Love me Harder escrita por Grind


Capítulo 10
Capítulo 10 - Eu sei


Notas iniciais do capítulo

Desculpe o atraso amorecos ♥



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Love me Harder / Capítulo 10 – Eu sei.

As vezes sexo, é só sexo.

Esse é o mundo real Manu, você precisa recuar esse teu coração meloso do cacete.

A verdade verdadeira que eu não poderia negar era que ele estava bêbado.

De novo.

A caminhada até o carro se tornou um processo lento e vagaroso enquanto ele se apoiava nos meus ombros para se manter em pé.

— Nós vamos pra minha casa ou pra sua?

— Bom, como eu vou ter de dirigir, e você mora mais longe, vamos pra minha com certeza.

Ele sorriu.

— Isso vai ser divertido – Ele escorou o corpo no carro, como eu havia feito quando enchi a cara no encontro casual que tivemos junto com todos os outros, mas esperto demais para alguém com tanto álcool correndo nas veias ele rodou os braços na minha cintura antes que tivesse a chance de fugir para o banco do motorista.

— Por que está com tanta pressa? – Ele franziu o cenho ainda que fosse obvio.

— Eu não estou, só não quero que sejamos parados por policiais e peguem nós dois nesse estado.

— Seria interessante passar a noite na cadeia com você – Abriu o maior dos sorrisos pervertidos.

— Se colocassem homens e mulheres na mesma cela com certeza.

Seu sorriso minguou quando me soltou para entrar no carro.

— Talvez você tenha razão.

Talvez?

Evitei discutir quando coloquei a chave na ignição e ele acenou para que eu esperasse quando o celular fez barulho. No banco do passageiro ele leu a mensagem com dificuldade, e depois sorriu.

— Carlos encontrou Sthella e Duda.

A chave parou na ignição quando arranquei o aparelho de suas mãos. Eu estava abusando da boa sorte? Estava. Era imprudente que eu pegasse o celular dele sem pedir e estivesse lendo uma mensagem que dizia, mas não dizia respeito a mim? Era. Ele não se importou, o que aliviou a sensação de gelo que eu tive enquanto lia.

Se eu disser que estou com a miss fitness e nossa fotografa predileta você acredita?

— Fotografa predileta? – Eu ergui uma sobrancelha e ele fechou os olhos enquanto deixava a cabeça pender para trás, como se soubesse que eu fosse perguntar.

— Foi como eu a chamei depois desse caso indefinido entre os dois, ele se nega a dizer que aconteceu alguma coisa, mas como sempre nega sorrindo eu tenho a certeza de que está mentindo.

— Ah é? E miss fitness seria Sthella?

Ele abriu os olhos, um brilho desconhecido passando nas orbes claras.

— Esse foi ele quem deu.

De repente eu estava sóbria, e não tinha trazido meu celular para alertar Sthella, e não podia mandar pelo dele sem a certeza de que ele leria depois em enviados.

— Legal, espero que eles estejam se divertindo – Eu devolvi e ele guardou com descaso no porta luvas.

— Tem certeza que não quer passar na minha casa? É bem divertido lá, tenho que admitir. – Ele cobriu os olhos com o braço.

— Se você conseguir mostrar o caminho.

— Com certeza meu anjo – Ele endireitou o corpo para olhar pra rua, e minutos depois o silêncio tomou o carro enquanto seguíamos para a casa dele. Eu sabia que era loucura, que eu estava perdendo a cabeça indo para casa dele a essa hora, sem celular, só com a roupa do corpo, eu sabia que ele não iria simplesmente me dar travesseiros e um cobertor e mostrar qual o melhor lado do sofá.

Eu sabia que se ele fosse me mostrar o melhor lado do sofá seria naquele onde ele estivesse deitado. Eu sabia que estar nervosa era perda de tempo, era coisa da minha cabeça porque sexo era uma coisa comum, que as pessoas normais tem costume de fazer, que faz bem pros dois lados, que nem sempre precisa significar muita coisa, mas eu estava a caminho da casa de Beto Dantas.

E ele estava incrivelmente animado por estarmos cada vez mais perto.

Cacete, eu era louca por ele no colegial, e ele estava voltando a me enlouquecer alguns anos depois, isso era errado!

O porteiro reconheceu o carro, e eu não precisei parar quando entrei, dirigindo lentamente pelas casas lindas e silenciosas ele sacou o botão da garagem do porta luvas, abrindo-o para o carro entrar, fechando quando estávamos do lado de dentro.

— Em casa! – Ele pulou para fora do carro, e Deus, como eu queria mandar uma mensagem de texto pra Sthella agora e vê-la responder que eu precisava deixar de ser panaca.

Eu observei a serie de caixas de papelão, a bicicleta com os pneus gastos, a estante com livros de medicina. Atravessamos uma escada, e então desembocamos na sala.

Deus.

— Fique a vontade – Ele tirou a camisa – Eu vou fazer um café pra nós. – E sumiu na direção da cozinha.

— Eu posso usar seu telefone? – Eu encarei o aparelho sobre a mesinha perto da porta.

— Claro – Ele gritou de algum lugar.

Eu apressei os dedos sobre os números, dois toques depois ela atendeu.

— Alô? – Estava seria por não reconhecer o numero.

— Sou eu.

— Você ainda está acordada? – Escutei o som da porta bater – Eu acabei de chegar em casa, mandei uma mensagem pra você.

— Eu não trouxe o celular.

Houve uma pausa.

— Trouxe? Onde você está? Falta umas duas horas pra sol raiar, você não ia sair cedo pra passarmos na casa da Duda antes do churrasco da minha mãe-

— Eu vou me atrasar, estou na casa dele.

Outra pausa.

—Ah meu Deus – Ela disse pausadamente – Você foi pra casa dele a essa hora e ele te recebeu?

— Ele me chamou pra sair logo depois que vocês saíram, acabamos de chegar.

Ela gritou do outro lado da linha e eu afastei o telefone quando meu ouvido zumbiu.

— Parabéns Manuela Boaventura! Vocês beberam? Espero que sim! Você não tem mais desculpas agora, não pode sair antes de descobrir se ele tem alguma tatuagem na virilha.

Eu ri sentindo o nervosismo diminuir.

— Eu não tenho-

Ela bufou do outro lado, sem deixar eu terminar de falar.

— Homens sempre tem camisinha em casa não se preocupe, e nem ouse interpretar como uma coisa errada, você adora problematizar coisas sem sentido. Isso só faz dele precavidos e não mulherengos – Ela riu – Se bem que no caso do Dr. Dantas-

Ele surgiu com duas xícaras de café, meio sorriso nos lábios, desenhos pelo peito todo.

— Eu preciso ir agora, falo com você depois, beijos.

Eu a escutei resmungar alguma coisa antes de eu devolver o telefone ao gancho.

— Pedindo socorro a quem?

— Sthella.

Os olhos dele brilharam.

— Você não contou a ela sobre o apelido, contou?

Como se eu tivesse tempo pra pensar em apelidos.

— Não.

— Ótimo – Seu sorriso se abriu estendendo uma das xícaras – Acho que isso poderia complicar um pouco o ponto de vista dela sobre ele, não?

— Talvez. - Com certeza. – Mas obrigada pela iniciativa, o problema é que eu não bebo café.

Ele recuou um passo atordoado, evidentemente exagerado.

— Você não bebe café? - Eu neguei. - Mulher você vive de que?

Eu dei de ombros.

— Chocolate talvez.

Ele riu, terminando a própria xícara e a abandonando na mesa de centro enquanto dava atenção a segunda. Em suas costas ele tinha desenhado uma cruz, em traços fortes e pesados, alguma frase numa língua estrangeira na linha dos ombros, um desenho tribal que se esgueirava pelas costelas, um lobo com os dentes arreganhados, os olhos azuis tão bem feitos que me dava arrepios.

— Eu vou fazer você gostar de café – balançou a cabeça de forma convencida quando eu ergui as sobrancelhas – vai ver.

— Boa sorte – Eu ri uma ultima vez enquanto ele terminava a segunda xícara, como se ninguém tivesse tentado antes.

— Vamos, fique de pé – Ele gesticulou enquanto engolia as pressas, abandonando a segunda xícara na mesa de centro. E quando fiquei de pé ficou perto o suficiente pra minha cabeça rodar, colocando as duas mãos em meu rosto, com aquele sorriso nos lábios.

— C, S, T – Ele parou pra pensar – e E. Escolha uma letra.

— O que? Por que?

Ele deu de ombros, suspeito demais.

— Só escolhe uma letra.

— Eu não sei - Eu não podia estar mais perdida – C?

Seu sorriso aumentou, me beijando logo em seguida e antes que eu pudesse recobrar a coincidência seu corpo se abaixou e mais rápido do que qualquer outra coisa ele enrolou os braços em minhas coxas.

O chão sumiu debaixo dos meus pés e um grito sufocado escapou pela minha garganta quando fiquei mais alta e depois eu corpo todo cedeu com a gravidade, e de repente, eu estava nos ombros dele.

— O que você está fazendo?

— Eu usei T de terreno pra escolher o chão, porque eu não podia repetir o C porque eu estava usando pra cama, eu pensei em solo, mas solo começa com S – Meu Deus estávamos a caminho do quarto dele – e S eu estava usando pra sofá. – Meu corpo caiu sobre o colchão e ele apressou o dele em cima do meu – Mas estava torcendo pra que escolhesse E.

— E era de que?

— De escada – Respondeu como se fosse obvio, os olhos presos a meus lábios – Teria sido interessante, podemos fazer isso qualquer hora se você quiser.

Deus esse homem na minha frente não existe, mas irei beija-lo mesmo assim.

Ele me passou a impressão de que esperava aquilo mais do que eu, o que era certamente impossível. O quarto estava escuro, mas eu tinha plena consciência de como suas mãos se moviam. Com todo o juízo perdido talvez eu estivesse me arriscando demais.

Talvez acabasse por estragar a amizade que estávamos construindo, você não simplesmente esquece de todas as pessoas com quem transou não é mesmo, e dificilmente liga pra elas dias depois pra tomar café.

Meu coração estava batendo dez vezes mais rápido, e por mais que eu não quisesse que ele soubesse eu suspeitava de que sabia, e então já que estragaríamos a amizade, era melhor que fizéssemos isso direito.

Obriguei nossos corpos girarem, notando o quanto éramos ridiculamente barulhentos. No esbarrar das coisas, nos edredons sendo afastados, nas respirações irregulares, nos beijos desesperados.

Ele não me ajudou a tirar o vestido, porque estava ocupado demais fascinado na meia luz. Ele ergueu o corpo, as mãos presas na minha cintura.

— Num nível de 0 a 10 – Murmurou, a boca quente contra meu pescoço – O quão errado você acha que tudo isso é?

— 11.

O peito dele vibrou quando riu, o som abafado contra a minha pele, correntes elétricas se espalhando entre nós dois.

— Mas não vai desistir agora vai? Estou duro demais pra deixa-la dormir no sofá.

— Pare de falar – Eu resmunguei, sentindo meu ventre pulsar – Você vai estragar tudo.

— Não dessa vez – Ele voltou a nos rodar, e agora eu estava rendida – Pode confiar em mim, eu não vou decepcionar.

Deus.

Eu deveria ter perguntado o que ele quisera dizer com “dessa vez”, mas a mistura de sabores entre café e álcool estava me fazendo perder a cabeça. E tudo estava dando tão certo, os beijos, nossos corpos se movendo.

Nos repetimos a dose mais duas ou três vezes, eu estava extasiada demais pra contar, até que a luz começasse a invadir o quarto de forma rasteira, subindo o carpete macio, passando pelo criado mudo.

Cama com lençóis e cobertores brancos, parede cinza criados mudos brancos com gaveta pretas, com abajures em ambas as pontas e um quadro vazio no lado esquerdo.

— E você que tem tanto se surpreendido com as minhas tatuagens, no final tem algumas também. Justifique-se.

Permaneci abraçada ao travesseiro, encarando a janela aberta e o balançar das cortinas finas brancas e pretas, aquele breve momento de realização que você só quer que as pessoas calem a boca.

— É que você nunca me pareceu o tipo que teria tatuagens, só isso.

— E que tipo eu pareço? – Ele se ajeitou melhor, os dedos brincando de forma distraída pelas costas. Minha risada soou abafada contra o travesseiro.

— Do tipo que não teria tatuagens com certeza. –Tipo um padre, um verdadeiro desperdício de homem se tornando padre.

— Você me subestima – Disse num sussurro, um de seus dedos deslizando pela minha coluna, me provocando arrepios. – O que as fases da lua significam?

— As minhas fases.

Ele enroscou um dos braços em minha cintura, juntando os corpos outra vez, abafando a respiração acelerada contra minha pele.

— Diga uma por uma – Estava com os lábios perto da minha nuca – Quais são suas fases?

— Ok, vai à merda.

Ele riu.

Precisei respirar fundo umas duas ou três vezes antes de começar a falar, porque eu estava gelada e ele por inteiro quente, e ainda assim parecia tão calmo e sereno que chegava a me irritar. Já estava clareando ao lado de fora, iluminando nós dois e ele se quer parecia preocupado.

Médicos não precisam trabalhar cedo?

— Lua nova? – Perguntou ainda aos sussurros, mordiscando, lambendo, beijando onde esta estava desenhava.

Meu Deus, ele agiria assim com todas as outras?

— Ideias.

Ele a sugou uma última vez antes de partir para a próxima, senti meu corpo todo estremecer, e assim ele firmou o aperto na minha cintura, a minha vida estava pra acabar ali mesmo, adeus família e amigos.

— Crescente côncavo, fortuna.

Escondi o rosto no travesseiro quanto ele voltou a fazer o mesmo, eu podia me sentir derreter por dentro, outra vez.

— Quarto Crescente?

— Sucesso.

O sol começou a surgir, iluminando tudo a nossa volta dessa vez, aquecendo, gritando o novo dia.

— Crescente convexo, amor.

Podia ser coisa da minha cabeça, mas tinha quase certeza que ele parecia ter dado uma atenção a mais a essa.

— Lua cheia?

— Conquista.

Soltei as mãos devagar, sem me dar conta de que apertava os lençóis com tanta força.

— Minguante convexo, amizade.

— Quarto minguante?

— Poder – Minha voz era algo mais entre a beira do desespero e do afável. – Minguante côncavo, refletir. – Terminei num suspiro, inconformada sobre como ele conseguia se manter em sã consciência enquanto eu beirava ao êxtase e a loucura. Erguendo o corpo e jogando se ao lado da cama em descaso, abriu um sorriso do tamanho do mundo em meio aos lábios vermelhos e inchados.

— Essa com certeza, é a minha tatuagem preferida.

Revirei os olhos em resposta, voltando a esconder o rosto no travesseiro, tentando acalmar a velocidade com que meu pulmão buscava por ar.  Eu me sentei sobre os joelhos, levando o travesseiro contra ao peito em um último suspiro.

— Todas elas tem um significado?

Ele levou as mãos abaixo da cabeça, com o maior ar de satisfação que era possível.

— Uma minoria. – Deu os ombros em descaso.

Franzi o cenho confusa.

— Então por que as fez? Se não representam nada, você pode facilmente se cansar e se arrepender eternamente de ter feito.

— Eternamente é muito tempo – Fez uma careta antes de se apoiar em um dos braços e erguer-se de mau jeito – A questão é que eu gosto de coisas bonitas – Sorriu galantemente, o olhar preso a minha boca – Então não vejo como é possível enjoar delas.

— Beleza não é eterna – Murmurei, porque se tínhamos chegados aonde chegamos com ele mantendo aquela linha de pensamento, já estava na hora de eu ir embora.

Seu sorriso se expandiu, os olhos se encontrando aos meus me provocando faíscas.

— É sim.

— Não, não é.

Ele se sentou, bufando, ainda mantendo a proximidade, o calor de sua coxa subindo pela minha barriga.

— Veja seus lábios por exemplo – Levou todos os dedos a ela – São os mesmo que eu mordi ontem, não mudaram nada. Sendo assim, permanecem bonitos.

— Nesse caso são horas eu falo de-

Ele negou com a cabeça.

— Anos são meses, meses são semanas, se semanas são dias, dias são horas.

Eu revirei os olhos.

— Você é um idiota.

Voltou a sorrir.

— Se eu gosto de uma coisa elas são bonitas pra mim, e vão permanecer assim até que eu mude. O que significa que eu mudei, não deixa algo que eu gostei menos bonito.


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