Eu continuava a correr, sem parar e sem olhar para trás, aquelas pessoas que me perseguiam nessa corrida começaram a atirar espécimes de brilhos estranhos em minha direção, mesmo não sabendo o que era eu continuava a desviar. Eu corri por minutos, a adrenalina continuava; eles não se cansavam, já eu estou exausta, mas para a minha sorte ou azar, avisto uma menina de olhos vermelhos com um longo e liso cabelo loiro – Além das lindas asas, que todos ali presentes possuíam - ela fazia um sinal com a mão dizendo para eu entrar lá, não tinha outra escolha a não ser fazê-lo, afinal, não queria morrer ali mesmo.

A menina encontrava-se no interior de uma grande e oca árvore, eu dei uma volta pelas árvores próximas e quando todas as pessoas já estavam na floresta, dei uma última volta onde se encontrava a árvore da menina, e então eu entrei nela. O buraco que havia na árvore se fechou como mágica, eu estava tão confusa que não conseguia nem pensar direito.

– Está tudo bem agora, eles não irão nos encontrar. – Disse a menina ao meu lado, ela parecia muito calma para o que estava acontecendo naquele momento. – Qual é o seu nome?

– Meu... Nome? É Aíma... Aíma Blue. Pode por favor me explicar o que está acontecendo aqui? Erm... – Eu pausei no final sem saber o nome dela -

– Holy, meu nome é Holy Green, prazer Aíma. Primeiro fique calma, vou te explicar o que está acontecendo aqui. – Ela respondeu. –

– Obrigada, estou muito confusa. – Eu desabafei. -

– Fique calma e ouça; vai parecer mais confuso ainda, mas se prestar atenção, logo irá entender – Exclamou Holy enquanto sorria. – Você é uma humana que, de algum jeito, conseguiu viajar pelo Portal ID, indo parar em outro mundo, conhecido por nós como “Kósmos”. Aqui existem coisas que no mundo dos humanos, conhecido como “Terra”, ainda não existem. Uma dessas coisas como você pôde ver é a Magia, algumas raças conseguem usar magia de Ataque, Defesa, Cura, Conjuração, entre outros. Mas deixando isso de lado, algo em você me intriga...

– Algo que te intriga? Já estou intrigada com a sua explicação! Como pode existir magia? Como pode existir outro mundo? – Eu perguntei para Holy com um tom desesperador. –

– Eu sei que é algo que um humano não conseguiria compreender, mas você viu com seus próprios olhos não viu? Tem que aceitar! É a realidade! – Gritou a menina, tão alto que qualquer um ouviria lá de fora. –

– Shh! Eles vão nos ouvir! – Eu disse a ela. –

– Não vão nada, essa barreira que tampou a entrada da árvore isola o som para quem está lá fora, é magia! Entendeu?

– Tudo bem! Eu acredito em magia, agora pode continuar a explicação? O que te intriga?

– Na verdade, são duas coisas... Uma delas é esse seu colar. – Falou Holy, olhando fixamente para o colar de minha falecida mãe. –

– O-O meu colar? Por quê?

– Não há dúvidas, esse é o colar da nossa raça, os Áxios, como você conseguiu ele? – Holy perguntou curiosa. -

– Era da minha mãe...

– Sua mãe? Qual é o nome dela?

– O nome dela era... Lilith Blue Heart, por que quer saber? – Eu perguntei rudemente. –

– Lilith Blue Heart... Esse nome não me é estranho... De qualquer jeito, ela com certeza era ou é parte da raça Áxios ou tinha algum parente do mesmo, se não ela não conseguiria ter esse colar.

– Não pode ser! Minha mãe não tinha asas!

– As asas só aparecem quando se usa o colar dos Áxios, você não está vendo que você é um Áxios também? Olhe suas asas!

Eu virei a minha cabeça e consegui observar as minhas maravilhosas asas, como aquelas que eu sempre via no espelho. É verdade que minha mãe nunca usou o colar, somente o deixava na mesa de seu quarto.

– Mas... Como?! Eu sou humana! Se eu não fosse, aquelas “pessoas” não me perseguiriam não é mesmo? – Eu me indaguei, desesperada. –

– Isso é por causa das suas asas não estarem abertas naquele momento. – Exclamou Holy. -

– A-Abertas? – Perguntei confusa. –

– As asas só se abrem depois de vinte minutos usando o colar, você provavelmente usou hoje não é mesmo?

– Sim... Mas voltando ao “Kósmos”, posso saber o porquê dos Áxios odiarem tanto os humanos? E porque você não me odeia se você é um Áxios?

– Sobre isso... Os Áxios odeiam os humanos por causa da profecia, ela diz o seguinte;

“No dia mais luminoso do ano, um humano trará o caos para vós, mas, antes disso, nesse mesmo dia, um Normar virá lhes salvar.”

– Por causa dessa profecia nós odiamos os humanos, mesmo que não seja no “dia mais luminoso”. Mas tem o Normar, que seria uma com sangue humano junto com o de alguma outra raça. E para falar a verdade, eu ach--.

– Calma calma! Isso é... Tão... Tão confuso! Eu tenho várias perguntas sem respostas! A mais óbvia delas é que você é um Áxios não é? Então por que me ajudou se eu sou humana? Por que você não me odiou e me caçou como os outros?

– Era isso que eu estava prestes a falar, deixe-me terminar de explicar para perguntar depois. – Holy estava ficando um pouco furiosa, acho melhor eu me acalmar. - Apesar de você viver na Terra, eu acho que você é a pessoa da profecia, o Normar, por isso eu não te cacei, entendeu agora?

– Entendi... Eu vou ter que me acostumar com tudo isso? O que eu faço agora?

– Quantos anos você tem?

– Dezesseis, por quê?

– Isso é ótimo, você está na idade em que os Áxios começam a treinar o básico da Magia, e para sua sorte, eu sou instrutora do mesmo; vamos para Aethnos!

– Aethnos? – Perguntei confusa. -

– É o Vilarejo dos Áxios, como você tem asas não há como te confundir como humana, além disso, os outros que te perseguiram não ficam muito no vilarejo, principalmente agora que estão te procurando, então vamos lá! – Ela falou entusiasmada. –

– V-Vamos...

Em Aethnos...

Ela me levou para o Vilarejo, lá era lindo, as casas ficavam acopladas as árvores ou na beira dos rios, tudo lá era tão natural e calmo... Sentia-me melhor sobre tudo aquilo.

– Eu acho que é meio óbvio o que eu vou dizer, mas enfim; haja normalmente. – Holy disse sorrindo. -

– Tudo bem. – Eu respondi calmamente. – Posso perguntar uma coisa?

– Claro, sinta-se à vontade.

– Se eu não estava com as asas abertas quando aquele menino me encontrou, por que ele não me matou na hora?

– Ah, isso é por causa de nossa raça aliada, os Eiríni, no primeiro olhar eles não tem nenhuma característica diferente dos humanos, mas em alguma parte do corpo – Normalmente em áreas que as roupas tampam – eles possuem o símbolo de sua raça, então para ele você não era nada mais do que uma Eiríni. Entendeu?

– Acho que sim...

– Mudando de assunto, nós estamos indo para a minha escola de trein-- Aquele é... Essa não! Se esconda, rápido! – Sem entender o porquê, ela me puxou para trás de uma casa que estava perto; ao olhar pelas janelas da casa percebi que o menino do qual nós estávamos falando - O que me encontrou quando vim para este mundo - Estava passando por lá. – Não se mexa. – Ela avisou. -

– Seus reflexos são rápidos, se eu estivesse sozinha ele teria me visto.

– Obrigada, você também terá reflexos como os meus, mas tenha cuidado, o Omáli é uma criança especial que começou a treinar aos dez anos, ele pode ser novo, mas é um guarda bem forte. – Ela disse enquanto saíamos de trás da casa. –

É melhor eu tomar mais cuidado... - Eu pensei. - Estava prestes a aprender algo novo, algo que eu nunca pensei que iria acontecer comigo.

– A partir de hoje e agora, seu treinamento e suas aventuras nesse mundo começam, Normar Aíma.