Love me Harder escrita por Grind


Capítulo 7
Capítulo 7 - Jogo de sedução




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/640692/chapter/7

Love me Harder / Capítulo 7 – Jogo de sedução

Sthella estava berrando por exatos 20 minutos, soltando palavras sem sentido enquanto gargalhava alto e tentava se conter.

— Ai senhor – Levou a mão ao peito enquanto arfava – Vou acabar rouca. Acho que nunca estive tão contente por você fazer alguma coisa, sinto que agora você não é totalmente uma causa perdida.

Duda torceu o nariz levando seu quinto pedaço de bolo a boca.

— Ele ainda não ligou? – Perguntou com aquele ar de “espero que não ligue”.

— Não, eles devem ter enchido a cara ontem.

Sthella deu outro suspiro comprido.

— Eu queria estar lá pra ver.

Nós duas a olhamos.

— Qual é? Carlos pode não prestar mas não deixa de ser um ótimo partido.

Eu ergui as sobrancelhas.

— Ninguém falou no Eduardo aqui.

— Não? – Revezou olhares entre nós duas antes de suspirar – Tá eu entendi, o nome do cara não deveria se quer ter sido citado aqui, ainda mais porque Duda transou com ele e ele te chamou pra sair-

— Nós não transamos – Ela revirou os olhos – Não é como se eu  não quisesse, mas ele veio com um papo de pegaria mal pra ele depois.

Sthella e eu nos entreolhamos.

— Essa conversa foi antes ou depois de vocês transarem? – A pergunta veio de Sthella, porque era incrível demais que a essa altura Duda negasse alguma coisa.

— Eu falo serio quando digo que não transamos, eu teria dito.

Sthella e eu voltamos a nos olhar. Seria Eduardo inocente das acusações? Sthella concluiu que sim, porque ela sempre acreditava em Duda e não adiantava eu dizer que ela não estava fazendo nada mais nada menos do que pagar papel de trouxa.

Qual é, não podíamos debater sobre a situação antes de acreditar nela?

— Como será que ele fica sem camisa e bêbado? – Perguntou com os olhos brilhando.

Eu revirei os meus.

— Não tenho interesse em imaginar, obrigada.

— Eu fui na farmácia aonde ele trabalha pra comprar os remédios que o Dr. Dantas recomendou – Falou cheia de graça.

— Mas ele te deu amostras grátis no hospital.

— E dai? – Deitou-se de forma desleixada no sofá – É sempre bom ter mais não é mesmo? Fora que ele me recebeu super bem, gente pra um farmacêutico ele fica bem demais de jaleco.

Eu fechei os olhos.

— Certo. Algum assunto produtivo a ser discutido?

— Eu dei em cima dele de forma sutil sabe, pra não pegar mal e tals, mas ele não se tocou, o que eu achei estranho porque ele parece desses que são ligados em sinais femininos.

Duda bufou da onde estava.

— Não da pra ser sutil com ele, tem que ser coisa direta, fácil de se entender.

— Nós vamos mesmo falar sobre a inteligência do Eduardo quanto ao comportamento feminino?

— Eu percebi – Sthella soltou um suspiro triste me ignorando completamente – É uma pena que agora eu não tenha nenhum outro motivo pra passar lá, pelo menos não tão cedo. Não tenho como fazer minha caixa de cotonetes acabar tão cedo, e ficar doente não é uma opção.

— Você passou lá mesmo depois de tudo o que aconteceu, Duda já tinha dito que não tinha transado com ele?

Ela fechou os olhos com força.

— Não – Se sentou com rapidez – E sei o quanto isso parece errado, mas porra, Carlos não é esses caras que da pra dispensar com tanta facilidade. Eu não conseguia imaginar como Duda podia ter transado com ele e não ter tentado mais nada

— Eu ainda estou aqui – Resmungou levando outro pedaço de bolo a boca.

— Mas ele não está comprometido com nenhuma de nós, e com ninguém até onde a gente sabe, então pensei, qual seria o problema? As vezes uma transa, é só uma transa.

— Nós não transamos.

Eu cobri o rosto com as mãos, Sthella era definitivamente a minha amiga piranha.

— Você não está chateada comigo está? – Seu tom era de real preocupação – Não imagino que você tenha tomado as possíveis dores de Duda, mas você recusou o convite dele, e sei que nem em um universo alternativo você teria aceitado. Então de qualquer forma, não imagino que o que eu tenha feito tenha sido algo errado.

— De fato – A loira respondeu de boca cheia.

— Além do mais – Continuou a se explicar – Não tive avanço nenhum, então não é algo com que deve se preocupar.

— A gente pode mudar de assunto?

— Quando acha que ele vai te ligar?

Eu bufei.

— Outro assunto.

— A gente precisa falar sobre isso Manu – Ficou de pé, caminhando aos pobres e últimos pedaços e bolo sobre a mesa – Vamos saber o quão sacana ele é se ele demorar demais, porque temos que te preparar pra tudo. Se ele prometeu ligar e ainda assim demorar, você não pode cair na tentação de ligar pra ele antes pra saber se aconteceu alguma coisa.

Eu franzi o cenho.

— Por que não?

Duda riu.

— Sua tolinha, ele vai pensar que você já está na dele, e não vai ter mais que se preocupar com cantadas baratas ou charme pra cima de você. Se você ligar primeiro, você perde o jogo da sedução.

— Eu não sabia que estava jogando.

— Pois é – Sthella voltou ao sofá, três pedaços na mão – Eu poderia dizer que foi uma má jogada ter caído nos encantos daquele sorriso e ter beijado ele, mas como ele prometeu ligar o ponto foi seu. Se ele apenas te beijasse e dissesse “a gente se vê” o ponto era dele.

— Isso tá me parecendo um pouco complexo demais, que manual vocês leram?

Sthella sorriu, os dentes sujos de chocolate.

— Manual da vida meu bem, na sessão de relacionamentos, que só se aprimora depois de experiência na área.

— Isso é loucura.

Meu celular vibrou sobre o tapete, mesmo sem som nenhum nós três encaramos o aparelho celular, eu o peguei em uma velocidade incrível pra atender, mas Sthella o tirou da minha mão antes que eu pudesse deslizar o dedo sobre a tela.

— Você ficou louca?

— Não pode atender no primeiro toque! Quem ficou maluca foi você, tem que deixar ele esperar.

— Pra que? – Resmunguei exasperada, Duda se sentou junto de nós.

— Porque se você atende antes de terminar o primeiro toque é evidente que estava esperando. O que significa que está ansiosa, ponto pra ele.

— Eu estou ansiosa – Resmunguei entre dentes.

O telefone parou de tocar e voltei a me sentar derrotada.

— Não estou acreditando nisso.

— Se toca Manu – Duda fez uma careta – Ele vai ligar de novo.

Sthella esticou o celular na minha direção e observamos ele voltar a vibrar.

— Pode atender.

— Vai se ferrar.

Eu coloquei no viva voz, temendo pelas besteiras que escutaria dos dois lados.

— Eduardo está vomitando no meu banheiro, talvez pela terceira vez hoje. O que realmente me deixa surpreso, porque se ele é formado nesses lances de química, ele devia saber que beber não faz bem pro organismo.

— Vai pro inferno – Disse outra voz ao fundo.

— Por que não atendeu na primeira vez?

Duda fez uma porção de acenos.

— Eu estava ocupada.

— Com o que?

— Nada importante.

Ele ficou em silêncio.

— Tá bom, quem está ai?

 - Ninguém.

— Eu perguntaria se é homem ou mulher, mas os dois são uma ameaça hoje em dia.

Sthella sorriu.

— Defina ameaça.

— Você está bancando a desentendida hoje ou é impressão minha? – Houve o som de alguma coisa batendo.

— Hoje eu estou difícil.

Houve silêncio outra vez.

— É por causa do que aconteceu ontem? Não precisa tomar como um grande passo se não quiser, eu até gostaria de que toda vez que deixasse uma mulher em casa me rendesse um beijo daqueles.

— Sério, e quantas mulheres você tem deixado em casa?

Ele riu.

— Atualmente? Duas, você e Carlos – Teve outro xingamento no fundo – Mas posso admitir que não rola nada entre nós dois, ele não faz o meu tipo. Além do mais, onde na madrugada ele balbuciou uma porção de coisas sobre Sthella ter passado na farmácia você sabe o que isso quer dizer?

Duda teve que cobrir a boca de Sthella quando ela começou a se mexer inquieta.

— Ah sim, ela passou lá pra vê-lo – Eu levei um tapa no ombro, que não me impediu de continuar falando – Mas não conte que eu contei, é o que ela gosta de chamar de Jogo de Sedução.

— Claro – Contornou com certo tom de cinismo – O que vai fazer depois que escurecer? Eu teria dito mais tarde, mas já está quase escuro então não achei que combinaria.

— Nada.

— Está bem, eu passo ai pra te pegar.

Ele desligou.

— Mas como é que eu vou saber que horas é quando escurece?

— O problema é seu gata – Sthella ficou de pé – Eu te ajudaria a escolher o que vestir, mas estou temporariamente de mal contigo, então só te alerto – Apontou na direção da janela – Que vai chover.

E com um último aceno e os últimos pedaços de bolo nos braços, as duas saíram. Encarei o relógio, fosse a hora que fosse, era melhor que pelo menos eu estivesse pronta.

Quando já tinha escurecido, e a chuva já tinha começado, e parado, eu estava apenas com meu jeans, minha camiseta do Mickey escondida pelo casaco.

Ele deu apenas duas batidas na porta.

Estava de jeans também, a camisa de botões branca escondida pelo que pareceu o casaco mais quente do mundo.

— A chuva me atrasou – Esticou o olhar para dentro – Estacionei o carro na quadra de baixo, conhece algum lugar onde podemos ir andando pra depois sentarmos e bebermos? – Ergueu a sacola que tinha na mão – A visibilidade pra dirigir está péssima, se fosse só a água embaçando o vidro talvez conseguíssemos nos virar, mas o tempo consegue estar um frio abafado.

— Precisamos passar esses novos dados para os geógrafos, a descoberta de um novo clima – Coloquei-me pra fora enquanto trancava a porta – Tem uma praça no final da rua se estiver interessado, mas já aviso que vamos sentar no molhado porque nada lá é coberto.

— Nem tudo é perfeito – Deu de ombros, esticando um copo que tirara de dentro da sacola – Mas essa foi a melhor batida que já fiz nas ultimas duas semanas.

Soube da onde ele tirara abafado daquele clima gelado. O álcool tinha se escondido bem por trás do gosto do abacaxi e do morango, mas seus efeitos permaneciam os mesmos.

O caminho todo se estendeu em beber, e quando nos sentamos nos balanços molhados não causou muito efeito.

Nós ficamos em silêncio, o tempo ainda estava frio e o único som era o ranger do balanço com o movimento de ida e volta, mesmo considerando que não estávamos realmente balançando. Eu cruzei os braços diante do peito, em uma tentativa boba de armazenar calor.

Não tinha carros na rua, os outros brinquedos e o chão abaixo de nossos pés ainda estavam molhados pela chuva, e certamente já passava da meia noite.

— É uma pena que não fomos amigos no Ensino Médio – Comentou enquanto dava de ombros, afetado pelo álcool – Acho que teríamos dado uma boa dupla.

— Estava ocupado demais passando cola para o grupinho perfeição do fundo da sala – Comentei em descaso, o que não deixava de ser verdade, tínhamos estudado por três anos e durante três anos nunca chegamos a nos falar.

Ele sorriu de forma encantadora e por um momento meu coração pareceu dar um pulo mais forte contra o peito, tive que desviar o olhar para o céu sem estrelas, procurando qualquer ponto para focalizar, tinha que aprender controlar meus nervos.

— Tem isso também, mas você sempre foi simpática com quem você conversava, poderia ter dado certo, eu não era rabugento ou coisa do tipo, só calado mesmo.

— Não, não poderia.

Algo me disse que ele virou a cabeça para me encarar. O aperto de meus dedos nas correntes do balanço se tornou mais forte.

— Por que? – A pergunta dele veio repleto de inocência.

— Porque eu gostava de você – Não houve resposta, e me controlei para não olha-lo – Gostei da metade do primeiro ano, até o finzinho do terceiro, então quando cada um seguiu pra um lado, passou. Não faz mais diferença agora – Tive que complementar, minha mente berrava  que tinha feito errado, que era informação demais, que eu agira por impulso pela milésima vez.

Ele voltou a olhar pra frente.

— É, talvez você tenha razão – Ele soou calmo, e eu teria dado tudo pra saber o que se passava na sua cabeça


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Love me Harder" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.