A Chuva dos Sete escrita por Lia


Capítulo 1
I - Prólogo.


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOOOLÁ! Saiu sim, fic nova sim, boa leitura sempre ♥



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Dizem que toda história começa do prólogo, e eu realmente acredito nisso. Acho que, para você entender algo, você tem que saber tudo desde o início... Mas, aqui em Zachrt não costuma ser assim, todo dia tem uma história diferente na boca do povo, infelizmente, a dessa semana foi uma bem antiga, que meus pais costumavam contar para mim quando eu era pequena. Sempre disse que era verdade, mas ninguém nunca acreditou. Acho que posso contar para vocês um pedacinho, posso?

"Março, século X; Vilarejo Dwarfhold. Neve o dia inteiro.

Apesar da neve densa e bruta que caía direto do céu, o vilarejo Dwarfhold nunca para. Suas lojas sempre abertas, crianças correndo e gritando, tecnicamente, um vilarejo dos sonhos. Porém, bem atrás do grande comércio e escondido entre as cabanas aconchegantes e quentinhas, estava o pior pesadelo de todas as crianças.

– Por que está fazendo isso mesmo? - A menina pequena estava sentada no chão, brincando com sua bola de um lado pro outro.

– Cassira! Já falei para arrumar sua mochila! Agora!

Sua forma rude de falar foi a chave de ouro para a garotinha levantar com um salto e correr em direção a outro cômodo, pegando tudo de importante. Os pensamentos das duas estavam longe de se encontrar, bem longe. Cassira Ophecx mantinha um medo sombrio e enorme de sua mãe, a bruxa mais conhecida daquele lugar, Ophelia. Seus feitiços eram virados para o mal, aceitava ordens e concluía pedidos para maldições e pragas em qualquer pessoa, usufruindo de seu nível mágico altamente treinado, ela era magnífica em tudo que fazia, chegava a conseguir até realizar ilusões permanentes!

– Pronto, mãe... - Gritou enquanto caminhava mais rápido que o normal, puxando a barra seu vestido longo a cada passo, ela realmente era incomodada com isso. No instante em que lançou suas trouxas por cima da mesa, Ophelia afundou itens misteriosos dentro de sua sacola improvisada. - Mãe? O que é isso?

– Temos um grande trabalho a fazer, Cassira. Infelizmente, não terá tempo de despedir de seus amigos locais, mas prometo que veremos eles em breve!

Sem esperar a filha responder, puxou seu pulso fino e disparou entre as ruas cobertas de neve, puxando seu capuz enorme para cima de cabeça e arrumando sua capa por cima de seus ombros, em seguida, preparou sua filha para uma longa jornada, provavelmente, sem volta.

Fazia dias que elas caminhavam, a sacola de Ophelia cada vez mais vazia na medida em que faziam uma parada forçada. Os pés de Cassira já estavam lotados de calos e seus dedos das mãos estavam congelados a muito tempo, nenhum feitiço podia concertar isso, a bruxa guardava seus últimos fôlegos para conseguir armar uma fogueira com a ajuda do fogo que saía de suas mãos quando estava com energia o suficiente.

– Por que sua mochila está vazia? Por que toda vez que paramos, você deixou uma coisa em algum lugar? Por que estamos aqui, mãe?

– O meu dia de julgamento estava próximo, querida. Não queria que visse isso. - Um sorriso bem fraco se formou no canto dos lábios de Ophelia, exalando uma falsidade tremenda. Pescou as mãos de sua filha por de baixo das mangas do vestido e se limitou a puxá-la para um abraço, aumentando seu próprio frio só de tocá-la.

Por mais que a bruxa escondia de sua filha, ela já descobrira sozinha a muito tempo. Sua mãe fora acusada de magia negra, sendo alertada que seria açoitada na frente de todos, se preciso. Ter tamanha penalidade por algo tão banal era ridículo para ela, uma vergonha que carregaria nas costas por anos, se possível. Se olhar no reflexo do rio toda vez que for se banhar nos raios de sol e ter a visão de suas costas, mãos e braços repletos de cicatrizes seria um fardo que ela não estava pronta para carregar. Mesmo com toda sua bravura e coragem que exalava, apenas não conseguia ver uma vida em que a vergonha e arrependimento estavam inclusos. E ao saber disso, Ophelia decidiu depositar toda sua maldade em coisas materiais, coisas que nenhum deles jamais pensariam. Coisas como... Caixas. Duas equilibradas com as maldições mais imperdoáveis que qualquer bruxo nem se quer se deu a liberdade de pensar, maldições e feitiços que ela se dedicou de suor e sangue, querendo se vingar de todos que já ousaram ficar em seu caminho. Porém, ainda pensava em sua filha, pelo menos uma pequena parte dela sim. Cassira tinha só seis anos e já sabia de coisas espetaculares, que invejava muitos. Uma das caixas continha uma receita da vida eterna, que ela iria dar para sua primogênita assim que estivesse pronta para encarar sua mãe com amor e carinho. Desistiu desta escolha quando passou pelo segundo vilarejo mais famoso, em sua cabeça, Cassira já viveu tudo que tinha de viver, poderia morrer e virar uma alma livre pelos quatro cantos do mundo, mesmo sem saber da existência de todos eles. Deixou a caixa em um lugar seguro, pelo menos para ela. A quarta maldade ninguém sabia, nem mesmo a própria bruxa, acabou criando com a junção de outros dois sentimentos que ela desconhecia, esperava que ninguém a encontrasse, e quando feito, seu destino fosse bem pior que o dela.

A força das duas durou mais alguns dias, quando as quatro coisas mais preciosas para Ophelia foram escondidas, ela decidiu descansar em paz. Deixou sua filha dormindo perto de uma caverna enquanto foi andando sem rumo pelas florestas, esperando que todos seus órgãos e ossos congelassem o mais rápido possível, e assim foi feito, sem nem mesmo pensar que não seria nada orgulhoso ou até mesmo digno. Cassira não durou muito mais, com fome e frio se entregou para morte sem nem saber, mas continuou sua jornada na procura de sua mãe até seu último suspiro. Sem conseguir dar mais nenhum passo, ela despencou. Deixando apenas seu rosto para fora da neve, seus olhos azuis se tornaram um branco sem vida, seu nariz vermelho já nem conseguia fazer seu trabalho direito. Suas mãos em cima de seu coração, e seus pensamentos na própria mãe. As Ophecx morreram sem honra."

Triste, não?


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