Adeus, Viajante escrita por MogeBear


Capítulo 19
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo!
Espero que gostem!



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Eu poderia ter simplesmente voltado ao futuro e esquecê-la. Eu poderia ter simplesmente me matado. Eu poderia ter assassinado Gabriel Smith.

Se eu não a conhecesse, provavelmente escolheria ou a primeira, ou a última opção, mas eu tinha passado tempo demais com ela para continuar agindo como a pessoa que eu era antes. Eu fico realmente feliz em saber que eu fiz essa escolha.

Lottie dormia profundamente, com a cabeça sobre meu braço. Cautelosa e silenciosamente, tirei-a de cima de mim e saí da cama, me agachando em frente ao criado-mudo.

Há exatos doze anos, eu tomei a decisão mais importante de minha vida, e, todos os anos, eu me lembrava do porquê dessa decisão.

Abri a gaveta trancada e peguei o pedaço de papel que encontrei na janela do carro há doze anos atrás, quando Lottie estava me levando até Gabriel Smith.

Eu encontrei esse bilhete pregado na janela do carro quando Lottie estava desacordada. Está ficando cada dia mais complicado esconder essa folhinha de papel dela.

Abri o papel, dobrado várias vezes, liguei o abajur e o li. Reconheci minha caligrafia de doze anos atrás enquanto lia aquelas palavras.

“Não vá até Gabriel Smith.

Vinte anos atrás, nosso pai, Gabriel Smith e Luke Jones criaram uma máquina do tempo. Os três discutiram sobre quem deveria vir ao passado testar a máquina. Gabriel e Luke achavam que seria melhor que os três viessem, mas nosso pai se recusou. Ele disse que não podia deixar a família dele, e permaneceu no futuro.

A verdade, porém, é que ele sabia que Luke e Gabriel não conseguiriam voltar. Ele os abandonou assim como fez com todos que o admiravam e amavam.

Se você e Lottie continuarem a viagem e forem até Gabriel, ela vai morrer. Gabriel estava cego de raiva por eu, filho do “traidor”, como ele mesmo disse, ter criado uma segunda máquina do tempo e ter vindo à mesma época que ele, achando que se safaria da vingança que ele jurara, há vinte anos atrás. Ele vinha nos observando desde muito tempo (desde antes de começarmos a viajar. Para ser exato, era ele quem nos observava aquele dia na praça, lembra? Lottie ficou morrendo de medo, e agora vejo que ela realmente tinha razão para isso, mesmo que não soubesse quem era ele.)

Gabriel atirou em mim. Mas não fui eu quem recebeu a bala.

Acho que você já entendeu o que aconteceu.

De qualquer forma, você não tem nada. Você não tem motivos para voltar ao futuro. Você não tem mais Erin, sua mãe mal fala com você e o pai não é uma boa razão para voltar. Imagine como ele vai ficar ao descobri que você foi para o passado e decidiu ficar. Imagine como ele vai ficar irritado! Isso já é uma razão e tanto para ficar, não?

Eu, agora, poderia escrever mil e um motivos para você ficar no passado, mas me falta tempo. Tenho certeza que vai descobrir cada um deles (e talvez mais) a cada segundo que passar perto de Lottie.

Provavelmente você ainda não percebeu, mas você a ama. Por isso, desista do futuro. Desista da máquina. Se eu soubesse antes o que eu sei agora, eu teria ido embora antes do final, antes de tudo isso acontecer.

Faça pelo menos uma coisa certa na vida e fique com ela.

Bem, é isso. Como ela diria:

Adeus, Viajante.”

Deitei novamente na cama, com o papel e uma caixinha em mãos. Virei-me para Lottie e a sacudi, tentando acordá-la.

— Lottie. — A chamei.

— Hm... — Ela resmungou enquanto esfregava os olhos. — Jonny? O que foi?

Entreguei o papel a ela.

— Doze anos atrás eu te disse que um dia contaria à você a razão de ter desistido do futuro. — Eu disse. — Essa é a razão. Eu encontrei esse bilhete pregado na janela do carro que a gente tinha alugado, lembra?

Lottie ligou o abajur e leu o papel rapidamente. Com uma cara confusa, ela se voltou para mim e disse:

— Eu estou realmente surpresa com isso. Mas estou com sono demais para conseguir formular perguntas ou frases que façam sentido. — Ela dobrou o papel e o colocou sob o travesseiro. — Amanhã a gente conversa sobre isso, ok?

Me aproximei mais dela, a abraçando.

— Ok. — Eu disse.

— Só uma curiosidade: — Ela disse. — Você já encontrou os mil e um motivos para ficar no passado?

— Já.

— Fico realmente feliz em ouvir isso. — Ela disse, sorrindo meio sonolenta.

— Eu sei que fica. — Eu disse, também sorrindo.

— Já que você disse porque desistiu do futuro... — Ela começou. — Eu vou te dizer a solução da charada.

— Mas... aí você não vai ter mais uma herança de família. — Eu disse.

— Estamos casados há dois anos, Jonny. — Ela disse. — Você se lembra da charada?

Assenti, e então, disse:

“Estou no alto do Colorado, entre o branco. Não sou o maior do mundo, mas sou o gigante do país. De longe, já podem me ver. De perto, olhando de baixo, não conseguirão me encontrar. Suba até o céu, me procure debaixo da terra, e chegarão a mim.”

— A resposta é: o Monte Elbert. — Ela disse. — Agora você também tem o que passar para seu filho.

— O quê? — Perguntei, sem entender.

— Eu estou grávida, Jonny. — Ela disse, sonolenta.

— Tem certeza?

— Como eu poderia não ter certeza? Você tem que urinar num palito, é claro que eu tenho certeza. — Ela respondeu irritada. — Eu estou grávida, Jonny. Surpresa!

Se passaram doze anos, e essa mulher continua com uma mente de quinze anos: completamente sem noção!

Bem, ao que tudo indica, eu vou ter um filho. Só espero que eu seja um pai melhor que George Nicholson.

— Não se preocupe, Jonny. — Disse Lottie, como se pudesse ler minha mente. — Você não vai ser como o seu pai.

— Tem certeza? — Perguntei.

— Não, eu só espero. — Ela disse. — Boa noite, Viajante,

— Boa noite.


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