Adeus, Viajante escrita por MogeBear


Capítulo 18
Capítulo Dezessete


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo antes do epílogo.
Espero que gostem!



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Colorado, 2015 – Lottie

Nós guardamos nossas compras no carro e fomos a um pequeno parque de diversões que ficava perto dali. Ele não era grande coisa, mas tinha uma montanha russa, uma roda gigante e alguns outros brinquedos que podiam nos ocupar até as três horas.

— Isso é um parque de diversões? — Jonny perguntou.

— Não existem parques de diversões no futuro? — Perguntei.

— É claro que existem. Mas eles são muito mais legais. — Ele disse.

— Esse é um parque de diversões pequeno. — Eu disse. — Existem muito maiores por aí.

— Então... em qual brinquedo vamos primeiro?

— Vamos começar de cima! Os mais altos e rápidos até os mais sem-graça. — Eu disse. — Com certeza acabaremos antes de chegar a hora.

Segurei a mão de Jonny e o puxei até a montanha russa, ouvindo protestos sem sentido.

— Que tipo de pessoa gosta desses brinquedos? — Jonny resmungou enquanto entrávamos no último brinquedo: a roda gigante.

Ele estava pálido devido aos brinquedos que fomos. Eu já desconfiava que Jonny era um molenga, mas naquele momento, eu tive certeza.

— Eu. — Respondi.

— Claro que você estaria nesse grupo de malucos. — Ele revirou os olhos. — Qual é a graça de sentar numa coisa que gira, sobe, desce e te deixa com taquicardia?

— Quando eu subo nesses brinquedos, sinto que estou voando. — Eu disse, entrando numa das cabines do brinquedo. — É um dos poucos lugares que você se sente livre hoje em dia.

— Você sempre tem uma visão filosófica sobre as coisas? — Jonny perguntou, aborrecido, se sentando na minha frente.

— Nem sempre. — Eu disse. — Só para as coisas tristes, ou bobas, que não precisam de visão filosófica.

Ele sorriu.

— Pude perceber. — Ele disse. A roda gigante começou a rodar. — No futuro, eu andava nas rodas gigantes.

— Sério? — Perguntei.

— Sim. Eu não sabia que as rodas gigantes eram tão antigas assim. — Ele disse.

A roda gigante parou. Nossa cabine era a mais alta.

— Acho que nós demoramos um pouco mais que o esperado. — Eu disse. O sol já estava se pondo, quase totalmente escondido atrás da montanha.

— Parece que sim. — Jonny disse. — Posso te perguntar uma coisa?

— Quando você estava desacordada, eu estive pensando sobre Gabriel Smith e a máquina do tempo. — Ele disse, olhando o céu. Percebi que ele evitava me olhar no rosto. — Provavelmente, a máquina só vai ser capaz de uma viagem. Eu já a forcei muito, e ela não vai aguentar mais de uma viagem no espaço-tempo.

— E qual é a pergunta?

— É melhor voltar para o futuro e me impedir de viajar no tempo, ou simplesmente voltar ao futuro? — Ele perguntou, agora voltando o rosto para mim.

Abri a boca para responder, mas a fechei e respirei fundo.

— Se você se impedir de voltar no tempo, o seu eu de agora vai desaparecer, não é? Você não vai se lembrar de mim ou do passado, não é?

— Sim.

— Você também não vai saber consertar a máquina ou saber o porquê de ela ter estragado, não é? E eu também não vou me lembrar de você, estou certa?

— Sim.

— Então, a resposta é óbvia. Você deve simplesmente voltar ao passado com suas memórias. Assim, você vai se lembrar daqui, vai conseguir consertar a máquina e vai poder voltar. — Eu disse.

— Eu também pensei que essa seria a melhor escolha. — Ele disse, sorrindo. — Só queria saber o que você achava.

— Por que você pensou que essa seria a melhor opção?

— Porque assim eu vou me lembrar de você. — Ele disse, sorrindo.

Senti meu rosto esquentar. Desviei o olhar de seu rosto para o céu alaranjado.

— Lottie. — Ele disse, segurando minhas mãos que antes descansavam em meu colo. — Obrigado.

— Pelo quê? — Perguntei, voltando a olhar para ele.

— Por me ajudar. Por vir até aqui comigo, e por não deixar com que eu fique entediado aqui no passado. — Ele disse, sério. — Eu acho que nunca seria capaz de me impedir de voltar no tempo e impedir nosso encontro. Não consigo lidar com a ideia de não te conhecer.

Certo, agora eu estava tão quente quanto o sol e tão vermelha quanto o pimentão.

— Eu também estou feliz por ter te conhecido. — Eu disse, evitando olhar nos olhos dele.

Alguns segundos se passaram. Eu estava completamente desconfortável, e, com o canto do olho, vi que Jonny sorria pelo meu estado.

— E-essa roda gigante está demorando para descer, não é? — Eu disse.

— Eu subornei o cara. — Jonny disse.

— O quê? — Perguntei.

— Eu dei dez dólares para o cara parar a roda enquanto estivéssemos aqui. — Ele explicou. — Foi o seu dinheiro, claro. Eu tinha pegado dez dólares para emergência.

— Que tipo de emergência consegue ser resolvida com dez dólares?

— Essa emergência. — Ele disse, chegando seu rosto perto do meu.

Jonny colou sua boca na minha, e eu estava surpresa demais para fazer qualquer coisa. Eu estava estática, sem saber o que fazer.

Aos poucos, retribuí o beijo. Jonny se separou de mim com um sorriso.

— Estou pensando seriamente em desistir de voltar para o futuro. — Ele disse e eu ri. — Ou, talvez, você queira ir comigo?

Antes que eu pudesse responder, Jonny me beijou novamente, me impedindo de falar qualquer coisa idiota e estragar o momento. O agradeci mentalmente por isso.

Eu só percebi que a roda gigante tinha voltado a andar quando Jonny separou nossos lábios e me olhou, feliz.

— Não precisamos encontrar Gabriel Smith. — Ele disse.

Franzi as sobrancelhas.

Como assim? Nós viemos até aqui para você decidir que não quer mais voltar para o futuro?, perguntei mentalmente. Não, tem alguma coisa estranha nessa história. Jonny nunca desistiria de voltar para casa se não tivesse motivo. Alguma coisa aconteceu; alguma coisa o fez mudar de ideia.

— Como assim, não precisamos mais encontrá-lo? — Perguntei. — Você não quer mais voltar para o futuro? Você desistiu?

— Não se trata de desistir, Lottie. — Ele respondeu, se afastando um pouco de mim.

— Então do quê, exatamente, se trata? — Perguntei. — Por que você não quer voltar Jonny?

— Tenho dois motivos para não voltar. — Ele disse. — Um deles está aqui, bem na minha frente. E o outro...

Jonny parou de falar abruptamente. Arqueei as sobrancelhas, incentivando a terminar a frase.

— Quem sabe algum dia você descubra o outro. — Ele respondeu. — Agora, eu tenho uma questão mais importante para você.

— E qual é? — Perguntei.

— Você... gostaria de ficar comigo, aqui no passado, para sempre?


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