achava aquilo seu maior charme, depois de seu lindo sorriso claro. Era muito difícil ter a atenção dela, mas dessa vez eu iria fazer com que ela me reparasse de qualquer modo. Coloquei meu capuz, iria fingir um tombo perto dela, ela iria sentir pena e ia me notar.

–PERFEITO! –Sussurrei de uma forma gritante.

Me aproximei dela e de sua amiga e sem nem perceber, havia uma pedra grande no meio do caminho e eu cai. Só não me ralei porque eu rolei no mesmo instante. Droga, era pra fingir um tombo e eu cai de verdade. Alguns que estavam por perto riram, outros levaram susto e saíram de perto. Continuei deitado naquele chão na tentativa de fazê-la ir até a mim. Olhei para a direção dela e pude ver Rachel rindo de mim e cochichando algo com a amiga. Creio que não era nada agradável que ela estava comentando com a amiga. Otimo. Ela não veio me ajudar. Colocou seus fones grandes no ouvido e se perdeu na multidão. Continuei deitado tentando recuperar minha dignidade, foi quando um anjo apareceu na minha frente. Esse anjo era uma menina com cabelo curto, loiro com mechas pretas e grisalho. Seu rosto era angelical e tinha um lindo sorriso estampado em seu rosto. Ela desceu de seu skate e estendeu sua mão para me ajudar a levantar.

–Kate. –Disse ao estender a mão para mim.

–Justin. –Disse. –Obrigado por me ajudar.

–Não tem de que. Mas vi que você queria ajuda de outra pessoa, mas como ela não te deu bola, resolvi te dar uma mãozinha. –Riu.

–Viu é? –Corei. –Estava tão na cara assim? –Rimos.

–Um pouquinho. –Fez gesto com a mão. –Bom, você mora aqui a muito tempo? –Perguntou-me.

–Não, faz pouco tempo que me mudei para cá, e você?

–Também. Não tenho muitas amizades por aqui ainda.

–Nem eu. –Fitei o chão. –Quer ser minha bff? –Rimos.

–Af –Riu. –Se bem que até agora você foi a melhor pessoa que conheci. O pessoal daqui me parece um pouco ríspido. –Disse.

–Eu que o diga. –Falei arqueando as sobrancelhas e fitando o chão.

Trocamos números de celular, pena ela não estudar na mesma escola que eu. Kate era tão legal, acho que vou namorar-la. Mentira. Mas é que eu estou tão carente, preciso de alguém comigo. Af Justin. Pare de pensar assim, vida de solteiro é bem melhor.

Rachel POV:

Cheguei em casa com os pés doendo de tanto patinar. Tomei um banho rápido e me deitei com os pés pra cima. Fiquei lembrando do tombo que o guri da minha classe levou hoje lá na pista. Coitado, isso que dá querer se mostrar na frente de todos. Mas pensando bem, eu já disse que ele é maior gato? Mas ele não é pro meu bico. Garotos bonitos demais fazem garotas ficarem loucas e eu não quero ser uma delas e depois sair perdendo. Não mesmo. Peguei meu celular e fui conversar um pouco com umas amigas virtuais. Elas eram tudo pra mim, já que eu não conseguia fazer amizades com algumas pessoas da cidade. Depois de um tempo acabei dormindo.

Acordei super atrasada para a escola, droga. Me arrumei as pressas, não sabia onde estava meu patins, tive que sair a pé mesmo. O tempo estava frio e chuvoso.

–Otimo! –Falei saindo de casa.

Abri a porta, coloquei meu capuz e fui andando rapidamente pelas ruas isoladas da escola. *BI BI* um carro buzinou. Permaneci andando. *BI BI BI* Olhei para o lado e pude ver o mesmo carro que quase me atropelou ontem. Pude ver os vidros se abaixarem e quem estava no volante. Era Justin. Af. Continuei andando e ele parou o carro mais a frente e desceu do mesmo.

–Para de graça, vai continuar pegando chuva? –Disse com seu casaco na cabeça. –Venha logo, é só uma carona e você já está atrasada. A não ser que você queira ter acordado cedo em vão e voltar pra casa quando o porteiro não te deixar entrar.

Droga. Ele tinha razão. Por mais que eu me recusasse em entrar no carro eu deveria, não podia faltar esse dia mais importante da aula. Semana que vem já é prova.

–ARGH! –Resmunguei e o pude ver sorrir. –Ok. –Disse me rendendo.

Entrei em seu carro que tinha um cheiro maravilhoso, que supostamente, devia ser o dele. Pude sentir seu banco do carona que era onde eu estava sentada, ficar encharcado de água. Eu havia pegado muita chuva, já estava começando a espirrar, espirrei 3 vezes seguidas e ele me olhou torto.

–O que foi? Você não espirra não? –Bufei

–Espirro, eu só achei engraçado. –Riu

Confesso que tive vontade de sorrir junto com ele quando vi seu sorriso. Justin ligou na rádio e estava tocando uma música muito chata, troquei de estação e sorri ironicamente pois estava tocando uma música maneirinha “Cool for the Summer” Da Demi Lovato. Ele me olhou torto novamente e eu sorri. Comecei a cantar baixinho e ele começou a cantar junto comigo. Fiquei um pouco apavorada, mas achei muito legal um garoto gostar de Demi Lovato.

–Você gosta dela? –Perguntei.

–Amo. –Disse ele, mas pude sentir ironia.

–Hm, mentira. –Falei semi-cerrando os olhos.

–Mentira mesmo –Rimos. –Só gosto dessa música.

–Imaginei. –Sorri.

Chegamos na escola, descemos do carro e ainda estava chovendo bastante. Justin nem me deu confiança mais depois que saímos do carro. Droga. Que ridículo, sabia que eu não devia ter pegado carona com ele. Entrei na sala e o professor já estava dando aula.

–Ei Rachel, você não pode entrar. Já estamos no meio da aula. Por favor, retire-se. –Meu professor filho da puta disse na frente de todos da turma e pude ver o olhar das inimigas que estavam contentes.

Fuzilei meu professor com os olhos e bufei. Fui para o pátio. Sentei-me em um dos bancos e pude sentir alguém se aproximando. Otimo! Devia ser a diretora.

–Ué, não conseguiu entrar? –Era Justin.

–Consegui, só não consegui entrar na sala. –Falei sem olhar em seus olhos.

–É, nem eu. Professores filhos da mãe. –Rimos

Quando eu ia falar algo com Justin fui interrompida por uma piranha que apareceu se sentando no colo dele. Bufei e sai do banco. Fui em direção ao banheiro na tentativa se secar meus cabelos, mas foi impossível. Já estava começando a tossir e espirrar, essa chuvinha foi essencial para eu ficar gripada. Droga. Ninguém merece ficar gripada. Sai do banheiro e fui para a porta da sala, já estava quase na hora da aula de geografia. Odeio geografia. Entrei na sala e logo em seguida Justin entrou também. Sentou-se ao lado da vadia da sala, a tal da Margaret. Bufei e sentei no meu canto. As horas se passaram muito devagar e finalmente chegou o intervalo. Como de costume, fico sozinha sentada no jardim, ninguém senta no canto que eu sento, parece que eles sabem que aquele espaço é só meu e parece até que ta infectado. Mas eu nem ligo, melhor assim. Coloquei meus fones grandes e viajei para um mundo só meu. Alguém se sentou ao meu lado e puxou papo comigo....