Então era isso... Sexo aventura... Você tem uma noite de prazer maravilhosa, faz um café da manhã incrível e o cara olha para você como se na frente dele estivesse uma espécie de psicopata maluca com uma arma apontada em sua direção. Eu devia ter pensando melhor sobre tudo que minhas amigas falaram no entanto ali estava eu no meio da sala tendo que lidar com minhas escolhas erradas.

—Desculpa! É sério... - ele continuou andando até a porta enquanto me olhava com uma cara de apavorado. - Eu tenho que ir mesmo, a noite foi ótima, perfeita, na verdade... Não me leve a mal, mas eu não costumo tomar café da manhã...

—Tomar café da manhã com uma mulher que só teve uma noite de sexo aventura?! - Escutei a minha própria voz frustada e um pouco aguda.

—Olha só... Eu não sei bem do que está falando, mas eu realmente estou muito atrasado. - dizendo isso ele abriu a porta, deu um sorriso amarelo e sumiu.

Eu fiquei ali com uma mesa de café da manhã digna de um hotel me sentindo uma completa idiota. Parecia uma comédia ruim do canal aberto, no entanto, era apenas um daqueles momentos horríveis que a gente quer apagar da memória. "Mas afinal Lis, quem mandou você entrar nessa de sexo aventura?"

***

Horas antes...

Depois de seis longos anos o meu primeiro e único namorado, que já era até meu noivo, resolveu terminar nosso relacionamento, "parece que nos tornamos mais amigos do que apaixonados", ele disse com uma frieza redobrada enquanto arrumava suas malas.

—Lucas, vamos conversar, por favor... - eu comecei a chorar na mesma hora enquanto ele colocava a coleção de relógios numa frasqueira com cuidado. -Foi algo que eu fiz? Você quer que eu mude alguma coisa, é minha roupa né, eu me visto muito menininha, ou é a minha comida que não está tão boa... Ou...

—Lis, não é nada disso, na verdade... - fez uma pausa dramática- não é você sou eu!

E lá vinha o clichê mais usado do mundo todo, não havia nada o oque fazer a não ser deixar ele partir com todas as suas desculpas esfarrapadas.

Horas depois que Lucas havia saído levando inclusive nosso cachorro, que segundo o próprio, era mais dele que meu, pois havia comprado o bichinho, Nanda, Sol e Lia minhas amigas, apareceram feito mágica no meu apartamento em poucos minutos estávamos todas na sala vendo uma comédia animada e comendo brigadeiro de uma panela enorme.

—Viu só, ainda bem que você deixou a gente subir, já está bem mais animadinha agora.- Nanda comentou assim que o filme acabou.

—Minha mãe sempre diz: Homem é que nem biscoito vai um vem oito.- Lia disse enfiando uma colherada de brigadeiro na boca.

—Sua mãe entende das coisas, a Lis precisava mesmo se livrar desse babaca do Lucas, esse cara nem mesmo era romântico com você.

—Correção Sol, ele se livrou de mim. - falei ameaçando começar a chorar.

—Credo Lis! Se valoriza! Você é linda, não precisa desse cara para nada, ele que perdeu meu benhê!

—Ah ta! - debochei. 

—Sabe de uma coisa? Vamos comemorar! -Sol levantou e pegou o celular. -Vou pesquisar um bar aqui por perto com música ao vivo.

—Não, eu não vou sair hoje, nem amanhã e nem nunca mais. -desabei no sofá enquanto minhas amigas tagarelavam a minha volta.

—Nada disso Lis, você vai agora mesmo tomar um banho e colocar uma roupa linda, e vamos badalar minha querida!- Nanda me puxou e foi me empurrando para o quarto, mesmo a contragosto acabei colocando um vestido preto que escolheram, também fizeram uma maquiagem e assim que me deixaram "apresentável" fomos para o tal bar, no caminho elas começaram com essa história de sexo aventura.

— Tipo Aventura Selvagem da TV? -olhei para as três espantada.

—Não boba, tipo, você sai com um cara, transa com ele e tchau.- Sol resumiu.

—Tchau???

—É uma noite só Lis! Você precisa conhecer outros homens para ver que não existe só esse Lucas na terra.

—Mas eu nunca namorei outra pessoa.

—Aff, e quem tá falando de namorar, você vai só passar a noite. -Sol explicou irritada.

—Sabe Lis eu acho que você estava acomodada com o Lucas, não existia mais amor e aposto que nem transavam com tanta frequência, era confortável e tranquilo esse relacionamento, mas, a chama da paixão já havia apagado a muito tempo!  -Nanda compreensiva tentava abrir meus olhos.

Tive que concordar, Lucas era meu companheiro, mas na cama, não havíamos feito muitos avanços nos últimos tempos. No começo do namoro eu era meio assustada com essa coisa da primeira vez, depois quando nos descobrimos melhor foi muito bom, muitos momentos íntimos maravilhosos, ao mesmo tempo descobri que Lucas não era lá muito carinhoso, não gostava de dormir de "conchinha" como todas as minhas amigas comentavam que dormiam com os namorados, não gostava de muito contato depois de fazer amor, era até um pouco frio, enfim ele era diferente, mesmo assim eu amava ele. Elas diziam tantas coisas, de repente fiquei cheia de dúvidas como se tivesse vivendo mesmo numa zona de conforto, acomodada em um relacionamento meia-boca. 

***

No bar, estava apavorada com medo de algum cara dar em cima de mim, e essa negócio de sexo aventura, estava me deixando com os nervos a flor da pele. No palco tinha uma banda boa tocando, mas nem estava prestando atenção na música, cada homem que minhas amigas definiam como "é esse" eu tremia por dentro. Resolvi prestar atenção no palco enfim, o vocalista era muito bonito, não um galã, mas de um jeito diferente era atraente e por algum motivo ele começou a me encarar, "que bobagem Lis, ele nem deve estar olhando pra você e sim para Sol com aquele decote enorme." disse para mim mesma. Atônita com meus pensamentos percebi ele fazendo um sinal para a banda baixar o som enquanto ele começou a falar.

—Bom galera, nossa noite está animada não está?- a mulherada gritou em resposta- Quero agora fazer nossa parceria tradicional com um de vocês, quem que vai subir aqui no palco cantar comigo?- Ele falou olhando pra mim o tempo todo, mas devia estar louco, eu nunca iria me oferecer para subir lá, até porque várias mulheres inclusive minhas amigas gritaram "-Euuuu!!!-" mas ele não escolheu nenhuma e disse:

— A loira bonita da mesa 3 de vestido preto... Vem cantar comigo?!

Olhei para um lado e para o outro, mesa 3?" Meu Deus é a nossa mesa!" Constatei quase tendo um surto, eu não era única loira, mas era apenas eu que estava de vestido preto.

—Lis vai lá, é você que ele está chamando. -Lia me cutucou.

—Não! Eu não... -o desespero foi tomando conta de mim.

—Pera ai que vou ai te buscar moça bonita! - olhei e ele estava se movendo rápido, desceu do pequeno palco por uma escadinha na lateral e logo estava na nossa mesa, me pegou pela mão, comecei a suar frio, tremer, achei que minhas pernas não obedeceriam, no entanto quando dei por mim estava sendo conduzida e apesar do frio na espinha parecia que eu estava numa montanha russa tamanha a velocidade que meu coração começou a bater e a mão que ele estava segurando começou a pegar fogo com o contato, algo estava muito errado com minhas sensações.